Peças E Prática Da Atividade Policial
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Book preview
Peças E Prática Da Atividade Policial - Paulo Reyner Camargo Mousinho
Peças e Prática da
Atividade Policial
2ª edição
Macapá
Edição do autor
2018
Copyright 2017 – Todos os direitos reservados aPaulo Reyner Camargo Mousinho, email: atividadepolicial@juspol.com.br.
É termimantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem a expressa autorização do autor. A violação dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislaçãoem vigor, sem prejuízo das sanções civis cabíveis.
Capa: Paulo Reyner Camargo Mousinho
Diagramação: Paulo Reyner Camargo Mousinho
Edição do autor
Data do fechamento da edição: 30.07.2018.
Ao meu Deus, rocha forte em Quem confio.
A minha mãe, Juscelina, alicerce do meu caráter e exemplo de superação.
Ao meu filho, Pedro Reyner, alegria incomensurável em meu coração.
A minha esposa, Márcia Alves, pessoa singular em minha vida.
Aos queridos alunos, incentivadores com os quais aprendo sempre.
Para todos aqueles que acreditam na construção de ideias como solução viável para implantar atitudes práticas para a Segurança Pública do país.
PREFÁCIO
Quando recebi do autor o convite para prefaciar sua obra, logo lhe indaguei por que não cometeu a tarefa a algum jurista, ao que preferiu, em simples resposta, dizer-me que, sem o embargo da leitura de um especialista nas letras jurídicas, gostaria que fosse introduzida por alguém com visão técnica do assunto a ser abordado.
Paulo Reyner Camargo Mousinho, além do vasto conhecimento no campo das leis, é Delegado de Polícia Civil no estado do Amapá, onde exerce o cargo há pouco tempo, mas já demonstrando a que veio, ou seja, inovar a arte de escrever para os operadores do direito, fazendo-o de forma simples, porém sem perder de vista a sintonia da mais afinada atualização doutrinário-jurisprudencial com refinada técnica redacional.
Assim, aliado ao prazer de ler a obra ainda em seu nascedouro, vi que seria tarefa das mais fáceis e agradáveis apresentá-la ao público, pois, tomando-se por base o seu autor, que fez da carreira policial uma extensão para o universo da mais pura conciliação do pragmatismo jurídico à hermenêutica tradicional, bastaria intuir o título: Peças e Prática da Atividade Policial.
Paulo Reyner procura, a partir de uma explanação teórica, sem rebuscamento de linguagem, introduzir ao leitor um tópico específico por assunto da área de atuação do Delegado de Polícia, sob enfoque do Direito Processual Penal Constitucional, a seguir fornecendo um roteiro prático com inúmeras peças, facilmente adaptáveis ao caso concreto, como forma de reforçar o entendimento de leitura e também se prestando como adminículo no exercício da atividade daquele profissional.
Sem ousadia alguma, afirmo que não se trata de obra destinada apenas ao Delegado de Polícia novato, mas também aos mais experientes, que buscam a conjugação do exercício do cargo com o que há de mais novo e proficiente no mercado jurídico. E mais, aos pretendentes dessa profissão a que o autor preferiu se entregar de corpo e alma é leitura obrigatória, pois vai acostumá-los, desde o início, com a árdua tarefa que está por vir, mas com o conforto e segurança de quem já lhe preparou o caminho.
Armando Jacob de Vargas Júnior¹
NOTA À 2ª EDIÇÃO
É com muita satisfação que apresentamos aos nossos leitores a segunda edição da obra Peças e Práticas da Atividade Policial.
A primeira edição foi muito bem recebida por alunos, profissionais e concursandos. Tivemos a satisfação de ouvir relatos de pessoas que utilizaram o livro e auferiram sucesso em concursos públicos, bem como receber elogios pela riqueza de detalhes no que tange à atividade policial, sobretudo em temas pouco abordados e na elaboração de peças práticas, geralmente cobradas em concursos públicos para o cargo de Delegado de Polícia.
Pois bem, incentivado por alunos, profissionais e amigos, elaboramos a segunda edição, na qual não foram poucos os assuntos com acréscimos e atualizações, considerando a enorme evolução legislativa e jurisprudencial de alguns temas.
Nessa edição, tratamos de um ponto muito importante: a diferença entre intuição policial e fundada suspeita, traçada pelo STJ e com consequências indeléveis para a licitude das provas colhidas com ingresso em domicílio, mesmo em crimes permanentes. Isto posto, tem-se a necessidade, para a caracterização da fundada suspeita, de elementos concretos e prévio ao ingresso no recinto domiciliar pela polícia (tópico n. 08).
