Enigma Do Discípulo Que Jesus Amava
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Enigma Do Discípulo Que Jesus Amava - Francisco Alves Machado
Francisco Alves Machado
ENIGMA DO DISCÍPULO QUE JESUS AMAVA
LIVRO 1 – Grupo de referência de Jesus:
publicanos, prostitutas e devassos
Resgate do Sentido Original da
Doutrina de Jesus
Edição do autor
Rio de Janeiro
2017
Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito de Verdade, ele vos guiará em toda a Verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar Um pouco e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis; porquanto vou para o Pai. (Jo 16, 12-16)
© Francisco Alves Machado
Capa: Elon Messias: Ceia estilizada
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios ou arquivada em qualquer sistema de dados sem permissão do autor
ISBN: 978-85-910864-7-4
Editoração: Cássio Augusto Rosa Machado e Francisco Alves Machado
Contato: www.tribodossantos.com.br
fraalvmac17@hotmail.com
OBRAS DO AUTOR
1. MACHADO, F. A. Teoria da História – Do grande mercado global pré-diluviano ao grande mercado global contemporâneo. 1ª ed., Rio de Janeiro: 2010.
2. MACHADO, F. A. O Dilúvio – Na cronologia da realidade sócio-histórica pré e pós-diluviana interpretada pela cronologia da teoria da genealogia de Adão – LINHA DO TEMPO. 1ª ed., Rio de Janeiro: 2010.
3. MACHADO, F. A. O Templo. 1ª ed., Rio de Janeiro: 2012
4. MACHADO, F. A. Maldição do templo do sacerdote. 1ª ed., Rio de Janeiro: 2012.
5. MACHADO, F. A. Os dois períodos intermediárias do Antigo Egito no contexto da expansão do grande mercado em tempo longuíssimo. 1ª ed., Rio de Janeiro: 2010.
6. MACHADO, F. A. Tribo dos Santos – O nascimento de Noé e a parousia na genealogia de Adão. 1ª ed., Rio de Janeiro: 2009.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1 - Jesus, publicanos, prostitutas e devassos
1.1. O grupo de referência de Jesus: publicanos, prostitutas e devassos – A revolução pacifista dos jovens.
1.2. A localização social e grupo de referência de Jesus, e os seus homólogos atuais: LGBT, feministas e os "publicanos modernos".
1.3. O conflito fundamental no contexto institucional judeu – Os romanos, o bloco histórico, o Sinédrio e os trabalhadores judeus.
1.4. O retorno do Reprimido
(a volta de Jesus) no seu contemporâneo grupo de referência: ativistas LGBT, feministas e os publicanos modernos.
1.5. A noção de localização social do pensamento articulada a de grupo de referência ajudam a entender o evento Jesus e o NT.
1.6. Reino dos céus: conhecimento objetivo divino e isento de prenoções (verdade) como paradigma entre a categoria de pensamento do bloco hegemônico e a do grupo de referência de Jesus.
1.7. João Batista precedeu e preparou o desenvolvimento do grupo de referência de Jesus contra o bloco histórico judeu – O pensamento objetivo ou reino do céu.
CAPÍTULO 2 - O discípulo que Jesus amava
2.1. Jesus anteviu em Simão Pedro, o tipo de gente falsa, de coração e convicções de pedra
(impermeáveis) e duplamente três vezes traidor.
2.2. O significado do nome Cefas (Pedro) dado por Jesus ao Simão.
2.2.1. Grande profeta individual.
2.2.2. Isaías como pedra angular
na localização social Sião
contra sacerdotes e falsos profetas (o bloco ideológico).
2.2.3. A pedra angular Isaías na localização social Sião equivale à pedra angular Jesus, na localização social "publicanos, prostitutas e devassos.
2.2.4. De volta ao tema nome Cefas
(Pedra) que Jesus deu ao Simão.
2.3. O enigma O discípulo que Jesus amava
.
2.3.1. A verdade da relação entre Jesus e o discípulo que Jesus amava
2.4. João iniciou o enigma no seu Evangelho e o concluiu no livro Apocalipse - Conflito entre os Apóstolos
2.4.1. A chave do enigma O discípulo que Jesus amava
.
2.5. As seis etapas do enigma do discípulo que Jesus amava
.
2.5.1. Primeira etapa do enigma: Jesus dá a máxima importância ao modelo servo de liderança; Pedro discorda de Jesus; Jesus e João tinham íntimas relações corporais.
2.5.1.1. A ação simbólica do lava-pés representando o modelo servo de liderança na Ceia.
2.5.1.2. Pedro aspirava ser sacerdote elitista e desprezava o modelo servo de liderança praticado e proposto pelo Mestre.
