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Hospital Da Alma
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Hospital Da Alma

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O livro físico é fundamental para adquirir o conhecimento próprio ou não alheio e acompanha os acontecimentos na Terra desde o surgimento da escrita como principal plataforma do conhecimento humano e a base da formação das civilizações. Através das opiniões dos próprios autores literários mundiais, desde Sócrates e Platão, São Tomás de Aquino, Dante Alighieri, Jorge Luis Borges, Marcel Proust, Monteiro Lobato, Machado de Assis, Mário Ferreira dos Santos, até Umberto Eco, entre outros, demonstra-se a importância do livro na busca pela verdade e para o desenvolvimento das sociedades e das principais religiões. Também são abordados brevemente alguns fatos relevantes atuais dos cotidianos brasileiro e mundial, sempre tentando a aproximação com a verdade, que parece frequentemente forjada por diferentes grupos de interesse. Foram valorizadas as obras literárias, científicas e religiosas, com o objetivo de enaltecer a produção intelectual do homem e o humanismo como filosofia de vida não religiosa, ao mesmo tempo em que as escrituras sagradas, muito mais antigas do que o racionalismo e o cientificismo, são frequentemente justificadas como as únicas capazes de responder algumas perguntas que o homem vem se fazendo ao longo de toda a história da humanidade.
LanguagePortuguês
Release dateOct 10, 2016
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    Hospital Da Alma - Ricardo Alves Basso E Miriam Nucci

    Dedicatórias

    Aos meus pais, João Carlos e Clotilde, incondicionais apoiadores.

    À Patrícia, minha irmã.

    À minha tão amada esposa Miriam, o meu ponto de equilíbrio, única e sempre.

    Ao amigo João Guidugli Neto (in memoriam).

    Aos nossos mestres perenes e pacientes, os livros.

    Agradecimento

    Somos muito gratos ao Clube de Autores, a plataforma que permitiu a autopublicação desse trabalho.

    Prefácio

    Escrever um livro sobre o livro foi o início de tudo. Pensamos em fazer uma obra em agradecimento àquela que foi a maior invenção do homem, responsável pelo autoconhecimento da humanidade.

    Ao pesquisar sobre a história do livro no vernáculo pátrio, foi perceptível e até causou espanto descobrir que poucas obras literárias existiam sobre o assunto. Apenas esse fato chancelaria o dever e vontade de contar uma história do livro, mas reconhecíamos as nossas limitações para tanto.

    Diversas foram as caminhadas nas areias da bela praia da Enseada, no Guarujá, litoral sul paulista, em que eu e Miriam conversamos sobre o nosso livro, até percebermos que, mais do que escrever sobre uma história do livro, deveríamos defender os propósitos do livro para nós e para aqueles que leem um pouco e especialmente como estímulo para quem não lê habitualmente. Essa decisão tornou o trabalho mais verdadeiro e prazeroso, em nossa avaliação, porém mais oneroso.

