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O Coletor De Mox
O Coletor De Mox
O Coletor De Mox
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O Coletor De Mox

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About this ebook

O criminoso mais perigoso do multiverso está à solta! Seu nome é Joanes Mox Coletor, um “humano” com uma visão de justiça única que veio de lugar nenhum e tem como objetivo roubar todas as cinco Moxes, pedras de puro poder mágico que estão espalhadas entre os planos. No plano de Distrino, expedições militares são criadas para vasculhar o multiverso atrás de Joanes e seu Bando, que é tão difícil de rastrear quanto prender. Na Terceira Expedição de Busca e Reconhecimento, ou simplesmente Terceira, um trio se prepara para serem enviados para o plano paradisíaco de Pulnaar em busca do criminoso. O trio, nomeado de Equipe 19, é composto por Bravina Hunaan, uma humana com temperamento explosivo, Domoka Zigoto, um genoken brilhante, mas atrapalhado, e Bryana Açozul, uma humana que esconde, inclusive de seus companheiros, um poder sombrio e destruidor. Os três são jovens adultos que acabaram de se formar na Academia, a mais prestigiosa escola militar de artes mágicas de Distrino. Apesar das chances mínimas de encontrar Joanes, a equipe 19 se vê lutando para sobreviver ao encontro com os membros do Bando, enquanto enfrentam seus próprios medos e ansiedades. Usando magia, brutalidade, amizade e um misto de determinação e desespero, eles conseguem chegar até o temido Joanes Mox Coletor que já tem planos para a Bryana da equipe 19 e para a Bryana da equipe 18 e para a Bryana da equipe 17 e para a Bryana da equipe 16 e para a Bryana da equipe 15 e para a Bryana da equipe 14 e para a Bryana da equipe 13 e para a Bryana da equipe 12 e para a Bryana da equipe 11 e para a Bryana da equipe 10 e para a Bryana da equipe 09 e para a Bryana da equipe 08 e para a Bryana da equipe 07 e para a Bryana da equipe 06 e para a Bryana da equipe 05 e para a Bryana da equipe 04 e para a Bryana da equipe 03 e para a Bryana da equipe 02 e para a Bryana da equipe 01.
LanguagePortuguês
Release dateMar 21, 2022
O Coletor De Mox

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    O Coletor De Mox - Lucas Morais

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    1ª Edição 2022.

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou usada de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópias, gravações ou sistema de armazenamento em banco de dados, sem permissão por escrito, exceto nos casos de trechos curtos citados em resenhas críticas ou artigos de revistas.

    Esta é uma obra de ficção. Todos os personagens, organizações e acontecimentos retratados neste romance são produtos da imaginação do autor e usados de modo fictício.

    AGRADECIMENTOS

    Eu dedico meu primeiro livro para todas as pessoas que fizeram parte da minha vida, vocês fizeram o autor que escreveu esta obra.

    Agradeço especialmente a Tathiana Miranda, que me ouviu falar sobre as histórias aqui presentes inúmeras vezes.

    Agradeço especialmente a Laila Morais, que me fortalece mais do que ela pode imaginar.

    Capítulo 1 – Joaninha

    Era uma vez, um lugar muito distante. Neste lugar aconteceria algo que faria o multiverso nunca mais ser o mesmo.

    Esse lugar, assim como muitos outros deste multiverso, era chamado de plano. Cada plano representa um mundo inteiro, um lugar onde uma de cada uma das cinco manas fundamentais do multiverso coabitam, tornando possível a vida, a morte e toda a existência.

    A maioria dos planos têm nomes como Distrino, Bangalesh e Angélican, mas o plano que mudaria o multiverso não tinha um nome ainda. Nenhuma raça inteligente o bastante para dar um nome havia passado por lá.

    Neste lugar, pedras despontavam como pequenas ilhas em meio a um lago negro e totalmente escuro. Não havia detalhes, nem cores em meio a paisagem constante. Apenas pedras, água escura e o único habitante que vivia ali.

    A única fonte de luz desse lugar era, uma pequena pedra, não maior do que um punho humano adulto, que brilhava em tons de roxo e azul escuro, cores que sempre se alteravam e mesclavam em sua superfície. Ela flutuava de uma ilha para a outra, nunca tocando o chão ou a água. Atrás dela estava o habitante, o único ser de todo o plano.

