Humberto Mauro: o mestre do cinema brasileiro: Lábios sem Beijo, Ganga Bruta e Canto de uma Saudade
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Book preview
Humberto Mauro - Fabia Giordano Guilherme Kadayan
Aos meus pais, minha gratidão e
Bruno Gabriel, meu eterno amor.
AGRADECIMENTOS
A todos(as) os professores do programa de pós-graduação do Instituto de Artes da Unesp, com os quais tive o privilégio do encontro, tornando a jornada significativa.
À minha família, por todo o apoio e compreensão durante o percurso acadêmico. À torcida de meus pais, o apoio de meu marido, o incentivo sincero de meus irmãos e, principalmente, na alegria diária com o grande amor da minha vida, Bruno Gabriel.
Pelo exemplo de garra e idealismo dos grandes amigos que fiz na Unesp que inspiram o mover-se adiante numa adorável caminhada de pouco mais de dois anos, ajudando a concretizar sonhos, especialmente a querida amiga Melissa Caroline Vassali.
O meu sincero agradecimento à Profa. Dra. Luiza Helena Silva Christov, pelo acolhimento e generosidade nas discussões, estudos e parcerias incríveis que tive o privilégio de fazer no grupo de estudos que lidera, de professores de Artes da Rede Municipal de Ensino de São Paulo.
Aos funcionários da Seção Técnica de Pós-graduação do Instituto de Artes, sempre muito atenciosos.
Aos Profs. Dra. Rosa Maria Simões, Dra. Rosangela Donizete Canassa e Prof. Dr. João Eduardo Hidalgo, pela participação e contribuição na banca de defesa, tornando essa pesquisa possível.
Aos Profs. Dr. João Eduardo Hidalgo e Prof. Dr. José Leonardo do Nascimento, minha gratidão pelas orientações.
PREFÁCIO
Este volume que você tem em mãos atualiza a obra de um dos grandes pioneiros do cinema brasileiro, Humberto Mauro (1897-1983), que teve uma longa vida e uma atuação no cinema brasileiro notável. Para alguns é o ‘Pai’ do cinema brasileiro, mas não podem ser esquecidas figuras como José Medina (1894-1980) e seu pioneirismo com Exemplo regenerador (1919), Alberto Cavalcanti (1897-1982), que começou a produzir na França, Rien que les heures (1926), foi para Inglaterra e dirigiu documentários fundamentais da história do cinema como Coal face (1935). Além de Mário Peixoto (1908-1992), autor de Limite (1931), um filme até hoje discutido e reapresentado para amantes do cinema brasileiro, no Brasil e no exterior, todos eles fundamentando a presente.
Humberto Mauro junto com um grupo influenciado pela Semana de Arte Moderna de São Paulo de 1922, reunia-se em Cataguases no Grupo que depois chamou-se de Verde. Mauro teve uma influência grande em sua formação do cinema americano, principalmente de D. W. Griffith e King Vidor e interessou-se pela fotografia de cinema. Neste princípio Mauro e outros autores formam dentro da história do cinema brasileiro um dos primeiros Ciclos Regionais, este em Minas Gerais chamado de Ciclo de Cataguases.
Sua obra prima é Ganga Bruta (1933), que dialoga com o surrealismo e é considerada pelo Americam Film Institute como um dos filmes notáveis de 1933. O filme foi feito nos estúdios da Cinédia, no Rio de Janeiro, e tem uma fotografia muito cuidada e é um dos primeiros filmes sonoros brasileiros, o uso do som não chega a ser muito criativo, como o feito por Blue Angel (1930) de Josef von Sternberg, mas é eficiente dentro do roteiro.