    Foi quando percebemos que os próprios autores literários, e muitos deles por sinal, em meio às suas obras, emitiam opiniões sobre a importância do livro físico para eles e para a humanidade. Então, a partir disso, passamos a juntar excertos dessas opiniões e na separação dessas obras literárias Miriam foi fundamental, enquanto eu redigia. Foram utilizados os livros da nossa biblioteca particular e, durante aproximadamente um ano, juntamos o material para, no final de janeiro de 2016, iniciarmos a escrita com término no final de abril do mesmo ano. Atestamos que o nosso prazer na realização deste livro foi imenso e esperamos que os leitores também consigam senti-lo. Ao lê-lo, observe que a originalidade não foi o foco central pois pensamos que ela não tem importância na busca do entendimento do sentido da vida e da morte e que cada leitor deverá buscar a verdade a partir de si; uma verdade, portanto, não alheia, com a leitura dos mais variados livros, haja vista a existência de um passado longo e complexo que não pode mais ser vivido, apenas interpretado, apesar da possibilidade, por vezes perigosa, de poder ser repetido naquilo que foi ruim. O filósofo alemão Dilthey, autor do livro Psicologia e Teoria do Conhecimento, deve ser lembrando quando ele afirma que o conhecimento deve procurar na própria vida o sentido da vida. Logo, não esqueçamos de viver! Por fim, que a leitura contribua para a reformulação do pensamento dos leitores. E, se isso ocorrer, poderão surgir ações capazes de mudar o meio. Se o filósofo alemão Johann Gottlieb Fichte escreveu: O pensar é um agir, discordamos e pensamos que pensar por si só não basta para a ação. Devemos preservar a intuição, claro, mas abandonar a mania da opinião sem fundamento, aquela que vem da capacidade racional inata do ser humano, e adquirirmos o conhecimento fundamentado, a episteme grega. Para tanto, citamos um excerto que desnuda os baconianos e os seres falantes e opinantes desse país, retirado do livro Experiência, pensar e intuição do filósofo e Prof. Dr. Greuel: …a experiência não é uma fonte de informação, mas de desinformação, pois a observação que se volta ao mundo evitando a aplicação de conceitos leva, a rigor, à desestruturação e à fragmentação da realidade comum e familiar da consciência natural. Por não identificar, nem classificar - uma vez que estas funções são resultados da teorização - ela leva ao confronto com uma variedade infinita de diferenças, sem estabelecer a menor relação entre elas. Se a maior viagem é a realidade, sem fundamento a realidade pode se tornar uma completa perdição. Em busca da episteme (conhecimento), contra a doxa (opinião) e que os bons livros nos ajudem. (Basso e Miriam, SP, Abril/16).

    Sumário

    A ambição que nos envereda —————————————————————- 9

    A história do livro é a história da humanidade e do conhecimento —————————————————————————————— 24

    2.1. A escrita determina o sentido na vida —————————————— 27

    2.2. O papiro e o pergaminho —————————————————————— 31

    2.3. O copista reproduzia o codex no scriptorium —————————— 35

    2.4. A China ————————————————————————————————- 38

    2.5. A imprensa com tipos móveis de Gutenberg ——————————- 40

    2.6. Sobre algumas famosas obras literárias e seus autores ——————————————————————————————————— 41

    2.6.1. A Bíblia de Gutenberg ——————————————————————- 47

    3. A Epopéia de Gilgamesh e a finitude do indivíduo ———————— 48

    3.1. Braille e os livros dos cegos ————————————————————-53

    3.2. Alguma fé na racionalidade dos escritores ———————————- 57

    3.3. As etapas do conhecimento humano ———————————————-60

    3.4. A mulher e os livros —————————————————————————-64

    4. A biblioteca e os bibliotecários ———————————————————- 68

    5. Os eruditos em busca da verdade —————————————————— 73

    5.1. Sobre a ideologia política de esquerda: em busca de uma verdade ————————————————————————————————————- 74

    5.2. A guilhotina e a enciclopédia ——————————————————— 78

    5.3. Um imenso passado pela frente —————————————————- 81

    6. Homenagem póstuma ao Prof. Dr. João Guidugli-Neto: as suas lições de vida ———————————————————————————————-87

    7. "Na casa de meu Pai há muitas moradas."  ———————————-107

    7.1. O Brasil político em 2016: em busca de uma verdade ————-112

    7.2. A palavra falada resiste ao livro —————————————————-128

    7.3. Os povos dos livros —————————————————————————-130

    7.4. A humanização do conhecimento - da popularização do livro físico à internet ——————————————————————————————— 134

    8.  Os direitos autorais e a liberdade de impressão do livro: pensando sobre a democracia ————————————————————————— 141

    8.1. A livraria ———————————————————————————————149

    9. A apoteose do livro por um médico e uma dentista:  a nossa busca da inteligibilidade da vida ———————————————————————-152

