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Peças E Prática Da Atividade Policial
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Peças E Prática Da Atividade Policial

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O livro Peças e Prática da Atividade Policial foi elaborado após muita pesquisa e é fruto da experiência profissional adquirida ao longo de 16 anos na área da Segurança Pública. Atento às necessidades de profissionais e concursandos interessados na carreira policial, procurou-se fazer um trabalho minucioso, completo e didático, contendo 54 modelos de peças práticas. Cada peça corresponde a uma situação hipotética, a fim de que aqueles que buscam no livro a preparação para concursos públicos possam sedimentar o conhecimento e aplica-lo, tal como ocorre em certames dessa natureza. Em cada capítulo o leitor tem a sua disposição uma síntese dos dispositivos legais aplicáveis, comentários doutrinários e jurisprudenciais. O livro está na sua 2º edição, atualizado no segundo semestre de 2018. Na primeira edição tivemos o privilégio de ajudar estudantes em todo o Brasil a alcançar a aprovação em concursos públicos, bem como auxiliar profissionais da carreira policial no exercício das suas atividades. O QUE ESTÃO FALANDO SOBRE O LIVRO: Quero aqui primeiramente dar os parabéns ao nobre colega e autor do livro Paulo Reyner Camargo Mousinho, pela excelente obra. Durante as férias, estive na cidade de Macapá, Estado do Amapá, minha terra querida, na semana passada deste mês (dezembro/2016), e tive a oportunidade de adquirir o livro diretamente em uma livraria da cidade. Pela leitura até o momento realizada, se pode observar a didática demonstrada na exposição e exploração dos temas mais corriqueiros da atividade de polícia judiciária, tudo resumido em peças práticas e de fácil compreensão. Além das peças, o autor se preocupou em incluir uma situação hipotética para cada tema exposto, bem como os fundamentos legais e jurisprudenciais dos respectivos assuntos, baseados nas decisões dos principais tribunais superiores do nosso País. Dito isto, como professor da Escola Superior de Polícia Civil do Estado de Goiás – ESPC, apresentarei a obra ao respectivo corpo pedagógico, a fim de que também sirva de sugestão bibliográfica para os demais cursos de formação policial, em conjunto com outras obras existentes, de autoria dos demais colegas delegados de polícia do Brasil e do Estado de Goiás. Parabéns ao autor. Danilo Victor Nunes de Souza Delegado de Polícia - GO Dentre as obras utilizadas para minha preparação e consequente aprovação no concurso de Delegado de Polícia, o livro Peças e Prática da Atividade Policial foi de substancial importância, tendo em vista que o professor Paulo Reyner consegue aliar teoria e prática de forma didática e consistente, o que torna a obra indispensável tanto para quem pretende ingressar na carreira, quanto para quem já exerce a profissão. Yuri Agra de Oliveiria Marreiro Aprovado para Delegado de Polícia (2018) VEJA ALGUNS DOS MODELOS CONSTANTES NA OBRA: Auto de Prisão em Flagrante (14 peças) Auto de Destruição de Drogas Auto de Apreensão de Objetos Carta Precatória Policial Mandado de Condução Coercitiva Ordem e Relatório de Missão Portaria de Instauração de IP Relatório Final de IP Relatório Técnico de Inteligência Requisição de Dados Cadastrais e Setoriais Recognição Visuográfica de Local do Crime Termo de Acordo de Colaboração Premiada Termo Circunstanciado de Ocorrência - TCO Termo de Qualificação e Interrogatório DESPACHOS: Apreensão de Dinheiro de Origem Desconhecida Apresentação de Autoridade com Foro Fundamentação de Indiciamento Liberação de Autoridade com Foro Morte Decorrente de Intervenção Policial Suspeição ou Impedimento do Delegado REPRESENTAÇÕES: Ação Controlada Captação Ambiental Depoimento Especial Incidente de Insanidade Mental Infiltração Interceptação Telefônica e Telemática Mandado de Busca e Apreensão Medida Cautelar Diversa da Prisão Prisão Preventiva e Temporária Quebra de Sigilo de Dados Bancários Quebra de Sigilo de Dados Telefônicos Sequestro Uso de Bem Apreendido Esperamos continuar ajudan
LanguagePortuguês
Release dateAug 12, 2018
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    Peças E Prática Da Atividade Policial - Paulo Reyner Camargo Mousinho

    Peças e Prática da

    Atividade Policial

    2ª edição

    Macapá

    Edição do autor

    2018

    Copyright 2017 – Todos os direitos reservados aPaulo Reyner Camargo Mousinho, email: atividadepolicial@juspol.com.br.

    É termimantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem a expressa autorização do autor. A violação dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislaçãoem vigor, sem prejuízo das sanções civis cabíveis.

    Capa: Paulo Reyner Camargo Mousinho

    Diagramação: Paulo Reyner Camargo Mousinho

    Edição do autor

    Data do fechamento da edição: 30.07.2018.

    Ao meu Deus, rocha forte em Quem confio.

    A minha mãe, Juscelina, alicerce do meu caráter e exemplo de superação.

    Ao meu filho, Pedro Reyner, alegria incomensurável em meu coração.

    A minha esposa, Márcia Alves, pessoa singular em minha vida.

