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Bíblia Sagrada: Um Olhar Espírita
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Ebook344 pages8 hours

Bíblia Sagrada: Um Olhar Espírita

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A série "Conhecendo o Espiritismo" continua e neste sexto livro a temática abordada é a Bíblia Sagrada. Trazendo um olhar espírita sobre os personagens bíblicos, as predições evangélicas e as aparentes contradições entre a Bíblia e o Espiritismo, você sanará muitas dúvidas. Algumas perguntas trazidas na obra são: Como entender o Apocalipse e o Juízo Final?, Há na Bíblia fenômenos mediúnicos?, A Bíblia é contrária ao Espiritismo?, Qual a visão espírita sobre santos, anjos e demônios?. Sempre com objetividade e clareza, você compreenderá melhor sobre a Doutrina Espírita e a sua relação com os evangelhos bíblicos.
LanguagePortuguês
Release dateSep 28, 2022
ISBN9786588535332
Bíblia Sagrada: Um Olhar Espírita

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    Bíblia Sagrada - Evelyn Freire de Carvalho

    Dedicatória

    Às netinhas, Tizziana Borghi e Yana Borghi, pelo grande amor que dedicam ao Conhecendo o Espiritismo e ao trabalho de Jesus.

    Agradecimentos

    À equipe, encarnada e desencarnada, do Conhecendo o Espiritismo. Sem o apoio de cada um de vocês, esse projeto jamais seria possível.

    Meus mais sinceros agradecimentos.

    Prefácio

    Queridos amigos do plano material, é com grande alegria no coração que vemos o nascer de mais um singelo trabalho, almejando contribuir para um melhor entendimento da humanidade sobre as palavras e os ensinamentos

    dos Evangelhos.

    A flor do conhecimento ilumina e acolhe em seu seio a luz que retirará do homem a cegueira e as sombras.

    A Bíblia apresenta-se como um lindo e florido jardim, repleto de diversidade, cor e beleza. Todavia, quando as flores precisam ser colhidas, deve-se ter cuidado, pois os espinhos machucam. Eles são importantes, ensinam o homem a ter cuidado e vigilância, mas não devem ofuscar

    a beleza e o esplendor das flores.

    Não se julgam as rosas por possuírem espinhos, nem se desconsideram os Evangelhos por apresentarem algumas ideias apropriadas a um tempo específico, como se não trouxessem mais luz ao mundo. Necessitam apenas de um olhar cuidadoso para que deles se tire o melhor sentido.

    Neste singelo trabalho, alguns espinhos são removidos para que a beleza das rosas seja destacada com todo a seu brilho, trazendo ao homem mais amor e o aproximando de Deus.

    Jamais esqueçamos de olhar tudo com carinho, lembrando que o Mestre Jesus veio à Terra para que pudéssemos viver unidos em fraternidade, sem sentimento de exclusão ou de soberba, mas de união. Unamos todas as flores nesse lindo jardim de amor, para que cada uma floresça e encante o mundo com a sua forma e perfume.

    Equipe Espiritual do Conhecendo o Espiritismo.

    Introdução

    Meus queridos amigos, bem-vindos a mais um livro da série Conhecendo o Espiritismo.

    Como é bom estarmos juntos nesta caminhada rumo ao aprendizado, à evolução e ao progresso. Esse novo livro aborda a temática Bíblia e o Espiritismo, assunto sempre muito questionado por todos, principalmente no tocantes às aparentes divergências entre ambos.

    Analisando as dúvidas mais frequentes, o livro foi dividido em quatro capítulos: noções preliminares, predições, curiosidades e supostas contradições. Buscando sempre objetividade e muita clareza, tentamos auxiliar o leitor a melhor compreender a Doutrina Espírita e a sua relação com os evangelhos bíblicos.

    Esperamos que o caro leitor também aprecie esse trabalho.

    Excelente leitura!

