O Libertário E Outros Contos
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O Libertário E Outros Contos - Irineu Correia De Oliveira
IRINEU CORREIA DE OLIVEIRA
O LIBERTÁRIO E OUTROS CONTOS
Juazeiro do Norte - Ceará
2018
Editora Lulu/ Clube de Autores
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O LIBERTÁRIO E OUTROS CONTOS
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, como Pai Senhor e Criador de todas as coisas, que me deu forças
para escrever esse livro.
À minha família que é o bem mais precioso que tenho.
A todos os professores da minha carreira escolar.
Ao meu amigo Arthur Livônio, agradeço pelo incentivo.
Aos amigos que contribuíram direta ou indiretamente neste livro.
Enfim, a todos que contribuíram para tamanha alegria.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, por sempre terem me ajudado.
A minha esposa Luana Cândido que sempre me incentivou e apoiou.
5
O pensamento é livre.
Cícero
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O LIBERTÁRIO E OUTROS CONTOS
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O BILHETE DA PENA CAPITAL
Lobão, traficante e ladrão de linhagem e dos mais conhecidos da cidade. Era
um mau homem, vivia numa grande favela de Juazeiro do Norte, casado com Maria
Raimunda (conhecida por Raimundinha), filha de um pedreiro aposentado, eles não tinham
filhos, por Raimundinha ser estéril.
Dez anos de casados, batia constantemente, uma década de maus tratos. Ele aos
dezoitos anos, se apaixonou, aos vinte anos se casou. O casamento embalsama no perfume
das flores das laranjeiras com os espinhos enlaçados entre os dois.
O leitor talvez nem imagine, quanto Raimunda já sofreu, se eu pudesse contar em
menos de trintas linhas a história daqueles dez anos de casados, o leitor choraria!
Ela já estava cansada de apanhar, e de visitar o marido na prisão e de ver a polícia
invadir sua casa. É a tradição que o homem fazia a polícia de idiota. O certo é que Lobão
preso comandava o tráfico caririense, e recebia da maconha uma farta fortuna, com o qual os
bandidos da favela o admiravam.
A esposa sofria pelos espinhos que seu esposo colocou em sua alma. Mas molestada
pela saudade, pois o amava muito.
A distância duma légua do presídio, e ela visitava duas vezes por semana, foi dois
anos nesse pesadelo. Quando ele saiu, conseguiu uma fortuna sem limite, transferência para o
centro da cidade, sua ambição suprema.
Ele vendia maconha, lança perfumes, craque e cocaína para os jovens de classe
média. O comércio de tráfico crescia e ele importava para todos estados nordestinos.
Mercadoria vinda do Paraguai, enviada para todo o Nordeste, enriquecia o traficante de
Juazeiro do Norte.
Um dia, Raimundinha depois de apanhar, olhou para o marido, e disse:
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— Eu não te aguento mais, por isso, eu quero me livrar da dor.
— O que você quer dizer com isso?
— Eu vou te deixar.
— Não vai! Se deixar, eu te mato!
— Prefiro morrer, que passar mais um dia com você.
— Raimunda que espera de mim?
— Largue o tráfico, e seja mais carinhoso e não roube mais.
— Nunca... Só largo o tráfico, se for morto!
— Sendo assim, tenho que me separar de você.
— Quer morrer?
— E por que chora Raimundinha?
— Não me compreende... Sou infeliz.
— Eu não sou mal. Você é que não conhece a minha bondade.
Eram oito da manhã, de cinco de agosto de 2003. Ela foi morar na casa do pai e
da mãe, e aos poucos curava as feridas provocadas pelo o marido.
Lobão a chegar a casa, pegou uma carta e leu mentalmente, deixou cair à carta, e
deitou-se prostrado de desânimo. Ele passou uma semana, com muito angustia e melancolia.
A pobre Raimundinha chorava e soluçava, por amá-lo. Mas não conseguia viver
com Lobão.
