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Morrer Em Dia Útil Nunca É A Mesma Coisa
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Ebook209 pages2 hours

Morrer Em Dia Útil Nunca É A Mesma Coisa

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About this ebook

Contos sobre a Vida, o Amor e a Morte...
LanguagePortuguês
Release dateAug 12, 2018
Morrer Em Dia Útil Nunca É A Mesma Coisa

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    Morrer Em Dia Útil Nunca É A Mesma Coisa - Rodrigo Darini Valente

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    MORRER EM DIA ÚTIL...

    ...NUNCA É A MESMA

    COISA

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    SOBRE O AUTOR

    Nascido em São Paulo em 1978, é Licenciado em Letras e Pós-

    Graduado em Dialética da Língua Portuguesa. Seus trabalhos

    são:

    - O Papa Brasileiro: Num belo dia do ano de 2042, atendo ao

    telefone e fico sabendo, assim, de supetão: eu havia sido

    escolhido o novo Sumo Pontífice da Igreja Católica. O detalhe:

    nunca fiz parte do clero; então, como foi possível que eu, um

    mero funcionário público às vésperas da aposentadoria

    tivesse sido eleito pelo conclave?

    É isso que você descobrirá em O Papa Brasileiro.

    - O Evangelho de Khanagem: Após passar por uma situação

    de quase morte, comecei a imaginar, tomando como base o

    modo de pensar judaico-cristão, haver toda uma burocracia

    celestial, em que um Arcanjo cuidaria do reenvio de almas

    daqueles que já morreram. O problema, entretanto, é que a

    raça humana não é bem a preferida de nosso protagonista,

    que luta para sempre lhes dar um destino não tão nobre.

    As histórias do Arcanjo Khanagem não são para todos.

    Para aproveitar completamente esse universo, o leitor tem de

    se despir do manto religioso que estipula castigos eternos a

    críticas e zombarias; da visão de medo e vingança que as

    religiões impõem; do preconceito contra quem ousa levantar

    a voz contra elas. Sem isso em mente, os textos parecerão

    apenas mais um escárnio blasfêmico e nada mais.

    A maior parte deste trabalho é inédita. Nele, o Arcanjo

    Khanagem trata da criação do universo, dos seres celestiais e

    dos orgânicos - aqueles de quem ele adora judiar. Na segunda

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    parte do livro, há a coletânea das melhores histórias do site:

    http://khanagem.blogspot.com.br.

    - Liber Mortis: Trata-se de 22 contos (o último,

    propositalmente, encontra-se em branco) que fazem refletir

    sobre os aspectos da morte, e, consequentemente, sobre a

    vida. Embora seja um tema mórbido e evitado por muitas

    pessoas, vem balancear a atual onda do tudo azul que

    muitos livros retratam (autoajuda, manual do pai, manual da

    mãe etc.). É uma obra, considero, para REFLEXÃO.

    - Miscelâneas Linguísticas: Esta é uma obra para quem gosta

    de estudar a Língua, seus aspectos, mudanças e fenômenos.

    - A Vela Sacra: Luca, um garoto de nossa dimensão, é levado

    por Gimmos, representante de um mundo mágico e perigoso,

    para encontrar a Vela Sacra, um objeto divino que trará paz

    àqueles reinos. A missão não é tão fácil, pois ainda têm de

    enfrentar as artimanhas de Zhark, um poderoso demônio que

    também almeja a posse de tal item. Entre lutas, dragões, elfos

    e magias, o garoto consegue realizar sua tão importante

    missão (entretanto, o verdadeiro final é inesperado e dá

    margem à dupla interpretação).

    - As Aventuras de Cantão e Carminha: Variadas histórias de

    Cantão e Carminha - O casal sem noção. São 13 episódios em

    que eles vivem confusões nos mais variados lugares: seja no

    restaurante, na farmácia ou no velório, até chegarem ao

    extremo de viajarem para o futuro (sem antes dar uma

    passada pela Divina Comédia de Dante).

    - A Escolha de Gisele: Daniel e Gisele. Um casal de jovens

    namorados que tinha tudo para ser feliz. Mas o destino, como

    um grande e intrometido vilão, não permitiu isso: Daniel

    começou a se viciar em drogas, causando grande sofrimento a

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    seus pais e, principalmente, a sua namorada, pois esta deveria

    escolher entre salvar a vida de seu amor ou arriscar-se num

    outro relacionamento amoroso ainda mais incerto do que o

    anterior.