    Aos queridos alunos, incentivadores com os quais aprendo sempre.

    Para todos aqueles que acreditam na construção de ideias como solução viável para implantar atitudes práticas para a Segurança Pública do país.

    PREFÁCIO

    Quando recebi do autor o convite para prefaciar sua obra, logo lhe indaguei por que não cometeu a tarefa a algum jurista, ao que preferiu, em simples resposta, dizer-me que, sem o embargo da leitura de um especialista nas letras jurídicas, gostaria que fosse introduzida por alguém com visão técnica do assunto a ser abordado.

    Paulo Reyner Camargo Mousinho, além do vasto conhecimento no campo das leis, é Delegado de Polícia Civil no estado do Amapá, onde exerce o cargo há pouco tempo, mas já demonstrando a que veio, ou seja, inovar a arte de escrever para os operadores do direito, fazendo-o de forma simples, porém sem perder de vista a sintonia da mais afinada atualização doutrinário-jurisprudencial com refinada técnica redacional. 

    Assim, aliado ao prazer de ler a obra ainda em seu nascedouro, vi que seria tarefa das mais fáceis e agradáveis apresentá-la ao público, pois, tomando-se por base o seu autor, que fez da carreira policial uma extensão para o universo da mais pura conciliação do pragmatismo jurídico à hermenêutica tradicional, bastaria intuir o título: Peças e Prática da Atividade Policial.

    Paulo Reyner procura, a partir de uma explanação teórica, sem rebuscamento de linguagem, introduzir ao leitor um tópico específico por assunto da área de atuação do Delegado de Polícia, sob enfoque do Direito Processual Penal Constitucional, a seguir fornecendo um roteiro prático com inúmeras peças, facilmente adaptáveis ao caso concreto, como forma de reforçar o entendimento de leitura e também se prestando como adminículo no exercício da atividade daquele profissional. 

    Sem ousadia alguma, afirmo que não se trata de obra destinada apenas ao Delegado de Polícia novato, mas também aos mais experientes, que buscam a conjugação do exercício do cargo com o que há de mais novo e proficiente no mercado jurídico. E mais, aos pretendentes dessa profissão a que o autor preferiu se entregar de corpo e alma é leitura obrigatória, pois vai acostumá-los, desde o início, com a árdua tarefa que está por vir, mas com o conforto e segurança de quem já lhe preparou o caminho.

    Armando Jacob de Vargas Júnior¹

    NOTA À 2ª EDIÇÃO

    É com muita satisfação que apresentamos aos nossos leitores a segunda edição da obra Peças e Práticas da Atividade Policial.

    A primeira edição foi muito bem recebida por alunos, profissionais e concursandos. Tivemos a satisfação de ouvir relatos de pessoas que utilizaram o livro e auferiram sucesso em concursos públicos, bem como receber elogios pela riqueza de detalhes no que tange à atividade policial, sobretudo em temas pouco abordados e na elaboração de peças práticas, geralmente cobradas em concursos públicos para o cargo de Delegado de Polícia.

    Pois bem, incentivado por alunos, profissionais e amigos, elaboramos a segunda edição, na qual não foram poucos os assuntos com acréscimos e atualizações, considerando a enorme evolução legislativa e jurisprudencial de alguns temas.

    Nessa edição, tratamos de um ponto muito importante: a diferença entre intuição policial e fundada suspeita, traçada pelo STJ e com consequências indeléveis para a licitude das provas colhidas com ingresso em domicílio, mesmo em crimes permanentes. Isto posto, tem-se a necessidade, para a caracterização da fundada suspeita, de elementos concretos e prévio ao ingresso no recinto domiciliar pela polícia (tópico n. 08).

    Por outro lado, tivemos o privilégio de ver reafirmada nossa posição sobre a capacidade postulatória do Delegado de Polícia para celebrar acordos de colaboração premiada, no julgamento da ADIn n. 5508 pelo Supremo Tribunal Federal, que trouxe importantes balizamentos, inclusive sobre o papel da Polícia Judiciária nas investigações. O Relator do processo explicou que ao agente público denominado Delegado de Polícia, em contato direto com os fatos e com a investigação criminal, foi acometida pela Constituição a função investigativa, destinada à apuração da materialidade, autoria e circunstâncias delituosas. (tópico n. 19).

    Além desses temas, outros relevantíssimos foram tratados, a exemplo da (des)necessidade de autorização para instauração de inquérito de autoridades com foro por prerrogativa de função como regra geral; a presença física ou virtual do delegado de polícia nos atos do inquérito policial (tópico n. 6); o indiciamento de autoridades (tópico n. 14); a não recepção da condução coercitiva para fins de interrogatório policial (tópico n. 12); a impossibilidade de punição do Delegado de Polícia por erro de interpretação, chamado de ilícito hermenêutico (tópico n. 14); a infiltração virtual de agentes de polícia na Internet nos crimes relacionados ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes (tópico n. 21); a decisão do CNJ rechaçando a lavratura de Termo Circunstanciado de Ocorrência por policiais militares; modelos de interceptação de dados telemáticos (tópico n. 35) e, por fim, a nova disciplina do Depoimento Especial de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de crimes violentos (tópico n. 43).