Lobão sonhava muito com Raimunda tinha mil ilusões, que repugnava com o
comportamento da esposa. O amor de Lobão era um amor de hospício, salteado numa loucura
doentia.
Lobão com muita saudade foi à casa de Sr. Miguel, mas este não deixou que ele a
visse. Ele bateu os pés e engoliu a saliva de ódio e de rancor. Lobão pegou um revólver e
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colocou na própria cabeça, suas mãos tremiam e suava com um rumor de medo e de loucura.
Ele triscou no gatilho, mas não teve coragem de puxar o gatilho.
Ele aproximou de uma janela e gritou com uma voz de remorso:
— Eu sou um miserável! Mas meu amor é imortal!
Ele colocou a mão direita na parede e ficou de cócaras, movido pela índole da
maconha e de seus derivados, considerando os objetos particulares, algo inútil, como
ferramentas imperfeitas, ficando alucinado pela a transcendência dos arquétipos platônicos
que corriam em suas veias.
Lobão chegou mesmo afirmar que o louco é louco porque tem alma de louco, é
essencialmente louco, sendo destituído da razão, que a loucura enfrenta a finalidade do
homem racional.
Nessa aflição foi até a casa do sogro, e viu Raimunda passeando com um rapaz.
O marido ficou parado e pensando em matá-lo:
— Você me traiu Raimunda. Mas isso não vai ficar assim, pois tua alma me
pertence e ninguém tirará de mim. Se alguém tirar, estará condenada a morte.
Lobão murmurou consigo mesmo:
— Ingrata!
— Pode curtir a vontade meu rapaz, amanhã o diabo te mudará o nome, e você vai
pedir perdão e sentir a dor da morte. Eu digo, curte meu rapaz, que a noite te espera.
Era dez e meia da noite, o rapaz se despediu de Raimunda, e desceu duas
avenidas, e quando estava atravessando uma rua para outra, um motoqueiro parou e falou com
o rapaz:
— Hei, moço!
— sim.
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— Que hora é?
— Dez e quarenta e dois.
— Então dorme sossegado.
Ele apertou o gatilho, disparou - se, e a bala perfurou a cabeça do rapaz.
— Ai, por que fez isso?
— Por Raimunda.
Ele tirou um maço de cigarros do bolso, pegou um isqueiro e acendeu o cigarro, e
aspirou profundamente a fumaça. Seus olhos azuis triunfavam a morte do rapaz.
Ele bateu a cinza do cigarro e deu uma gargalhada:
— Há! Há! Há! Há!
Ele olhou para a poça de sangue, abaixou o corpo e triscou no sangue e colocou
na boca, sentindo os ranços da vingança.
Duas horas depois...
Uma viatura chegou a sua residência, e a polícia o levou para a delegacia.
Na prisão, inclinou a cabeça e ele ficou olhando para o anel de casado. Fechou os
olhos e viu a no altar, o padre perguntando:
— Maria Raimunda, você aceita Carlos Antônio como seu esposo até que a morte
os separe?
— Aceito.
Ele sufocado pelos soluços com o rosto sobre a grade, ouvia as risadas de
Raimunda.
Lobão doente pela loucura decide seu destino entre as grades.
— A úlcera que come as carnes de minha alma, será curada nesses dias.
Faltava uma semana para o seu julgamento, ele combinou com os colegas de cela
para fugirem da cadeia.
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Numa tarde, a delegacia se encontrava ao cuidado de um único policial. Eles
simularam um ataque epiléptico, e o policial, por um descuido, entrou na cela e foi
surpreendido pelos presos, que agarraram, o despiram, e levaram sua arma.
Eles passaram no portão, e levaram uma viatura, e se refugiaram na favela das
Grotas, detrás do estádio de futebol Mauro Sampaio (O Romeirão), a polícia invadiu a favela,
e houve um grande tiroteio, muitos morreram, mas Lobão conseguiu escapar.
Ele alugou um pequeno quarto, três quarteirão abaixo da casa do pai de
Raimunda.
No dia dos finados,