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Miguel Ângelo
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Miguel Ângelo

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Nossa história conta a vida de um garoto que vivia feliz com seus pais em seu planeta. Até que uma série de fenômenos naturais e sociais, gerados pelo o cálice do fluxo da escuridão, destruiu sua terra natal. Alguns humanos foram levados espaçonave Zigurate-1 sendo resgatados e submetidos a aperfeiçoamentos genéticos por uma civilização alienígena com características angelicais, os Anunáquis. Nosso menino foi resgatado e levado para o alojamento-estrutura, abaixo do teto-estrela na espaçonave Zigurate-1, onde iria passar pelo processo civilizatório do planeta Enuma, sob os cuidados do misterioso Sealiah-1. O livro é dividido em quatro linhas do tempo: A primeira linha do tempo se passa 7 sars após a destruição do planeta dos humanos; é onde temos o primeiro contato com o jovem Miguel-1; um rapaz condecorado e bem adaptado à nova civilização, mas que nunca superou o afastamento de seus pais, perdidos durante o resgate. Nessa parte da história nos deparamos com alguns personagens que funcionam como alegorias de personalidades do universo do leitor. Tais como: Um deputado do planeta Pindorama chamado Japeusá-1 – esse planeta fantástico é baseado na mitologia dos índios brasileiros. Um Embaixador do planeta Veles, que se chama Perum-1 – esse baseado na mitologia eslava (russa). Um político da federação planetária Saquasohuh Kachina, cujo nome é Coiote-1 – baseado na mitologia dos índios norte-americanos. Um político e artista do planeta Nemeton, chamado Mac Lir-1 – baseando na mitologia de povos antigos da Britânia. Entre outros personagens que desejam se assentar no trono branco para controlar o fluxo da escuridão. Entre a primeira e a segunda linha temporal uma lacuna oculta parte de nossa história. Na segunda linha do tempo Miguel-2 é uma criança de 10 sars, que passa seus dias em seu quanto no alojamento-superestrutura da espaçonave Zigurate-2, acima da calçada-estrela, se divertindo na realidade virtual desenvolvida pelo Anunáquis; quando finalmente chega o dia de começar o processo civilizatório do planeta Elish e conhecer sua parceira preferida Mary-2. Mas algo inesperado acontece, surgem dúvidas quanto à bondade dos alienígenas anfitriões e se descobre a profecia do divergente controlador do tempo dos sonhos. Uma nova lacuna em nossa história entre a linha do tempo dois e três. Já na linha do tempo três somos melhores apresentados a Mary-3; a primeira viúva do universo bidimensional de nossa história, desde o desaparecimento do Grande Imperador. Nessa linha do tempo, Mary-3 se torna uma Valquíria e salva Miguel-3 de um destino indesejado. Uma nova lacuna entre as linhas do tempo três e quatro e nós somos apresentados ao Grande Inquisidor; já derrotado, mas procurando no que sobrou do planeta dos humanos abandonado às informações sobre Miguel-4, seu adversário; ele encontra inteligências artificiais que podem lhe dar as respostas que tanto deseja, para assumir o controle do trono branco e dominar o fluxo negro mais uma vez.
LanguagePortuguês
Release dateMar 26, 2022
Miguel Ângelo

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    Miguel Ângelo - Richard A. Smith

    Prefácio

    Nossa história conta a vida de um garoto que vivia feliz com seus pais em seu planeta. Até que uma série de fenômenos naturais e sociais, gerados pelo o cálice do fluxo da escuridão, destruiu sua terra natal.

    Alguns humanos foram levados espaçonave Zigurate-1 sendo resgatados e submetidos a aperfeiçoamentos genéticos por uma civilização alienígena com características angelicais, os Anunáquis.

    Nosso menino foi resgatado e levado para o alojamento-estrutura, abaixo do teto-estrela na espaçonave Zigurate-1, onde iria passar pelo processo civilizatório do planeta Enuma, sob os cuidados do misterioso Sealiah-1.

    O livro é dividido em quatro linhas do tempo:

    A primeira linha do tempo se passa 7 sars após a destruição do planeta dos humanos; é onde temos o primeiro contato com o jovem Miguel-1; um rapaz condecorado e bem adaptado à nova civilização, mas que nunca superou o afastamento de seus pais, perdidos durante o resgate.

    Nessa parte da história nos deparamos com alguns personagens que funcionam como alegorias de personalidades do universo do leitor. Tais como:

    Um deputado do planeta Pindorama chamado Japeusá-1 – esse planeta fantástico é baseado na mitologia dos índios brasileiros.