    - O Cavaleiro Razar e os Medalhões de Chamak: História de

    um Cavaleiro que tem a missão de salvar o reino do terrível

    demônio Kebin.

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    LICENÇA DA SANTA & GERAL INQUISIÇÃO

    Vi por mandado da santa & geral inquisição estes

    contos de Rodrigo Darini Valente, dos valerosos feitos que o

    Autor narrou, e não achey nelles cousa algűa escandalosa nem

    contrária â fe & bõs custumes. Toda via como isto he Poesia &

    fingimento, & o Autor como poeta, não pretende mais que

    ornar o estilo Poetico. E por isso me pareceo o liuro digno de

    se imprimir, & o Autor mostra nelle muito engenho & muita

    erudição nas sciencias humanas. Em fe do qual assiney aqui.

    - Frei Bertholameu Ferreira

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    ÍNDICE

    Prefácio

    Morrer em dia útil nunca é a mesma coisa

    Um Avião Caiu no Centro de São Paulo

    Lágrimas além do universo

    O Vendedor de Amendoins

    Se Cobrir, Vira Circo

    Brigado você!

    A fuga

    A roupa

    O ônibus filosófico

    Quarentão Apaixonado

    A culpa é do professor!

    Um pedido inesperado

    A Fortuna de Bianco

    O Grito Primordial

    O Mago Ozzado

    O Golpe do Século

    Sempre uma nova manhã

    No Meio de Nós

    O Campeão

    O cofre e o destino

    Chapeuzinho Vermelho Desconstruída

    A Sociedade Filocrática

    A Greve

    A Praça do Adeus

    Você vai me perdoar?

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    Prefácio

    Por que eu, um anônimo, insisto em escrever?

    Assim como o fogo precisa de combustível para continuar

    vivo, quente e sóbrio, aquele que escreve também carece de

    alguns elementos motivacionais para manter suas mãos nos

    teclados e a cabeça nas nuvens de outras dimensões.

    Assim como um músico precisa da atenção da plateia, aquele

    que escreve deve sempre ter a certeza de que suas palavras

    encontrarão abrigo nas almas e corações de seus leitores.

    Assim como um esportista precisa da vibração da torcida,

    aquele que escreve precisa das visões adversativas de quem

    não concorda com aquelas palavras.

    Assim como um escultor precisa das feições de dúvidas

    daqueles que tentam compreender suas obras, quem escreve

    também espera os olhares curiosos que passeiam por suas

    linhas e parágrafos.

    Assim como um youtuber adolescente tem apoio de grandes

    editoras para lançar sua biografia, aquele que escreve (de

    verdade) também precisa de muito apoio para não pular do

    32º.

    Mas, voltando à pergunta: por que eu, um anônimo, insisto em

    escrever? Se minhas contas estiverem certas, este é o 11º

    livro que escrevo.

    Eu, que não tenho apoio de empresa nenhuma.

    De editora nenhuma.

    De conhecido nenhum.

    Por que insisto?

    Essa é uma ótima pergunta. Se souber, me avisa.

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    Ansiosos do mundo, uni-vos!

    Não tem coisa pior para uma pessoa que sofre de ansiedade

    do que escrever um romance. É sério! Você tem que encher

    linguiça, inventar enredos lentos, encher os cenários e

    personagens com detalhamento de características e ações. Ao

    escrever uma sucessão de linhas como esta:

    Suzana entrou no quarto às duas e meia da manhã, ainda

    abalada por tudo aquilo que o diretor de finanças lhe contara.

    Hoje o dia foi péssimo; tudo tão atribulado, que ela mal teve

    tempo de tomar um cappuccino duplo, o que adorava fazer às

    terças, quintas e sábados, sempre após o almoço. O contrato de

    sua empresa com os novos clientes deu certo, o que significava

    mais trabalho e mais noites em claro como essa. Sem o marido,

    claro, que se aventurava em algum lugar remoto com a

    desculpa de estar fazendo um retiro espiritual para

    empresários. Deitou-se após o banho e passou hidratante em

    todo o corpo, sem antes tomar uma xícara de chá bem quente.

    Apagou as luzes e dormiu.

