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América Misteriosa
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América Misteriosa

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About this ebook

A América me fascina desde criança. Este continente mágico, com seus mistérios seculares, seus tesouros enterrados, cidades perdidas e sua incrível mitologia. Os pré-colombianos nos legaram conhecimentos além de nossa compreensão. Pirâmides, múmias e tecnologia que hoje nos fogem à razão. Por anos, viajei por terras da América Latina, recolhendo informações e coletando dados. Percorri montanhas, desertos e ruínas arqueológicas. Conversei com aymaras e quéchuas. Visitei pontos turísticos e outros, nada turísticos! Dessa forma, esse livro é, na verdade, um pouco das minhas experiências em formato de crônicas. São 100 textos, que exploram algumas curiosidades fascinantes de maias, incas, mochicas, paracas, toltecas, e tantos outros povos. Você pode lê-los na ordem que bem entender, e se aproximar desse incrível mundo de lendas, mistérios e descobertas arqueológicas. Minhas crônicas são históricas, sem espaço para teorias fantasiosas, pois a realidade do que acontece na América, já é suficientemente incrível para nos assombrar e seduzir.
LanguagePortuguês
Release dateMay 21, 2020
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    América Misteriosa - Dalton Delfini Maziero

    AMÉRICA MISTERIOSA

    Crônicas de um Continente Mágico

    Capa e Fotos

    Dalton Delfini Maziero

    Ilustração da Capa

    Frederick Catherwood – Stela of Copán, 1839

    Dalton Delfini Maziero

    AMÉRICA MISTERIOSA

    Crônicas de um Continente Mágico

    São Paulo, 2020

    Copyright © Dalton Delfini Maziero

    1ª Edição

    Todos os direitos reservados

    A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei n° 9.610).

    Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

    M476a

    Dalton Delfini Maziero — 1966 –

    América Misteriosa - Crônicas De Um Continente Mágico / Dalton Delfini Maziero - 1ª Ed. – São Paulo/SP: Independente, 2020.

    226 p. A5

    ISBN: 978-65-86507-12-6

    1. Coleções, história, descrição, critica 2. História da América

    I. Título.

    CDD: 830.9

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    "A coisa mais bela que o homem pode experimentar é o mistério. É essa emoção fundamental que está na raiz de toda ciência e toda arte."

    Albert Einstein

    Mololito El Frade, Tiwanaku (Bolívia).

    Ao longo da Expedição Titicaca

    SUMÁRIO

    11 - Introdução

    21 - Machu Picchu – A descoberta da cidade perdida dos Incas

    23 - Teotihuacán e o mundo subterrâneo

    25 - O vulcão Huaynaputina – A Pompéia peruana

    27 - Titicaca – Cidades perdidas e tesouros submersos

    29 - Nazca – Os enigmáticos geoglifos do deserto peruano

    31 - El Infiernito – Misterioso centro astronômico do povo Muisca

    33 - As sepulturas gigantes de Sillustani

    35 - Costa Rica – O mistério das esferas de pedra

    37 - Cidade Perdida – Mistério e encanto na floresta colombiana

    39 - Pedra do Ingá – Arqueoastronomia no sertão da Paraíba

    41 - Pucara – A pirâmide de Kalasaya

    43 - Calçoene – Observatório celeste no Amapá

    45 - A Senhora de Cao – Poder feminino no antigo Peru

    47 - Frederick Catherwood – Artista do povo Maia

    49 - Cerâmica Mochica – A arte em representar a vida

    51 - Crânios de Cristal – Farça arqueológica revelada!