    Capítulo I

    Noções Preliminares

    1. O Espiritismo confirma a existência de Deus?

    Certamente que sim. A crença em Deus é um dos princípios fundamentais do Espiritismo. O presente estudo resume a Doutrina Espírita em cinco princípios fundamentais: 1. Existência de Deus; 2. Imortalidade da alma; 3. Pluralidade das existências; 4. Pluralidade dos mundos habitados e; 5. Comunicabilidade dos espíritos.

    A existência de Deus é a base do Espiritismo, sua pedra angular, sendo que Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.¹ Acima de todas as inteligências que existem no Universo, está a inteligência Divina, Ele criou tudo o que existe: o mundo material e o imaterial, os espíritos encarnados e desencarnados.

    Para o Espiritismo, Deus é o Criador do Universo, admitindo a tese monoteísta. Deus não está limitado à humanidade, ao planeta Terra ou à Via Láctea, Ele abrange todas as coisas, todos os seres vivos, inteligentes ou não, encarnados ou desencarnados do Universo, estende-se pelo Cosmo e o mantém organizado e ordenado. Para a Doutrina Espírita, o Universo é estruturado, as coisas não ocorrem ao acaso, havendo em tudo causalidade, inteligibilidade, significado e padrão.

    Interessante que na primeira pergunta de O Livro dos Espíritos, Kardec questiona: Que é Deus?² e não Quem é Deus?, visto que seria uma pergunta a nos recordar a figura de um Deus antropomórfico, aos moldes do Antigo Testamento, como um homem de sumo poder e dotado das qualidades e defeitos dos outros homens, o que não faria sentido. É essa ideia que muitas pessoas rejeitam, um Deus vingativo, colérico, arbitrário, interessado em receber honras e homenagens e fazendo questão de punir eternamente quem não O obedeça.

    Não é simples definir Deus, mas a Doutrina Espírita auxilia o homem trazendo uma compreensão mais abrangente da ideia de Deus. É difícil defini-Lo ou provar a sua existência, mas temos condições de senti-Lo e de intuí-Lo em nossa mente e em nossos corações.

    Em A Gênese, consta a informação de não ser dado ao homem sondar a natureza íntima de Deus, pois, para que seja possível ao homem compreendê-Lo, ainda nos falta o sentido próprio e que somente com a depuração completa do Espírito conseguiremos adquiri-lo.³ Embora nos seja invisível, Deus não nos é totalmente desconhecido. Não se mostra aos olhos do corpo, contudo, faz-se evidente ante nossa compreensão por todas as suas obras (a Criação) e podemos senti-Lo espiritualmente, nas vibrações do seu infinito amor. Encontramos Deus em nossa experiência mais íntima, quando nos dirigirmos a Deus com humildade e simplicidade de coração, com o bom ânimo de atender primeiramente à Sua vontade e não à nossa.

    A parte mais importante da revelação do Cristo foi o ponto de vista completamente novo da Divindade, trazendo à consciência da humanidade um Deus clemente, soberanamente justo e bom, cheio de mansidão

    e misericórdia, aquele Pai comum do gênero humano que estende sua proteção por todos os seus filhos e os chama todos a si.

    Em nosso relacionamento com Deus, muitas vezes acreditamos encontrá-Lo nos templos religiosos. Reflitamos. Ele está em todos os lugares, dentro e fora dos templos, por isso precisamos ser verdadeiros diante dos ensinamentos evangélicos, no lar, no trabalho, na rua e no trânsito. Nos templos buscamos o entendimento e o fortalecimento para enfrentarmos os problemas, as dores, as aflições que apareçam em nossas vidas, mas não exatamente Deus.

    A prova da existência de Deus está num axioma: Não há efeito sem causa, tudo que não é obra do homem é obra de Deus.⁵ Sendo Deus

    a causa primária de todas as coisas, a origem de tudo o que existe, a base sobre qual repousa o edifício da criação, é também o ponto a ser considerado, antes de tudo. Resulta disso que todos os efeitos impossíveis de serem criados pela humanidade são exemplos dessa causa inicial, a qual se chama Deus, Jeová, Alá, Fo-Hi, Grande Espírito etc.