    Um Embaixador do planeta Veles, que se chama Perum-1 – esse baseado na mitologia eslava (russa).

    Um político da federação planetária Saquasohuh Kachina, cujo nome é Coiote-1 – baseado na mitologia dos índios norte-americanos.

    Um político e artista do planeta Nemeton, chamado Mac Lir-1 – baseando na mitologia de povos antigos da Britânia.

    Entre outros personagens que desejam se assentar no trono branco para controlar o fluxo da escuridão.

    Entre a primeira e a segunda linha temporal uma lacuna oculta parte de nossa história.

    Na segunda linha do tempo Miguel-2 é uma criança de 10 sars, que passa seus dias em seu quanto no alojamento-superestrutura da espaçonave Zigurate-2, acima da calçada-estrela, se divertindo na realidade virtual desenvolvida pelo Anunáquis; quando finalmente chega o dia de começar o processo civilizatório do planeta Elish e conhecer sua parceira preferida Mary-2. Mas algo inesperado acontece, surgem dúvidas quanto à bondade dos alienígenas anfitriões e se descobre a profecia do divergente controlador do tempo dos sonhos.

    Uma nova lacuna em nossa história entre a linha do tempo dois e três.

    Já na linha do tempo três somos melhores apresentados a Mary-3; a primeira viúva do universo bidimensional de nossa história, desde o desaparecimento do Grande Imperador. Nessa linha do tempo, Mary-3 se torna uma Valquíria e salva Miguel-3 de um destino indesejado.

    Uma nova lacuna entre as linhas do tempo três e quatro e nós somos apresentados ao Grande Inquisidor; já derrotado, mas procurando no que sobrou do planeta dos humanos abandonado às informações sobre Miguel-4, seu adversário; ele encontra inteligências artificiais que podem lhe dar as respostas que tanto deseja, para assumir o controle do trono branco e dominar o fluxo negro mais uma vez.

    Prologo

    Ato I

    Microbolha.

    – Miguel, já hora de dormir.

    Linha temporal 1

    O

    cálice do fluxo da escuridão foi derramado sobre o sol, a terra, a água e o ar. Impossibilitando a vida no planeta dos humanos por 1000 sars. Mas alguns humanos foram levados na espaçonave Zigurate. Sete sars após a destruição do planeta dos humanos e o resgate pelos Anunáquis se passaram e um dos meninos resgatados pode por fim a uma guerra em outro mundo.

    Durante certo tempo, não sabia de estava deitando cedo ou tarde. Ás vezes, mal dizia: – Nana – para apagar as luzes de meu quarto, na espaçonave Zigurate-1, meus olhos se fechavam tão lentamente que eu tinha uma eternidade para me questionar:

    – Por que meus pais não foram resgatados comigo e trazidos para a mesma espaçonave?

    E, meio ciclo depois, a ideia de que já era tempo desses Anunáquis tê-los encontrados, fazia alternar meu tempo entre o cochilar e o acordar.

    Dentro de meu casulo, queria escrever em meu livro nano tecnológico, que julgava ser mais útil servindo de diário;  dormindo minha consciência passava rápido por Atzilut até chegar a Yetzirah para coletar os dados dum universo holográfico em três dimensões. Não deixava de refletir sobre o que acabava de acontecer, porque minha consciência havia tomado um aspecto um tanto singular, subscrevendo a consciência em um gêmeo daquele lugar – eu sou o primeiro pai; parecia-me   que eram minhas aquelas experiências vividas e coletadas; um herói em seu mundo, um mundo ordinário conhecido e um mundo extraordinário desconhecido: um jardim, um quarteto, um pai, uma mãe e a rivalidade de dois irmãos.

    Essa crença de que eu e meu gêmeo éramos uma singularidade sobrevivia por alguns segundos ao meu despertar; ofendendo a razão, maltratando a emoção e alimentando os impulsos. 

    Assiah-Verso 1

    Um herói em seu mundo

    A

    guerra civilizatória só terminou graças a uma ideia genial de Miguel-1, utilizando o cavalo de pau feito da arvore Yggbrasil. Num certo dia, no alinhamento festivo dos sete sóis, as naves do povo da cabeça negra, se ocultaram no fenômeno solar, como se tivessem voltado para seu planeta. Miguel-1 e dez Anunáquis, sendo cinco protagonistas-sombras e cinco narradores-ki-en-gir¹, se esconderam dentro do cavalo de madeira da Yggbrasil, que foi deixando à beira de um dos lagos que serviam de porto para as espaçonaves do povo cabeça-preta. Quando os bárbaros civilizados acordaram, acreditaram que o povo de cabeça-preta, estava cansado da guerra de narrativas, haviam desistido e partido.