    A forma desse habitante se assemelhava ao de uma joaninha, seu corpo era de um preto tão profundo e tão escuro quanto as águas que cercavam as rochas.

    Ela tinha quatro patas atrofiadas que permitiam que ele se movesse de forma bem lenta no chão. Também tinha asas e as usava para se

    mover de uma rocha a outra sem tocar no líquido preto que fica entre as rochas.

    Suas asas eram pequenas e frágeis, davam a impressão de que se batessem rápido demais elas iriam cair devido a fricção com o ar.

    Com apenas um olho no centro da testa, ela estava sempre focada em perseguir a pedra brilhosa.

    Nem ela sabia por que queria a pedra, mas em um mundo vazio, talvez perseguir uma pequena pedra brilhosa e flutuante seja a coisa mais interessante a se fazer.

    Não havia noção de tempo nesse lugar, não havia passagem dos dias pelo sol e pela lua. Nada mudava, não importando quanto tempo se passava.

    Este pequeno inseto havia perseguido a pedra por tanto tempo, que ela não sabia fazer mais nada.

    Capítulo 2 – O pânico da joaninha

    Uma pessoa famosa já disse no passado, a única coisa que permanece é a mudança. Em um dia como qualquer outro, nossa joaninha ouviu um barulho estranho, algo parecido com um descolar de um velcro muito firme e grande. Esse barulho foi sucedido por uma luz muito forte e colorida que surgiu no meio do nada.

    Do meio dessa luz uma figura humanoide começou a aparecer. Ele tinha tantas coisas diferentes e inexplicáveis para a joaninha que ela imediatamente se esqueceu da pedra e focou sua atenção nessa criatura fantástica.

    O humanoide então deu alguns passos para a frente e acendeu outra luz que quase cegou a joaninha. Após a breve cegueira, a joaninha viu que a criatura tinha se movido e tinha ido em direção da pedra brilhosa.

    Nesse momento, um pensamento surgiu na pequena cabeça da joaninha: E se essa criatura levar a minha pedra e ir embora do mesmo jeito que ela chegou aqui?

    Ela, que nunca havia sentido medo ou ansiedade, entrou em desespero!

    Começou a voar na maior velocidade que ela conseguia – Tenho que chegar na pedra antes! pensava ela. Tais pensamentos nunca passaram na mente da joaninha, ela estava satisfeita em perseguir a pedra sem nunca a alcançar, mas a presença de um competidor mudou tudo.

    Havia um problema, ela era muito pequena e muito fraca para chegar na pedra antes da criatura.

    E quando o invasor envolveu a pedra em um tecido e seu brilho sumiu de vez, o pânico atingiu o limite da joaninha, ela já não se importava se as asas iriam arrebentar ou se ela iria cair no oceano, ela não deixaria a pedra ser levada.

    A criatura parecia analisar a pedra com detalhe e não percebeu o bater de asas furioso da pequena joaninha. Ela veio por trás, sem ser vista em meio a penumbra, com a intenção de pegar a pedra para ela. E pela primeira vez, a joaninha tocou a pedra.

    O toque desencadeou raios negros que perfuraram a joaninha em vários lugares. A dor era tremenda, ela não sabia o que pensar de tudo aquilo, mas nem teve tempo. Em apenas um instante ela havia caído no chão duro e rochoso. Seus músculos estavam se retorcendo, como se fosse o pior caso de câimbra já registrado.

    Em poucos segundos, seu pequeno coração estava parando de bombear e ela sentia sua vida se esvaindo pouco a pouco.

    Capítulo 3 – Arqueólogo e Viajante, Hagia Jebel a seu dispor

    Todos os planos, sem exceção, são conectados a um único lugar.

    Todas as raças inteligentes de todos os planos já a descobriram e nomearam este lugar único à sua maneira. Entre todos, Matriz e Onimagus são os termos mais utilizados.

    A Matriz é um lugar onde poucos já chegaram e menos ainda voltaram de lá com vida. Apenas um tipo de habilidade especial, permite uma viagem segura até lá.

    Dizem que essa habilidade é concedida pela própria Matriz durante o nascimento de um ser. Existem várias teorias, mas a mais aceita é que se alguém nasce no mesmo instante que a Matriz completa um ciclo de tempo, chamado de Ano Central, esse ser nascerá com essa habilidade.

