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Filhos De João
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Filhos De João

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No século XVII, Hans Van Brant, descendente dos duques de Brabante, naturalizou-se português, tornando-se João Caldeira Brant, o patriarca de uma família numerosa que veio para o Brasil no início do ciclo do ouro. Seus descendentes se envolveram em conflitos relacionados à exploração das minas e, assim, participaram de forma efetiva na construção do Brasil. Esta família deu nomes importantes para a sociedade civil, religiosa e militar, como o marquês de Barbacena, o cônego Luiz Caldeira Valle, o vice-presidente José Maria Alkimim e o médico cirurgião plástico Ivo Pitanguy. Este livro conta histórias de uma linhagem que vem desde a idade média até os nossos dias. Fala do contexto social, político, econômico e religioso em que pessoas viveram e deram sua contribuição. Além disso, de forma clara, esta obra demonstra que pequenas atividades fazem a totalidade da História, e que todos devem contribuir da melhor forma possível no engrandecimento social por meio de ações honestas.
LanguagePortuguês
Release dateJan 11, 2021
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    Filhos De João - Marco Antonio Martins Caldeira

    Palavras da senhora, minha mãe, Da. Lucília

    Ninguém é autor sozinho, somos construídos e construtores da nossa história. Como diz Augusto Cury: Todos somos artistas no teatro da vida [...] que pulsa dentro de nós, independentemente de nossos acertos, status e cultura. É uma joia única da existência: cada ser humano é um mundo a ser explorado, uma história a ser compreendida, um solo a ser cultivado.

    Tomamos como um pano de fundo para descortinar uma história fantástica que apresento agora: Os filhos de João. Ser convidada para apresentar este livro é motivo de honra, que traz no seu bojo uma grande responsabilidade, visto que devemos retratar as emoções do autor e, em contrapartida, ter lido uma história encantada, cheia de peripécias, saga, alegria, sofrimentos, cheios de expectativas, sonhos que devem ser realizados ao longo de uma existência. Não é fácil falar da vida de uma família que cresceu aos holofotes e outras vezes da temeridade de seus líderes primeiros. Por outro lado, é saborear e viver esses momentos tão fascinantes preconizados pelo autor que, incansavelmente, buscou fontes e mais fontes para realizar essa linda e pitoresca história da família Caldeira Brant.

    Cada história que se desenvolve neste soberbo escrito propõe e denuncia situações inusitadas, social, econômica, familiar e, às vezes, ingênua dos seus signatários, fazendo, entretanto, sucesso nas suas realizações, nas famílias abastadas, roídas de insatisfação, vícios, sacrifícios e lutas pela sobrevivência, muitas vezes havendo tragédias no seu percurso dentro da história.

    Cada pedacinho desta história é uma riqueza de detalhes estupenda que comove e inquieta, principalmente porque meus queridos antecedentes fazem parte, embora um pouco longínquo desta faina das famílias constituídas, trazendo nos ombros e no coração o nome Caldeira Brant.

    Quero agradecer, porque trago não por consanguinidade este nome, porém é com alegria indizível por este momento jurídico casada com Caldeira, que carrego com muito orgulho, data vênia.

    Obrigada, Marco Antonio, meu filho. Honre sempre os valores da família em que você nasceu. Ser um dos filhos de João Caldeira é uma distinção, e você será respeitado sempre pelo nome que carrega.

    Quero ressaltar a figura ímpar do Dr. Osmar Peres Caldeira, que em seu affaire soube cultivar e honrar o nome dos Caldeira Brant, na sua meteórica vida, e deixou este lugar transmitindo para seu filho que escreveu esta história encantada da sua família.

    Parabéns, Marco Antonio, pela ideia genial que, sem dúvida alguma, vai ser um marco indelével para toda família que carrega o sobrenome Caldeira Brant.

    Montes Claros, 12 de outubro de 2020, Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.