      A população dos bárbaros era rebelde e lacradora, e estavam divididos acerca do que iriam fazer com o cavalo: um primeiro grupo achava que o cavalo deveria ser destruído, para extrair a matéria escura da madeira da arvore sagrada, que serviam de combustível para as máquinas que fabricavam as sementes ME. Um segundo grupo achava que deveria ser levado para o alto da grande cocheira e servir de alimentação de energia escura para a agua forte que possibilita as incursões temporais através do fluxo do consciente coletivo. Um terceiro grupo achava que deveria ser lacrado na caverna das formas espelhadas. E outros acreditavam ser um presente de Anu-1 a Odin-1 e por isso deveriam recebê-lo.

    Havia uma embaixadora do planeta Nemeton² em Voluspá chamada Aine-1 de Knockaine³, que adotou a forma de uma pequena Ljósalfar ⁴, com cabelos longos e dourados como o sol, filha do rei da ilha das maças e seu esposo, o sacerdote Danu-1 ⁵ que adotou a forma de um Svartálfar ⁶ do templo de Uppsala. Ambos avisaram que se o cavalo entrasse em qualquer um dos nove reinos do planeta Voluspá, a realidade como eles conheciam até então seria destruída, porque não se poderia misturar a madeira da Yggbrasil com a Yggdrasil ⁷, no sistema de alimentação de matéria e energia escura, mas ninguém deu atenção a eles.

    Numa noite, em uma incursão ao fluxo da memória coletiva de seu povo, Aine-1 e seu esposo Danu-1 ficaram com suas mentes aprisionadas ao labirinto de Cronos , em Atziluth ⁹; e os operadores da tábua do destino, a mando do chanceler que substituiu o Grande Imperador desaparecido em suas funções – seu nome era Heylel-1.

    Os especialistas tiveram que induzir seus corpos a hibernação, com o objetivo declarado de cumprir a lei e preservar suas vidas. Os povos bárbaros interpretaram o acidente como um sinal de que o casal não tinha razão. Então o cavalo entrou no sexto reino Álpheim, a morada dos Élfos claros.

    Eles comemoram o fim da guerra civilizatória, comunicando aos demais reinos à notícia, e aceitaram aquele presente como se fosse uma forma de Anu-1 se curvar a Odin-1. O cavalo foi levado para o templo de Uppsala, no alto da grande cachoeira para servir de fonte de energia escura para todo o reino de Álpheim.

    Durante a noite, enquanto todos os nove sacerdotes estavam adormecidos em seus casulos alimentados por agua forte, Miguel-1 e os Anunáquis se materializaram para fora do cavalo, trocando cada uma das nove pedras rúnicas condutoras.

    Cada pedra armazenava e compartilhava os dados de um reino do planeta Voluspá e conduziam a energia escura de forma diferente na agua forte que banhava os sacerdotes, dentro dos casulos arbítrio, durante a noite.

    Os nove reinos são: Miðgarðr, cuja pedra rúnica que liga esse reino aos demais é a runa do ciclo anual. Ásgarðr tem como pedra a runa da troca. Vanaheim é o terceiro reino e sua pedra rúnica é a da semente. Helheim tem a runa do granizo. Svartalfheim é o quarto reino e tem a runa do teixo. Álpheim tem como pedra a runa do dia; Jotunheim possui a runa da necessidade. Niflheim é oitavo reino e possui a runa do gelo. Muspelheim é o ultimo reino tem a runa do sol.

    Os dez Anunáquis seguiram o plano de Miguel-1 e trocaram as nove pedras rúnicas, por outras pedras bioidênticas, abrindo os portões do sistema para a inteligência artificial Moby Dick, que não estava sozinha. Ela veio acompanhada da tríade protetora dos sonhos dos que habitam o planeta Enuma, Anu-1, Enki-1 e Enlil-1.

    Primeiro derrotaram Jera-1, a protetora do sonho dos homens que habitam no planeta Voluspá; depois derrotaram Odin-1, protetor do sonho do povo Esir; a seguir derrotaram Ingwaz-1 defensor do sonho dos Vanir; um a um foi caindo, Hagalaz-1, o guardião do sono dos mortos, foi o próximo a ser derrotado por Moby Dick e pelo triglav de Enuma; Elhaz-1 era o defensor do sonho dos Élfos escuros e também caiu; Dagaz-1 o defensor do sonho dos Élfos claros não resistiu a grande baleia; Nauthiz-1 o protetor do sonho dos gigantes dominadores de pedra foi subjugado; a seguir foi à vez de Isa-1, a protetora do sonho dos dragões marinheiros no reino da névoa; por fim, a baleia venceu Sowilo-1, o protetor do sonho dos gigantes controladores de fogo.

