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Antes Da Terra
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Antes Da Terra

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ANTES DA TERRA sobe ao palco para contar a trajetória dos povos que viveram em nosso sistema solar, em um tempo desconhecido para nós, e como transferiram para a um jovem planeta, tudo o que possuíam. Com isso, este planeta tornou-se um arquivo vivo, devido à exuberância de suas riquezas naturais e diversidade biológica, despertando o interesse de povos vindos de todos os cantos do universo. Os conflitos eram constantes porque os invasores insistiam com saques e explorações de todo tipo até que uma intervenção externa obrigou todos a abandoná-lo, inclusive aqueles que lutavam para que a vida pudesse existir naquele planeta. O jovem planeta seguiu sendo observado de longe pelos povos do nosso sistema solar até que muitos anos depois, um acidente fez com que eles descobrissem a interferência de invasores, novamente saqueando o planeta. Assim, inicia-se a trajetória comovente sobre uma disputa de poder e como povos tão avançados foram envolvidos em uma guerra com a qual nunca compactuaram. Os detalhes, sobre tudo o que fizeram como último legado, de tudo que se tornaram no universo, é contado de forma envolvente e com riqueza de detalhes nas páginas de ANTES DA TERRA.
LanguagePortuguês
Release dateJul 12, 2020
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    Antes Da Terra - Liana Marcolla

    Prólogo

    Os povos de Firta

    Houve um tempo em que a galáxia, chamada Firta era apenas uma aglomeração de estrelas, sendo a própria espera desse momento tão extasiante em que abria fogo contra fogo, numa guerra cega de feras cósmicas em batalhas fulminantes de amor e ódio, criando em si uma massa homogênea capaz de comportar, em sua essência, partículas vivas de todos os laços que enlaçam a história do seu existir.

    A vida era mais do que um simples estar presente. Era a força criadora se desenvolvendo em sete dos planetas de Firta. E outra vez o tempo se fez desesperado, vendo a embriaguez destorcida, aprendendo os caminhos simples da evolução.

    A emoção respirava dentro de cada novo olhar até que apenas um entre os sete, encontrasse o caminho, juntasse os sonhos, as fantasias, o medo do absurdo e a fé desesperada a uma consciência elástica capaz de comandar os destinos, encontrando-se com a felicidade (que se derrama em nós quando aprendemos o verdadeiro motivo de estarmos assim, insuportavelmente desesperados e tão cegos diante do amor).

    Esse planeta de Firta chamava-se Triaton. Era o quarto, pela ordem de afastamento do Sol. Descobriu que dois planetas irmãos eram mais jovens: o seu anterior e o seu posterior; porém, o primeiro ardia na fornalha da sua formação, já o segundo acomodava-se nos instantes finais do seu resfriamento. Com passos ainda trêmulos, avançaram um pouco mais e num delicado esplendor encontraram vida à sua volta.

    A partir do primeiro encontro até o perfeito desenvolvimento, transcorreram-se milhares de anos. Os conflitos até existiram, mas jamais superaram a inspiração dos povos que viviam naquela galáxia para manter a paz e dedicar-se ao desenvolvimento.

    Quando, finalmente, encontraram o caminho, uniram-se formando o Conselho de Firta, que era composto por um líder de cada planeta, mantendo assim a paz e o desenvolvimento naquele sistema solar. Essa união beneficiou especialmente aqueles que, apesar de todos os esforços, não haviam adquirido as tecnologias necessárias para o próprio desenvolvimento.

    Vivenciando os resultados de tanto progresso, aventuraram-se para fora da galáxia à procura, quem sabe, de outras formas de vida. A princípio eram viagens curtas, mas depois de já superados os seus limites ficavam por longos períodos longe de casa.

    Conheceram povos nos mais diferentes estágios evolutivos e pela primeira vez reconheceram que faziam parte de uma grandiosa obra, sendo Firta, na verdade, um minúsculo ponto perdido na imensidão do universo.

    Envolvidos por valores incondicionais de paz e progresso, aperfeiçoaram seus dons para a pesquisa e organizaram-se de uma forma tão ordenada que ficaram conhecidos como modelo de desenvolvimento em todo o universo.

    A prioridade dos povos que viviam em Firta era fazer contato com outros planetas para trocar sua ciência e conhecimentos, mas principalmente pretendiam inserir esses povos desconhecidos no contexto do desenvolvimento para que juntos prosperassem em paz.