    Para a compreensão do axioma, precisamos aceitar não se produzirem os efeitos ao acaso, de modo fortuito. Desde a organização do mais pequenino inseto até a lei que rege os mundos circundantes no espaço infinito do Universo, tudo atesta e comprova uma perfeita combinação, só podendo originar-se de uma inteligência divina e superior que ultrapassa todas as combinações e potências humanas. A causa é, pois, soberanamente inteligente.

    Desta feita, para a crença em Deus, basta o ser humano olhar para as obras da Criação. Existindo o Universo, deve o mesmo ter tido uma causa. Duvidar da existência do Pai é negar ter todo efeito uma causa, é aceitar poder o nada fazer alguma coisa.

    Quando se lança um olhar em torno de si, sobre as obras da natureza, reconhece a criatura não haver nenhuma que não ultrapasse os limites

    da mais potente inteligência humana. Se o homem não as pode produzir, são produto de uma inteligência superior, a menos que se sustente haver efeito sem causa. A existência de Deus é, assim, uma realidade comprovada não só pela revelação como pela evidência dos fatos.

    Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, criou o Universo, que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais. Tudo isto, por certo, não expressa exatamente todas as capacidades da Divindade, mas é o que a nossa capacidade intelectiva pode, no momento, conceder quanto à Divindade.

    A razão diz que Deus deve possuir em grau supremo essas qualidades, porquanto se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita, Ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus. Logo, para encontrar-se acima de tudo, é condição indispensável estar isento de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação conceba. A espiritualidade superior orienta que, embora tais atributos não revelem a totalidade das características de Deus — visto haver verdades ocultas da Terra e superior à inteligência dos homens — eles são suficientes para fornecer uma ideia completa de Deus.

    Comentando acerca dos atributos de Deus, Kardec⁷ elucida que é eterno, pois caso houvesse um começo, teria saído do nada ou sido criado por uma inteligência anterior, de modo que não poderia ser Deus, auxiliando-nos tal raciocínio a compreender a infinidade e a eternidade do Criador. É imutável, pois a partir do momento que estivesse sujeito a alterações, suas leis universais não teriam estabilidade. É também imaterial, diferindo sua natureza de tudo o que se pode chamar hoje de matéria pelo homem terreno. Caso contrário, não seria imutável e estaria sujeito às transformações da matéria.

    Deus é único, pois sem tal atributo não haveria unidade de pensamento e de poder na organização do Universo, não podendo haver vários Deuses. Ele é todo-poderoso, sendo o único detentor de poder soberano, não podendo existir outra inteligência mais ou tão poderosa quanto Ele. Nesse caso, tudo seria, na verdade, obra de outro Deus. Por fim, o Criador é soberanamente justo e bom, revelando-se a sabedoria de Suas leis nas mínimas e maiores coisas, não nos sendo possível duvidar da Sua justiça

    e nem da Sua bondade.

    Acerca deste último atributo, Deus não poderia ser simultaneamente mau e bom, porque a indisposição de qualquer dessas duas qualidades no grau supremo não Lhe conferiria a natureza de ser Deus. Desta feita, considerando darem as suas obras testemunho da Sua sabedoria, da Sua bondade e da Sua solicitude, conclui-se, necessariamente, ser Ele infinitamente bom.

    A soberana bondade implica na soberana justiça. Se Ele agisse injustamente ou com parcialidade, num único momento ou com um só de seus filhos, não seria soberanamente justo e, logo, não seria soberanamente bom. O Espírito Miramez⁸, em suas observações, adverte que as qualidades de Deus têm o toque das nossas comparações pálidas, por não existirem outras em que possamos nos apoiar, sujeitando Deus às nossas

    deduções pequenas.