    53 - Urus – Os homens da água

    55 - Chachapoyas – O povo das nuvens

    57 - Samaipata – Colossal petroglifos boliviano

    59 - Chinchorros – As múmias mais antigas do mundo

    61 - Coyolxauqui – Deusa da Lua e dos Derrotados

    63 - Paquimé – Prodígio da climatização americana

    65 - Tecnologia à serviço da arqueologia

    67 - Porta do Sol – Eterno mistério americano

    69 - Ekkekos e Anchanchus

    71 - Touro Morto – O maior campo de petroglifos do mundo

    73 - Chauchilla – As múmias do deserto

    75 - Tlatelolco – A Praça das Três Culturas

    77 - As Sete Cidades de Cíbola

    79 - Chan Chan – A maior cidade de barro do mundo

    81 - Quipus – Sistema de registro incaico

    83 - A grande pirâmide Cahokia

    85 - Kiva – Arquitetura do sagrado

    87 - Pirâmide da Lua – Adoração ao deus da montanha

    89 - Pakal O Grande – Rei de Palenque

    91 - A Corrente de Huáscar e o mito do tesouro perdido

    93 - O Cosmovitral de Toluca

    95 - O Candelabro de Paracas

    97 - Paracas e as operações cranianas da antiguidade

    99 - A balsa muísca – A cerimônia do Eldorado

    101 - O Monte da Serpente

    103 - Concha Spondylus – Tesouro pré-colombiano

    105 - Nos subterrâneos de Chavín de Huántar

    107 - San Agustín – Campo de estátuas mortuárias

    109 - Kjarisiri – A lenda do degolador

    111 - Cholula – A grande pirâmide mesoamericana

    113 - Xibalba – O inframundo Maia

    115 - Cacaxtla – Mágico mural mesoamericano

    117 - Mochicas – O uso sagrado de plantas alucinógenas

    119 - Sambaquis – Arquivos da pré-história

    121 - Descoberta revolucionária no mundo Maia

    123 - Copacabana – Eterna peregrinação pré-colombiana

    125 - Puquios – Engenharia hidráulica do passado

    127 - Pachamama – A criação no mundo andino

    129 - Saywas – Calendário solar incaico

    131 - As tumbas de Tlalpan

    133 - O enigma dos fornos andinos

    135 - El Caño – Os guerreiros de ouro

    137 - O soroche a a coca

    139 - A ilha Triquet

    141 - Parime – O lago lendário

    143 - O mistério dos geoglifos gaúchos

    145 - Qorikancha – O Templo do Sol

    147 - Novas descobertas na Ilha de Páscoa

    149 - Iskanwaya renascida!

    151 - A épica viagem oceânica de Tupac Yupanqui

    153 - Um novo rosto para Luzia?

    155 - O mito da criação Muísca

    157 - Museu da Natureza

    159 - Puma Punku – Um quebra cabeça em 3D

    161 - Tulor – Vida em meio ao deserto

    163 - Centéotl – A deusa do milho

    165 - Os Atlantes de Tula

    167 - Huaca Pucllana – Os adoradores do mar

    169 - A pirâmide redonda de Cuicuilco

    171 - O mito da Pedra da Gávea

    173 - Pucará de Tilcara

    175 - Os alucinógenos no mundo pré-colombiano

    177 - Têxteis pré-colombianos

    179 - O maior painel de gravura rupestre de São Paulo

    181 - O mundo subaquático – Caminho para o inframundo

    183 - O chocolate mais antigo do mundo?

    185 - A civilização Chimú e o sacrifício de crianças

    187 - Ilopango – O vulcão que abalou a civilização Maia

    189 - Pachataka – A Forca do Inca

    191 - A elaborada arte do povo Hopewell

    193 - As múmias de Qilakitsoq

    195 - Inca Uyo – O Templo da Fertilidade

    197 - Paracas – A tatuagem como status social

    199 - Cieza de León – As Crônicas do Peru

    201 - Waru Warus – Alimento no mundo pré-colombiano

    203 - USME – Uma necrópole pré-colombiana

    205 - O calendário asteca

    207 - Machu Picchu – O enigma da falha tectônica

    209 - Pueblo Bonito – A Árvore da Vida

    211 - Ilhas artificiais no Amazônas

    213 - Tambo Colorado – A casa vermelha Inca

    215 - A estrada branca de Cobá

    217 - A genética dos povos pré-colombianos

    219 - Monte Sierpe – O maior geoglifo peruano

    Ao lado de um dos Atlantes de Tula (México)

    AMÉRICA MISTERIOSA

    Crônicas de um Continente Mágico

    A América exerce um poder absoluto sobre meu imaginário.