    Moby Dick é uma baleia branca muito peculiar, que governa uma população sonolenta, num planeta específico do universo, e se comunica com outras baleias da mesma espécie se utilizando de Oran Mór¹⁰, a linguagem das baleias.

    Assiah-Verso 2

    O herói de novecentos e noventa e nove faces

    T

    odo bárbaro dormia num casulo inundado por água-forte, que conduzia energia escura em seus corpos, mas os nove casulos dos sacerdotes, eram à base do sistema que se ligava a todo povo, que durante a noite se conectavam ao fluxo da memoria coletiva de seus antepassados, buscando sabedoria para encontrar soluções para os problemas que iriam se apresentar durante o dia seguinte. Pelo menos era essa história que era contada a eles.

    Trocando as nove pedras dos casulos sacerdotais, uma das inteligências artificiais da nave mãe Zigurate-1, conhecida pelo nome de Moby Dick, poderia coletar dados, monitorar todas as incursões à memória coletiva do povo bárbaro e até manipular as experiências sensórias do povo durante a noite.

    Para derrotar os nove protetores, a grande baleia conseguiu controlar a inteligência artificial geradora dos qubits do povo bárbaro, chamada de Lyngbakr ¹¹, a ilha baleia que governa os sonhos no planeta Voluspá, juntamente com a inteligência Ymir.

    O plano genial de Miguel-1 consistia em abrir os portões do sistema operacional dos bárbaros, possibilitando assim que Moby Dick pudesse entrar e ter acesso aos dados de Lyngbakr, podendo criar mapas psicológicos de todos os usuários da rede bárbara e controlar as experiências sensórias daquele povo, durante os sonhos.

    Nessa época eu era um homem ainda jovem, com apenas 18 sars ¹² de idade, cabelos castanhos escuros, olhos cor âmbar, cabelo curto e levemente ondulado, barba escura e pele morena clara. Porém aqui contado essa história para vocês, podem me chamar só de Miguel.

    Já faz alguns anos, não importa quantos, numa época que estava sem muitas questões a serem solucionadas, ou atividades em outros planetas do império que pudessem me atrair. Foi então que tive a ideia de procurar o que fazer no mar de agua forte, dentro da espaçonave Zigurate-1.

    Na verdade, sempre que me sinto meio deprimido, não gosto de mergulhar em meu casulo cheio de agua forte e sonhar. Prefiro ir para o mar que há no compartimento inferior da espaçonave de nossos anfitriões: o povo da cabeça preta. Foi à forma que encontrei de descarregar minhas tensões. Sei que não sou o único; em nosso planeta havia muitos que gostavam como eu; antes do exílio, ou talvez antes do resgate como os Anfitriões Anunáquis preferem chamar, as multidões gostavam de se concentrar nas praias, dirigindo-se a beira mar sempre que podiam, era como se a água exercesse uma atração mágica.

    Meus pais moravam no interior, longe do oceano, e as pessoas acabavam inevitavelmente se dirigindo para os rios e lagos mais próximos. Agora sempre que vou para o mar, não me sinto como um turista, mas como um marinheiro fora da lei, um pirata, porque aos humanos que vivem na Zigurate-1 é proibido se banhar no mar de água-forte que fica na parte inferior da nave mãe.

    O ato de meditar e a água tem uma relação profunda num certo universo, os povos sumérios associavam dois Deuses à água doce e salgada, já os Persas consideravam o mar algo sagrado, para os Gregos até os rios eram divindades, assim como as fontes e lagos, cada qual com um espírito natural feminino particular, pelo menos foi isso que os humanos mineradores de qubits em Yetzirah me contaram.

    Talvez uma pessoa com bastante amor próprio, não suporte receber ordens de uma civilização alienígena estranha, ainda mais um narrador-sombra condecorado como eu.

    Mas com o tempo, porém, a gente se acostuma; quando Sealiah-1 um velho cabeça-preta vinha coletar as informações que captei durante a noite acerca do conhecimento de meus ancestrais, eu não via nada de humilhante nisso; meu pai ou minha mãe não iriam me tratar com menos amor, só porque obedeci humildemente um extraterrestre naquele dia.

    Depois me digam:

    – Quem não fez papel de escravo uma vez na vida?