    Destaca que quando dizemos ser Deus a Suprema Inteligência é pelo fato não haver recursos na linguagem para destacá-Lo de outra forma, pois na verdade a Inteligência e razão são posses do Espírito comum e o Criador está acima de todas as colocações humanas, e mesmo espirituais, do nosso plano.

    Mesmo quando afirmamos ser Deus Amor, seguramente, ainda diminuímos o Grande Foco de Luz que nos sustenta, sendo o amor um dos Seus atributos. Ele mesmo é muito mais que o amor, é o Incomparável. Lembra que a magnitude de Deus ofusca todas as luzes, Sua bondade inspira todas as bondades do universo, sendo Seu amor o alimento de toda a criação. A religião perfeita, se assim podemos designar, é aquela que não se opõe às sobreditas assertivas, em cujos dogmas todos as constatem.

    2. O Espiritismo é uma religião cristã?

    Sim, a Doutrina Espírita é essencialmente cristã, pois se baseia nos ensinamentos trazidos e vivenciados por Jesus, considerando-o como o maior modelo e guia da humanidade.⁹ O Espiritismo procura seguir a mensagem do Cristo, em sua inteira pureza, simplicidade e amor.

    Não é o fato de a Doutrina Espírita não crer em todos os dogmas apresentados por outras religiões cristãs que faz de seus adeptos não cristãos. O Espírito de Verdade, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, já ensina que no Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizarem.¹⁰

    No decorrer dos séculos, portanto, houve interpretações que acabaram por alterar o sentido real das palavras de Jesus, mas já é tempo de retornarmos ao verdadeiro sentido da mensagem trazida pelo Nazareno. Essa é também a missão do Espiritismo. Vejamos o que os Espíritos Superiores afirmaram a Kardec:

    Aproxima-se a hora em que te será necessário apresentar o Espiritismo qual ele é, mostrando a todos onde se encontra a verdadeira doutrina ensinada pelo Cristo. Aproxima-se a hora em que, à face do céu e da Terra, terás de proclamar que o Espiritismo é a única tradição verdadeiramente cristã e a única instituição verdadeiramente divina e humana.¹¹

    A pedra angular de qualquer religião cristã é seguir Jesus. Ele mesmo disse que seus discípulos seriam conhecidos por amarem uns aos outros.¹² E dessa verdade o Espiritismo não diverge, mas a ratifica em todos os seus preceitos. Lembremos ainda das palavras do Mestre quando disse onde estão dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.¹³

    O apóstolo Pedro muito bem compreendeu o significado das palavras do Salvador ao afirmar de fato agora compreendo que Deus não faz distinção de pessoas; mas todos os que o adoram e praticam o bem são aceitos por ele, seja qual for a sua nação.¹⁴

    Jesus veio ao mundo para nos ensinar o verdadeiro amor, tornando-nos homens de bem. Quando nossos pensamentos e atitudes pautarem-se na verdadeira caridade, compreendida pela benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias e no perdão das ofensas¹⁵, poderemos nos considerar cristãos, seguidores do Cristo, sendo o verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão a mesma coisa.¹⁶

    O Evangelho Segundo o Espiritismo busca, essencialmente, a renovação do homem, levando-o a ser um homem de bem. Em A Gênese, Allan Kardec assevera:

    O Espiritismo, longe de negar ou destruir o Evangelho, vem, ao contrário, confirmar, explicar e desenvolver, pelas novas leis da natureza, que revela tudo quanto o Cristo disse e fez; elucida os pontos obscuros do ensino cristão, de tal sorte que aqueles para quem eram ininteligíveis certas partes do evangelho, ou pareciam inadmissíveis, as compreendem e admitem, sem dificuldade, com o auxílio desta doutrina, veem melhor o seu alcance e podem distinguir entre a realidade e a alegoria; o Cristo lhes parece maior: já não é simplesmente um filósofo, é um Messias divino [grifos do autor].¹⁷

    Além disso, a Doutrina Espírita não é apenas cristã, mas um projeto do Cristo, anunciado por Ele, como o Consolador Prometido.¹⁸ Ainda compreenderemos mais amiúde a razão pela qual o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido, mas resumidamente traz o conhecimento das coisas, faz com que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra, atrai os homens para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança. Portanto, afirmamos, com segurança, ser o Espiritismo cristão.