    Essas pessoas especiais são chamadas de Viajantes. Elas podem navegar do seu plano natal até a Matriz e ir de lá para outros planos, muitas vezes ainda selvagens e não descobertos.

    Hagia Jebel, um famoso Viajante e arqueólogo, é natural do plano Bangalesh. Ele é um humano, com aparência de alguém entrando na velhice, com cabelos e barba grisalhos. O chapéu de couro na cabeça, a calça cáqui mantida no lugar por suspensórios e a camisa de algodão eram seu uniforme para seus dias de exploração.

    Em sua última expedição, ele encontrou um dos artefatos mais raros do multiverso, uma Mox. Uma pedra de pura mana, pura energia e catalisadora de magias. É estimado que haja apenas cinco dessas

    pedras, uma representando cada um dos tipos de mana encontrados em qualquer plano.

    Hagia havia encontrado a Mox do Fogo, trazendo-a para Bangalesh.

    A Mox da Luz e a Mox da Terra estavam em posse de outras civilizações em outros planos, mas a Mox da Escuridão e da Água ainda não tinham sido encontradas por ninguém.

    Esse era o objetivo de Hagia! A posse de um artefato tão poderoso quanto a do fogo fez com que Bangalesh avançasse sua tecnologia em cinco anos, o equivalente a cinquenta! O arqueólogo sonhava com os desenvolvimentos de seu povo após a posse das duas pedras ainda não encontradas.

    Após encontrar a do fogo, ele passou os últimos cinco anos de sua vida procurando as outras Moxes perdidas, mas finalmente encontrou o local da pedra da Escuridão.

    Ele decidiu ir sozinho até o plano onde estava a Mox. No passado, ele havia sofrido traições por colegas de equipe, além disso, não havia um ser vivo mais poderoso que ele em Bangalesh.

    "Sou um Viajante, não há perigo que possa me matar com facilidade.

    E se as coisas irem de mal a pior eu saio do plano e volto com reforços." – disse Hagia a sua única filha antes de sair de casa.

    Capítulo 4 – Não pegue o que é meu

    Então é aqui, nesse plano minúsculo que eu finalmente encontrarei ela – Disse Hagia após passar pelo portal e chegar em um plano que nós já conhecemos.

    Com certeza é escuro, melhor acender uma luz – Ele falava enquanto acionava uma lanterna usando um pouco de magia de luz.

    Hmm, será que há alguma criatura aqui? Parece que ouvi um chiado – Hagia começou a procurar ao redor, mas a primeira coisa que viu chamou sua total atenção. Ele viu a Mox da Escuridão flutuando em uma rocha a alguns metros dele.

    É isso! Finalmente te encontrei! – ele pensou com um pequeno sorriso surgindo no lado esquerdo do seu lábio.

    Ao se aproximar da borda da rocha, ele viu a água negra e estranha.

    Melhor não pisar nisso. Vou conjurar algo rápido para voar até ali

    murmurou Hagia enquanto fazia gestos com as mãos e dizia palavras em uma língua estranha.

    Um leve brilho branco o envolveu, enquanto asas espirituais parecidas com de anjos apareciam nas suas costas. Em alguns bateres de asas ele já tinha se transportado da rocha inicial para a que estava com a pedra.

    Ao chegar próximo da pedra, ele tirou um pano espesso do bolso da frente e envolveu a parte de baixo dela para não precisar tocá-la diretamente. Ele também estava usando uma luva na mão que tocou a pedra.

    Incrível, tão pequena e tão poderosa. Você é linda, mas você é muito perigosa também, não é?

    Por ser um Viajante, Hagia tinha sensibilidade a magia e conseguia conjurar, mesmo com pouco treinamento formal nas artes mágicas.

    Enquanto a maioria dos magos tem proficiência com apenas um tipo de mana, Hagia conseguia conjurar magias derivadas das manas de luz e do fogo.

    Enquanto analisava de perto a pedra, ele se assustou quando um zumbido irritante passou perto de seu ouvido. Em um instante ele viu o que parecia um inseto estranho tocar a pedra em sua mão e ser atingido por vários raios negros que fritaram a pobre coitada.

    Ufa, ainda bem que eu lembrei de usar o pano e a luva – ambos eram itens mágicos com habilidade de isolar magias.