    Apresentação de Mírian Macedo

    Eu não sou Caldeira Brant, sou Martins, como o é Marco Antonio, meu primo em segundo grau e o autor deste livro delicioso, criterioso e informativo que tenho a honra e o desafio de prefaciar. A mãe de Marco Antonio e eu somos primas, fazemos parte da árvore frondosa e vigorosa cujo tronco atende pelos nomes de Lúcio Martins Lulu e Claurinda Baleeiro Cangussu, nossos avós.

    Lucília é filha de Neco Martins e eu sou filha de Delvair Martins, respectivamente, o primogênito e a caçula de ‘Seu’ Lulu e Da. Lau (ninguém se assuste, o livro é sobre os Caldeira Brant, não vou contar aqui a minha história. Mas é um desafio. Quem sabe não refaço os passos de meus antepassados até os dias de hoje, como tão bem e oportunamente o fez Marco Antonio?).

    Voltando: os Caldeira Brant e os Martins acabaram aparentados. Entrou para a família, como se diz em Minas Gerais. Em 1963, o ‘boa pinta’ e brilhante advogado Osmar Peres Caldeira – filho do fazendeiro e católico fervoroso, Francisco Caldeira, que tirou o Brant do nome por causa de um parente homônimo que também morava em Montes Claros – casou-se com Lucília Rego Martins, uma professora de Geografia e bacharel em Direito, prendada e de ótima família. Formaram um novo tronco, os Martins Caldeira, do qual Marco Antonio e sua irmã, Mônica, são os primeiros ramos férteis. Honra para os Martins, honra para os Caldeira.

    Dos Caldeira Brant, se pode dizer que é família muito antiga, com narrativas que remontam e se confundem com a história das Minas Gerais. Não sem razão, Francisco Caldeira sempre relembrava ao neto, Marco Antonio, que os Caldeira Brant estavam sempre onde havia exploração de minas.

    O talento da família, além da habilidade e correção nos negócios, era, na verdade, para o comércio. Muitos Caldeira Brant, como o Sr. Ananias e o filho Francisco, nascidos em Grão Mogol, tornaram-se fazendeiros numa época em que a exploração diamantífera da região já tinha declinado. Ananias chegou a ser tropeiro na adolescência.

    Quem ainda pôde viver os últimos tempos áureos da extração de diamantes nos rios de Grão Mogol foi o faiscador Severiano, pai de Ananias. Antes deles, prosperaram e se aventuraram na extração de diamantes todas as gerações anteriores dos Caldeira Brant, como Severiano, Antônio (também próspero fazendeiro), Francisco Xavier e Sebastião Caldeira Brant.

    Tudo começou com Ambrósio Caldeira Brant, pai de Sebastião e filho de Hans/João. Como muitos portugueses, Ambrósio veio para cá por causa da notícia da descoberta de ouro nas Minas Gerais. Ele foi o primeiro representante da família a chegar ao Brasil, em 1700.

    O primeiro Caldeira Brant a pisar o chão do Brasil se tornou personagem de livro e ficou conhecido pela coragem e altivez com que enfrentou lutas e embates envolvendo portugueses, paulistas, reinóis, indígenas, naquilo que ficou conhecido como a Guerra dos Emboabas no Ciclo do Ouro.

    A história dos Caldeira Brant passa também pela vida trágica do filho de Ambrósio, Felisberto Caldeira Brant, no que foi chamado um drama que foi contado em prosa e verso por historiadores e romancistas, porque é digna de ser narrada em canção de gesta. Irmão do hexavô de Marco Antonio, Sebastião Caldeira Brant, Felisberto foi um famoso contratador de diamantes em Minas Gerais, que, envolvido numa trama de que participou ninguém menos que o Marquês de Pombal, acabou preso e levado para Lisboa, tendo todos os seus bens confiscados. Anos depois, foi declarado inocente, mas nunca mais recuperou o que lhe tomaram.