2.5.1.3. Jesus e João não escondiam a íntima relação corporal entre eles, mesmo diante dos demais principais discípulos.
2.5.2. Segunda etapa do enigma: Jesus depositava grande confiança em João.
2.5.3. Terceira etapa do enigma: Jesus considerava importante a liderança exercida por Madalena entre os doze; confiou-lhe encorajá-los e lhes anunciar a ressurreição.
2.5.4. Quarta etapa do enigma: Pedro traiu o Jesus Ressuscitado, os demais Apóstolos e o relevante modelo servo de liderança proposto por Jesus.
2.5.5. Quinta etapa do enigma: Pedro traiu: o Jesus Ressuscitado; os demais Apóstolos; e o sentido servo de liderança, enfim, a igreja de Jesus.
2.5.5.1. A traição de Pedro, no contexto da vida pública do Jesus Histórico.
2.5.5.1.1. A traição de Pedro no início da vida pública de Jesus.
2.5.5.1.2. A traição de Pedro durante a vida pública de Jesus.
2.5.5.1.3. A traição de Pedro no fim da vida pública de Jesus.
2.5.5.2. A negação de Pedro no contexto do Jesus ressuscitado.
2.5.5.2.1. A traição de Pedro no início do Jesus Ressuscitado quando os Apóstolos assumiram a liderança no arrebanhamento de seguidores
2.5.5.2.2. Pedro traiu a pessoa do Jesus Ressuscitado, empregando o modelo de liderança elitista no inicio da pescaria
.
2.5.5.2.3. A traição de Pedro durante o período em que o Jesus Ressuscitado orientava o movimento.
2.5.5.2.4. A traição de Pedro durante os últimos momentos em que ele acompanhava, ainda, os Apóstolos fiéis ao modelo servo de diretriz pastoral.
2.5.5.2.5. Pedro traiu os demais Apóstolos e o movimento liberal do gênero e igualitário.
2.5.6. Sexta etapa do enigma: o destino de Pedro e de João tendo por paradigma o modelo servo de liderança; a chave do enigma.
2.5.6.1. O destino de Pedro, o Apóstolo traidor ao modelo servo de liderança: servir ao Paulo o Anticristo.
2.5.6.2. O destino de João, o Apóstolo fiel ao modelo servo de liderança: voltar junto à volta de Jesus, para lhe preparar o caminho.
2.6. No Apocalipse, o Jesus Ressuscitado atribuiu ao discípulo que ele amava a missão de voltar consigo para lhe preparar o caminho da sua volta.
2.6.1. João forneceu a chave do enigma, identificando o discípulo que Jesus amava
como o autor do seu Evangelho, e também do livro da Revelação.
2.6.2. A rede descentralizada constituída de 7 estrelas
(líderes servos) e 7 núcleos igualitários
, porém centralizados pelo Anjo de Jesus.
2.6.3. As duas oliveiras.
CAPÍTULO 3 - A rede descentralizada: Jesus com 7 estrelas na mão destra e permeando 7 castiçais
3.1. Jesus com 7 estrelas (lideranças) na mão destra, e permeando 7 castiçais (comunas): modelo de rede descentralizada como estratégico meio de luta.
3.2. As doze tribos de Israel em rede descentralizada, como estratégico meio de luta que Jesus também empregou.
3.2.1. A analogia entre as doze tribos de Israel (Moisés) e os doze Apóstolos do Cordeiro (Jesus): rede descentralizada - O cubo perfeito
CONCLUSÃO........................................................................
BIBLIOGRAFIA....................................................................
Bíblias Sagradas e afins:
Revistas, entrevistas, Wikipédia e outros (Links)
Introdução
A realidade sócio-histórica pode ser focalizada por uma perspectiva interdisciplinar, que abarca, por um lado, as Ciências Humanas (Sociologia, História, psicologia, antropologia, etc.) e seus métodos ou "ferramentas" de interpretação dessa realidade, e por outro, a teologia. Essa perspectiva nos propicia um entendimento mais próximo da realidade pertinente. A aplicação dessas ferramentas é indispensável para o entendimento, tanto do AT, do NT, do contexto sócio-histórico do Jesus Histórico como do contexto contemporâneo. Assim, tais ferramentas podem ser úteis para orientar, estrategicamente, quanto ao melhor modo de intervirmos na atualidade.
Mostraremos a aplicação evidentemente apropriada de diversas ferramentas da área das Ciências Humanas para o entendimento da realidade sócio-histórica do Novo Testamento, ao exemplo de grupo de referência
, localização social do pensamento
, etc., ferramentas essas que cursos de teologia, ao exemplo do da PUC e outros piores, não deixam, estrategicamente, que sejam utilizadas. Na realidade, tais cursos de teologia consistem em mera doutrinação religiosa obtusa, que os teólogos travestem de acadêmicos com dois objetivos gerais.