    Assim, esperamos que o leitor tenha uma visão panorâmica dos principais pontos e temas enfrentados no dia a dia da Polícia, bem como à sua disposição uma obra objetiva e atualizada.

    Estaremos sempre abertos às críticas e sugestões.

    Grande abraço e boa leitura.

    O autor.

    SUMÁRIO

    Peças e Prática da

    Atividade Policial

    INTRODUÇÃO

    CAPÍTULO I PEÇAS DE DELEGADO DE POLÍCIA

    1.      CAPACIDADE POSTULATÓRIA DO DELEGADO

    2.      PODER GERAL DE POLÍCIA

    2.1.      Poder de Requisição do Delegado de Polícia

    3.      SOBRE MODELOS E PEÇAS

    3.1.      Estrutura das peças

    3.2.      Cumulação de pedidos na mesma peça

    3.3.      Estrutura da fundamentação jurídica

    4.      REPRESENTAÇÃO OU REQUERIMENTO?

    5.      AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE

    5.1.      Formalidades

    5.2.      Fases da prisão em flagrante

    5.3.      Testemunhas

    5.4.      Interrogatório

    5.5.      Presença do advogado e quesitos

    5.6.      Conversão do APF em preventiva

    5.7.      Autoridades com imunidade

    5.8.      Prisão especial

    5.9.      Relaxamento da prisão pelo Delegado

    5.10.      Ilícito hermenêutico?

    5.11.      Morte por oposição à intervenção policial

    5.12.      Audiência de custódia

    5.13.      Auto de apreensão em flagrante

    5.14.      Delegado pode deixar de arbitrar fiança?

    5.15.      Modelos:

    Auto de prisão em flagrante completo (14 peças)