    Marco Antonio conta no livro que a família Caldeira Brant move, desde a década de 1960, uma ação judicial de indenização no Tribunal Internacional de Haia contra Portugal. O valor confiscado da família Caldeira Brant foi de trinta toneladas de ouro mais a casa onde hoje funciona o palácio do Arcebispado de Diamantina. O valor atual seria de 490 milhões de dólares americanos.

    Felisberto Caldeira Brant tem, entre seus descendentes, importantes personagens históricos, como o Marquês de Barbacena e o Conde de Iguaçu, este último casado com filha legitimada do Imperador Dom Pedro I e de Domitila de Castro Canto e Melo, a marquesa de Santos.

    Quando tomou sobre si a missão de contar quem eram seus antepassados, de onde vieram, para onde foram e o que fizeram, Marco Antonio contou bonito, com orgulho e honestidade, confirmando que uma árvore não pode se negar a dar seus frutos.

    E ele tem a noção da grandeza de seus antepassados. Entre eles, ninguém menos que Carlos Magno, o lendário rei dos francos, a quem São João Paulo II chamou de Pai da Europa. Está no livro que: "seu império uniu a maior parte da Europa Ocidental pela primeira vez desde os romanos e a Renascença carolíngia encorajou a formação de uma identidade europeia comum’.

    Mais adiante, Marco Antonio informa: No dia de Natal do ano 800, o papa Leão III, na basílica de São Pedro, coroou Carlos Magno como o primeiro Imperador do Sacro Império Romano, que foi uma instituição que durou mil anos. Sem exagerar, a história da família se confunde com um trecho glorioso da história da Civilização Ocidental. É ler e conferir.

    Mas Marco Antonio não se vangloria de suas origens nobres. Para ele, sua maior honra é ser filho de Deus, através do batismo. E ainda observa, recordando que "noblesse oblige: A nobreza obriga cada um que tem a dignidade própria a usar desse atributo em proveito da sociedade. Caso contrário, isso não passa de um adjetivo-caricatura, que serve somente para motivo de pilhérias". Mas seria injusto negar linhagem nobre a quem pode apontar antepassados que atendem pelos títulos de Duque de Brabante (de onde vem o sobrenome Brant), Conde de Iguaçu, Marquês de Barbacena, etc.

    E como Deus escreve sempre certo, mesmo por linhas tortas, e como de todo mal Ele sempre extrai um bem, o livro de Marco Antonio nos permite dizer: ‘bendita’ pandemia. É o autor que nos conta que escrever este livro é, em última análise, o resultado do passatempo de alguém que atravessa uma quarentena em pleno Século XXI.

    Esta é uma família de que eu sempre ouvira falar nos jornais, nos livros de histórias, nos contos de causos do folclore político. De memória, poderia citar o lendário político mineiro José Maria Alkmin, vice-presidente de Castelo Branco. Sua mãe era Sérgia Caldeira Brant, prima de Juscelino Kubitscheck. Também sei que o atual vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant é da família. E, claro, Fernando Brant, o compositor mineiro de tantas músicas imortalizadas por Milton Nascimento.

    Em Brasília, a cidade onde morei de 1960 a 1980, todo mundo conhecia a professora, escritora e empresária Vera Brant, irmã do deputado Celso Brant. Ambos foram cassados pelo governo militar de 1964. Vera, que era funcionária pública, amiga e confidente de JK, foi quem ajudou o educador e antropólogo Darcy Ribeiro – que é filho de Montes Claros – a criar a Universidade de Brasília, onde estudei e me formei em jornalismo.

    Se Vera e Celso Brant militaram no campo da esquerda, o advogado e fazendeiro Osmar Peres Caldeira ficou famoso por sua ligação com a TFP (Tradição, Família e Propriedade), instituição criada pelo tradicionalista católico Plinio Corrêa de Oliveira, que lutou para garantir aos proprietários rurais o direito de defender suas terras, mesmo com o uso de armas.