    10.  O perigo do especialista ——————————————————————162

    10.1 A queima de livros, os campos de concentração e as catástrofes meteorológicas ——————————————————————————————-170

    10.2. Os perdedores e os vencedores —————————————————176

    11. O livro não exige perdão —————————————————————-180

    12. Marguerite Yourcenar e o Hospital da Alma ———————————185

    13. Sêneca: apenas ler ou também escrever ? ———————————-189

    14.  O livro físico —————————————————————————————195

    14.1. A extinção do livro físico e com ele a biblioteca ———————200

    15. Guerra ao livro ————————————————————————————203

    15.1. Index Librorum Prohibitorum ——————————————————207

    16. Júbilo ao filósofo Mário Ferreira dos Santos ———————————212

    17. Epílogo —————————————————————————————————223

    18. Eu juro… ————————————————————————————————238

    1. A ambição que nos envereda

    Cassandra, na mitologia clássica, iludiu Apolo, fazendo com que o deus lhe desse o dom das profecias. E alguém acredita no que ela diz ?

    A vida inteira que poderia ter sido e que não foi. (poema Pneumotórax, Manuel Bandeira).

    Liberta teus súditos do peso da liberdade. (Diálogos entre os irmãos Ivan e Aliocha, da obra Irmãos Karamazov, Fiódor M. Dostoiévski).

    A nossa ambição é deveras grande, curar os males da alma através de um hospital. Mas o hospital serve como metáfora daquilo que ele representa, pois para nós o livro ocupará o seu lugar, não para curar os males físicos do corpo, mas para curar uma alma abatida, angustiada por perguntas sem respostas ao longo de uma vida, numa época considerada histérica, consequência de governantes psicopatas, de acordo com o livro Ponerologia: psicopatas no poder, de Andrew Lobaczewski, uma época atormentada, ansiosa e eternamente insatisfeita dos filhos do século XX. Se, na juventude, com pouco conhecimento acumulado pela falta de vivência, nos fazemos poucas perguntas, por sua vez, conforme vivenciamos e adquirimos conhecimento, mais perguntas serão feitas, iniciando a nossa inteligibilidade da vida, ou seja, quando passamos a compreendê-la melhor. Mas é nesse momentum que a alma, quer dizer, o que de mais íntimo e essencial existe no ser humano, começa a se incomodar e sofrer com algumas indagações sem respostas ou com respostas insuficientes. Sabemos que as perguntas surgem naturalmente quando começamos a aprender algo, já que sem um mínimo de conhe-cimento sobre um assunto não nos perguntamos sobre ele pois não nos incomoda. Podemos concluir que as perguntas são mais importantes do que as respostas e para fazê-las devemos conhecer alguma coisa sobre algo.

    "Eu  Sou o Senhor nas perguntas, não o Senhor nas respostas", uma interpretação dos Provérbios do Antigo Testamento da Bíblia.

    Talvez seja por isso que, conforme ensinou o Prof. Dr. João Guidugli-Neto, eminente patologista brasileiro, em uma banca de defesa de tese de pós-graduação o candidato, que é único, será inquirido por três ou mais professores doutores. Enquanto um responde, três estarão incumbidos de formular a pergunta, a partir da tese do candidato. O embate é desigual pois formular perguntas é mais difícil do que formular respostas.

    Quanto mais conhecimento, mais perguntas surgem em nossa mente e as respostas são menos importantes, apesar de necessárias, sendo este o significado da frase de N. S. Jesus Cristo, porém, a pergunta não feita dificilmente machucará a alma como uma pergunta feita pelo próprio ser pensante e que não tenha resposta.