    Enfim, melhor sair daqui. Esse lugar me dá arrepios

    Enquanto se virava para voltar ao portal, algo estranho passou no canto da sua visão periférica. Era estranho, desde que entrou no plano só tinha visto aquele inseto que morreu, e ele estava bem ali no chão...

    Espera, onde está aquele inseto? Será que ele foi vaporizado? -

    não havia nenhum traço dele no chão.

    Que sensação é essa? Parece que eu estou ficando mais... fraco

    Quando ele olhou para baixo, sua mão que havia pegado a pedra estava coçando e doendo. Colocando a Mox em sua bolsa, ele começou a ficar preocupado e foi lentamente tirando a luva para ver o que estava acontecendo. Uma coisa esverdeada começou a escorrer da luva e um cheiro podre atingiu seu nariz em cheio.

    O QUE?! O QUE ESTÁ ACONTECENDO? - gritou Hagia Quando ele terminou de tirar a luva, sua mão parecia uma esponja que havia sido usada para limpar o musgo que crescia em uma árvore antiga. Pedaços de pele cheios de pus deslizavam na carne putrefata e esverdeada.

    ISSO NÃO PODE SER REAL! NÃO PODE!

    Ele tocou sua própria mão para conferir se não era uma ilusão, algo parecido com isso já havia acontecido com ele, mas quando ele sentiu seus dedos tocando a carne que parecia uma geleia e os ossos que pareciam estar se esfarelando ele fez a única coisa lógica que um humano nesse tipo de situação poderia fazer... ele GRITOU

    mais uma vez:

    O QUE É ISSO?!? ISSO NÃO PODE SER REAL!

    Em meio aos gritos e a dor, ele caiu de costas, batendo o cotovelo direito diretamente no chão duro e frio. Sua lanterna caiu e foi lançada para trás, caindo no oceano negro. Ela boiou durante pouco mais de um segundo antes de ser engolida pelo breu infinito.

    Antes que a lanterna mergulhasse por completo, ele viu algo que o deixou completamente apavorado.

    Capítulo 5 – Eu vou matar vocês dois!

    Enquanto a joaninha caia da mão de Hagia, após ter tocado na pedra, raios negros iam perfurando o seu corpo e liquefazendo seus músculos, ela sofreu uma dor incapaz de ser compreendida.

    Mesmo com o que estava acontecendo, ela só conseguia pensar em uma coisa: A pedra é minha!, ela sentia um forte ódio do ladrão, ela desejava que ele não existisse, ela desejava do fundo de sua alma que ele sofresse como ela estava sofrendo.

    A pedra sempre foi dela e nunca seria de mais ninguém! Mas quando ela atingiu o chão, duro e implacável, ela sentiu alguma coisa quebrando dentro dela. Isso não era bom, com certeza não era bom.

    Eu só queria... voar... atrás... da pedra... – pensou a joaninha enquanto sua consciência ia apagando.

    Ela se sentiu morta, mas um momento após isso ter acontecido ela estava acordada novamente.

    Ela se sentia estranhamente bem, não havia dor, a ansiedade dela já tinha passado. Por alguns momentos ela só ficou ali, se sentindo bem, sentindo seu peso sobre a rocha fria. Ela sentia que algo a estava protegendo e dando forças a ela, essa era a melhor sensação da vida dela.

    Com alguns bateres de asas ela já tinha conseguido sair do chão e chegar a uma altura considerável.

    Então, ela viu aquela luz que o invasor pretensioso, que havia roubado a pedra, trouxe consigo. A luz estava afundando no oceano

    negro. Isso era bom, todo aquele breu nada impedia os sentidos da joaninha, mas parecia um incômodo dos grandes para o ladrão.

    O ódio por ele voltou, esse sentimento voltou de forma exponencial e a joaninha tinha que se expressar. Ela tinha que liberar o que estava sentindo ou então ela morreria. Era isso que ela sabia!

    A joaninha viu a mão ferida do ladrão, era a oportunidade perfeita, só poderia ter sido obra da pedra, era ela lhe dando uma chance de luta.

    Então ela testou novamente suas asas, sentiu que elas estavam mais fortes e resistentes do que nunca. Ela voou na direção do pulso do invasor, que estava desesperado, e ao pousar nele ela levantou as patas frontais, ambas estavam cobertas por um brilho fraco da cor roxo escuro.