Por outro lado, tivemos o privilégio de ver reafirmada nossa posição sobre a capacidade postulatória do Delegado de Polícia para celebrar acordos de colaboração premiada, no julgamento da ADIn n. 5508 pelo Supremo Tribunal Federal, que trouxe importantes balizamentos, inclusive sobre o papel da Polícia Judiciária nas investigações. O Relator do processo explicou que ao agente público denominado Delegado de Polícia, em contato direto com os fatos e com a investigação criminal, foi acometida pela Constituição a função investigativa, destinada à apuração da materialidade, autoria e circunstâncias delituosas. (tópico n. 19).
Além desses temas, outros relevantíssimos foram tratados, a exemplo da (des)necessidade de autorização para instauração de inquérito de autoridades com foro por prerrogativa de função como regra geral; a presença física ou virtual do delegado de polícia nos atos do inquérito policial (tópico n. 6); o indiciamento de autoridades (tópico n. 14); a não recepção da condução coercitiva para fins de interrogatório policial (tópico n. 12); a impossibilidade de punição do Delegado de Polícia por erro de interpretação, chamado de ilícito hermenêutico (tópico n. 14); a infiltração virtual de agentes de polícia na Internet nos crimes relacionados ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes (tópico n. 21); a decisão do CNJ rechaçando a lavratura de Termo Circunstanciado de Ocorrência por policiais militares; modelos de interceptação de dados telemáticos (tópico n. 35) e, por fim, a nova disciplina do Depoimento Especial de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de crimes violentos (tópico n. 43).
Assim, esperamos que o leitor tenha uma visão panorâmica dos principais pontos e temas enfrentados no dia a dia da Polícia, bem como à sua disposição uma obra objetiva e atualizada.
Estaremos sempre abertos às críticas e sugestões.
Grande abraço e boa leitura.
O autor.
SUMÁRIO
Peças e Prática da
Atividade Policial
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I PEÇAS DE DELEGADO DE POLÍCIA
1. CAPACIDADE POSTULATÓRIA DO DELEGADO
2. PODER GERAL DE POLÍCIA
2.1. Poder de Requisição do Delegado de Polícia
3. SOBRE MODELOS E PEÇAS
3.1. Estrutura das peças
3.2. Cumulação de pedidos na mesma peça
3.3. Estrutura da fundamentação jurídica
4. REPRESENTAÇÃO OU REQUERIMENTO?
5. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
5.1. Formalidades
5.2. Fases da prisão em flagrante
5.3. Testemunhas
5.4. Interrogatório
5.5. Presença do advogado e quesitos
5.6. Conversão do APF em preventiva
5.7. Autoridades com imunidade
5.8. Prisão especial
5.9. Relaxamento da prisão pelo Delegado
5.10. Ilícito hermenêutico?
5.11. Morte por oposição à intervenção policial
5.12. Audiência de custódia
5.13. Auto de apreensão em flagrante
5.14. Delegado pode deixar de arbitrar fiança?
5.15. Modelos:
Auto de prisão em flagrante completo (14 peças)
