Reflexões Exortativas

1

A importância do bom testemunho

Como eu disse na introdução deste livro, se dizer cristão, isto é, seguidor de Jesus Cristo, comporta uma responsabilidade muito grande. E uma das razões disso, amado, é que aqueles que ainda não tiveram um encontro pessoal com Cristo formarão uma opinião acerca da religião cristã baseados naquilo que veem nos cristãos. Logo, o nosso testemunho no dia a dia pode aproximar ou afastar as pessoas de Jesus.

O livro de Provérbios nos recorda que bom renome vale mais que grandes riquezas; a boa reputação vale mais que a prata e o ouro. (22, 1). Em outras palavras, podemos dizer que, para nós cristãos, o testemunho deve ser a coisa mais importante para nós. Não há forma melhor de anunciar Jesus Cristo do que com uma conduta coerente com o Evangelho.

Infelizmente, não raro, o mal testemunho de alguns crentes (aqui me refiro tanto a católicos como a evangélicos) tem manchado a imagem do cristianismo e colocado em cheque a sua credibilidade. E isso, o que é mais triste ainda, impedirá muitos de aderirem a Cristo.

É com urgência, irmão, que devemos testemunhar verdadeiramente aquilo que é a vida cristã. Que não seja eu nem você a levar o santo nome de Deus ao opróbio, ao escárnio, à blasfêmia, enfim.

Por isso, assumamos hoje a responsabilidade que temos e exalemos o agradável odor de Cristo (II Cor 2, 14-15). Que em cada ato nosso testemunhemos o Evangelho de nosso Salvador. É isso que um cristão autêntico faz.

Se a minha mãe, testemunhando o Evangelho de Cristo para mim desde meu nascimento, eu só vim me converter com dezoito anos, imagine se eu não tivesse esse testemunho dentro de casa. Graças a Deus, eu tive esse testemunho, mas, e aqueles que não tem? Como terão uma noção correta de cristianismo?

Infelizmente, se hoje muitos se dizem cristãos e não vivem conforme o Evangelho, para piorar há aqueles que se contentam com um testemunho só de aparência, dispensando uma real conversão interior.

Aos homens esses tipos de cristãos podem até enganar, mas, a Deus, nunca irão. Logo, não há meio termo: ou testemunhamos Jesus Cristo com a nossa vida, ou não nos intitulemos cristãos, pois, o morno, Deus vomitará (Ap 3, 14-16).

Vivenciar o Evangelho com autenticidade não requer esforço, apenas boa vontade de nós. Como bem nos recorda o apóstolo João em uma de suas cartas, os mandamentos de Cristo não são pesados (I Jo 5, 3).

No dia a dia, começando pelas coisas simples, procuremos corresponder com a Palavra de Deus. Claro que, por sermos pecadores, não conseguiremos viver 100% igual a Cristo, mas, se ao menos tentarmos ter a melhor conduta possível, estaremos testemunhando o Evangelho de Cristo.

No sermão da montanha, Jesus simplificou o modo como devemos proceder no dia a dia de uma maneira tão sábia, que disse:

Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não. Tudo o que passa além disto vem do Maligno. (Mt 5, 37).

Que a nossa vida seja assim, amado: sim, se é sim; não, se é não. Ou seja, que possamos, em tudo, ser coerentes com aquilo que dizemos. Caso contrário, ainda mais se nos dizemos ser cristãos, estaremos levando o nome do Mestre ao opróbio.

Procure pagar suas contas em dia, comparecer nos compromissos no horário combinado, entre outras coisas do tipo que, embora pareçam coisas insignificantes, também são um meio de testemunhar o Evangelho.

Deus fez e faz tanto por nós, amado, e o pouco que Ele nos pede, que pratiquemos os Seus mandamentos, não queremos fazer. Como o próprio Jesus disse, a prova de amor que podemos dar a Ele é praticar Seus mandamentos (Jo 14, 21).

Nademos contra a maré, irmão, e recordemos aos próprios cristãos o que é ser verdadeiramente discipulo de Jesus Cristo. Nem que soframos perseguição por isso, mas, que devemos testemunhar com autenticidade o Evangelho, devemos.

E que nenhum de nós, amado, ao testemunhar o Evangelho com a vida, caia em vanglória ou algo do tipo porque, se isso acontecer, na verdade o nosso testemunho não foi autêntico, pois, se realmente tivesse sido, jamais nos exaltaríamos.

Este também, infelizmente, vem sendo um problema no meio cristão. Aquele que está à frente da igreja em que congregamos, por exemplo, prega, canta, ora muito bem, porém, por causa disso, se vangloria e acaba promovendo mais a si mesmo do que a Cristo.