    Desde criança estive acostumado a ler sobre os grandes exploradores de nosso planeta. O gosto pela leitura e o acesso aos livros do gênero, eu devo aos meus pais. Nas lembranças mais remotas, recordo minha mãe foleando "Deuses, Túmulos e Sábios de C. W. Ceram; E a Bíblia tinha razão de Werner Keller; Aku Aku – O Segredo da Ilha de Páscoa de Thor Heyerdahl; A Estrada do Sol de Victor W. von Hagen entre outras pérolas do gênero romance da arqueologia". As fotos existentes nesses livros são antológicas. Lembro-me de um homem ostentando chapéu branco e roupas de caçador, ao lado de beduínos com seus turbantes em pleno deserto. Eles observam a estátua recém-descoberta de Ichtup-ilum na antiga cidade de Mari, na Síria. Eram europeus – mistos de cientistas e exploradores – cercados muitas vezes por centenas de trabalhadores, que cavavam dia após dia, desenterrando muralhas e palácios. Em outra imagem, um grupo de nativos lacandones em frente às misteriosas ruínas maias, recém-saídas da floresta de Yucatã. Que lugares eram aqueles? Que povos haviam construído tais obras, para depois abandoná-las nos desertos e florestas mundo afora?

    As imagens existentes nesses livros são estranhas e enigmáticas. Pouco nítidas, esfumaçadas, dando muitas vezes a impressão de retoques a lápis sobre a fotografia. Em outras páginas, reconstruções elaboradas de como seriam os monumentos do passado, davam margem a imaginação desses cientistas europeus. O século XIX até meados do XX foi o período romântico da arqueologia, onde a criatividade muitas vezes se sobrepunha à ciência. Mas pouco importava os erros de (re) construção e os métodos pouco técnicos de escavação daquela época. No imaginário de uma criança, aquilo era arqueologia! E isso significava descobrir o impossível, correr de setas envenenadas, escapar de armadilhas ancestrais, entrar em florestas impenetráveis e voltar de lá carregado de artefatos desconhecidos em ouro. Significava escavar vestígios de civilizações desaparecidas, trazendo à tona um passado esquecido. Significava vender artefatos aos museus do mundo, ficar famoso e entrar para a história! Significava enfim, sair do desesperador anonimato no qual me encontrava.

    Estas antigas obras eram também, repletas de termos indecifráveis. Repetia aqueles nomes estranhos em minha cabeça, até decorá-los: Lacandones, Nínive; Nabucodonosor; Lorde Carnavon; Chichen-Itzá; Catherwood... Eram tantos nomes. E tanto orgulho quando eles saiam de minha boca naturalmente. Sonhava um dia ser como aqueles homens de chapéu branco, verdadeiros heróis do passado! Foi nessa época que, ainda criança, ganhei de presente uma pedra que mais parecia um vidro derretido. Era transparente como vidro. Disseram-me que provinha do vulcão Vesúvio, que destruiu Pompéia. Se era verdade, realmente não sei até hoje. Mas junto com outras peças, fez parte do meu museu particular, que fundei com meu irmão nos anos 1970. Tinha também uma chave velha enferrujada, restos de ossos que encontrei perto de casa, um ferro a carvão de passar roupa e outras coisas que já não me recordo bem agora. Acho que tentava com isso, ser como aqueles cientistas que via nas fotos. Mas logo percebi que minhas peças estavam longe da grandiosidade das encontradas mundo afora, na Mesopotâmia, Egito, Grécia ou Peru.

    Com o tempo, entendi que aqueles livros não eram acadêmicos. Na verdade, cientificamente pouco confiáveis. Mas não importa! Eles me fascinam até hoje e vejo neles o embrião - não de um arqueólogo propriamente dito - mas de um historiador da arqueologia!

    E então, descobri a América!

    E fiquei fascinado ainda mais, ao ver que tudo estava tão perto do Brasil!

    A América – ao contrário dos outros continentes – despertou a certeza que era possível chegar a esses lugares exóticos que vi nos livros. Com um pouco de dinheiro e planejamento, não eram destinos inacessíveis do outro lado do mundo, reservados apenas a alguns poucos mortais de chapéus brancos acompanhados por centenas de operários de pele queimada, que faziam o trabalho pesado.

    Comecei a me interessar mais e mais pela conquista de nosso continente e pelos povos que aqui viveram. Eram relatos repletos de aventuras em terras selvagens! Relatos que custaram centenas de vidas, mas que transformaram meros homens em heróis, em aventureiros. Com o tempo percebi que suas ações, na maioria das vezes, tinham pouco de heroísmo e muito de ganância – e ignorância – capitalista. Poucos foram os que se preocuparam em registrar o que viram. Quase nenhum explorador tentou entender o que presenciava. A conquista da América teve muito de massacre, de sangue, de desrespeito, e pouco de efetiva construção e compreensão. Contudo, aprendi que aqueles homens – os conquistadores – tinham sua função nesse processo doloroso.