Despacho liberação de autoridade com imunidade
Despacho de apresentação de autoridade com imunidade
Despacho de morte por intervenção policial
6. PORTARIA DE INQUÉRITO POLICIAL
6.1. Delineamento inicial das investigações
6.2. Prazo
6.3. Presença física ou remota do Delegado
6.4. Polícia Legislativa pode instaurar IP?
6.5. Prisão decretada durante o IP
6.6. Exclusividade da presidência do IP
6.7. Crimes de menor potencial ofensivo e IP
6.8. O novo entendimento do STF sobre o foro
6.9. Inquérito judicial
6.10. Lei 12.850/13 e técnica investigativa
6.11. Extinção da punibilidade e IP
6.12. Crimes eleitorais
6.13. Modelos:
Portaria
Autorização para Instaurar IP de autoridade com foro
7. ACAREAÇÃO
7.1. Conceito
7.2. Cautelas
7.3. Desnecessidade
7.4. Modelo:
Termo de acareação
8. APREENSÃO DE OBJETOS SEM ORDEM JUDICIAL
8.1. Momento da apreensão
8.2. Flagrante de terceiro e busca domiciliar
8.3. Dados de aparelhos celulares apreendidos
8.4. Cadeia de custódia
8.5. Dinheiro de origem desconhecida
8.6. Autorização do morador e busca domiciliar
8.7. Busca veicular e autorização judicial
8.8. Intuição policial ou fundada suspeita?
8.9. Modelos:
Termo de apreensão de objeto
Apreensão de quantia em dinheiro de origem desconhecida
9. BUSCA E APREENSÃO POR ORDEM JUDICIAL
9.1. Prisão em flagrante
9.2. Inaplicabilidade do art. 241 do CPP
9.3. Objetos ilícitos não especificados
9.4. Requisitos formais do mandado
9.5. Formalidades do cumprimento
9.6. Dica prática
9.7. Dados de aparelhos celulares apreendidos
9.8. Abigeato e busca e apreensão em área rural
9.9. Cadeia de custódia
9.10. Modelos:
Representação de busca e apreensão
Auto circunstanciado de busca e apreensão
10. APREENSÃO E DESTRUIÇÃO DE DROGAS
10.1. Considerações iniciais
10.2. Laudo de constatação e definitivo
10.3. Destruição com prisão em flagrante
10.4. Destruição sem prisão em flagrante
10.5. Inaplicabilidade da inovação legislativa
10.6. Modelos:
Auto circunstanciado de destruição de droga
Auto circunstanciado de destruição de plantação
11. CARTA PRECATÓRIA POLICIAL
11.1. Burocracia
11.2. Meios eletrônicos
11.3. Não suspensão do inquérito
11.4. Término do prazo
11.5. Intimação da defesa
11.6. Crime de falso
11.7. Explicação do contexto investigatório
11.8. Modelo:
Carta precatória policial
12. CONDUÇÃO COERCITIVA PELO DELEGADO
12.1. Condução pelo Delegado de Polícia
12.2. Pessoas que podem ser alvo da condução
12.3. Prévia intimação na condução
12.4. Da não recepção da condução coercitiva
12.5. Resguardo das garantias constitucionais
12.6. Condução coercitiva de parlamentar
12.7. Condução coercitiva sem intimação
12.8. Modelo:
Mandado de condução coercitiva policial
13. DEPÓSITO E USO DE BEM APREENDIDO
13.1. Considerações iniciais
13.2. Delegado pode nomear depositário?
13.3. Autorização para uso de bem apreendido
13.4. Doação de armas à Polícia
13.5. Modelos:
Ofício de recusa de nomeação de depositário
Representação para uso de bem apreendido
14. FUNDAMENTAÇÃO DE INDICIAMENTO
14.1. Considerações iniciais
14.2. Legitimados a indiciar
14.3. Momento
14.4. Consequências
14.5. Indiciamento de autoridades
14.6. Indiciamento direto e indireto
14.7. Indiciamento de pessoa jurídica
14.8. modelo:
Fundamentação de Indiciamento
15. INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL
15.1. Considerações iniciais
15.2. Consequências e momento do incidente
15.3. Quesitos
15.4. Prisão preventiva
15.5. Continuidade das investigações
15.6. Modelo:
Representação por incidente de insanidade mental
16. INTERROGATÓRIO POLICIAL
16.1. Considerações iniciais
16.2. Testemunhas de leitura
16.3. Direito ao silêncio e aviso de miranda
16.4. Interrogatório de pessoa jurídica
16.5. Partes do interrogatório
16.6. Momento do interrogatório
16.7. Entrevista é igual a interrogatório?
16.8. Espécies de interrogatórios
16.9. Ambiente
16.10. Técnicas de interrogatório
16.11. O Delegado pode mentir ao interrogado?
16.12. Modelo:
Termo de qualificação e interrogatório
17. ORDEM DE MISSÃO OU INVESTIGAÇÃO
17.1. Disciplina constitucional
17.2. Disciplina legal
17.3. Ordem Legal e escrita
17.4. Finalidade da ordem de missão
17.5. Modelo:
Ordem de Missão/ investigação
18. RECONHECIMENTOS
18.1. Reconhecimento pessoal
18.1.1. Formalidades essenciais
18.1.2. Prisão em flagrante e desnecessidade
18.1.3. Nulidade só com prejuízo
18.1.4. Valor da palavra da vítima
18.2. Reconhecimento fotográfico
18.2.1. Prova inominada
18.2.2. Preferência do reconhecimento pessoal
18.2.3. Formalidades essenciais
18.2.4. Inserção de fotografias no termo
18.3. Reconhecimento de coisas ou objetos
18.3.1. Prova inominada
18.3.2. Formalidades essenciais
18.3.3. Nota fiscal e documentos
18.3.4. Reconhecimento de cadáver
18.4. Reconhecimento fônico
18.4.1. Prova inominada
18.4.2. Cautela da diligência
18.4.3. Uso do reconhecimento fônico
18.4.4. Formalidades essenciais
18.4.5. Mídia anexa
Modelos:
Termo de reconhecimento pessoal
Termo de reconhecimento fotográfico
Termo de reconhecimento fônico
Termo de reconhecimento de objeto
19. COLABORAÇÃO PREMIADA
19.1. Requisitos da colaboração
19.2. Requisitos do termo
19.3. Benefício para indiciado/réu
19.4. Conceito legal de organização criminosa
19.5. Natureza Jurídica
19.6. Negócio jurídico personalíssimo
19.7. Personalidade do colaborador
19.8. Mitigação do princípio da obrigatoriedade
19.9. Quebra do sigilo
19.10. Críticas à Colaboração Premiada
19.11. Teoria da queen for a day
19.12. Legitimidade do Delegado na colaboração
19.13. Modelo:
Termo de colaboração premiada
20. AÇÃO CONTROLADA
20.1. Sistemática
20.2. Comunicação ou autorização?
20.3. Interceptação telefônica e ação controlada
20.4. Limites da ação controlada
20.5. Modelo:
Comunicação de ação controlada
21. INFILTRAÇÃO
21.1. Sistemática
21.2. Excludente de ilicitude ou culpabilidade
21.3. Direitos do Agente Infiltrado
21.4. Quem pode ser Agente Infiltrado?
21.5. Técnica subsidiária
21.6. Necessidade de ação controla conjunta
21.7. Depoimento pessoal do Agente Infiltrado
21.8. Modelo:
Representação por infiltração
22. CAPTAÇÃO AMBIENTAL
22.1. Conceitos
22.2. Requisitos
22.3. Organização criminosa e outros crimes
22.4. Segredo de Justiça e prazo
22.5. Modelo:
Representação por captação ambiental
23. CADASTRO DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
23.1. Conceito de dados cadastrais
23.2. Consequência pelo não fornecimento
23.3. Desnecessidade de informar o objetivo
23.4. Conceito de instituição financeira
23.5. Prazo
23.6. Modelo
Ofício requisitando dados financeiros
24. QUEBRA DE SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS
24.1. Dados Cadastrais e dados financeiros
24.2. Conhecimento especializado
24.3. Laboratórios contra a lavagem – LAB-LD
24.4. CPIs e quebra de sigilo bancário
24.5. MP, TCU ou Delegado de Polícia
24.6. Administração Tributária
24.7. Diferença entre sigilo financeiro e fiscal
24.8. Modelo:
Representação por Quebra de sigilo bancário
25. PRISÃO PREVENTIVA
25.1. Excludente de ilicitude
25.2. Diferença entre preventiva e temporária
25.3. Prisão Domiciliar
25.4. Capacidade postulatória do Delegado
25.5. Custódia cautelar de menor infrator
25.6. Periculosidade concreta do indiciado
25.7. BNMP e sigilo
25.8. Modelo:
Representação de prisão preventiva
26. PRISÃO TEMPORÁRIA
26.1. Requisitos alternativos
26.2. Liberação antes do prazo
26.3. Desnecessidade de indiciamento
26.4. Diferença entre preventiva e temporária
26.5. Conversão em preventiva
26.6. BNMP e sigilo
26.7. Modelo:
Representação de prisão temporária
27. MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA PRISÃO
27.1. Legitimidade postulatória do Delegado
27.2. Subsidiárias?
27.3. Fiança
27.4. Motivação do valor da fiança
27.5. Fiança para indicado pobre?
27.6. Modelo:
Representação por medida cautelar diversa da prisão
28. SEQUESTRO DE BENS
28.1. Sequestro, arresto e hipoteca
28.2. Legislação correlata
28.3. Sequestro ou busca e apreensão?
28.4. Modelo:
Representação por sequestro
29. REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS
29.1. Conceito
29.2. Participação do indiciado
29.3. Discricionariedade do Delegado
29.4. Desnecessidade de intimação da defesa
29.5. Modelo:
Determinação de reprodução simulada dos fatos
30. RESPOSTA DE HABEAS CORPUS
30.1. Considerações iniciais
30.2. Competência para apreciação
30.3. Delegado como impetrante
30.4. Hipóteses comuns de impetração de HC
30.5. Tipicidade material pelo Delegado
30.6. Modelo:
Ofício prestando informações sobre HC
Não indiciamento por atipicidade material do fato
31. SUSPEIÇÃO DO DELEGADO DE POLÍCIA
31.1. Conceito de suspeição
31.2. Extensão para os casos de impedimento
31.3. Pedido de suspeição do Delegado de Polícia
31.4. Afastamento compulsório do Delegado
31.5. Improbidade Administrativa
31.6. Modelo:
Despacho de Suspeição/ Impedimento
32. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA
32.1. Princípios informadores e sistemática
32.2. Indiciamento
32.3. Exame Pericial
32.4. Lavratura de TCO pela PM ou PRF
32.5. Boletim Circunstanciado de Ocorrência
32.6. Modelo:
Termo Circunstanciado de Ocorrência – TCO
33. RELATÓRIO FINAL DE INQUÉRITO POLICIAL
33.1. Conceito
33.2. Indiciamento ou não do investigado
33.3. Tramitação direta entre policia e MP
33.4. Valoração do fato pelo Delegado
33.5. Representações no Relatório Final
33.6. Denúncia sem relatório final de IP
33.7. Modelo:
Relatório final de inquérito policial
CAPÍTULO II INVESTIGAÇÃO E TELEFONIA MÓVEL
34. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
34.1. Diferenças básicas
34.2. IMEI
34.3. Conceito de SMS, MMS, GPRS, WAP e ERB
35. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
35.1. Conceito de interceptação telefônica
35.2. Degravação das conversas
35.3. Phishing
35.4. Vazamentos
35.5. Dados cadastrais do telefone interceptado
35.6. Períodos sucessivos de interceptação
35.7. Serendipidade
35.8. Polícia Militar e interceptação
35.9. Interceptação prospectiva
35.10. Crime obstáculo
35.11. Interceptação e Agências de Inteligência
35.12. Mensagens criptografadas e o WhatsApp
Explicação do caso
Mensagens criptografadas e investigação
35.13. Dados técnicos
35.14. Dados telemáticos
35.15. Procedimento da resolução 59/CNJ
35.16. Modelos:
Representação de interceptação telefônica
Representação de interceptação telemática
Modelo para plataforma Google
36. QUEBRA DE SIGILO DE DADOS TELEFÔNICOS
36.1. Conceito de Quebra de sigilo de dados
36.2. Fundamentação
36.3. Objetivo
36.4. Aplicação na investigação
36.5. SMS e MMS
36.6. IMEI ou linha
36.7. Modelo:
Representação de Quebra de sigilo de dados telefônicos
37. DADOS CADASTRAIS TELEFÔNICOS
37.1. Dados cadastrais
37.2. Poder de requisição
37.3. Desnecessidade de informar o objetivo
37.4. Prazo
37.5. Modelo:
Ofício de requisição de dados telefônicos
38. SINAL DE SETORIZAÇÃO – Lei nº 13.344/16
38.1. Comentários ao art. 13-A do CPP
38.1.1. Do poder de requisição
38.1.2. Do prazo
38.1.3. Dados do documento requisitório
38.2. Comentários ao art. 13-B do CPP
38.2.1. Tráfico de pessoas
38.2.2. Impropriedade da expressão requisição
38.2.3. Do conceito de sinal de setorização
38.2.4. Do período de disponibilização do sinal
38.2.5. Da determinação de instauração de IP
38.2.6. Da ausência de manifestação judicial
38.3. modelo:
Representação de autorização para dados setoriais
CAPÍTULO III DIVERSAS PEÇAS DA ATIVIDADE POLICIAL
39. JUSTIFICATIVA DE USO DE ALGEMAS
39.1. Histórico do uso de algemas
39.2. Súmula vinculante n.º 11/STF
39.3. Pedido de cancelamento da SV n.º 11/STF
39.4. Decreto Federal n.º 8.858/2016
39.5. Modelo:
Auto de justificativa para condução de preso algemado
40. RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA
40.1. Considerações iniciais
40.2. Inteligência e Segurança Pública
40.3. Diferença entre inteligência e investigação
40.4. Inteligência como investigação criminal
40.5. Limites do controle externo do MP
40.6. Modelo:
Relatório Técnico (de inteligência)
41. RELATÓRIO DE MISSÃO/ INVESTIGAÇÃO
41.1. Objetivo da investigação criminal
41.2. Documentação da investigação
41.3. Cooperação entre as Polícias
41.4. Recognição Visuográfica de local de crime
41.5. Modelos:
Relatório de investigação
Recognição visuográfica do local do crime
42. TERMO DE BEM VIVER
42.1. Considerações gerais
42.2. Previsão legal
42.3. Policial como pacificador social
42.4. Modelo
Termo de bem viver
43. DEPOIMENTO ESPECIAL
43.1. Entendendo o tema
43.2. Espécies de violência
43.3. Escuta Especializada e Depoimento Especial
43.4. Do procedimento do Depoimento Especial
43.5. Atuação do Delegado de Polícia
43.6. Do juízo competente
43.7. Modelo:
Representação da cautelar para fins de depoimento especial
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
"Devemos conhecer perfeitamente o homem, a natureza humana para, depois, conhecer o Direito", as palavras são do jurisconsulto romano Cícero, um dos maiores oradores e políticos que o mundo já conheceu.
