Diaconia no horizonte do reino de Deus
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About this ebook
Jürgen Moltmann
Nasceu em Hamburgo, na Alemanha, em 1926. Doutorou-se em teologia em 1952. Protestante e ecumênico, foi professor de História dos Dogmas e de Teologia Dogmática em Wüppertal, em Bonn e em Tübingen. Atualmente, é Professor Emérito na Universidade de Tübingen, Alemanha. Moltmann é conhecido como o “teólogo da esperança”, e expressa grande preocupação e sensibilidade para com os problemas sociais, econômicos, políticos e ecológicos da atualidade. Muitos de seus livros já foram traduzidos para o português e o espanhol.
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Book preview
Diaconia no horizonte do reino de Deus - Jürgen Moltmann
Sumário
Apresentação
INTRODUÇÃO
Capítulo 1 - PARA UMA COMPREENSÃO TEOLÓGICA DA TAREFA DIACÔNICA HOJE
1. Viver em situação limitante
2. Dissolução das associações
3. Separação e isolamento
Capítulo 2 - DIACONIA NO HORIZONTE DO REINO DE DEUS
I. Diaconia no horizonte do reino de Deus
II. Diaconia sob a cruz
III. Diaconia no poder do Espírito Santo
IV. Sociedade no horizonte do reino de Deus
Capítulo 3 - A REABILITAÇÃO DOS IMPEDIDOS EM UMA SOCIEDADE SEGREGADORA
1. A situação dos impedidos
2. A situação dos que não são impedidos
3. Superação do medo
Capítulo 4 - LIBERTEM-SE — ACOLHAM UNS AOS OUTROS
1. Apresentação pessoal
2. A libertação de pessoas impedidas
3. A libertação das pessoas não impedidas
4. O ser humano — a imagem do Deus vivo
5. Todo impedimento é uma dádiva?
6. Comunidade curativa
Capítulo 5 - MEDICINA PARA A HUMANIDADE DAS PESSOAS
1. Do começo da vida e da origem da humanidade da vida
2. Do fim do corpo e do fim do ser humano
Capítulo 6 - TESES RELATIVAS À COMPREENSÃO DA DOENÇA E DA SAÚDE
I. O ser humano é um ser rico de relacionamentos. Ele experimenta vida e sofrimento ao menos em quatro relacionamentos:
II. Saúde é um estado comprovável objetivamente do ser humano e um posicionamento subjetivo da pessoa acerca de seus estados.
III. A confiança em Jesus Cristo torna significativas a vida e morte, felicidade e sofrimento, porque Ele se identifica com todos os estados de nossa vida e morte.
IV. Cura consiste em dividir, partilhar e compartilhar
Capítulo 7 - A PESSOA IMPEDIDA COMO TEMA DA TEOLOGIA
1. Pontos de partida
2. Interrogações
3. Novos impulsos
4. Teses
5. Interpelações críticas
POSFÁCIO
Sumário
Apresentação
INTRODUÇÃO
Capítulo 1 - PARA UMA COMPREENSÃO TEOLÓGICA DA TAREFA DIACÔNICA HOJE
1. Viver em situação limitante
2. Dissolução das associações
3. Separação e isolamento
Capítulo 2 - DIACONIA NO HORIZONTE DO REINO DE DEUS
I. Diaconia no horizonte do reino de Deus
II. Diaconia sob a cruz
III. Diaconia no poder do Espírito Santo
IV. Sociedade no horizonte do reino de Deus
Capítulo 3 - A REABILITAÇÃO DOS IMPEDIDOS EM UMA SOCIEDADE SEGREGADORA
1. A situação dos impedidos
2. A situação dos que não são impedidos
3. Superação do medo
Capítulo 4 - LIBERTEM-SE — ACOLHAM UNS AOS OUTROS
1. Apresentação pessoal
2. A libertação de pessoas impedidas
3. A libertação das pessoas não impedidas
4. O ser humano — a imagem do Deus vivo
5. Todo impedimento é uma dádiva?
6. Comunidade curativa
Capítulo 5 - MEDICINA PARA A HUMANIDADE DAS PESSOAS
1. Do começo da vida e da origem da humanidade da vida
2. Do fim do corpo e do fim do ser humano
Capítulo 6 - TESES RELATIVAS À COMPREENSÃO DA DOENÇA E DA SAÚDE
I. O ser humano é um ser rico de relacionamentos. Ele experimenta vida e sofrimento ao menos em quatro relacionamentos:
II. Saúde é um estado comprovável objetivamente do ser humano e um posicionamento subjetivo da pessoa acerca de seus estados.