    Despacho liberação de autoridade com imunidade

    Despacho de apresentação de autoridade com imunidade

    Despacho de morte por intervenção policial

    6.      PORTARIA DE INQUÉRITO POLICIAL

    6.1.      Delineamento inicial das investigações

    6.2.      Prazo

    6.3.      Presença física ou remota do Delegado

    6.4.      Polícia Legislativa pode instaurar IP?

    6.5.      Prisão decretada durante o IP

    6.6.      Exclusividade da presidência do IP

    6.7.      Crimes de menor potencial ofensivo e IP

    6.8.      O novo entendimento do STF sobre o foro

    6.9.      Inquérito judicial

    6.10.      Lei 12.850/13 e técnica investigativa

    6.11.      Extinção da punibilidade e IP

    6.12.      Crimes eleitorais

    6.13.      Modelos:

    Portaria

    Autorização para Instaurar IP de autoridade com foro

    7.      ACAREAÇÃO

    7.1.      Conceito

    7.2.      Cautelas

    7.3.      Desnecessidade

    7.4.      Modelo:

    Termo de acareação

    8.      APREENSÃO DE OBJETOS SEM ORDEM JUDICIAL

    8.1.      Momento da apreensão

    8.2.      Flagrante de terceiro e busca domiciliar

    8.3.      Dados de aparelhos celulares apreendidos

    8.4.      Cadeia de custódia

    8.5.      Dinheiro de origem desconhecida

    8.6.      Autorização do morador e busca domiciliar

    8.7.      Busca veicular e autorização judicial

    8.8.      Intuição policial ou fundada suspeita?

    8.9.      Modelos:

    Termo de apreensão de objeto

    Apreensão de quantia em dinheiro de origem desconhecida

    9.      BUSCA E APREENSÃO POR ORDEM JUDICIAL

    9.1.      Prisão em flagrante

    9.2.      Inaplicabilidade do art. 241 do CPP

    9.3.      Objetos ilícitos não especificados

    9.4.      Requisitos formais do mandado

    9.5.      Formalidades do cumprimento

    9.6.      Dica prática

    9.7.      Dados de aparelhos celulares apreendidos

    9.8.      Abigeato e busca e apreensão em área rural

    9.9.      Cadeia de custódia

    9.10.      Modelos:

    Representação de busca e apreensão

    Auto circunstanciado de busca e apreensão

    10.      APREENSÃO E DESTRUIÇÃO DE DROGAS

    10.1.      Considerações iniciais

    10.2.      Laudo de constatação e definitivo

    10.3.      Destruição com prisão em flagrante

    10.4.      Destruição sem prisão em flagrante

    10.5.      Inaplicabilidade da inovação legislativa

    10.6.      Modelos:

    Auto circunstanciado de destruição de droga

    Auto circunstanciado de destruição de plantação

    11.      CARTA PRECATÓRIA POLICIAL

    11.1.      Burocracia

    11.2.      Meios eletrônicos

    11.3.      Não suspensão do inquérito

    11.4.      Término do prazo

    11.5.      Intimação da defesa

    11.6.      Crime de falso

    11.7.      Explicação do contexto investigatório

    11.8.      Modelo:

    Carta precatória policial

    12.      CONDUÇÃO COERCITIVA PELO DELEGADO

    12.1.      Condução pelo Delegado de Polícia

    12.2.      Pessoas que podem ser alvo da condução

    12.3.      Prévia intimação na condução

    12.4.      Da não recepção da condução coercitiva

    12.5.      Resguardo das garantias constitucionais

    12.6.      Condução coercitiva de parlamentar

    12.7.      Condução coercitiva sem intimação

    12.8.      Modelo:

    Mandado de condução coercitiva policial

    13.      DEPÓSITO E USO DE BEM APREENDIDO

    13.1.      Considerações iniciais

    13.2.      Delegado pode nomear depositário?

    13.3.      Autorização para uso de bem apreendido

    13.4.      Doação de armas à Polícia

    13.5.      Modelos:

    Ofício de recusa de nomeação de depositário

    Representação para uso de bem apreendido

    14.      FUNDAMENTAÇÃO DE INDICIAMENTO

    14.1.      Considerações iniciais

    14.2.      Legitimados a indiciar

    14.3.      Momento

    14.4.      Consequências

    14.5.      Indiciamento de autoridades

    14.6.      Indiciamento direto e indireto

    14.7.      Indiciamento de pessoa jurídica

    14.8.      modelo:

    Fundamentação de Indiciamento

    15.      INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL

    15.1.      Considerações iniciais

    15.2.      Consequências e momento do incidente

    15.3.      Quesitos

    15.4.      Prisão preventiva

    15.5.      Continuidade das investigações

    15.6.      Modelo:

    Representação por incidente de insanidade mental

    16.      INTERROGATÓRIO POLICIAL

    16.1.      Considerações iniciais

    16.2.      Testemunhas de leitura

    16.3.      Direito ao silêncio e aviso de miranda

    16.4.      Interrogatório de pessoa jurídica

    16.5.      Partes do interrogatório

    16.6.      Momento do interrogatório

    16.7.      Entrevista é igual a interrogatório?

    16.8.      Espécies de interrogatórios

    16.9.      Ambiente

    16.10.      Técnicas de interrogatório

    16.11.      O Delegado pode mentir ao interrogado?

    16.12.      Modelo:

    Termo de qualificação e interrogatório

    17.      ORDEM DE MISSÃO OU INVESTIGAÇÃO

    17.1.      Disciplina constitucional

    17.2.      Disciplina legal

    17.3.      Ordem Legal e escrita

    17.4.      Finalidade da ordem de missão

    17.5.      Modelo:

    Ordem de Missão/ investigação

    18.      RECONHECIMENTOS

    18.1.      Reconhecimento pessoal

    18.1.1.      Formalidades essenciais

    18.1.2.      Prisão em flagrante e desnecessidade

    18.1.3.      Nulidade só com prejuízo

    18.1.4.      Valor da palavra da vítima

    18.2.      Reconhecimento fotográfico

    18.2.1.      Prova inominada

    18.2.2.      Preferência do reconhecimento pessoal

    18.2.3.      Formalidades essenciais

    18.2.4.      Inserção de fotografias no termo

    18.3.      Reconhecimento de coisas ou objetos

    18.3.1.      Prova inominada

    18.3.2.      Formalidades essenciais

    18.3.3.      Nota fiscal e documentos

    18.3.4.      Reconhecimento de cadáver

    18.4.      Reconhecimento fônico

    18.4.1.      Prova inominada

    18.4.2.      Cautela da diligência

    18.4.3.      Uso do reconhecimento fônico

    18.4.4.      Formalidades essenciais

    18.4.5.      Mídia anexa

    Modelos:

    Termo de reconhecimento pessoal

    Termo de reconhecimento fotográfico

    Termo de reconhecimento fônico

    Termo de reconhecimento de objeto

    19.      COLABORAÇÃO PREMIADA

    19.1.      Requisitos da colaboração

    19.2.      Requisitos do termo

    19.3.      Benefício para indiciado/réu

    19.4.      Conceito legal de organização criminosa

    19.5.      Natureza Jurídica

    19.6.      Negócio jurídico personalíssimo

    19.7.      Personalidade do colaborador

    19.8.      Mitigação do princípio da obrigatoriedade

    19.9.      Quebra do sigilo

    19.10.      Críticas à Colaboração Premiada

    19.11.      Teoria da queen for a day

    19.12.      Legitimidade do Delegado na colaboração

    19.13.      Modelo:

    Termo de colaboração premiada

    20.      AÇÃO CONTROLADA

    20.1.      Sistemática

    20.2.      Comunicação ou autorização?

    20.3.      Interceptação telefônica e ação controlada

    20.4.      Limites da ação controlada

    20.5.      Modelo:

    Comunicação de ação controlada

    21.      INFILTRAÇÃO

    21.1.      Sistemática

    21.2.      Excludente de ilicitude ou culpabilidade

    21.3.      Direitos do Agente Infiltrado

    21.4.      Quem pode ser Agente Infiltrado?

    21.5.      Técnica subsidiária

    21.6.      Necessidade de ação controla conjunta

    21.7.      Depoimento pessoal do Agente Infiltrado

    21.8.      Modelo:

    Representação por infiltração

    22.      CAPTAÇÃO AMBIENTAL

    22.1.      Conceitos

    22.2.      Requisitos

    22.3.      Organização criminosa e outros crimes

    22.4.      Segredo de Justiça e prazo

    22.5.      Modelo:

    Representação por captação ambiental

    23.      CADASTRO DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

    23.1.      Conceito de dados cadastrais

    23.2.      Consequência pelo não fornecimento

    23.3.      Desnecessidade de informar o objetivo

    23.4.      Conceito de instituição financeira

    23.5.      Prazo

    23.6.      Modelo

    Ofício requisitando dados financeiros

    24.      QUEBRA DE SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS

    24.1.      Dados Cadastrais e dados financeiros

    24.2.      Conhecimento especializado

    24.3.      Laboratórios contra a lavagem – LAB-LD

    24.4.      CPIs e quebra de sigilo bancário

    24.5.      MP, TCU ou Delegado de Polícia

    24.6.      Administração Tributária

    24.7.      Diferença entre sigilo financeiro e fiscal

    24.8.      Modelo:

    Representação por Quebra de sigilo bancário

    25.      PRISÃO PREVENTIVA

    25.1.      Excludente de ilicitude

    25.2.      Diferença entre preventiva e temporária

    25.3.      Prisão Domiciliar

    25.4.      Capacidade postulatória do Delegado

    25.5.      Custódia cautelar de menor infrator

    25.6.      Periculosidade concreta do indiciado

    25.7.      BNMP e sigilo

    25.8.      Modelo:

    Representação de prisão preventiva

    26.      PRISÃO TEMPORÁRIA

    26.1.      Requisitos alternativos

    26.2.      Liberação antes do prazo

    26.3.      Desnecessidade de indiciamento

    26.4.      Diferença entre preventiva e temporária

    26.5.      Conversão em preventiva

    26.6.      BNMP e sigilo

    26.7.      Modelo:

    Representação de prisão temporária

    27.      MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA PRISÃO

    27.1.      Legitimidade postulatória do Delegado

    27.2.      Subsidiárias?

    27.3.      Fiança

    27.4.      Motivação do valor da fiança

    27.5.      Fiança para indicado pobre?

    27.6.      Modelo:

    Representação por medida cautelar diversa da prisão

    28.      SEQUESTRO DE BENS

    28.1.      Sequestro, arresto e hipoteca

    28.2.      Legislação correlata

    28.3.      Sequestro ou busca e apreensão?

    28.4.      Modelo:

    Representação por sequestro

    29.      REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS

    29.1.      Conceito

    29.2.      Participação do indiciado

    29.3.      Discricionariedade do Delegado

    29.4.      Desnecessidade de intimação da defesa

    29.5.      Modelo:

    Determinação de reprodução simulada dos fatos

    30.      RESPOSTA DE HABEAS CORPUS

    30.1.      Considerações iniciais

    30.2.      Competência para apreciação

    30.3.      Delegado como impetrante

    30.4.      Hipóteses comuns de impetração de HC

    30.5.      Tipicidade material pelo Delegado

    30.6.      Modelo:

    Ofício prestando informações sobre HC

    Não indiciamento por atipicidade material do fato

    31.      SUSPEIÇÃO DO DELEGADO DE POLÍCIA

    31.1.      Conceito de suspeição

    31.2.      Extensão para os casos de impedimento

    31.3.      Pedido de suspeição do Delegado de Polícia

    31.4.      Afastamento compulsório do Delegado

    31.5.      Improbidade Administrativa

    31.6.      Modelo:

    Despacho de Suspeição/ Impedimento

    32.      TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA

    32.1.      Princípios informadores e sistemática

    32.2.      Indiciamento

    32.3.      Exame Pericial

    32.4.      Lavratura de TCO pela PM ou PRF

    32.5.      Boletim Circunstanciado de Ocorrência

    32.6.      Modelo:

    Termo Circunstanciado de Ocorrência – TCO

    33.      RELATÓRIO FINAL DE INQUÉRITO POLICIAL

    33.1.      Conceito

    33.2.      Indiciamento ou não do investigado

    33.3.      Tramitação direta entre policia e MP

    33.4.      Valoração do fato pelo Delegado

    33.5.      Representações no Relatório Final

    33.6.      Denúncia sem relatório final de IP

    33.7.      Modelo:

    Relatório final de inquérito policial

    CAPÍTULO II INVESTIGAÇÃO E TELEFONIA MÓVEL

    34.      CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

    34.1.      Diferenças básicas

    34.2.      IMEI

    34.3.      Conceito de SMS, MMS, GPRS, WAP e ERB

    35.      INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