Na atividade prática da Polícia nota-se que cada vez mais o Policial deve saber sobre Direito, entretanto, para o bom exercício da sua missão se faz necessário mais, deve-se compreender as pessoas, compreender os conflitos que fazem nossa sociedade cada vez mais perigosa, afinal, ser Policial é ser um especialista em Segurança Pública, vista por meio dos olhos de quem enfrenta a problemática diariamente.
Percebe-se que diversos são os autores que militam com maestria nas disciplinas de Direito Penal e Processual Penal, inclusive, deram e dão o suporte doutrinário que temos hoje no país. Nesse contexto, vários livros de prática jurídica e forense, e até de prática policial, foram escritos pelos juristas clássicos, em sua maioria Advogados, Magistrados e membros do Ministério Público.
Sem olvidar a importância desses alicerces, também se faz necessária a visão doutrinária daqueles que estão nas ruas, longe dos condicionadores de ar, longe da tranquilidade dos gabinetes, longe do alcance das doutrinas sofisticadas, mas lidando com a criminalidade em suas idiossincrasias.
A sociedade e o Direito carecem da visão do Policial sobre a criminalidade, sobre as leis, sobre o sistema judiciário e, até mesmo, sobre a própria Polícia.
Nesse prisma, como os manuais de Direito Penal e Processual Penal não se aprofundam em diversos aspectos práticos do dia a dia do Policial, há carência de doutrina específica sobre o tema.
De outra sorte, as obras de prática policial, escritas por pessoas que não são da carreira, mas juristas, repise-se mais uma vez, de importância indelével, não abarcam as minúcias das diversas responsabilidades que o Policial tem no seu cotidiano.
Considerando essas circunstâncias sob as quais a presente obra foi elaborada, diferentes assuntos atinentes ao exercício da atividade policial foram abordados em seus pormenores.
Seria injusto nos apropriarmos de todas as questões trazidas nas linhas a seguir, pois muitas delas foram discutidas com colegas de profissão ao longo de 15 anos em conversas informais, em situações práticas vivenciadas, mas não foram esquecidas. Foram anotadas mentalmente, trabalhadas, pesquisadas até que se encontrasse fundamentação jurídica suficiente para uma solução viável, nem sempre encontrada nos livros.
Temas pouco tratados foram diligenciados, como, por exemplo: Em que consiste o Poder Geral de Polícia e quais são seus limites, fundamentos e objetivos legais? O Delegado pode mentir para o interrogado para obter confissão, sem tornar a prova ilícita? O agente infiltrado é obrigado a prestar depoimento? Quais os limites da busca e apreensão em caso de flagrante delito? A polícia pode ingressar na casa de terceiro não envolvido na ocorrência? Como se dá o indiciamento da pessoa jurídica? Qual a diferença entre inteligência policial e investigação criminal? Quais são os limites do controle externo do Ministério Público em relação à atividade policial? A Polícia Legislativa tem poder de investigação? Quais as alternativas para interceptação de mensagens criptografadas?
Esses e diversos outros assuntos são delineados na presente obra.
Por outro lado, buscou-se aliar os ensinamentos doutrinários e as decisões jurisprudenciais à prática, materializando o conhecimento. Com efeito, o Brasil tem visto uma enorme avalanche legislativa e, por vezes, até mesmo o jurista mais cuidadoso passa por elas despercebido.