III. A confiança em Jesus Cristo torna significativas a vida e morte, felicidade e sofrimento, porque Ele se identifica com todos os estados de nossa vida e morte.
IV. Cura consiste em dividir, partilhar e compartilhar
Capítulo 7 - A PESSOA IMPEDIDA COMO TEMA DA TEOLOGIA
1. Pontos de partida
2. Interrogações
3. Novos impulsos
4. Teses
5. Interpelações críticas
POSFÁCIO
Landmarks
Cover
Jürgen Moltmann
Diaconia no horizonte do reino de Deus
Tradução de Levy da Costa Bastos
São Paulo, 2022.
Copyright © Editora Recriar, 2022.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/02/1998.
É expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem prévia autorização, por escrito, da editora.
Direção Geral:
Iago Freitas Gonçalves
Equipe editorial:
André Yuri Abijaudi
Flávio Santana
Iago Freitas Gonçalves
Tradução:
Levy da Costa Bastos
Revisão e preparação de texto:
André Yuri Abijaudi
Tradução dos textos em espanhol:
Robinson Jacintho
Capa, diagramação e projeto gráfico:
Talita Almeida
Título original em alemão:
Diakonie im Horizont des Reiches Gottes, 1984.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Apresentação
No inverno de 2006, fui surpreendida por um convite para um cafezinho e recebi um precioso presente: o livro Diaconia en el horizonte del reino de dios: hacia el diaconado de todos los creyentes. Era este livro em sua versão espanhola. Mais adiante, em 2008, pude me encontrar com Jürgen Moltmann e dialogamos por um tempo sobre como a sua geração percebia os desafios da inserção social das pessoas com deficiência, chamadas de impedidas
nesta obra da década de 1984. Falamos, especialmente, sobre o pensamento eugênico e suas devastadoras consequências para estes sujeitos, quando os mesmos foram alvo dos mecanismos de eliminação, esterilização e testes para o melhoramento da raça humana. Essa conversa foi marcada também pela grande preocupação deste teólogo com a presença e ação pública das Igrejas na sociedade contemporânea, algo traduzido na inestimável contribuição desta obra à construção de uma sociedade mais inclusiva e justa.
No verão de 2022, fui novamente surpreendida por um convite para fazer a apresentação deste texto em sua versão portuguesa. Em ambas as oportunidades, a leitura deste livro me trouxe horizontes que permanentemente tem me inspirado a seguir nas trilhas cristãs da luta pela inclusão social e educacional de todas as pessoas e, em especial, das pessoas com deficiência. Portanto, compartilho com vocês e meu amigo Levy Bastos (autor deste convite), algumas das janelas que me abrem novos horizontes diariamente: o necessário reconhecimento dos impedimentos impostos às pessoas com deficiência; o desafio de equacionar a relação entre igualdade e diferença para a garantia de direitos na sociedade; a relevância da diaconia inclusiva.
Este livro denuncia os mecanismos de sustentação vigentes na sociedade da segregação e anuncia a possibilidade da conversão do nosso olhar no sentido de uma diaconia lúcida em meio às nuvens postas sobre os sistemas de manutenção da injustiça e dos sinais de morte na sociedade contemporânea. Portanto, é um texto muito atual, pois sabemos que, ainda, as condições objetivas de vida dos impedidos e impedidas são muito mais demarcadas pelas barreiras sociais do que pela deficiência em si. No decorrer da história, a sociedade construiu tecnologias e conhecimentos suficientes para a eliminação de toda barreira comunicacional e física. Mas será que constituiu novas relações no sentido da ética inclusiva que demanda eliminação de toda barreira, especialmente a atitudinal, nas interações cotidianas em diferentes espaços sociais?