Que isso também não aconteça conosco. Todos os elogios que viermos a receber pelo nosso bom testemunho como cristãos, não corrompa o nosso coração a ponto de nos ensoberbecermos.

Somente Cristo deve ser glorificado nas nossas ações, e não nós. Vale lembrar que, se estamos fazendo algo de bom, é porque Cristo está agindo em nós (Jo 15, 5), pois, como a bíblia bem ressalta, nossa justiça é como o trapo da imundície (Is 64, 6).

Uma passagem do Evangelho onde Cristo fala dessa realidade (que não há razão para nos vangloriarmos em cima das nossas obras), é essa que vem a seguir:

Qual de vós, tendo um servo ocupado em lavrar ou em guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: Vem depressa sentar-te à mesa? E não lhe dirá ao contrário: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto como e bebo, e depois disto comerás e beberás tu? E se o servo tiver feito tudo o que lhe ordenara, porventura fica-lhe o senhor devendo alguma obrigação? Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer. (Lc 17, 7-10).

Não deixemos a soberba tomar conta de nós, amado. Se fizermos a nossa parte com humildade, aí sim estaremos sendo bons cristãos. Sem humildade e amor, ninguém pode se dizer cristão.

Acredite, irmão, o nosso testemunho, se for autêntico, pode sim restaurar a imagem do cristianismo ao menos para as pessoas que estão ao nosso redor. Sabe aquele seu amigo, vizinho, parente, colega de trabalho? Então, você pode evangelizá-los com o seu exemplo de vivência cristã.

É o minimo que devemos fazer diante de tantas graças que Deus nos concede diariamente. Testemunhar com palavras é ótimo, não resta dúvidas quanto a isso; mas, com a vida, é ainda melhor.

Quem conhece a história do cristianismo, ainda mais a perseguição que os crentes sofreram do Império Romano, fica admirado de como os cristãos daquela época se mostravam dispostos a dar a vida por fidelidade a Cristo.

Por que, de lá para cá, os cristãos vêm testemunhando cada vez menos o Evangelho? Seria influência das vãs filosofias do mundo? O desejo de se promover em cima da religião cristã? Seja lá o que for, de uma coisa tenho certeza: se os nossos olhos estiverem fixos em Cristo Jesus, voltaremos a ser bons cristãos.

E por falar em Cristo, o apóstolo Paulo, em uma de suas cartas, diz o seguinte sobre Ele:

"Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor." (Fp 2, 5-11).

Como você viu no trecho grifado por mim, o apóstolo nos exorta a estimarmos grandemente o nome de Jesus. E, de fato, como Paulo ressaltou, o exemplo que Cristo nos deu foi gritante (ou seja, muito forte).

Assim sendo, tenhamos prazer (sem vanglória) em testemunhar Jesus Cristo. Não há nada melhor do que imitar a conduta do Mestre em tudo o que tivermos que fazer. Só teremos a ganhar com isso.

Que de hoje em diante, após esta reflexão, procuremos ainda mais dar um bom testemunho como cristãos. Ao invés de levarmos o nome de Deus ao opróbio, façamos com que seja bendito e exaltado.

No Pai-Nosso, rezamos santificado seja o Vosso nome, não é mesmo? Então, que sejamos os primeiros a santificar o nome do Senhor, zelando por Ele. Se não gostamos que pensem mal das nossas mães, que são pecadoras, muito menos gostamos que pensem mal do cristianismo, correto?

Com a graça de Deus, nós podemos sim ter uma boa conduta nos nossos lares, nos nossos trabalhos, diante da sociedade, enfim. Não importa as circunstâncias que estamos enfrentando hoje, se queremos dar um bom testemunho, poderemos.

Se você acompanha minhas publicações, sabe que, sempre que finalizo uma reflexão, faço, com você, uma oração. Então, rezemos:

Dai-me a graça, Senhor, em nome de Jesus, de poder vivenciar o Evangelho com autenticidade. Que eu não venha a testemunhar apenas aparentemente, mas também, e principalmente, interiormente. Concedei-me, ó Pai, esta graça. Amém.

2

Temos nos alimentado de quê?

Uma passagem do Evangelho muito conhecida (e também muito bela), é aquela em que Jesus conversa com a mulher samaritana no poço de Jacó. E nessa passagem, há um detalhe que pode passar despercebido por alguns. Trata-se do momento em que os discípulos oferecem a Jesus comida e, a resposta dEle, é de uma riqueza tão grande, que será a base desta reflexão.