Na área policial não é diferente, com a proliferação das leis, aliada à ânsia legislativa de órgãos administrativos, o profissional da Segurança Pública deve se ater às inovações. Vide, apenas a título de exemplo, a novel Resolução n.º 213/2015 – CNJ, que determinou a implantação das audiências de custódia no país, ou , ainda, o Ministério Público, exarando Resoluções que têm impacto direito na seara policial.
Por isso, adotou-se a seguinte sistemática em cada tópico abordado:
Primeiramente, são delineados os pontos principais como previsão legal, prazos, requisitos e legitimados a elaborar as diversas peças;
Em seguida são feitas observações jurídicas importantes sobre o tema tratado no tópico;
Após, uma situação hipotética é apresentada e,
Por fim, coloca-se à disposição do leitor um modelo de peça jurídica ou de prática policial, de acordo com a situação hipotética.
Vejamos um exemplo:
Desse modo, de forma didática e prática, pretende-se obter a máxima compreensão do conteúdo abordado.
No que tange à atividade jurídica do Delegado de Polícia, tanto na prática profissional quanto na assimilação dos modelos cobrados em concursos públicos, muitas peças, de maneira inédita, foram tratadas. Todas elas de acordo com os requisitos legais que lhes são peculiares.
Por exemplo, podemos mencionar a Representação por Infiltração, o Termo de Acordo de Colaboração Premiada, a Representação de Incidente de Sanidade Mental, a Fundamentação de Indiciamento, a Requisição direta para obtenção de Dados Cadastrais, a Representação para uso de bem apreendido, entre outras.
Lembra-se, ainda, que as peças geralmente usadas pelo Delegado de Polícia também podem ser aproveitadas como parâmetro para outras autoridades eventualmente responsáveis por investigações, como o encarregado por Inquérito Policial Militar(na apuração de crimes militares, evidentemente).
O livro foi dividido em três capítulos, o primeiro com modelos de peças de atribuição do Delegado de Polícia e o terceiro, relacionado a peças práticas da atividade policial.
Em razão da importância da investigação realizada por meio da telefonia móvel, um capítulo específico também foi cuidadosamente tratado, possibilitando ao concursando ou ao recém-ingresso na carreira policial compreender as nuances que envolvem a interceptação telefônica, a quebra de sigilo de dados telefônicos e sua diferença com quebra de sigilo de dados cadastrais, a problemática dos aplicativos que usam criptografia (como WhasApp), o acesso aos dados de setorização (localização), entre outras interessantes questões.
Enfim, o leitor tem nosso compromisso na elaboração de uma obra de qualidade, com enfoque jurídico, atinente à persecução penal, sem que nos afastemos da prática da atividade policial, com a consequente visão crítica dela advinda.
Assim, com o esforço conjunto e a soma de ideias, nosso intuito é procurar colaborar na busca por soluções pragmáticas, conscientizando e fornecendo embasamento jurídico para possíveis mudanças, bem como o exercício profissional com segurança.
CAPÍTULO I
PEÇAS DE DELEGADO DE POLÍCIA
CAPACIDADE POSTULATÓRIA DO DELEGADO
Muito se tem discutido sobre a capacidade postulatória do Delgado de Polícia, sobretudo por questionamento do Ministério Público, alegando que o Parquet, enquanto titular da persecução penal, teria a exclusividade de, nas ações penais públicas, peticionar em juízo, requerendo quaisquer tipos de medidas cautelares ou outras medidas judiciais.
Assim, conforme entendimento desse tipo de argumentação, o Delegado de Polícia, desprovido de capacidade postulatória, deveria requerer ao Ministério Público para que, a juízo do Promotor ou Procurador da República (se na esfera Federal), redigisse petição requerendo a medida solicitada pela Autoridade Policial. Nas palavras de TEIVE, "a sugestão é, pasme, de que se rejeite a representação do Delegado e se faça outra idêntica."²
Nesse sentido é a Recomendação n.º 04/2014 da Câmara de Revisão e coordenação do Ministério Público Federal, a qual:
Orienta os Membros do Ministério Público Federal a, respeitada a independência funcional, pugnarem pelo não conhecimento do pedido de medida cautelar formulado por Autoridade Policial diretamente ao Juízo, sem prejuízo de pleitearem a medida cautelar, em petição própria, quando entenderem pertinente(Grifo nosso).