Por um aspecto, os teólogos que administram esses cursos, na verdade, visam manter a ideia acerca do Jesus Histórico, como um Messias místico, ingênuo e ignorante, e da sua doutrina como misticismo, embora tais cursos exaltem a ideia de Jesus, mas apenas para se aproveitarem do forte carisma deixado por ele; ideia essa que os padres vêm forjaram há quase dois mil anos, e os teólogos protestantes e evangélicos vêm reproduzindo, desde a época de Lutero (1517) para cá, através dos sucessores desse: Calvino, Menno, George Fox, Wesley, etc.[1]
Por outro aspecto, tais teólogos visam exaltar a doutrina de Paulo de Tarso, como se esta fosse a de Jesus, além de usá-la para submeter, ideologicamente, pessoas de senso comum, e explorá-las economicamente, transformando-as em ovelhas-robô. Os teólogos e sacerdotes das igrejas evangélicas, protestantes e outras do gênero acrescentam, ainda, à doutrina de Paulo, as diabólicas doutrinas de Lutero (trabalho por vocação), Calvino e outros desses ramos.
Do modo indicado acima, os teólogos e sacerdotes pseudocristões desfiguram, estrategicamente, também o entendimento relativo à realidade sócia-histórica em que Jesus emergiu e forjam interpretações esdrúxulas para explicar essa realidade aos seus respectivos públicos.
Vejamos um exemplo claro e evidente, de que determinadas ferramentas da sociologia e da ciência política podem ser úteis na leitura da realidade sócio-histórica.
As ferramentas são, neste caso exemplar, as noções desenvolvidas por Gramsci, que vamos detalhar no capítulo pertinente: hegemonia; bloco ideológico; grupo fundamental; bloco histórico; a sociedade civil e o campo cultural como privilegiados campos de luta, em detrimento do campo da sociedade política e do Estado; crise de hegemonias, etc.
O exemplo da realidade histórica consiste, nesse caso, no fato de Jesus haver concentrado a luta que era dele e do seu grupo de referência (publicanos, prostitutas e devassos), precisamente no campo cultural (embate de ideias). E, contra o grupo de intelectuais, que moldava e controlava, hegemonicamente, (bloco ideológico) a opinião pública da nação judaica, isto é, Jesus concentrou a sua luta contra os escribas
(teólogos) e sacerdotes fariseus e saduceus, e não contra outros, ao exemplo dos essênios ou dos mestres que seguiam as correntes sapienciais, inauguradas por Hillel, Shamai, etc.
Os ideólogos fariseus e saduceus estavam aliados aos "anciãos do povo. Estes consistiam na aristocracia laica judaica, que era constituída de grandes latifundiários, agiotas, cambistas, empresários, etc., e que correspondem ao
grupo fundamental", atuante na área econômica, embora também detinha hegemonia política.
Jesus concentrou, portanto, a luta no campo da sociedade civil, em detrimento ao campo do Estado, a sociedade política. Pois, podemos considerar como o Estado judeu ou com outra qualquer denominação cabível, o fato de que a nação judaica tinha o próprio território, a Judeia, e era governada, legalmente, pelo Sinédrio ou Grande Conselho, juridicamente reconhecido e submisso a Roma.
Jesus vinha ganhando, no entanto, hegemonia contra os fariseus e saduceus, na formação da opinião pública. Ou seja, no campo cultural e da sociedade civil, conforme João entendeu e registrou:
Então, os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho e disseram: 'Que faremos? Esse homem realiza muitos sinais. Se o deixarmos assim, todos crerão nele, e os romanos virão destruindo o nosso lugar e a nação
. (Jo 11, 47-48).
Então, os líderes do grupo de fariseus e saduceus tentaram induzir Jesus a lutar no campo da sociedade política, isto é, do Estado, contra Roma e contra o Sinédrio, pois este estava aliado e representava os interesses (pagamento de tributos, etc.) dos romanos. Nesse sentido, os fariseus enviaram alguns dos seus discípulos, mas acompanhados de herodianos
(pessoal administrativo de Herodes, favorável à política romana), para servirem como testemunhas contra Jesus.[2] Pois, eles perguntariam a Jesus: "É permitido ou não pagar imposto a Cesar? (Mt 22, 17) E, esperavam que o Mestre respondesse:
Não". Assim, eles estariam criando motivo para incriminarem Jesus, o qual estaria se posicionando, abertamente, contra o estado e contra Roma.
O Mestre não caiu na armadilha e se desvencilhou, de modo inteligente e estratégico, da luta no campo da sociedade política e do Estado, e respondeu:
Mostra-me a moeda com que se paga o imposto!' Apresentaram-lhe um denário. Perguntou Jesus: 'De quem é esta imagem e esta inscrição?' 'De Cesar', responderam-lhe. Disse-lhes então Jesus: 'Dai, pois, a Cesar, o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus
(Mt 22, 19-21).
Conclusão: Jesus prosseguiu, até ao limite do holocausto perpétuo, concentrando a