Veja a que detalhe me refiro:

"Os discípulos lhe pediam: Mestre, come. Mas ele lhes disse: Tenho um alimento para comer que vós não conheceis. Os discípulos perguntavam uns aos outros: Alguém lhe teria trazido de comer? Disse-lhes Jesus: Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra." (Jo 4, 31-34).

Como você pôde ver na citação e, principalmente, no trecho que grifei, o alimento de Jesus era fazer a vontade do Pai. Em cima disso, gostaria de perguntar a mim mesmo e a você: ultimamente, temos nos alimentado de quê?

Não estou me referindo aqui aos alimentos que comemos, mas sim, ao tipo de conteúdo que estamos absorvendo ultimamente. O que vem preenchendo o nosso tempo de uns meses para cá?

Não vou negar, amado, que eu vejo sim filmes, séries, ouço algumas músicas sem ser religiosas, jogo um xadrez, enfim. Mas nada disso, sem querer aqui bancar o certinho, toma o meu tempo a ponto de eu não poder cursar minha faculdade, ler livros e, principalmente, de orar, ler a bíblia, evangelizar, entre outras coisas do tipo.

Um grande amigo meu sempre comenta comigo que as janelas das nossas almas são: os nossos olhos, ouvidos, o nosso olfato, a nossa boca e o nosso tato. Ou seja, tudo aquilo que nós olhamos, ouvimos, cheiramos, comemos e tocamos, mostra o Deus que servimos (isto é, se o nosso Deus é o Deus atestado pelas Escrituras ou um deus do mundo).

Infelizmente, há tantas pessoas se alimentando das drogas, do álcool, da pornografia, do cigarro, entre outras coisas do mundo que, consequentemente, acabarão ficando doentes espiritualmente.

Talvez estas pessoas que estão bebendo dessas fontes, estão bebendo nelas porque ainda não vieram a conhecer o básico do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Mas nós, que já temos um bom conhecimento da Palavra de Deus, não podemos beber de outra fonte senão da vontade de Deus.

E qual é a vontade de Deus para nós? O que o Senhor espera de nós? Para que eu pudesse responder essas duas perguntas de forma detalhada e satisfatória, eu precisaria escrever um livro à parte. Mas, Jesus resumiu tudo com tanta sabedoria, que eu vou apenas citar a passagem bíblica onde encontraremos toda a vontade de Deus resumida. Veja:

"Sabendo os fariseus que Jesus reduzira ao silêncio os saduceus, reuniram-se e um deles, doutor da lei, fez-lhe esta pergunta para pô-lo à prova: Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Respondeu Jesus: Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas." (Mt 22, 34-40).

Como você pôde ler no trecho grifado por mim, a vontade de Deus se resume em amá-lO acima de tudo e ao nosso próximo como a nós mesmos. Portanto, passemos a amar mais e incondicionalmente.

Cresceremos espiritualmente em grande proporção se amarmos da maneira que Deus quer que amemos. É este o alimento que todo cristão deve se banquetear, do amor colocado na prática.

As coisas vãs do mundo só nos paralisarão espiritualmente. Que possamos, depois desta reflexão, enfim nos alimentarmos espiritualmente. Tenha a certeza, amado, que valerá e muito a pena amarmos mais.

Os problemas sociais, não só os de hoje como também de toda a história, estão enraizados na falta de amor do homem para com Deus e para com seu semelhante. A ausência do amor só gera problemas.

A busca desenfreada pelo dinheiro, poder, status, fama, entre outras coisas do tipo, faz com que o homem não hesite em passar por cima dos outros para alcançar seus objetivos. E nem percebeu este que, o que ele procura, é pura ilusão.

Sabendo o Mestre que o homem é facilmente atraído por essas coisas, advertiu:

Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. (Mt 6, 19-20).

Busquemos nos alimentar espiritualmente. Esta vida deve ser para nós apenas um preparo para aquela que teremos depois que Jesus voltar. As glórias do mundo passarão num piscar de olhos.

Amar a Deus sobre todas as coisas, amado, é colocar os mandamentos de Deus antes de qualquer coisa. Em outras palavras, é obedecer o Senhor independentemente dos nossos desejos e das circunstâncias que estamos.

Não é fácil renunciar a vontade da carne, é verdade; mas, por amor a Deus, temos que tentar continuamente. É por isso que nosso Salvador nos disse que, para que pudéssemos vivenciar seus mandamentos, antes tínhamos que amá-lO porque, evidentemente, sem esse amor por Jesus ninguém perseveraria em obediência a Ele.

No decorrer dos sermões desta obra, veremos mais sobre o modo como devemos nos portar para com Deus.