    Ela começou testando o que ela conseguiria fazer contra a carne em decomposição que estava a sua frente. No primeiro golpe ela conseguiu rasgar o suficiente para partir metade de um osso, ele viu o ladrão se ajoelhar com uma expressão de pura dor e agonia.

    Bom. É isso que você merece – pensou a pequena O segundo golpe terminou o serviço em um osso e fez com que a mão atingida ficasse torta e caindo para o lado, mas quando ela preparou o terceiro golpe que deveria terminar de decepar o membro, uma luz branca e quente a atingiu pelo lado. Ela foi arremessada até quase cair no oceano.

    Com a carne fritando, ela fitou o invasor, ele então fez gestos e um crescente portal surgiu ao seu lado. Do portal, uma criatura com a aparência de um leão de pelos brancos surgiu imediatamente.

    Enquanto isso, o homem parecia estar tentando curar sua própria mão, mas as feridas pareciam não querer se fechar.

    Acha que vai conseguir levar a pedra só porque trouxe mais alguém? EU VOU MATAR VOCÊS DOIS! – esse pensamento correu na mente da joaninha enquanto ela voava com força total na direção da cabeça do leão.

    Capítulo 6 – Sua fúria

    Quando Hagia sentiu alguma coisa atingir duas vezes o seu pulso ele reagiu em reflexo. Enviou uma Luz Fervente instantaneamente na direção do seu braço, a magia era uma combinação de luz e fogo, com poder suficiente para fritar a pele humana e descolar ela dos músculos.

    A magia atingiu em cheio o inimigo, mas não parecia ter sido suficiente para dar cabo dele. A luz ainda brilhava em sua mão esquerda.

    Ele então viu quem o havia ferido, era a própria joaninha. Ao ver o pequeno inseto causando tanto estrago ao seu corpo, ele perdeu a calma e se enfureceu.

    Conjurando a primeira magia que lhe veio à mente, ele trouxe um Leão de Prata. Um portal se abriu a sua frente, revelando a enorme criatura. Seu corpo era tão grande que mesmo com as quatro patas no chão, ele ainda era mais alto que o arqueólogo. Seus pelos tinham uma cor metálica e refletiam bem a luz que Hagia estava sustentado.

    Inseto idiota e maldito! Você acha mesmo que pode me vencer?

    Hagia estava cada vez mais nervoso com toda aquela situação.

    "EU SOU UM VIAJANTE! NÃO SOU UM HOMEM QUALQUER! EU

    NÃO VOU SER DERROTADO POR UM VERME IDIOTA!"

    Hagia tinha uma característica que poucas pessoas conheciam.

    Quando ele era pressionado por alguém que deveria ser inferior a ele, uma terrível fúria o atingia. Como as emoções estão totalmente ligadas ao controle das manas e magias, Hagia perdia parte do controle sobre a mana de luz, mas fortificava suas manas de fogo.

    A de fogo, no quinteto das manas, é a energia que representa as emoções intensas, a paixão, a raiva, a rebeldia, a vontade de fazer as coisas do seu próprio jeito. Ela tem magias muito voltadas para calor, eletricidade e criaturas agressivas.

    O arqueólogo já tinha passado por situações assim e sabia muito bem como usar essa fúria para seu benefício. Ele não se entregou para a raiva.

    Apesar de ele ser um mago essencialmente de mana de luz, ele também conhecia algumas magias de fogo. Canalizando esse sentimento intenso para lançar as magias agressivas e violentas no lugar das protetivas e vigilantes magias de luz.

    Para iniciar, ele decide aprimorar as capacidades ofensivas do leão que ele tinha conjurado para se proteger.

    Ele lança a magia Ataque Inconsequente, isso fez com que as garras e presas do leão começassem a emitir um brilho alaranjado e quente, suficientes para ver melhor a silhueta do inseto.

    Por conta da magia, os olhos da criatura estavam mais agressivos, intimidadores e ferozes, com certeza mais do que suficiente para amedrontar até bravos cavaleiros.