Para enfrentar a questão, se faz necessário despir-se de todo corporativismo, evidenciando fundamentos jurídicos, como deve ser a postura de todos aqueles responsáveis por executar atribuições públicas.
Inicialmente, é preciso ter em mente que todos os poderes, atribuições, prerrogativas dadas por lei a determinado titular de cargo público não é um fim em si mesmo, deve atender a uma finalidade pública, de melhor acolhimento do interesse da sociedade.
O cargo de Delegado de Polícia foi reconhecido pela Constituição da República quando, em seu art. 144, §§ 1º e 4º, estatui que as Polícias Civis, responsáveis pela apuração de infrações penais, exceto as militares, serão dirigidas por Delegados de Polícia de carreira.
Para assumir o cargo de Delegado de Polícia há necessidade de ser bacharel em Direito, bem como de aprovação em concurso público de provas e títulos, de grau elevado de dificuldade, em que invariavelmente são cobradas a elaboração de pecas práticas, portanto, tal profissional é plenamente capaz de demonstrar ao Poder Judiciário a necessidade, a conveniência e a urgência da medida representada.
Ademais, a experiência no dia a dia das delegacias, com atendimento ao público, provê o Delegado de elementos necessários para saber o momento oportuno de pleitear cautelares pertinentes ao esclarecimento do fato criminoso. Circunstância nem sempre presente em sede ministerial.
No ordenamento jurídico pátrio não há nenhum dispositivo que impeça a comunicação direta entre Delegado de Polícia e o Poder Judiciário; em sentido diametralmente oposto, há, sim, diversos dispositivos, tanto na redação original do Código de Processo Penal quanto em leis recentíssimas, reafirmando essa possibilidade.
Desse modo, não foi, nem tampouco é, intenção do legislador afastar a capacidade postulatória do Delegado de Polícia. Confira, apenas a título exemplificativo, nos dispositivos legais abaixo:
Código de Processo Penal:
Art. 13.Incumbirá ainda à Autoridade Policial:
(…)
IV - representar acerca da prisão preventiva.
Art. 127.O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação da Autoridade Policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.
Art. 149.Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o Juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal.
§ 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da Autoridade Policial ao Juiz competente.
Art. 311.Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo Juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da Autoridade Policial.
Prisão temporária – Lei 7.960/89:
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da Autoridade Policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
Interceptação telefônica - Lei 9.296/96:
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo Juiz, de ofício ou a requerimento:
I - da Autoridade Policial, na investigação criminal;
Sistema financeiro – Lei 9.613/98:
Art. 4oO Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do Delegado de Polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
Lei 12.830/13:
Art. 2o As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo Delegado de Polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.
§ 1o Ao Delegado de Polícia, na qualidade de Autoridade Policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.
§ 2o Durante a investigação criminal, cabe ao Delegado de Polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos.
Crime organizado – Lei 12.850/13:
Art. 4o O Juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas;
(…)
§ 2o Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o Delegado de Polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao Juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal).
Dados de setorização – Lei nº. 13.344/16:
Art. 13-B.Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o Delegado de Polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.
Robustecendo a legitimidade do Delegado de Polícia para pleitear medidas cautelares junto ao Poder Judiciário, temos as seguintes decisões judiciais:
(…) diversamente do sustentado pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, é preciso registrar que o Delegado de Polícia, na qualidade de presidente do inquérito policial, tem, sim, legitimidade para postular as medidas cautelares que entender pertinentes ao sucesso das investigações, o que é previsto expressamente em diversos dispositivos legais que não conflitam com qualquer norma constante do Texto Constitucional em vigor, valendo referência especial às regras postas no § 1°, incisos I e IV, do art. 144, da Constituição da República.
Com efeito, em que pese reconhecer que o MINISTÉRIO PÚBLICO é dotado de poderes investigatórios, na linha da doutrina dos poderes implícitos, não há como negar que essa sua atividade é meramente subsidiária e não pode colidir com a exclusividade da presidência dos inquéritos policiais, a cargo do Delegado de Polícia, não tendo qualquer cabimento a tese de que compete única e exclusivamente ao Parquet a postulação de medidas cautelares no âmbito de investigações policiais instauradas pela Polícia Federal, valendo-se conferir, por todos, o pedagógico precedente jurisprudencial a seguir transcrito (Grifo no original). ³
Continuando com o escólio de RENATO SILVY, em seu artigo intitulado Capacidade postulatória do