Em relação ao amor ao nosso próximo, outra vontade de Deus para nós nos alimentarmos dela, também não tem como ser de outro jeito senão com nossas atitudes para com o nosso semelhante.

Antes de explanar essa questão, vejamos o exemplo de amor ao próximo que Cristo nos deu:

"Levantou-se um doutor da lei e, para pô-lo à prova, perguntou: Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna? Disse-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como é que lês? Respondeu ele: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu pensamento (Dt 6,5); e a teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18).

Falou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isto e viverás. Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo? Jesus então contou:

Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto. Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante. Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei.

Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? Respondeu o doutor: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faze tu o mesmo." (Lc 10, 25-37).

Como o Mestre nos ensinou, o amor ao próximo, quando é autêntico, nos leva a servir o nosso semelhante. E é essa a atitude que devemos ter para com as pessoas que estão ao nosso redor, principalmente com aquelas que estão precisando de ajuda.

Seja uma roupa, um alimento, uma palavra de conforto, podemos ajudar as pessoas com qualquer coisa. Ao contrário do que muitos pensam, fazer obras de caridade não requer muito dinheiro.

Se o seu desejo é se dedicar a quem mais precisa, você pode trabalhar na área da saúde. As possibilidades de ajudarmos são inúmeras, só precisamos mesmo é de um pouco de boa vontade.

Por fim, outro bom alimento, que nos fará muito bem, é buscarmos conhecimento. E o conhecimento que me refiro, é geral. Tanto teológico como também histórico, político, sociológico, entre outros, conhecimento nunca é demais.

Hoje em dia, infelizmente, a mídia vem formando cada vez mais o pensamento das pessoas. As pessoas, sem questionarem, sem se informarem melhor, vão abraçando tudo o que é colocado como valor/verdade pela mídia.

Alimentemos nosso intelecto com bons livros, documentários, programas de TV, enfim. Não permitamos que nada nem ninguém pense por nós. Deus nos deu a maravilhosa capacidade de raciocinarmos, e ninguém pode tirar isso de nós.

Procuremos alimentar nosso cérebro com aquilo que edifica, constrói, faz bem, não com coisas fúteis.

Oremos:

Pai, que de hoje em diante, eu venha a me alimentar ainda mais de Vós, da Vossa Palavra, da Vossa vontade, enfim. Bendito sejais, Senhor, por me ofereceres opções tão maravilhosas de alimentação interior. Amém.

3

Saibamos discernir as coisas

Em nossa caminhada na fé, amado, precisamos, para sermos verdadeiramente fiéis a Deus, discernir constantemente o certo do errado, o sagrado do profano, enfim. Isso, é uma exigência do Senhor. Observe:

Estejais sempre em condições de discernir o que é santo do que é profano, o puro do impuro[...] (Lv 10, 10).

Diante disso, irmão, devemos nos perguntar se estamos discernindo constantemente as nossas ações, as palavras que saem da nossa boca, aquilo que estamos assistindo, ouvindo pelos meios de comunicação, enfim.

Como o cristão busca incessantemente a sua purificação interior, é por meio do seu discernimento (e claro, da graça de Deus), ou seja, das escolhas que fará diariamente, que ele irá se purificar ou se sujar ainda mais.

Sim, amado, se verdadeiramente desejamos ver a Deus face a face, precisamos ter um coração puro (Mt 5, 8). E, para termos um coração puro, temos que separar, diariamente, o certo do errado, o sagrado do profano, enfim.

As músicas que ouvimos, os filmes, seriados, desenhos, novelas que assistimos, as fontes de informação que acompanhamos, entre outras coisas do tipo, podem nos deixar impuros. Tudo isso precisa ser filtrado por aquele que, naquele grande dia, quer ver Deus face a face,

E não só as coisas que ouvimos/assistimos precisam ser discernidas por nós, como também, as nossas amizades. O cristão tem que amar a todos incondicionalmente, mas, se deixar ser influenciado por qualquer pessoa, isso nunca.

Quantos jovens, hoje, infelizmente, não estão nas drogas, no crime, na prostituição, porque amigos o convenceram de usar/praticar essas coisas? Os jovens, por não terem ainda uma noção de vida, são facilmente convencidos a abraçarem essas coisas.

Cuidado, pai, mãe, com quem seu filho e/ou sua filha está chamando de amigo. Cuidado com o que eles andam ouvindo, vendo, jogando, enfim. Eu sei que é dificil controlar os jovens, mas, ao menos tentar, todo pai e toda mãe, ainda mais se forem cristãos, precisam.

Infelizmente, conheço mães que perderam seus filhos para o crime, para o álcool, para a vida sexual desregrada, enfim. Eu não quero, e muito menos Deus quer, que seu filho ou sua filha sejam os próximos a se perderem no mundo.