    Quando a joaninha se aproximou, o leão deu um salto para frente, na tentativa de pegá-la desprevenida. Ele então abriu sua boca o máximo que conseguiu, estralando alguns ossos da mandíbula para conseguir causar o máximo de dano em uma só bocada. Em uma fração de segundos entre o salto e a mordida, a joaninha havia sido pega pelo leão e engolida inteira.

    SINTA O MEU PODER SUA PESTEZINHA ESCROTA! – bravejou Hagia!

    Capítulo 7 – Morte

    Para a infelicidade do leão, a joaninha não era facilmente amedrontada e muito menos ligava para a raiva de Hagia, afinal de contas, ela mesma estava carregada com essa mesma emoção.

    Ao ser engolida pelo leão, a joaninha continuou seguindo em frente, partindo ossos e tecidos com uma velocidade absurda. Ela passou diretamente pelos dentes, língua e garganta. Sangue, pedaços de ossos e tecidos voaram quando o inseto saiu pela nuca do leão, matando-o instantaneamente.

    LADRÃO! LADRÃO! LADRÃO! O próximo será você! – pensava a joaninha enquanto ela voava em direção do rosto incrédulo do arqueólogo.

    Reativamente, tentando se proteger, o invasor levou a mão ferida na frente da joaninha, mas não foi o suficiente para pará-la. Ela seguiu cortando e decepando o que restava do membro. Ao passar por ela, sangue e pus espirraram em várias direções fazendo o invasor fechar os olhos por um instante.

    E um instante era tudo que ela precisava, assim como ela tinha feito com o leão, a joaninha entrou na boca do invasor que estava aberta de dor e pavor, mas dessa vez ela não saiu diretamente pela nuca.

    A morte da primeira criatura foi rápida demais para saciar a minha sede - diria a joaninha neste momento, se ela pudesse falar.

    Ao invés disso, ela subiu pela parte mole atrás do céu da boca. Ela passou por trás das narinas e dos olhos até atingir a massa cinzenta do humano. Ao chegar nessa parte, ela golpeou a torto e a direito,

    picotando o cérebro do ladrão que havia tentado roubar sua preciosa pedra brilhante.

    Para o resto do mundo, o período entre a conjuração do Ataque Inconsequente por Hagia e os últimos golpes da joaninha dentro do crânio dele durou pouco mais que alguns segundos. Porém, para ambos, aquilo levou minutos inteiros.

    Hagia, havia sofrido uma derrota como nenhuma outra em sua vida.

    Joaninha, havia conquistado algo bem maior do que ela poderia imaginar, e o principal, ela manteve a pedra sob sua guarda.

    Ao terminar de destruir totalmente o cérebro do humano, a joaninha sentiu-se satisfeita e com sono. Ela precisava descansar e se recuperar, ela já tinha exaurido toda a sua força naqueles segundos decisivos.

    Onde ela estava era muito quente e úmido, não era agradável como o mundo onde ela nasceu e viveu toda a sua vida, então cavou um buraco para fora da cabeça. Ao sentir o gélido ar do lado de fora, ela buscou sua pedra. Ela estava ao lado do corpo do humano.

    Era reconfortante deitar-se em cima dela, dava para sentir vibrações leves e algo parecido com um sussurro distante sendo emanado da Mox. E assim, com esse sentimento de felicidade e tranquilidade ela adormeceu.

    Capítulo 8 – O fim de Hagia

    SINTA O MEU PODER SUA PESTEZINHA ESCROTA! – bravejou Hagia.

    Aquele era um Leão de Prata, um animal fantástico que Hagia conseguia invocar consumindo pouca mana. Normalmente, animais com pelos albinos na natureza são aberrações que sofrem pela falta de camuflagem natural. Porém, essa mesma fraqueza encoraja outras capacidades físicas e mentais.

    Não bastasse a criatura ser mais do que capaz de enfrentar um inseto, ela estava reforçada com Ataque Inconsequente, dando ainda mais força destrutiva para o animal.

    Morra, seu imprestável. Um inseto como você não merece existir, seja devorado por um animal que você nem compreende! – pensou o arqueólogo, enquanto via o leão pulando sobre a joaninha.

    Mas algo estranho estava acontecendo, no meio do pulo do felino, o humano sentiu a sua conexão com ele sendo quebrada, algo que acontece quando a criatura invocada é derrotada.

    Um instante depois, o inseto saiu pela nuca do leão, espalhando os lindos fios brilhantes da criatura, junto com seu sangue e fragmentos de ossos, na rocha fria.