A pesquisadora Fábia destaca que quando Humberto Mauro começa a dirigir a produção cinematográfica brasileira acontecia de forma desordenada e concentrada especialmente no Rio de Janeiro. Começavam a aparecer algumas críticas regulares em jornais, como a que o poeta Guilherme de Almeida fazia na sua coluna Cinematographos, no jornal O Estado de São Paulo, entre 1926 e 1942. Um ambiente rico que também deu impulso para a fundação dos primeiros cineclubes e as primeiras revistas especializadas em cinema, como a Cinearte.
Interessante conhecer alguns dados biográficos de Humberto Mauro abordados nesta pesquisa, que entre alguns primeiros empregos da época, como trabalhar com bondes elétricos, acabou fundando uma rádio na cidade de Cataguases, onde ele era responsável pela parte técnica da novidade e pela produção de conteúdo. O audiovisual entra na sua biografia a partir daqui. Obviamente o jovem é atraído pela metrópole, o Rio de Janeiro, por Adhemar Gonzaga e Carmen Santos (1904-1952, pioneira autora cinematográfica, pouco estudada e lembrada) da Cinédia, e a partir de então põe sempre a câmera à serviço da realidade brasileira, ampliando os horizontes da nossa história cinematográfica, a cada filme realizado.
Revisitar a obra de grandes autores do cinema brasileira é uma atitude bastante necessária, e fazer de maneira como aqui foi feita, com uma pesquisa de campo meritória, realizada em 2019, em Cataguases, no Rancho Alegre, no Centro Cultural Humberto Mauro é uma das grandes qualidades deste trabalho. As análises são enriquecidas com dados da realidade empírica de hoje e fotografias de própria autoria. Ela nos esclarece que a Fundação Ormeu Junqueira Botelho, em 2002, homenageou, Humberto Mauro, pelo seu valoroso trabalho e contribuição ímpar à cinematografia nacional, com a inauguração do Centro Cultural Humberto Mauro, que tem espaços múltiplos, incluindo cinema, galeria de arte, sala multiuso com um enorme acervo audiovisual, trazendo viva sua memória.
O Memorial oferece aos visitantes projeções em vídeos dos filmes do cineasta, que contam sua trajetória de vida pessoal e profissional, assim como fotos e documentação, premiações, objetos pessoais, aparelhos de filmagem, como a primeira máquina filmadora de Humberto, a Petit Baby , o primeiro camarim de Eva Nill, edições da Revista Cinearte entre outras raridades encontradas in loco
.
O ambiente cultural da cidade de Cataguases também foi registrado doutoralmente pela pesquisadora, que nos mostra algumas realizações artísticas, como Escola Estadual Manuel Inácio Peixoto, projetada por Oscar Niemeyer, com um painel (hoje uma reprodução) de Cândido Portinari. E as surpresas destacadas não param aí. Além da influência do Modernismo, a cidade possui curiosidades interessantes do ponto de vista cultural. Segundo contaram os moradores da cidade, o compositor Heitor Villa-Lobos morava num dos municípios vizinhos, na década de 1920, e lá compôs O Trenzinho do Caipira
, inspirado na observação do movimento do café, pelas vias férreas.
Mas voltemos a Humberto Mauro, cineasta fundamental de nossa historiografia audiovisual, que nesta pesquisa de mestrado realizada por nossa orientanda teve uma parte nunca comentada e magistralmente alcançada em seu seu ambiente original, seus meios e seu entorno primeiro, visitado com olhar atento e ao mesmo tempo amoroso, com uma obra e um autor que merece todo o nosso aplauso.
João Eduardo Hidalgo e José Leonardo do Nascimento
SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
INTRODUÇÃO
SEQUÊNCIA 1 – OS CICLOS REGIONAIS
CENA 1 – O CINEMA E OS CICLOS REGIONAIS
CENA 2 – CICLO DE CATAGUASES
SEQUÊNCIA 2 – HUMBERTO MAURO
CENA 3 – COMEÇO DE CONVERSA
CENA 4 – HUMBERTO E BÊBE
CENA 5 – MAURO E O CINEMA
SEQUÊNCIA 3