    Os estertores dos governos militares, em meados da década de 80, foi uma época conturbada e marcada por muitas invasões de terras, que eram capitaneadas pelos reminiscentes das Ligas Camponesas, pelo nascente Movimento dos Sem-Terra, o MST, e pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEB’S), com grande atuação do clero identificado com as pautas da esquerda, como os bispos Dom Tomás Balduíno e Dom Pedro Casaldáliga.

    Como o Código Penal, vigente em 1986, garantia em um de seus parágrafos que os proprietários rurais tinham o pleno direito de se defender contra as invasões à mão armada, Dr. Osmar Peres Caldeira, apoiado pela TFP, rodou o Brasil e conseguiu diversos pareceres jurídicos embasando e legitimando o uso de armas para a defesa destas propriedades rurais. Houve grande repercussão nos meios de comunicação e certo recrudescimento no número de invasões. Esta atuação, segundo o filho-autor, garantiu a Dr. Osmar um lugar nos anais da história recente do país.

    Osmar também manteve a tradição dos antepassados da família Caldeira Brant no seu apoio à monarquia. Monarquista, como o filho Marco Antonio, Dr. Osmar Caldeira e a esposa Lucília foram ao encontro do Príncipe Dom Antônio de Orleans e Bragança, irmão de S.A.I.R. Dom Luiz, chefe da Casa Imperial, quando esse visitou Montes Claros em 1992.

    Era véspera do plebiscito que consultou a população sobre o sistema de governo ideal (república ou monarquia) e forma (parlamentarismo ou presidencialismo). Venceu o presidencialismo.

    De Marco Antonio, vale repetir um dito popular em Minas Gerais: Não está furtando, está herdando. Como o pai, é católico ligado à ala tradicionalista da Igreja. Quando filiado à TFP, conheceu pessoalmente Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, a quem devota incondicional admiração.

    Como a mãe, a professora de Geografia, Lucília, Marco Antonio exerce o magistério. É professor de Biologia em escola pública de Montes Claros. Morou nos Estados Unidos e ficou na Europa por nove anos, estudando, inclusive, na tradicional Universidade de Coimbra.

    Conta emocionado como foi viver em Portugal, na mesma terra onde seu ancestral, João Caldeira Brant, também viveu um dia. É casado com Rita e é pai de Maria Tereza e Rafael. Marco Antonio confessa: é feliz.

    Mas a história dos Caldeira Brant vai muito mais longe no tempo. Detalhar o caminho que vai de Carlos Magno até Osmar Peres Caldeira, pai de Marco Antonio e Mônica Martins Caldeira, foi um desafio que o autor cumpriu com maestria, rigor e leveza (não quero tirar a surpresa do livro, reproduzindo trechos extensos, mas o parágrafo abaixo dá conta da importância da família a que pertence Marco Antonio).

    Naquela época, começou a Guerra dos Cem Anos, e João III, que era primo do Rei Eduardo III, apoiou a Inglaterra. O duque (de Brabante) emprestou àquele país 1200 soldados, que seriam pagos por Eduardo III. Dessa forma, a Inglaterra invadiu a França a partir de Antuérpia em 1338. Houve nos Países Baixos duas campanhas que arruinaram economicamente Eduardo III, tanto é assim que em investidas posteriores ele atacou pela Normandia. Este duque teve um filho com Elizabetha Maria van Huldenberg, Jan I van Brant van Aiseau, que foi legitimado e deu origem à família Brant. Jan foi ascendente de Paul van Brant, marido de Cornélia Keteller, pai de Hans van Brant.

    Hans (Jan) Van Brabant ou João Caldeira Brant tinha ascendência portuguesa e flamenga. Por isso, o livro leva o título Filhos de João. Marco Antonio informa: "Escolhi o título do livro por causa do patriarca da família Caldeira Brant, Hans van Brant, que aportuguesou seu nome e se tornou João Caldeira Brant [...] Ele teria sido cônsul e se mudado de Antuérpia para Portugal em meados de 1600, movido por interesses comerciais.  Hans nasceu em Antuérpia, na Bélgica, em 1643, e era filho de Paul

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