Saibamos discernir as coisas, amado. Em nome de Jesus você e sua família se purificarão cada vez mais. Que o seu lar, amado, venha a ser e ter um ambiente santo, isto é, separado da corrupção do mundo.

Satanás fará de tudo para introduzir impurezas na sua casa, e se apresentará por meio de coisas aparentemente inofensivas. Mas estando você e os seus discernindo tudo, dificilmente o Diabo conseguirá arrasar seu lar.

E uma ferramenta indispensável, para que possamos discernir sabiamente as coisas, são as Sagradas Escrituras. Veja o que o autor da carta aos Hebreus diz a respeito da Palavra de Deus:

"A palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração." (4, 12).

Como você pode ver no trecho grifado, a Palavra de Deus nos dirá o que é certo e errado, santo e profano, louvável e desprezível, enfim. Com ela, vocês verdadeiramente poderão trilhar o caminho da pureza.

Não confiemos na nossa suposta sabedoria. O suposto entendimento que temos, comparado com o de Deus, é vão. Tenhamos humildade e sigamos as instruções que o Senhor nos revelou por meio de sua Palavra.

Talvez seja por isso que muitos casamentos estão indo por água abaixo, pais não estão conseguindo educar os filhos, entre outras coisas do tipo, porque não discernem as coisas tendo como critério a Palavra de Deus.

É para ontem que devemos nos purificar, nos santificar, porque a qualquer momento Jesus voltará (Mt 24, 42-44). Não deixemos para nos convertermos amanhã, porque este é incerto; comecemos a nos purificar já agora.

Sei que é dificil cortarmos costumes (e como sei!), mas, se percebemos que algo ou alguém está nos deixando impuros (um linguajar, um ambiente, uma pessoa, um estilo de música, entre outras coisas), rompamos com isso o quanto antes.

Não é fácil ser puro no mundo de hoje, isso é fato. São mulheres vestidas sensualmente, o materialismo, a necessária busca contínua pelo dinheiro, o estresse que a nossa correria nos causa, a frequente preocupação com a família, enfim. É dificil ter o coração puro em meio a tudo isso, mas, com a graça de Deus, não é impossível.

Não importa o quanto o mundo nos seduza, se desejamos verdadeiramente sermos santos, com o auxílio de Deus seremos. E o primeiro passo que podemos dar em direção a isso é discernir aquilo que nos deixará puros ou impuros.

Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois ‘quem conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo?’ Nós, porém, temos a mente de Cristo. (I Cor 2, 14-16).

Que possamos, amado, ser cheios do Espírito Santo de Deus, para que possamos discernir as coisas ainda melhor. Tenha a certeza, irmão, que, se permitirmos que a graça de Deus trabalhe nos nossos corações (ou seja, obedecendo-O em tudo), alcançaremos a tão sonhada pureza de coração.

Agora, como ser puro, ó homem, se você olha com desejo para as mulheres, se você ambiciona poder, dinheiro, fama, status, deseja ter aquilo que é do outro, e assim por diante? Reflita, amado, pois o que está em jogo é a sua salvação.

Não importa o que as pessoas pensarão de nós, nos preocupemos apenas em caminhar conforme o querer de Deus. Lá no fim, veremos o quanto valeu a pena termos buscado a purificação em nossa caminhada.

Deus é tão benevolente para conosco que nos oferece meios de discernirmos as coisas, a saber, como já comentado, a revelação contida nas Sagradas Escrituras e a assistência do Espírito Santo.

Se tomarmos posse do discernimento que Deus nos oferece, com certeza viveremos melhor e felizes mesmo em meio aos problemas do dia a dia. Eu quero agir certo, e você? Se sim também, aprendamos com Cristo a discernir as coisas desde já.

Se temos errado até agora, ainda dá tempo de voltarmos atrás e enfim discernirmos melhor aquilo que podemos fazer. Deus estende a Sua mão oferecendo ajuda a nós, é só segurarmos firme nela.

Deus nos deu, como mencionado na reflexão anterior, a maravilhosa capacidade de raciocinarmos, de discernirmos as coisas. Pensemos mais antes de tomarmos decisões e, principalmente, saibamos discernir tudo para que, dessa forma, apenas cresçamos em santidade.

Antes de realizarmos a nossa oração de fim de capítulo, gostaria de citar uma passagem do Evangelho onde Jesus comenta a falta de discernimento dos fariseus em não reconhecer que o Messias estava bem ali, na frente deles. Veja:

"Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: Aí vem chuva. E assim sucede.