Aprendendo A... ... Ser Avô
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Aprendendo A... ... Ser Avô - Jonas Viana De Oliveira
APRENDENDO A...
...SER AVÔ
Jonas Viana de Oliveira
Este livro eu dedico às pessoas que me acompanharam nesta caminhada de aprendizado. Especialmente à minha companheira de todas as horas, Cleide, que me proporcionou muitas alegrias e conquistas na vida, sobretudo esses netos lindos e maravilhosos com quem tenho o privilégio de conviver.
São seis os personagens centrais deste livro que, ao final das contas, serão aquelas pessoas que levarei para além da vida. Lara, Vítor, Lucas, Davi, Caio e Laís, sem essa turma minha vida seria quase insípida. Teria apenas o sabor deixado pelas pessoas que passaram por ela, mas não teria a doçura que esses seres maravilhosos trouxeram.
SUMÁRIO
Apresentação
Introdução
... ser filho
... ser namorado
... ser noivo
... ser marido
... ser pai
... ser sogro
... ser avô
... ser médico-avô
... ser juiz-avô
... ser fonoaudiólogo-avô
... ser guia de turismo-avô
... ser advogado-avô
O sétimo elemento
Epílogo
APRESENTAÇÃO
Quando decidi que iria escrever um livro contando a experiência que venho tendo como avô, achei bom informar isso aos seres que me possibilitaram viver tudo isso e a receptividade foi das melhores. Um deles me sugeriu que escrevesse um livro para cada neto, pois ele queria um livro exclusivo. Lógico que declinei do convite, pois jamais seria capaz de tamanha tarefa. Cheguei até a considerar a proposta, pois somente assim poderia garantir ocupação para os próximos dez anos da minha vida. Seria uma maneira de viver agradáveis anos, rememorando as experiências que passei com esses seres iluminados que trouxeram mais luz e mais tempero para a minha vida.
Dez anos escrevendo parece muito, mas é um tempo razoável, já que teria de escrever seis ou sete livros simultaneamente. Estranho escrever seis ou sete livros simultâneos, mas não seria possível escolher um dos netos para começar a empreitada. Logo, teria que começar um livro para cada um dos seis ou sete netos e seria uma luta, até conclui-los ao mesmo tempo.
Essa incapacidade técnica
me levou a escrever apenas um livro que pudesse refletir toda a minha vivência como avô e tentar passar um pouco da minha experiência nesta área, de forma que todos possam perceber o quanto a gente é capaz de encontrar a felicidade em seres tão maravilhosos.
Decidido, então, como seria o livro, fui buscar um nome que pudesse retratar com fidelidade a experiência pela qual estou passando desde quando nasceu a minha primeira neta, até o nascimento da sexta, passando por quatro netos entre a mais velha e a mais nova, além da expectativa do sétimo neto, que, ao me lançar nesta tarefa de avô-escritor, ainda não sabíamos o sexo, mas já estávamos esperando esse bebê que deve completar uma família recém agregada à minha.
Pensei em alguns títulos para o livro e me prendi mais naqueles que davam a impressão de que eu estava sempre me preparando para alguma coisa. Pensei primeiro em algum título que envolvesse a palavra estagiário, pois, desde que vim para esse mundo eu me sinto um estagiário em alguma coisa, até desembocar no estágio de avô. Abandonei essa ideia porque estagiário dá a impressão que se está começando uma carreira e, se tem uma coisa que ser avô não é, é carreira. Não tem nada de carreira nisso.
Descartado estagiário, decidi, finalmente por aprender. Primeiro pensei em aprendiz, mas isso daria noção também de uma função, o que não é. Fixei então em alguma coisa que indica uma ação contínua, pois entrei nesta vida aprendendo e, com certeza, sairei aprendendo. Então o nome do livro ficou Aprendendo a...
. Durante o livro vou desfilar todas as fases que passei na vida para conseguir o privilégio e o direito de aprender a ser avô.