    Os povos de Firta acreditavam que ao fazer permuta com as tecnologias que possuíam permitiriam àqueles de igual ou superior avanço tecnológico, outras formas de conhecimento, ao mesmo tempo em que eles passariam a ter acesso aos recursos disponíveis daqueles que recebiam suas tecnologias. Gerando assim, um vínculo de colaboração entre os povos do universo.

    Ao fazerem contato com planetas distantes de Firta, os mais distantes em que já haviam estado seus habitantes descobriram, que a mesma aliança criada para formar o Conselho da galáxia também existia no universo, destinada aos propósitos pacifistas; era uma Federação onde todos os planetas de todas as galáxias poderiam fazer parte, pois além de garantir a paz, auxiliava nas necessidades que cada um possuía.

    Firta adiantou-se aos objetivos pacifistas. Estava além de diversas galáxias com tecnologia igual a sua. Jamais optou pela força, liderada por Triaton, que abrigava o povo mais desenvolvido do seu sistema solar, expandia-se pelo universo, ganhando respeito dos demais planetas, que viam em seus atos o reflexo de uma civilização empenhada em auxiliar povos, ainda que desconhecidos.

    Muitos conflitos externos chegavam ao Conselho de Firta, para que este enviasse ajuda. Numa dessas vezes, um conflito em Togutxo, uma minigaláxia, nas proximidades de Firta, com apenas dois planetas habitados pelo mesmo tipo humano, desencadeou uma batalha que resultou na expulsão dos habitantes de um dos seus planetas.

    O planeta que perdeu o conflito teve de ser abandonado, deixando para os que ficaram tudo o que possuíam. Segundo suas próprias leis, o perdedor partiria em busca de um novo lugar para viver e a Federação, deslumbrada com a Firta, pediu abrigo para os derrotados.

    Firta, a princípio recusou-se alegando não estarem preparados para recebê-los, mas a Federação pressionou de tal forma que, prevendo complicações maiores, os planetas de Firta decidiram acomodá-los, ainda que provisoriamente.

    O povo que foi abrigado em Firta possuía costumes e tradições tão fortemente enraizadas que jamais se permitiu misturar-se aos demais da galáxia. Esse povo acreditava possuir o poder da profecia, convencendo a todos de que não eram eles os beneficiados por estarem ali e sim os de Firta. Diziam também, que suas leis sagradas já haviam previsto que teriam que conduzir outros povos ao entendimento.

    No jogo das palavras, o fanatismo ideológico produziu conflitos que acabaram por abalar todos os povos daquele sistema solar, fazendo com que pagassem um preço alto demais.

    Firta aprendia, aos poucos, sobre valores separatistas e discriminatórios, onde os rumores de uma guerra entre os planetas não podia mais ser negada, apesar disso, manteve-se firme, empreendendo toda sua tecnologia e persistência num único objetivo: um planeta mais jovem, ainda sem vida, chamado Dacari, que era o quinto planeta pela ordem de afastamento do Sol. O Conselho percebendo a decadência que se aproximava desistiu de colonizá-lo. Caso os povos de Firta pudessem torná-lo habitável, e fariam tudo para que isso acontecesse, iriam entregá-lo ao povo vindo de Togutxo, pois se não o fizessem, Firta acabaria tendo que enfrentar uma guerra.

    Durante muito tempo se pensou que Dacari jamais reagiria e Firta teria que recorrer a extremos para remover aquele povo espalhado por todos os planetas do seu sistema solar, o qual estava muito distante de nivelar-se com a evolução do pensamento de Firta.

    Para aqueles que vieram de fora, não só faltava um lugar para viver, mas também, ideais, espiritualidade e consciência cósmica. Porém um dia a luz veio de dentro, abrindo fendas no solo dormente de Dacari, para permitir que a vida pudesse levantar seus olhos aos céus, renovando as esperanças de Firta, que voltou a falar em liberdade.

    Houve muita violência e até destruição, mas Firta conseguiu colocá-los em Dacari, sem sequer ouvir os direitos que alegavam possuir. Os povos dos planetas de Firta feriram-se profundamente, a ponto de impor, nos códigos da Federação, a lei maior da sua recuperação, a qual ela seria obrigada a cumprir. Nenhum povo oriundo de qualquer parte do universo terá permissão para viver ou abrigar-se em Firta. Esta galáxia é do povo de Firta e assim permanecerá preservada nos seus direitos, enquanto existir um ser vivo em qualquer dos seus planetas.