    Hagia ficou em choque ao ver o inseto vindo na direção dele. A iluminação provida da magia que ele lançara era suficiente para revelar a face da joaninha. O seu único olho no centro da testa estava com manchas vermelhas, devido ao sangue que grudou na membrana. Esse mesmo olho, fitava os do humano com tanta determinação que era impossível virar o rosto.

    Em menos de um segundo, as garras, ainda com o leve brilho roxo fosco, estavam a centímetros do seu rosto. Hagia então pensou em fugir, aquilo que ele estava enfrentando não tinha tamanho, mas tinha uma intenção assassina palpável.

    Com a mão que ainda estava boa, ele começou a fazer os símbolos mágicos necessários para abrir um portal para voltar para casa, para o plano de Bangalesh. Por ser um Viajante, ele conseguia conjurar esses portais com uma facilidade muito maior que qualquer mago poderia fazer. Alguns símbolos e algumas palavras eram suficientes para tirá-lo dali.

    Preciso sair daqui. Não posso quebrar minha promessa. Minha filha me aguarda em casa – lembrou Hagia enquanto levava a mão apodrecida para frear o avanço da joaninha.

    Mas enquanto ele sentia a distância entre os mundos se afinando, a joaninha avançava aumentando a sua velocidade.

    Um terrível pensamento de derrota começou a surgir na mente do arqueólogo.

    Naquela velocidade, naquela distância, ele não sabia se seria capaz de invocar o portal a tempo.

    Foi por muito pouco, muito pouco mesmo. Mais uma fração de segundos e ele ficaria bem, mas ao invés disso, a joaninha atravessou o pulso de Hagia, no mesmo ponto onde ela já havia dado dois golpes e partido um osso. Foi tão rápido, que o sangue e pus da mão foram projetados para o rosto do arqueólogo.

    A dor, que estava constante, mas controlável, foi intensa. Tão violenta, que Hagia perdeu a concentração de sua magia. Ele gritou em vão, o mais alto que seus pulmões e sua garganta conseguiam. O

    inseto aproveitou a oportunidade, ele já tinha feito a mesma coisa com o leão e parecia determinada a matar o humano.

    Em um instante, Hagia sentiu as patas do inseto fatiando pedaços de seus lábios, dentes, língua e amígdala enquanto subia pelo seu palato mole até seu cérebro.

    Era o fim.

    Hagia sabia que tinha perdido. Nada naquele mundo desértico poderia ajudar e não havia ninguém para ouvi-lo gritar. Ele que já fora descrito como duelista invencível, quando tinha pouco mais de 30

    anos, havia perdido para um inseto.

    Seu último pensamento foi em sua filha. Ele havia dito para ela que ficaria bem, que não precisava de ajuda, que era capaz de sair ileso de qualquer situação. Parecia que o destino o havia cobrado caro demais por ter dado uma afirmação tão ousada.

    Enquanto sentia o inseto rastejando pelo interior de seu crânio, uma lágrima de tristeza escorreu pelo seu rosto.

    A vida lhe havia dado muitos presentes, mas tinha guardado algo pior do que ele poderia imaginar para o seu fim.

    Capítulo 9 – X será meu nome?

    A joaninha se sentia muito diferente após o sono. Novas ideias e palavras vinham à sua mente, um desejo de conhecer coisas novas e a vontade de falar palavras também veio junto.

    Ela viu então sua Mox, ela estava ao lado de onde ela tinha se deitado. Desejou segurá-la mais uma vez. Ao querer isso, ela levou um braço, um antebraço, uma mão e cinco dedos na direção da pedra e pegou ela.

    Era difícil entender o que tinha acontecido, mas a joaninha não parecia mais uma joaninha. Ela se sentia diferente, mais forte, mais capaz e mais inteligente também.

    Ao segurar a pedra, ela buscou sentiu aquele mesmo conforto que sentiu antes de dormir, mas ele não estava lá. Ela sentia que havia algo faltando.

    Ao pensar no que poderia ser, ela viu, pelos olhos de Hagia, quatro outras Mox, de diferentes cores e capacidades. Ela soube, naquele momento, que precisava dessas pedras.