Durante a vida temos que atuar em diversos palcos e em cada um deles a gente tem que viver personagens diferentes que, dependendo da pessoa, a essência do personagem não muda, mas o modo de atuar muda, e muito. Em cada um desses palcos o início é puro aprendizado e, quando a gente já está se sentindo confortável no figurino, vem outro palco e a gente tem que aprender tudo de novo. Alguns personagens novos aproveitam as características dos anteriores, outros são totalmente desgarrados do passado e, ao fim e ao cabo, no final da vida, você se torna uma colagem de todos os personagens que você viveu ao longo dos anos. Acredito piamente que o personagem que vivo hoje, de avô, seja o mais longo de todas as interpretações que a vida me exige, por isso talvez mereça um livro.
É sobre isso, então, que estou me propondo a escrever esses rabiscos. Talvez possa ajudar a alguém, que ainda tem dúvida se ser avô é bom, a vencer esta barreira. Mas já vou avisando de antemão que é necessário ter coragem para exercer este papel, pois requer um pouco mais que disponibilidade. Requer uma dose de renúncia bastante acentuada. Esse palco, às vezes, parece um campo minado, que todos irão perceber até o final desses alfarrábios.
Boa leitura a todos e, do fundo do meu coração, espero que todos gostem disso aqui.
INTRODUÇÃO
Numa noite qualquer, eu e minha esposa estávamos já deitados, curtindo coisa como: um ao outro, um programa de televisão ou atualizando as mensagens das redes sociais quando, de repente, surgiu no celular da minha esposa, uma mensagem de áudio que não era ninguém falando, mas sim o pulsar intenso de uma vida. Era a gravação da batida do coração de alguém que já existia, mas ainda não sabíamos. Mais um neto ou neta aparecendo no pedaço, pois naquele momento não sabíamos sequer o sexo da criança.
Das várias sensações que a vida nos permite sentir, aquela de ter a notícia de que teremos mais um membro na família, sempre é a que mais nos causa o sentimento de gratidão a Deus. Foi assim com meus filhos e é assim com cada um dos meus netos e netas. Não foi diferente, então, com a notícia de que o sétimo estava vindo e mais vivo do que nunca, como provavam as batidas fortes naquela mensagem de áudio, que minha esposa recebeu naquela noite de dezembro de dois mil e dezessete.
As pessoas que me conheciam há mais tempo, quando me ouviam falar que tenho seis netos, logo perguntavam se cada filho meu teve três filhos. Depois que começamos a falar que estávamos grávidos
de outro neto, o espanto era maior ainda. Quem estava gravido? O filho mais velho ou o filho mais novo?
Entretanto, quem é mais chegado a mim e à minha família, sabe que temos mais filhos que aqueles que minha esposa deu à luz. São pessoas que vão sendo acrescentadas no meu coração de pai e que se alojam sem pedir licença e viram filhos com a mesma intensidade daqueles que veio à luz pela minha esposa. Essa agregação vai acontecendo de forma tão natural e magistral que se torna impossível ficar alheio a ela. Veja essas histórias.
Na mesma época que eu e minha esposa tivemos que mudar de cidade, para uma que ficava a três mil quilômetros ao norte, nosso filho mais velho teve que mudar, por questão de estudos, para uma cidade situada a mil e cem quilômetros ao sul. Somando os dois deslocamentos, tem-se quatro mil e cem quilômetros como a distância que nos separava de nosso filho mais velho. Como o curso era de seis anos, nos conformamos de ficar durante todo esse tempo longe dele, vendo-o apenas em alguns dias do ano, numa visita dele ou numa visita nossa. Não precisa falar que coração de pai e mãe ficaram apertadinhos, sem saber o que o rebento estava passando por lá. Muita oração e fé foram necessárias para esperar que tudo iria dar certo.
De vez em quando íamos lá visitá-lo, minha esposa sozinha ou nós dois. Nessas ocasiões, pouco a gente tinha contato com as pessoas do relacionamento do nosso filho naquela cidade. Tudo o que sabíamos sobre as pessoas com as quais nosso filho se relacionava por lá, era das narrativas que ele fazia. Sempre nos reportando que era bem tratado, mas, sempre entendíamos isso como uma maneira de ele não nos preocupar.