    35.1.      Conceito de interceptação telefônica

    35.2.      Degravação das conversas

    35.3.      Phishing

    35.4.      Vazamentos

    35.5.      Dados cadastrais do telefone interceptado

    35.6.      Períodos sucessivos de interceptação

    35.7.      Serendipidade

    35.8.      Polícia Militar e interceptação

    35.9.      Interceptação prospectiva

    35.10.      Crime obstáculo

    35.11.      Interceptação e Agências de Inteligência

    35.12.      Mensagens criptografadas e o WhatsApp

    Explicação do caso

    Mensagens criptografadas e investigação

    35.13.      Dados técnicos

    35.14.      Dados telemáticos

    35.15.      Procedimento da resolução 59/CNJ

    35.16.      Modelos:

    Representação de interceptação telefônica

    Representação de interceptação telemática

    Modelo para plataforma Google

    36.      QUEBRA DE SIGILO DE DADOS TELEFÔNICOS

    36.1.      Conceito de Quebra de sigilo de dados

    36.2.      Fundamentação

    36.3.      Objetivo

    36.4.      Aplicação na investigação

    36.5.      SMS e MMS

    36.6.      IMEI ou linha

    36.7.      Modelo:

    Representação de Quebra de sigilo de dados telefônicos

    37.      DADOS CADASTRAIS TELEFÔNICOS

    37.1.      Dados cadastrais

    37.2.      Poder de requisição

    37.3.      Desnecessidade de informar o objetivo

    37.4.      Prazo

    37.5.      Modelo:

    Ofício de requisição de dados telefônicos

    38.      SINAL DE SETORIZAÇÃO – Lei nº 13.344/16

    38.1.      Comentários ao art. 13-A do CPP

    38.1.1.      Do poder de requisição

    38.1.2.      Do prazo

    38.1.3.      Dados do documento requisitório

    38.2.      Comentários ao art. 13-B do CPP

    38.2.1.      Tráfico de pessoas

    38.2.2.      Impropriedade da expressão requisição

    38.2.3.      Do conceito de sinal de setorização

    38.2.4.      Do período de disponibilização do sinal

    38.2.5.      Da determinação de instauração de IP

    38.2.6.      Da ausência de manifestação judicial

    38.3.      modelo:

    Representação de autorização para dados setoriais

    CAPÍTULO III DIVERSAS PEÇAS DA ATIVIDADE POLICIAL

    39.      JUSTIFICATIVA DE USO DE ALGEMAS

    39.1.      Histórico do uso de algemas

    39.2.      Súmula vinculante n.º 11/STF

    39.3.      Pedido de cancelamento da SV n.º 11/STF

    39.4.      Decreto Federal n.º 8.858/2016

    39.5.      Modelo:

    Auto de justificativa para condução de preso algemado

    40.      RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA

    40.1.      Considerações iniciais

    40.2.      Inteligência e Segurança Pública

    40.3.      Diferença entre inteligência e investigação

    40.4.      Inteligência como investigação criminal

    40.5.      Limites do controle externo do MP

    40.6.      Modelo:

    Relatório Técnico (de inteligência)

    41.      RELATÓRIO DE MISSÃO/ INVESTIGAÇÃO

    41.1.      Objetivo da investigação criminal

    41.2.      Documentação da investigação

    41.3.      Cooperação entre as Polícias

    41.4.      Recognição Visuográfica de local de crime

    41.5.      Modelos:

    Relatório de investigação

    Recognição visuográfica do local do crime

    42.      TERMO DE BEM VIVER

    42.1.      Considerações gerais

    42.2.      Previsão legal

    42.3.      Policial como pacificador social

    42.4.      Modelo

    Termo de bem viver

    43.      DEPOIMENTO ESPECIAL

    43.1.      Entendendo o tema

    43.2.      Espécies de violência

    43.3.      Escuta Especializada e Depoimento Especial

    43.4.      Do procedimento do Depoimento Especial

    43.5.      Atuação do Delegado de Polícia

    43.6.      Do juízo competente

    43.7.      Modelo:

    Representação da cautelar para fins de depoimento especial

    REFERÊNCIAS

    INTRODUÇÃO

    "Devemos conhecer perfeitamente o homem, a natureza humana para, depois, conhecer o Direito", as palavras são do jurisconsulto romano Cícero, um dos maiores oradores e políticos que o mundo já conheceu.

    Na atividade prática da Polícia nota-se que cada vez mais o Policial deve saber sobre Direito, entretanto, para o bom exercício da sua missão se faz necessário mais, deve-se compreender as pessoas, compreender os conflitos que fazem nossa sociedade cada vez mais perigosa, afinal, ser Policial é ser um especialista em Segurança Pública, vista por meio dos olhos de quem enfrenta a problemática diariamente.

    Percebe-se que diversos são os autores que militam com maestria nas disciplinas de Direito Penal e Processual Penal, inclusive, deram e dão o suporte doutrinário que temos hoje no país. Nesse contexto, vários livros de prática jurídica e forense, e até de prática policial, foram escritos pelos juristas clássicos, em sua maioria Advogados, Magistrados e membros do Ministério Público.

    Sem olvidar a importância desses alicerces, também se faz necessária a visão doutrinária daqueles que estão nas ruas, longe dos condicionadores de ar, longe da tranquilidade dos gabinetes, longe do alcance das doutrinas sofisticadas, mas lidando com a criminalidade em suas idiossincrasias.

    A sociedade e o Direito carecem da visão do Policial sobre a criminalidade, sobre as leis, sobre o sistema judiciário e, até mesmo, sobre a própria Polícia.

    Nesse prisma, como os manuais de Direito Penal e Processual Penal não se aprofundam em diversos aspectos práticos do dia a dia do Policial, há carência de doutrina específica sobre o tema.

    De outra sorte, as obras de prática policial, escritas por pessoas que não são da carreira, mas juristas, repise-se mais uma vez, de importância indelével, não abarcam as minúcias das diversas responsabilidades que o Policial tem no seu cotidiano.

    Considerando essas circunstâncias sob as quais a presente obra foi elaborada, diferentes assuntos atinentes ao exercício da atividade policial foram abordados em seus pormenores.

