A Curva Dos Dias Mortos
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Book preview
A Curva Dos Dias Mortos - Carlos Dignez Aguilera
A curva dos dias mortos
Carlos Dignez Aguilera
Primeira edição – Ribeirão Preto – SP – 2020
.
A curva Dos dias mortos
Carlos dignez aguilera
"A poesia
abre os olhos,
cala a boca e
estremece a alma"
Charles Bukowski
Para
Tarcísio Motta
e
Cláudia Carvalho
Pelos dias vivos
"Hoje, executarei os meus
versos na flauta de minhas
próprias vértebras"
Vladimir Maiakóvski
A curva dos
dias mortos
POESIA
A curva dos dias mortos
Faceiras, rameiras
Brandem pretensa inocência
Astutas, rainhas impolutas
Ostentam dubiedade
Pelas trilhas da cidade
Impera o ópio do desejo
Beijos e amores menores
Vulgares e embriagadores
Pelas manhãs, esquálidos cães
Lambem a ambígua decência
Das furtivas consciências
Impune, o vento sopra
A areia do tempo
E desencava um templo
Na curva dos dias mortos
Hesitantes, os olhos perscrutam
Escombros e fendas
Do exumado santuário
No átrio das oferendas
Num altar emerso das ruínas
Ferina, a tua imagem surge refletida
Esculpida na rocha que não sou
Entre uma oração
E arroubos de altivez
O espírito traído
Jaz penitente
Equilibrando-se
Na lâmina inclemente
Da tardia lucidez
O vento sopra
A areia do tempo
Cravo as garras da compunção
No meu próprio peito
Arranco o incauto coração
Deito-o nas pedras do teu altar
E me deixo soterrar
Pelas areias turvas
Da curva dos dias mortos
Poderosa
A ode abraçou
Uma rosa
E tanto a amou
E a tornou preciosa
Que viveram
Um romance
E esse enlace
Que já não cabia
Na sinuosa
Liturgia de um verso
Fez o universo
Em polvorosa
Fecundar a poesia
Que na magia
Dos seus dias
Gestou e deu à luz
A prosa
Te beijar
Adoro te beijar
Com os olhos abertos
Para beber o brilho
Do teu olhar
Enquanto a tua boca
Malícia que alicia
Rouba-me todo o ar
Asfixia o dia
E faz a vida desmaiar
Na aventura
De te beijar
Bruna
Para além
Da vida
Fostes
Caminhando
Impune
Sobre as nuvens
Da existência
Deixando
O teu perfume
Perpetuado
Na eternidade
Do meu tempo
Vício profano
Ontem à noite
Na trama de um sonho
Com fios de pesadelo
A tua imagem
Feito tormenta
Rebentando furiosa
Nos rochedos negros
E inflexíveis
De uma ilha sombria
Abriu uma fresta
Na estranha muralha
Que ergui na fronteira
Entre a solidão
E o reino pérfido
Dos fantasmas astuciosos
Da nossa