    Para adquirirmos conhecimento, antes de mais nada, precisamos das nossas faculdades mentais preservadas. A partir daí, pensando em um indivíduo jovem, com seis ou sete anos, os olhos que observam e as orelhas que captam o som, ambos através de um cérebro saudável, são fundamentais para adquirir conhecimento. No livro Metafísicade Aristóteles, ou proté philosophia- já que foi Andronico de Rodes quem o nomeou de Metafísica, sendo ele o principal organizador da obra de Aristóteles, descreve a importância da visão para adquirir conhecimento. Entretanto, acrescentamos que, desde o início da vida, e desde a vida intra-útero, como mostraram algumas pesquisas, o feto e o recém-nascido já interagem com o meio externo através da audição. Sabe-se que o indivíduo cego ou amaurótico e com boa audição, terá mais facilidade em aprender do que o indivíduo com acusia. Passada a primeira infância, o aluno (aluno = sem luz, sem conhecimento, compatível com a ideia que o conhecer é a luz que ilumina os caminhos da vida; entretanto, nunca deixamos de ser aluno) já a partir da alfabetização, ganha conhecimento ensinado por outras pessoas, o denominado conhecimento alheio, pois frequentemente o aluno não é o responsável direto por aquilo que lhe ensinam, no sentido estrito de que ele não se perguntou sobre o que está sendo ensinado. Com o aumento da idade e do conhecimento, ainda alheio, as suas próprias perguntas surgirão, diminuindo a alienação, aumentando a percepção da existência e iniciando o sofrimento da alma. E esse sofrimento é sempre maior quando nos fazemos a pergunta; e sempre menor quando a pergunta é feita pelos outros. Daí pode-se compreender que o conhecimento alheio é mais importante nos primeiros anos da vida, quando temos pouco conhecimento próprio, e menos importante conforme envelhecemos e aprendemos a formular perguntas, ou seja, vamos ganhando autonomia para formular a própria pergunta e encontrar a resposta. É nessa fase mais madura da vida que os livros passam a fazer sentido, quando passamos a adquirir o conhecimento próprio ou não alheio, pois vem de dentro para fora, a partir do próprio esforço, da autoeducação, seguindo o que Sócrates disse e como descrito na Apologia de Platão. Quando a coruja de Minerva levanta voo, a leitura de um livro é mais espontânea, mais proveitosa, não imposta por um professor ou tutor. Portanto, o livro será o substituto do professor presencial e estará sempre pronto a lhe ensinar a qualquer hora e em qualquer lugar, duas imensas vantagens que o professor presencial não é capaz de suprir.

    O livro é imortal, tornando o seu autor também imortal e o leitor, um aprendiz dos mortos! Para muitos, entretanto, reside aí um entrave, pois os mortos são desconsiderados pelas pessoas mais jovens. Os mortos são "os mais excluídos dos excluídos", tema de uma palestra proferida na UNESCO pelo Prof. Olavo de Carvalho, configurando-se numa missão hercúlea mostrar ao jovem que menospreza a coisa antiga, mas também a muitos adultos ignaros, a importância de aprender com o passado, com os autores mortos, através dos seus livros.

    Evidentemente que o ensino fundamental, a formação técnica e universitária, assim como ocorreu antigamente no aprendizado das sete artes liberais (gramática, aritmética, retórica, etc.) dependem de um professor. Na medicina, por exemplo, um grande mestre médico Doutor em anatomia humana e cirurgião tóraco-abdominal, titular da cadeira de Anatomia da Faculdade de Medicina do ABC, o Prof. Dr. José Henrique Busetti, diz que a arte médica exige ensino dedicado "pegando na mão do aluno assim como um pai ensina seu filho. Mas mesmo nesta situação o conhecimento aprendido é mais alheio do que próprio. É a fase em que as respostas são aprendidas sem que as perguntas tenham sido feitas por nós. Talvez não possa existir algo mais imposto na vida de uma criança ou de um aluno. Mas devemos lembrar que sem um mínimo de conhecimento não saberemos fazer as perguntas e, por isso mesmo, esse conhecimento imposto de fora para dentro, ou conhecimento alheio, não será saboroso, residindo aí uma das origens da palavra saber; inclusive, para a Igreja católica, de acordo com o Novo Testamento da Bíblia, a transformação do homem começa com a aparição de N. S. Jesus Cristo, quando ocorre a iluminação ou saborear do dom celestial, conforme descrito pelo filósofo alemão contemporâneo Eric Voegelin, no livro Helenismo, Roma e Cristianismo primitivo."

    A universidade ensina onde podemos encontrar as respostas para as nossas perguntas. Mas isso só será importante se, ao mesmo tempo, aprendermos a nos perguntar e esse

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