    Seria injusto nos apropriarmos de todas as questões trazidas nas linhas a seguir, pois muitas delas foram discutidas com colegas de profissão ao longo de 15 anos em conversas informais, em situações práticas vivenciadas, mas não foram esquecidas. Foram anotadas mentalmente, trabalhadas, pesquisadas até que se encontrasse fundamentação jurídica suficiente para uma solução viável, nem sempre encontrada nos livros.

    Temas pouco tratados foram diligenciados, como, por exemplo: Em que consiste o Poder Geral de Polícia e quais são seus limites, fundamentos e objetivos legais? O Delegado pode mentir para o interrogado para obter confissão, sem tornar a prova ilícita? O agente infiltrado é obrigado a prestar depoimento? Quais os limites da busca e apreensão em caso de flagrante delito? A polícia pode ingressar na casa de terceiro não envolvido na ocorrência? Como se dá o indiciamento da pessoa jurídica? Qual a diferença entre inteligência policial e investigação criminal? Quais são os limites do controle externo do Ministério Público em relação à atividade policial? A Polícia Legislativa tem poder de investigação? Quais as alternativas para interceptação de mensagens criptografadas?

    Esses e diversos outros assuntos são delineados na presente obra.

    Por outro lado, buscou-se aliar os ensinamentos doutrinários e as decisões jurisprudenciais à prática, materializando o conhecimento. Com efeito, o Brasil tem visto uma enorme avalanche legislativa e, por vezes, até mesmo o jurista mais cuidadoso passa por elas despercebido.

    Na área policial não é diferente, com a proliferação das leis, aliada à ânsia legislativa de órgãos administrativos, o profissional da Segurança Pública deve se ater às inovações. Vide, apenas a título de exemplo, a novel Resolução n.º 213/2015 – CNJ, que determinou a implantação das audiências de custódia no país, ou , ainda, o Ministério Público, exarando Resoluções que têm impacto direito na seara policial.

    Por isso, adotou-se a seguinte sistemática em cada tópico abordado:

    Primeiramente, são delineados os pontos principais como previsão legal, prazos, requisitos e legitimados a elaborar as diversas peças;

    Em seguida são feitas observações jurídicas importantes sobre o tema tratado no tópico;

    Após, uma situação hipotética é apresentada e,

    Por fim, coloca-se à disposição do leitor um modelo de peça jurídica ou de prática policial, de acordo com a situação hipotética.

    Vejamos um exemplo:

    Desse modo, de forma didática e prática, pretende-se obter a máxima compreensão do conteúdo abordado.

    No que tange à atividade jurídica do Delegado de Polícia, tanto na prática profissional quanto na assimilação dos modelos cobrados em concursos públicos, muitas peças, de maneira inédita, foram tratadas. Todas elas de acordo com os requisitos legais que lhes são peculiares.

    Por exemplo, podemos mencionar a Representação por Infiltração, o Termo de Acordo de Colaboração Premiada, a Representação de Incidente de Sanidade Mental, a Fundamentação de Indiciamento, a Requisição direta para obtenção de Dados Cadastrais, a Representação para uso de bem apreendido, entre outras.

    Lembra-se, ainda, que as peças geralmente usadas pelo Delegado de Polícia também podem ser aproveitadas como parâmetro para outras autoridades eventualmente responsáveis por investigações, como o encarregado por Inquérito Policial Militar(na apuração de crimes militares, evidentemente).

    O livro foi dividido em três capítulos, o primeiro com modelos de peças de atribuição do Delegado de Polícia e o terceiro, relacionado a peças práticas da atividade policial.

    Em razão da importância da investigação realizada por meio da telefonia móvel, um capítulo específico também foi cuidadosamente tratado, possibilitando ao concursando ou ao recém-ingresso na carreira policial compreender as nuances que envolvem a interceptação telefônica, a quebra de sigilo de dados telefônicos e sua diferença com quebra de sigilo de dados cadastrais, a problemática dos aplicativos que usam criptografia (como WhasApp), o acesso aos dados de setorização (localização), entre outras interessantes questões.

    Enfim, o leitor tem nosso compromisso na elaboração de uma obra de qualidade, com enfoque jurídico, atinente à persecução penal, sem que nos afastemos da prática da atividade policial, com a consequente visão crítica dela advinda.

    Assim, com o esforço conjunto e a soma de ideias, nosso intuito é procurar colaborar na busca por soluções pragmáticas, conscientizando e fornecendo embasamento jurídico para possíveis mudanças, bem como o exercício profissional com segurança.

    CAPÍTULO I

    PEÇAS DE DELEGADO DE POLÍCIA

    CAPACIDADE POSTULATÓRIA DO DELEGADO

    Muito se tem discutido sobre a capacidade postulatória do Delgado de Polícia, sobretudo por questionamento do Ministério Público, alegando que o Parquet, enquanto titular da persecução penal, teria a exclusividade de, nas ações penais públicas, peticionar em juízo, requerendo quaisquer tipos de medidas cautelares ou outras medidas judiciais.