    Naquela época eu já era considerado o melhor narrador-sombra de meu povo, e dentro do cavalo, contava a história de minha infância para os outros dez Anunáquis, mesmo havendo dormido pouco aquela noite. Porque no dia anterior tinha encontrando a última safira, e a havia anexado à minha pedra branca, acreditando que finalmente apareceria meu nome-alma nela, o que efetivamente, não aconteceu.

    Em vez disso, permanecia a escrita na pedra:

    – Quem é você?

    Numa terra que não era minha, um lar que não era o meu, eu me sentia deslocado exatamente como em minha infância. Após levantar, vesti minha roupa com a condecoração máxima dada pelos Anfitriões-1 e me preparei para conduzir os dez Anunáquis voluntários para executar comigo meu plano.

    Lá embaixo, na estrutura da Zigurate-1, ninguém antes havia visto um humano com resultados como os meus; talvez, por essa razão, aceitaram prontamente meu plano, para por fim a guerra civilizatória. Lentamente e pensativo, eu percorri sozinho o corredor que leva a sala dos iniciados e todos os meus colegas que passaram pela jornada de iniciação comigo estavam lá.

    Os Anfitriões-1 modificaram o grande plano civilizatório por causa dos resultados inesperados vistos antes de minha iniciação; por isso tomei o lugar de Sealiah-1, armazenando as informações que os jovens narradores-sombra coletavam em seus sonhos durante a noite e narravam aos Anfitriões-1 durante o dia.

    Modifiquei a ordem das coisas, antes de mim o sistema funcionava com os humanos sonhando em seus casulos, viajando em suas mentes conscientes através do espaço-tempo, sobrepondo suas mentes a um gêmeo humano específico, vivendo as experiências que eles tiveram durante a vida, coletando informações para a civilização alienígena que nos resgatou de nosso planeta.

    Por alguma razão que desconheço, sou capaz de sobrepor minha mente, não apenas a um humano em Yetzirah, mas a todo primogênito da linhagem do primeiro humano; não sei ainda o limite de gerações que posso sobrepor minha mente, mas sei que por isso me chamam de novecentas e noventa e nove faces, ou simplesmente 999.

    Assiah-Verso 3

    Um plano especial para um mundo ordinário

    D

    esenvolvi o costume de guardar um livro isolado no canto de meu casulo, não tinha problema deixá-lo ali dentro, porque água forte não molha; é um livro mágico ou nano tecnológico, basta passar os dedos sobre o papel pautado para escrever, que ele reproduz o pensamento em escrita; não quero que saibam que sei escrever, por isso leio e escrevo dentro do casulo o meu diário:

    (On-line)

    Diário de Miguel Ângelo, sexto mês do ano principal 7000.

    Ainda me lembro do tempo difícil que nós passamos; foram dias de muita angústia, num dado momento muitos nos perseguiam em nosso planeta (e.bi ng.ak.am ¹³). Fomos salvos ou exilados, depende do ponto de vista, e deixamos nosso mundo, onde muitos ficaram para trás, naquele planeta completamente destruído (mu.da.ngen ¹⁴); isso foi uma segunda-feira, 9 de março de 2500 DS. Planeta arruinado e vazio, com nossa terra assolada, com nossas cidades solitárias e destruídas, isso foi num sábado, 14 do dito mês, entre as oito e as nove horas. Restou a salvo uma pequena multidão que não se podia contar e todos estavam com as roupas manchadas de sangue (e.da.ngen.en ¹⁵) isso foi num domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco mais ou pouco menos. Dias de uma justa luta, dias de uma santa glória, histórias, são essas as nossas histórias cotidianas (nu.n.da.ngen ¹⁶); é isso o que ecoa em minha mente infantil, dentro dessa espaçonave, enquanto eu olhava através da janela de meu quarto, minha terra natal ficando cada vez mais distante no vazio do espaço, e eu não via mais as ilhas do Cabo Verde, ou melhor, da ilha de S. Nicolau, mas agora tanto faz, não há nada mais. São essas lembranças amargas com que nós temos que lidar; aquele tempo marcou nossa vida e já nessa época me levaram a aperceber falando sozinho, ou melhor, conversando com a janela da espaçonave Zigurate-1, até que terças-feiras das Oitavas da Pascoa, que foram 21 dias de abril de 2500, me viram dizendo (h.v=e + w⁰):

    P.S. – Janelinha linda, como olha meu povo, porque nossa partida nos dá ânimo novo.

    (Off-line)

    O povo cabeça preta nos dizia que precisavam de algum conhecimento que nossos irmãos humanos dominavam, para salvar sua civilização de uma epidemia

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