    O tempo continuou andando, Firta estava com toda sua glória restabelecida. Dacari desenvolvia-se simultaneamente, chegando a fazer parte da Federação, mas jamais do Conselho, porque, para Dacari, Firta era dividida em duas partes: a que estava contra e a que estava a favor deles. Mas, como só o silêncio era a resposta de Firta, tudo permanecia igual, como frases que não são ditas e palavras e que não são ouvidas.

    As atenções de Firta agora estavam voltadas para o outro planeta, ainda sem vida, chamado Vaina, que ocupava a terceira posição pela ordem de afastamento do Sol. O jovem planeta dava os primeiros sinais de resfriamento e para os povos de Firta era só esperar até que pudessem trabalhar para trazê-lo à vida.

    Em todos os cantos da galáxia faziam-se projetos. As mentes mais paradisíacas de Firta escolheram para Vaina o que existia de melhor na natureza para semear naquele planeta. Era a perfeição na criação, onde todos os detalhes lembrariam, em tudo, os planetas de Firta, um pouco melhor e muito mais exuberante que a natureza que os originou.

    O relevo, as águas, o clima e as florestas foram cuidadosamente planejados, como se pretendessem recriar os tesouros de Firta em Vaina, embora a intenção fosse, simplesmente, a preservação.

    O tempo foi encarregando-se de desenvolver e fortalecer a obra mais perfeita, extraída do coração de Firta, como um tributo à sua gente. Mas como todos os sonhos, esse também precisou lutar para tornar-se realidade.

    Quando tudo estava magnificamente pronto, Dacari manifestou-se, pela primeira vez, junto ao Conselho, alegando também possuir direitos sobre Vaina. Os povos dos planetas de Firta recusaram-se a aceitar. Não queriam repetir os mesmos erros do passado, mas a Federação, outra vez, os surpreendeu com sua negligência e como ninguém chegou a um consenso, o jovem planeta Vaina foi declarado sob a proteção da Federação.

    Diante das dificuldades, os povos de Firta, obrigaram-se a um afastamento, mesmo que de curto prazo, imaginavam eles, enquanto o assunto era mediado pela Federação. Angustiados tiveram que se submeter às decisões da Federação porque Vaina mal acabara de nascer e já estava no meio de uma disputa de poder.

    Firta temia qualquer avanço de Dacari e este, por sua vez, tentava a todo custo ampliar-se, expandindo-se sobre seu maior inimigo, o todo-poderoso Triaton, que por ironia do destino situava-se entre Dacari e Vaina. Portanto, possuir Vaina, para Dacari, era fundamental.

    Os instantes de tensão, onde o confronto era inevitável, perderam-se na espera. Por muito tempo Vaina sequer fazia parte dos planos de Firta, que, embora até aceitasse perdê-lo, jamais o aceitaria sob o domínio de Dacari.

    Diante das circunstâncias, Firta viu-se obrigada a guardar para o futuro seus sonhos com relação à Vaina, entendendo que era mais inteligente abandonar aquele planeta do que correr o risco de perdê-lo para Dacari.

    Dessa forma, estabeleceu-se que nenhum dos envolvidos no conflito se aproximaria de Vaina até que houvesse uma definição e o paraíso dos sonhos de Frita foi abandonado, deixando-se na sua luta solitária para que continuasse pertencendo aos povos de Firta.

    Vaina ainda necessitava de interferência dos povos de Firta, onde pequenos ajustes se faziam necessários, mas como eles foram impedidos de continuar seus projetos. Com isso, o planeta sofreu uma modificação brutal, desencadeando-se distúrbios violentos, que só foram percebidos muito tempo depois.

    Secretamente, Firta decidiu investigar as mudanças radicais que ocorreram, tanto na atmosfera quanto na superfície do planeta, constatando assim que Vaina possuía um clima quase quente demais. A exuberância ou excesso de variedades, agrupadas em um único lugar, deram origem a uma deformidade no ecossistema, gerando animais gigantes que devastariam o planeta e acabariam com as demais espécies, caso nada fosse feito. Alguns desses animais eram carnívoros e outros herbívoros, mas todos contribuíam para o desequilíbrio das leis naturais, acabando por criar o caos nos objetos de preservação dos recursos naturais de Firta, naquele planeta.