    Assim, conforme entendimento desse tipo de argumentação, o Delegado de Polícia, desprovido de capacidade postulatória, deveria requerer ao Ministério Público para que, a juízo do Promotor ou Procurador da República (se na esfera Federal), redigisse petição requerendo a medida solicitada pela Autoridade Policial. Nas palavras de TEIVE, "a sugestão é, pasme, de que se rejeite a representação do Delegado e se faça outra idêntica."²

    Nesse sentido é a Recomendação n.º 04/2014 da Câmara de Revisão e coordenação do Ministério Público Federal, a qual:

    Orienta os Membros do Ministério Público Federal a, respeitada a independência funcional, pugnarem pelo não conhecimento do pedido de medida cautelar formulado por Autoridade Policial diretamente ao Juízo, sem prejuízo de pleitearem a medida cautelar, em petição própria, quando entenderem pertinente(Grifo nosso).

    Para enfrentar a questão, se faz necessário despir-se de todo corporativismo, evidenciando fundamentos jurídicos, como deve ser a postura de todos aqueles responsáveis por executar atribuições públicas.

    Inicialmente, é preciso ter em mente que todos os poderes, atribuições, prerrogativas dadas por lei a determinado titular de cargo público não é um fim em si mesmo, deve atender a uma finalidade pública, de melhor acolhimento do interesse da sociedade.

    O cargo de Delegado de Polícia foi reconhecido pela Constituição da República quando, em seu art. 144, §§ 1º e 4º, estatui que as Polícias Civis, responsáveis pela apuração de infrações penais, exceto as militares, serão dirigidas por Delegados de Polícia de carreira.

    Para assumir o cargo de Delegado de Polícia há necessidade de ser bacharel em Direito, bem como de aprovação em concurso público de provas e títulos, de grau elevado de dificuldade, em que invariavelmente são cobradas a elaboração de pecas práticas, portanto, tal profissional é plenamente capaz de demonstrar ao Poder Judiciário a necessidade, a conveniência e a urgência da medida representada.

    Ademais, a experiência no dia a dia das delegacias, com atendimento ao público, provê o Delegado de elementos necessários para saber o momento oportuno de pleitear cautelares pertinentes ao esclarecimento do fato criminoso. Circunstância nem sempre presente em sede ministerial.

    No ordenamento jurídico pátrio não há nenhum dispositivo que impeça a comunicação direta entre Delegado de Polícia e o Poder Judiciário; em sentido diametralmente oposto, há, sim, diversos dispositivos, tanto na redação original do Código de Processo Penal quanto em leis recentíssimas, reafirmando essa possibilidade.

    Desse modo, não foi, nem tampouco é, intenção do legislador afastar a capacidade postulatória do Delegado de Polícia. Confira, apenas a título exemplificativo, nos dispositivos legais abaixo:

    Código de Processo Penal:

    Art. 13.Incumbirá ainda à Autoridade Policial:

    (…)

    IV - representar acerca da prisão preventiva.

    Art. 127.O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação da Autoridade Policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.

    Art. 149.Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o Juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal.

    § 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da Autoridade Policial ao Juiz competente.

    Art. 311.Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo Juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da Autoridade Policial.

    Prisão temporária – Lei 7.960/89:

    Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da Autoridade Policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.

    Interceptação telefônica - Lei 9.296/96:

    Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo Juiz, de ofício ou a requerimento:

    I - da Autoridade Policial, na investigação criminal;

    Sistema financeiro – Lei 9.613/98:

    Art. 4oO Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do Delegado de Polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)

    Lei 12.830/13:

    Art. 2o As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo Delegado de Polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. 

    § 1o Ao Delegado de Polícia, na qualidade de Autoridade Policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.

     § 2o Durante a investigação criminal, cabe ao Delegado de Polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos.

    Crime organizado – Lei 12.850/13:

    Art. 4o O Juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:

    I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas;

    (…)

    § 2o Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o Delegado de Polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao Juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal).

    Dados de setorização – Lei nº. 13.344/16:

    Art. 13-B.Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o Delegado de Polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. 

    Robustecendo a legitimidade do Delegado de Polícia para pleitear medidas cautelares junto ao Poder Judiciário, temos as seguintes decisões judiciais:

    (…) diversamente do sustentado pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, é preciso registrar que o Delegado de Polícia, na qualidade de presidente do inquérito policial, tem, sim, legitimidade para postular as medidas cautelares que entender pertinentes ao sucesso das investigações, o que é previsto expressamente em diversos dispositivos legais que não conflitam com qualquer norma constante do Texto Constitucional em vigor, valendo referência especial às regras postas no § 1°, incisos I e IV, do art. 144, da Constituição da República.

    Com efeito, em que pese reconhecer que o MINISTÉRIO PÚBLICO é dotado de poderes investigatórios, na linha da doutrina dos poderes implícitos, não há como negar que essa sua atividade é meramente subsidiária e não pode colidir com a exclusividade da presidência dos inquéritos policiais, a cargo do Delegado de Polícia, não tendo qualquer cabimento a tese de que compete única e exclusivamente ao Parquet a postulação de medidas cautelares no âmbito de investigações policiais instauradas pela Polícia Federal, valendo-se conferir, por todos, o pedagógico precedente jurisprudencial a seguir transcrito (Grifo no original). ³

    Continuando com o escólio de RENATO SILVY, em seu artigo intitulado Capacidade postulatória do

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