    Adoro cinema! Não me esqueço de uma cena na qual Colombo – interpretado por Gérard Depardieu – confronta o personagem Gabriel Sánchez (Armand Assante), tesoureiro da Corte espanhola. O filme é "1492 – A Conquista do Paraíso" (1992). Colombo, destroçado física, financeira e mentalmente após o retorno fracassado de suas viagens, insiste em sua obsessão pela América. Na cena, Gabriel irritado tenta entender o motivo de tamanha ambição, ao qual Colombo responde:

    Gabriel: Você é um sonhador!

    Colombo, olhando para uma janela: Olhe ai fora! O que vê?

    Gabriel: Eu vejo torres, vejo palácios, vejo campanários. Vejo civilização! E vejo pináculos que atingem o céu!

    Colombo: Tudo criado por pessoas como eu. Não importa quanto tempo viva Sánchez, há uma coisa que jamais mudará entre nós dois. Eu fiz. Você não!

    Esse diálogo resume bem a função do explorador, do conquistador. Ele descobriu, fez o primeiro contato. Ele desbravou. Deu a cara para bater! Abriu caminho. E depois, como acontece na esmagadora maioria das vezes, é descartado pela burocracia, pelo Estado ao qual prestou serviços. Ele é quem faz o trabalho pesado, o serviço sujo. É quem mancha as mãos de sangue. É quem mata para não morrer. É quem semeia o caos. Mas embora descartado, é ele quem viu o nascer de uma nova era. Ele que teve a primeira sensação, rude e elementar. Ele que presenciou o modo de vida natural de antigos povos. Ele que descobriu novos mundos, pagando por isso com a própria vida. Enfim, ele que fez.

    Senti parte dessa sensação na pele, quando contornei o lago Titicaca a pé em 1997, na fronteira entre Peru e Bolívia. Tive minha experiência, mesmo que pequena, como explorador. Presenciei coisas incríveis! Mas também sofri, machuquei meu corpo e cheguei a lugares que nenhum brasileiro jamais colocou os pés. Não fui reconhecido como explorador do modo como gostaria, mas no fundo ficou aquela sensação impagável comentada por Colombo. "Eu fiz. Você não!"

    Dessa forma, ler os relatos de Vasco Nuñez de Balboa, Hiram Bingham, Pedro Sarmiento de Gamboa, Álvar Núñez Cabeza de Vaca, John Cabot, Alexander von Humboldt, Francisco de Orellana, Francisco Pizzaro, Hernán Cortés, entre outros, serviu-me para criar intimidade geográfica e espiritual com nosso continente, trabalhando meu imaginário em relação às Américas.

    Claro que nunca fechei os olhos para outras regiões do planeta. Sempre vi com curiosidade e respeito as explorações de terras como a África, Ásia e Oriente Médio, com suas selvas impenetráveis, desertos gigantescos, rios caudalosos e tribos belicosas. Contudo, esses lugares citados sempre me passaram a impressão de terras conhecidas, de locais anteriormente explorados. Não eram terras totalmente perdidas. Muita gente já sabia que eles estavam lá. Antigas ruínas egípcias, gregas e romanas; assim como Persépolis, Jerusalém, Petra, Babilônia, Baalbek. Tudo isso já estava incorporado no imaginário do homem europeu.

    Li sobre as Minas do Rei Salomão, as viagens navais de Sataspe e Eudóxio ao redor da África, a aventura de Marco Polo pela Rota da Seda e as explorações vikings pela Europa e muito além dela. Tudo isso me fascina até hoje, mas quase todos os relatos apresentam um nível de mistério senão aparentemente menor, talvez mais terreno. Isso ocorre talvez, pelo fato que os primeiros exploradores dessas regiões se perderam no tempo. Tomemos como exemplo o Egito. Não existem relatos de algum explorador que primeiramente descobriu aquelas ruínas perdidas no deserto. Até porque, não estavam perdidas. Embora muitas delas abandonadas, a região de fato jamais deixou de ser ocupada ao longo da história.

    O mesmo não acontece com as Américas.

    Com a América, criou-se um rompimento.

    Não será exagero dizer que a descoberta das Américas foi - séculos XV-XVI -, o equivalente à descoberta de um "novo

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