    Essas transformações foram alarmantes para o Conselho de Firta. Imediatamente entenderam que algo teria de ser feito, mesmo que para isso, tivessem que passar por cima das de terminações da Federação. Silenciosamente Firta conseguiu eliminar muitas das aberrações que se desencadearam em Vaina. Firta sentia-se responsável por todos os problemas que seus ideais de utopia causaram ao planeta e, embora se negando a confrontar-se com Dacari, progredia sem trégua diante da desordem que em lentas vitórias reorganizava a vida em Vaina.

    Quando Dacari foi surpreendido pelo trabalho realizado por Firta em Vaina, vendo-a levantar-se para socorrer o planeta, não se conteve e travou mais uma batalha compulsiva, efetivamente desesperada, junto à Federação e contra todos aqueles que pudessem ameaçar seus planos de domínio sobre Vaina.

    O jovem planeta desconhecido, que trazia na sua essência um pouco de cada planeta de Firta, teve que ser abandonado, como se alguém o arrancasse de sua família e o condenasse a viver separado daqueles que o criaram sob a energia de seus ideais.

    Com isso, Vaina continuou isolado sem saber que os olhos atentos da galáxia estariam sempre voltados em sua direção, pois Firta era sua idealizadora. Bastava olhar por entre as nuvens, que em cada detalhe daquele planeta, Firta estava presente, com seus sonhos, ideais, harmonia, ciência e tecnologia. Mesmo aqueles que não a conheciam, sabiam que somente Firta poderia combinar tantos elementos mágicos, com infinitas possibilidades, num único lugar.

    PARTE UM

    Vaina

    Capítulo 1

    O acidente

    Muitos séculos se passaram até que nasceu em Triaton um homem, chamado Percicles. Inicialmente, conduzia uma nave de pesquisa e exploração espacial junto ao Conselho de Firta, mais tarde, tornou-se membro da Federação, o que significava que podia penetrar em todos os sistemas solares de todas as galáxias do universo, permutando ciência e auxiliando no desenvolvimento dos planetas iniciantes.

    Depois de muito tempo fora de casa, Percicles retornou a Triaton. Já estava escurecendo quando atravessou a porta da sala envidraçada do seu apartamento para acomodar-se numa poltrona confortável, localizada numa elevação do piso e com ampla visão do movimento das estrelas do céu de Triaton. Naquele dia, porém, antes que pudesse observá-las, foi dominado pelo cansaço e a noite apressou-se para envolver seus pensamentos e vontades até ancorar-se no centro das suas emoções.

    Ainda assim, observava o fluxo da vida, movimentando-se dentro dele porque o que sentia não era uma emoção qualquer, ela possuía a profundidade de um ideal; igual a todos os grandes propósitos altruístas do universo; reunidos em um único olhar, marcados pela decisão de mesclar as cores do arco-íris para tornar mágica a vida de qualquer pessoa.

    Às vezes, a cor dos seus olhos oscilava de uma mistura de tons de mel para o pistache molhado, que se intensificava quando Triaton parecia ser só seu e um pensamento imaginário lhe dava poderes para apertá-lo contra seu peito, num abraço emocionado.

    A suavidade do momento foi envolvendo-o até que se entregou a um sono cansado, que o dominou completamente, rompendo os momentos finais de seu reencontro com seu planeta.

    O dia surgiu em Triaton com tons avermelhados passando para o pêssego e canela sob um fundo pálido. Em certos locais o vermelho era mais intenso, quase livre dessa mistura alegre que coloria o céu todas as manhãs.

    Percicles acordou mais cedo, pois já era hora de partir outra vez. Ajeitou os cabelos amendoados, que desciam abaixo do pescoço, contrastando com a pele dourada e apressou o passo, mas à medida que se aproximava do seu destino, distraía-se com a agitação das pessoas à sua volta.

    Sua mente vagava entre o tumulto e a pressa de quem passava, envolvendo-o num pensamento que traduzia toda a grandeza que trazia na alma. A mesma emoção que criou a luz foi capaz de expandi-la pelo universo, deixando-a viva dentro de cada um de nós. Essa luz é o brilho que se forma até o momento do despertar quando o amor e a vida permanecerão em nós para sempre.

    Enquanto Percicles caminhava, exalava vibrações, como quem salva vidas e entre tantos pensamentos, ele se perguntava: por que amamos tanto as pessoas? Que natureza é essa capaz de unir emoção e razão num único movimento? As respostas aguardavam em silêncio, o momento oportuno em que um pensamento lógico e perfeitamente convincente de equilíbrio entre essas forças, pudesse surgir e preencher as respostas.

    Enfim, a viagem inicia-se, levando essas

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