    3. Quem foi Moisés?

    Moisés, segundo nos ensina a Doutrina Espírita, foi o Espírito enviado por Deus, em missão, para O tornar conhecido do povo hebreu e da humanidade. Ele é considerado o mensageiro da primeira revelação divina. O decálogo trazido por seu intermédio contém o gérmen de toda a moral cristã, sendo o farol destinado a clarear a estrada que a Humanidade tinha de percorrer.¹⁹

    Conforme informação trazida pelo Espírito Áureo, Moisés veio de Sírius, da Constelação do Grande Cão, junto com outros Espíritos missionários, à serviço do Cristo Planetário. Renunciaram à glória e à felicidade para descerem aos vales de dor da nossa Terra primitiva.²⁰

    Moisés foi um dos maiores heróis da Bíblia. Seu nome em hebraico é Moshe e significa aquele que foi tirado, em alusão ao fato dele ter sido retirado do rio Nilo e criado pela filha do Faraó.²¹ Moisés nasceu na terra de Gósen, que fica no baixo Egito, na época em que o povo de Israel encontrava-se escravizado há quatrocentos anos, aproximadamente. Nesse momento, Deus decide trazer à Terra um libertador.

    O Faraó, à época, temendo a multiplicação dos meninos hebreus, determina que todas as crianças nascidas do sexo masculino deveriam ser mortas. A mãe de Moisés, temendo a decisão do Faraó, coloca o filho em um cesto de junco, betumado com resina e deixa o cesto às margens

    do rio Nilo.

    A irmã de Moisés, que se chamava Miriã, fica escondida acompanhando o que aconteceria com o cesto. Vê quando o mesmo é encontrado por uma criada da filha do Faraó, que se banhava no rio. Ao ver a criança, a filha do Faraó desejou criá-lo como seu, mas ficou preocupada em como iria alimentá-lo, pois não tinha leite.

    Nesse momento, a irmã de Moisés, que a tudo assistia, aproximou-se e disse conhecer uma mulher israelita que acabara de dar à luz e que poderia amamentar a criança, sendo a proposta aceita pela filha do Faraó. Miriã chamou a própria mãe e Moisés acabou sendo criado pela sua mãe hebraica, que não revelou o parentesco, e pela mãe adotiva e egípcia.²²

    Moisés foi educado com todos os benefícios do palácio. Sua criação foi completa, teve acesso à melhor educação disponível no Egito. Criado como príncipe, aprendeu matemática, astronomia, táticas de guerra e outros ensinamentos indispensáveis para a missão que desenvolveria no futuro. Aprendendo a ler e a escrever, pôde se tornar o homem que escreveria a Torah, o livro sagrado do Judaísmo.

    Em torno dos quarenta anos, ao ver um hebreu ser maltratado por um egípcio, Moisés saiu em sua defesa e acabou matando o egípcio. Alguns dias mais tarde, encontra dois judeus brigando e, ao tentar apartar a briga, é questionado por um deles se agora queria se tornar juiz dos hebreus também, se a morte do egípcio não lhe bastava. Sentenciado à morte pelo Faraó e temendo por sua vida, Moisés foge para a terra de Midian, no deserto, onde se casa com Zípora e tem dois filhos, Gerson e Elieser.²³

    No deserto, com uma vida completamente diferente, Moisés tornou-se outro homem, um pastor de ovelhas, um homem simples. Certo dia, subindo o monte Sinai, ele ouve uma voz divina, a voz de um anjo do Senhor, que surgia em uma chama de fogo, dentro de uma sarça.²⁴ Mesmo ardendo em fogo, a sarça não se consumia. Disse a voz:

    Moisés, Moisés! [...] Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó! [...] Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. [...] Vem, agora, e eu te enviarei a faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito. Então disse Moisés a Deus: Quem sou eu para ir ao Faraó e tirar do Egito os filhos de Israel? Deus lhe respondeu: Eu serei contigo; e este será o sinal de que eu te enviei: depois de haver tirado o povo do Egito, servireis a Deus neste monte.²⁵

    Nesse momento, portanto, Deus revela-se a Moisés. Em uma época em que o politeísmo imperava, Moisés foi chamado a retornar ao Egito para libertar o povo hebreu, trazendo a ideia do Deus único, Soberano Senhor e criador de todas as coisas, lançando as bases fundamentais da verdadeira fé. Foi o grande legislador do povo hebreu, auxiliando no desenvolvimento dessa fé, ainda primitiva, mas que deveria espalhar-se por toda a Terra.

    O Espírito Emmanuel ensina que, para a missão de Moisés, o povo hebreu não foi escolhido ao acaso. Dos Espíritos degredados de Capela e que encarnaram na Terra, formavam a raça mais forte e homogênea. Embora fossem um povo muito orgulhoso, mantiveram intactos seus princípios e crenças, era grande [...] a sua certeza na existência de Deus.²⁶

    Como o povo de Israel acreditava na existência de um Deus todo-poderoso, encontraram n’Ele a força necessária para suportarem todas as provas, injúrias e violências, representando os quarenta anos no deserto um processo de purificação e de fortalecimento de sua fé. Em verdade, todas as raças do mundo devem ao povo hebreu a revelação do Deus único, criador de todas as coisas e nosso Pai supremo.

    Moisés foi o missionário que fez nascer a religião do Judaísmo, a primeira a trazer a ideia do Deus espiritual. Até esse momento, os homens adoravam deuses como o Sol, a Lua, o fogo etc. Como Moisés trouxe uma ideia completamente diferente daquilo que se vivenciava na época, encontrou muita oposição entre os sacerdotes egípcios. Desejavam continuar mantendo o povo hebreu na escravidão e na mais completa ignorância acerca das verdades espirituais.

    Assim, a batalha travada com o Faraó para conseguir a libertação do povo hebreu foi árdua, tendo sido alcançada somente após a ocorrência das dez pragas²⁷ enviadas por Deus. Ainda assim, quando Moisés conduzia o povo hebreu para a completa saída do Egito, o Faraó arrependeu-se e tentou capturá-lo novamente, mas Moisés, pela sua mediunidade, consegue abrir caminho pelo Mar Vermelho, passagem bem conhecida de todos.²⁸ Durante o longo tempo em que esteve com o povo hebreu no deserto, algo em torno de quarenta anos, Moisés recebeu no monte Sinai o Decálogo, em duas tábuas de pedra, iniciando verdadeiramente a religião judaica.

    Os Dez Mandamentos são: I. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não tereis, diante de mim, outros deuses estrangeiros. Não fareis imagem esculpida, nem figura alguma do que está em cima do céu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas águas sob a terra. Não os adorareis e não lhes prestareis culto soberano; II. Não pronunciareis em vão o nome do Senhor, vosso Deus. III. Lembrai-vos de santificar o dia do sábado; IV. Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vosso Deus vos dará; V. Não mateis; VI. Não cometais adultério; VII. Não roubeis; VIII. Não presteis testemunho falso contra o vosso próximo. IX. Não desejeis a mulher do vosso próximo. X. Não cobiceis a casa do vosso próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu asno, nem qualquer das coisas que lhe pertençam.²⁹

    O Evangelho Segundo o Espiritismo ensina, ainda, haver duas partes distintas na lei mosaica: a Lei de Deus, trazida à humanidade no monte Sinai e invariável, pelo seu caráter divino; e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés e adequada aos costumes e à evolução do povo da época, variando, assim, com o tempo. Elucida que:

    É de todos os tempos e de todos os países essa lei e tem, por isso mesmo, caráter divino. Todas as outras são leis

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