    Então começou a traçar um plano para consegui-las. Aparentemente, ela conseguia se lembrar de partes da vida de Hagia e buscar informações que ele sabia em vida.

    Ela ficou deitada, conversando com sua própria mente durante muito tempo, tentando planejar algo que seria bom o bastante para conseguir as quatro Mox. Por fim, ela chegou em uma decisão:

    Tenho poucas informações, Hagia não tem tudo o que preciso para meu plano. Preciso de mais.

    Mas onde conseguir essas informações? Ela viveu nesse mesmo plano durante milênios e apenas uma pessoa entrou neste lugar, ela não poderia ficar esperando o resto da eternidade para conseguir o que precisava. Diferente de antes, agora ela conhecia o tempo.

    Ela então decidiu o que faria. Ela iria ao plano de Hagia, chamado de Bangalesh. Uma das coisas que ela aprendeu com o arqueólogo era a abertura de portais entre planos.

    Não era uma magia fácil, ela não era um Viajante, mas ela tinha determinação e tempo. Ela foi se lembrando de partes da vida de Hagia, foi testando seus conhecimentos e utilizando a mana providenciada pela Mox da Escuridão até o suficiente para abrir o portal. Assim que terminou os preparativos, ela precisava de se preparar para misturar entre o povo desse novo plano.

    Ela odiou a ideia de ter que parecer com a mesma raça do ladrão, mas era o procedimento com maior chance de sucesso. As roupas de Hagia estavam sujas e detonadas, mas ela ainda poderia se passar por um mendigo nessa nova civilização. Não havia nenhum espelho onde estava, mas ela tocava o seu corpo e sabia que poderia ser vista como um humano velho, o seu sexo era masculino, isso ficou óbvio quando ela começou a entender sobre a reprodução humana.

    Faltava algumas coisas ainda, o principal sendo o nome. Hagia Jebel era um nome famoso e causaria problemas se ela o usasse. Ela pensou em usar o nome de alguma pessoa que Hagia conhecia, mas havia o risco de encontrar a pessoa logo após sair pelo portal. Uma situação em que duas pessoas têm exatamente o mesmo nome poderia provocar perguntas desnecessárias.

    X

    Essa letra era usada pela raça humana para definir algo que ainda não se sabia ao certo.

    Seu nome seria X então.

    Não.

    Por que ela criaria o próprio nome seguindo padrões humanos? Teria que ser algo que tivesse relação com ela, algo que ela já tivesse vivido e que iria viver no futuro.

    Hmm, parece que dar nome às coisas é bem mais difícil do que eu imaginei. Como humanos conseguem ter tantos nomes, mesmo sendo apenas animais? – indagou a joaninha.

    "Eu deveria começar escolhendo um nome para minha terra natal.

    Isso deve ajudar a escolher o meu."

    Conversar com si mesmo. Parece uma coisa simples para qualquer criatura inteligente, mas era a primeira vez que ela fazia. Um pensamento veio a sua mente, teria essa prática alguma relação a Hagia? Ele falava com si mesmo com frequência.

    Enfim, não era uma coisa a se preocupar no momento.

    Hmm, Hagia pensou em mim em um tipo de inseto chamado joaninha. Elas parecem ser inofensivas, mas são predadoras que comem outros insetos e passam por uma metamorfose que muda totalmente a sua forma durante sua vida.

    Gostei delas. Vou dar o nome para esse plano de Joanes. Parece um bom nome.

    Espera. Já sei!

    Nomes têm significado, eles devem refletir a pessoa que o possui.

    Terei o meu primeiro nome para me lembrar de minha origem, o segundo para lembrar de quem me deu vida e o terceiro para me lembrar de meu objetivo.

    Meu nome será Joanes Mox Coletor.

    E ao abrir o portal para Bangalesh, Joanes olhou uma vez mais para seu plano natal, uma onda de novos saberes veio à sua mente enquanto esqueletos apareciam gradativamente entre as rochas do plano. Ali, entre duas pedras enormes, um vulto o olhava com derrota em sua face, Joanes sabia que havia vencido novamente.

    Capítulo 10 – Comecem, Terceira

    Expedição de Busca e

    Reconhecimento!

    Aproximadamente dez anos após a morte de Hagia.

    "Primeiramente, eu gostaria de agradecê-los pelo voluntariado e pelos esforços nesses anos de

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