Por ocasião da formatura do nosso filho, ficamos naquela cidade um tempo maior, propiciando a ele a oportunidade de nos apresentar às famílias com as quais ele convivia. Impressionante o que presenciamos nesses encontros. Declarações de profunda consideração pelo nosso filho me fez perceber que durante todos aqueles anos, ele foi acolhido por famílias naquela cidade que o fizeram se sentir em casa, que acabou por fazê-lo sentir pouca falta da casa dos pais. Famílias que adotaram pra valer meu filho, formaram uma rede de proteção tão fantástica, que não é nenhum exagero falar que era o manto de Nossa Senhora que o estava embrulhando naqueles seis longos anos. Junte-se a isso o apoio que um casal de cunhados dispensou durante esse período, e tem-se o ambiente perfeito para que o sofrimento de nosso filho fosse o mínimo possível. Aquele tempo que passamos lá, para comemorar a formatura, foi determinante para eu entender que devia tudo aquilo a alguém e precisaria fazer algo para retribuir tudo o que fizeram para o meu filho mais velho.
Durante as poucas visitas que nosso filho fazia em nossa cidade, foi construindo um rol de amizades que, naquela ocasião, foi de uma importância fundamental e aquela importância perdura até o momento atual, e frutificou. Eram tempos bicudos para mim e não tinha condições de oferecer àquele jovem filho, que passava férias em casa, nada além de atenção e carinho. Nesse contexto, faltava-lhe, por exemplo, meios suficientes para frequentar os ambientes que os jovens frequentavam por aquelas bandas. Os amigos conquistados naquela ocasião, até nesse quesito, decidiram por ajudá-lo. Especialmente um deles.
Um desses amigos, quando ninguém acreditava que ele se submeteria a isso, decidiu namorar e tinha duas garotas que estavam a fim dele. Por questões desconhecidas, uma das garotas conquistou o coração desse amigo do meu filho e eles começaram a namorar. Como esse rapaz frequentava a nossa casa, era natural que sua namorada também se aproximasse de nós. Essa garota vivia na nossa cidade, mas seus pais moravam, e moram até hoje, em um estado do centro-oeste e, com isso, sempre a notávamos triste, especialmente nas datas em que normalmente as famílias se encontravam para celebrar. Era assim no dia das mães, no dia dos pais, natal, ano novo etc. Em algum momento por essa época, atendendo a algum pedido, decidimos que teríamos que adotar aquela garota. Assim conseguiríamos aplacar um pouquinho da falta que ela sentia, de um pai e uma mãe, já que a distância não a permitia tê-los por perto e, de quebra, ganharíamos uma filha, realizando um sonho meu, já que, biologicamente, não havia conseguido isso.
Entendi a chegada dessa menina em nossa família como uma grande oportunidade de retribuir tudo aquilo que muitas famílias haviam feito por meu filho enquanto ele cursava sua graduação. Encarei desta forma e achei que tinha isso como uma missão e me preparei para dedicar a ela a mesma atenção que dedico aos outros filhos. Então, o filho que recebeu um tratamento todo especial por uma gama imensa de famílias em uma cidade distante, foi o mesmo que trouxe para o seio da nossa, uma pessoa que nos proporcionou retribuir aquele tratamento que ele recebeu por lá.
Essa menina que chegou, acabou por ser nossa filha e nossa relação foi cheia de altos e baixos naquele início de relacionamento, assim como é com todos os filhos, mas a gente se curtiu de uma maneira muito especial e fomos aprendendo a gostar um do outro. O nascimento da filha dessa moça foi o teste final desse relacionamento paternal que nasceu no namoro daquele amigo do meu filho. A dúvida que me batia era sobre a maneira como iria tratar a filha dessa moça, que viria a ser a minha primeira neta. Será que a consideraria neta pra valer? Essa dúvida evaporou por completo quando eu vi aquela menininha branquinha que acabara de nascer e, mesmo passando por algum perrengue, por ter atrasado um pouco para vir ao mundo, ainda assim aquele serzinho me conquistou de imediato. Ali completou a adoção daquela menina dengosa que escolhemos