O livro Diaconia no Horizonte do Reino de Deus inova ao apontar, já em 1984, que as pessoas com deficiência sofrem muito mais, pelos impedimentos que lhes são impostos por uma sociedade que se considera sã, do que pelas limitações funcionais de seus corpos. Ulrich Bach, com precisão, indica a diferença entre estar prejudicado
por causa de um impedimento e ser prejudicado
pela sociedade. Isto nos remete à premissa do paradigma da inclusão, a qual demanda o reconhecimento de que a sociedade produz deficiências ao impor barreiras de todo tipo aos cidadãos e cidadãs, desconsiderando a diferença como uma condição humana e a igualdade de acesso ao bem comum como um direito humano. Mas como são constituídas e legitimadas estas barreiras? Há tempos sabemos que as barreiras se constituem pela padronização de tudo que está a nossa volta com base na figura do sujeito universal e do tipo humano ideal. Podemos citar, como exemplo, a exclusão das pessoas cegas dos sistemas educacionais por sua incapacidade de ler um texto escrito em tinta, mesmo quando se sabe que o sujeito cego é capaz de ler e escrever num sistema de escrita tátil (o Braile) ou, atualmente, num sistema de escrita digital com sintetizador de voz. O que incapacitava as pessoas cegas à inclusão escolar não era seu déficit funcional, mas sim a imposição de um só modo de leitura e escrita – o sistema em tinta.
Há tempos é sabido que não existe um sujeito universal, pois a diferença é uma condição humana, somos todos singulares. Portanto, uma sociedade aberta, que garanta o acesso ao bem comum a todas as pessoas, demanda a construção de mecanismos de equiparação de oportunidades. No entanto, a este processo, antecede a necessária reflexão sobre o panorama histórico da inserção social das pessoas com deficiência e sobre as mentalidades excludentes que a marcaram.
Na Antiguidade, era legítimo eliminar tais sujeitos, com base na justificativa mítica. Se a deficiência era entendida como um sinal do descontentamento divino com um pecado cometido pelo indivíduo ou pela comunidade, era legítimo o seu sacrifício. Na Idade Média, superada a legitimação do sacrifício das crianças com deficiência, a perspectiva caritativa passa a predominar, sendo estes sujeitos segregados em instituições confessionais cuidadoras por não poderem usufruir do convívio social. Na Modernidade, amparada na visão antropocêntrica e não mais teocêntrica, a sociedade segue segregando, mas agora em instituições que buscam a reabilitação e normalização destes sujeitos nos moldes do modelo médico de deficiência. Coloca-se, portanto, o problema da institucionalização e desconfiguração destes indivíduos como sujeitos e protagonistas de suas vidas. Eles são apenas tolerados, não amados, como denuncia-se neste livro. A segregação e institucionalização de alguns sujeitos justificadas pelo capacitismo ainda é um problema a ser enfrentado pela diaconia neste início do século 21. Como as igrejas cristãs têm abordado esta questão? Em que medida este tema, ainda hoje, afeta a diaconia que tem como horizonte o Reino de Deus? O fato é que, nos termos postos por este livro, Deus ama toda vida humana. Por isso, não há na realidade nenhuma vida ‘reduzida’ ou ‘menos-válida’. Cada vida é, a sua maneira, vida divina, e como tal devemos reconhecê-la e respeitá-la. Cabe-nos, portanto, como igreja cristã, construir os caminhos para tal.
Na segunda metade do século 20, todavia, este cenário excludente começa a ser provocado à mudança com a proposta de um novo paradigma. Por pressão dos movimentos sociais, a sociedade é desafiada a garantir o direito ao convívio social, à educação e ao trabalho para todas as pessoas, especialmente, para as pessoas com deficiência. O primeiro movimento foi o da integração. Seria permitida a convivência social, mas estes sujeitos deveriam moldar-se ao meio social