    O escritor ansioso sofre mais do que a coitada da Suzana, que,

    neste momento, deve estar levando altos chifres do marido. A

    ansiedade faz com que ele tenha vontade de pegar esse tipo

    de personagem pelo pescoço e dizer "vai, desgraça, só fala que

    você tava com o saco cheio de tudo e vai dormir!"

    Deveria ser lei: gente ansiosa só pode escrever contos. Tá, vou

    ser bonzinho. Gente ansiosa também só poderia ler contos.

    Não tem coisa melhor do que ser contista!

    Se você escreveu 20 páginas: sem problemas, é um conto.

    Se você escreveu 10 páginas: é só um conto. Bacana.

    Se você escreveu só 5 linhas: que bom, um conto!

    E ninguém te julga. São pequenas as chances de aparecer

    aquele intelectual, sentado às dez e meia da manhã, em dia de

    semana, num café gourmet de Pinheiros, dizendo: "Nossa, que

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    história sem profundidade! Adoro quando o autor expõe o

    âmago da alma do eu-lírico-parnasiano-subjetivo-holístico do

    personagem, mas aqui não tem nada disso!"

    Afinal de contas, é só um conto.

    E quem conta um conto... pode sofrer de ansiedade!

    Boa leitura!

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    Morrer em dia útil nunca é a mesma coisa

    " Saiba que te odeio. Queria ver você sofrendo muito, de tal

    forma que a morte ser-lhe-ia um alívio! "

    - O que acha, Paulo?

    - Achei um pouco clichê. Isso de colocar a morte como um mal

    menor para um sofrimento em primeiro plano... não sei se

    ainda cola.

    - Mas quem vai reparar nisso? Quem vai analisar por esse

    ângulo?

    - Você perguntou minha opinião, e...

    - Sim, e o senhor anticlichê entrou em ação!

    - Bom, então vamos embora e até amanhã pensamos nessa

    frase finalizadora.

    A estreia da peça Morrer em dia útil nunca é a mesma coisa

    aconteceria dali a dois dias. Um monólogo, segundo seus

    criadores, "sobre a existência e não existência do eu-mórbido

    em relação ao tudo", seja lá o que isso quisesse dizer. O que

    colocar na última fala é o que lhes trazia a maior dúvida do

    roteiro:

    - Se ele não quer clichê, que acabemos a peça na penúltima

    frase, então! – pensou Leonardo. E tentava, na frente do

    espelho:

    - Saiba que te odeio! Saiba que te odeio! Saiba... que eu te

    odeio!

    Repetia à exaustão, imaginando como seria a reação do

    público em cada entonação, em cada alteração na sua

    respiração ou na nuance de cada palavra dada.

    -

    SAIBA

    QUE...

    EU

    TE

    ODEEEEIOOOOOOOO!!!

    HAHAHAHAHAHAHA! – tentando colocar uma risada

    maquiavélica ao final.

    - Risada ao final? Será um clichê? Bem capaz de o Paulo me

    encher o saco com isso. Ô, sujeito chato! – analisava.

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    - Já sei! E se o final da peça fosse algo inesperado? Algo meio

    louco e sem sentido? Como se o personagem começasse a

    divagar sobre...

    Um ovo!

    Imagine que, de repente, eu tivesse que falar sobre um ovo!

    Assim, do nada, de forma despreparada. O que eu diria dele?

    Poderia dizer que não tem pontas, em geral é liso e pode ter

    uma meia-dúzia de cores.

    Que, se fosse gigante (e, quando digo gigante, é gigante

    MESMO!), poderia ser usado como o escorregador mais

    divertido do mundo! Pois imagine-se subindo uma longa escada

    – se tiver preguiça, basta imaginar uma escada rolante – e,

    chegando lá em cima, sentir a bunda roçando naquela firme e

    frágil superfície.

    Imagine que essa firme e frágil superfície quebre! A melecância

    que infestaria aquele lugar!

    Mas, voltando aos ovos tradicionais: podem ser de galinha,

    pato, jacaré e até de aranha! Podem ser de chocolate, os meus

    preferidos!

    Amado por confeiteiros e odiados por veganos, o ovo nunca é

    uma unanimidade, seja no omelete ou na gemada.

    O ovo é como minha alma. Quebradiço e sustentador. Mas, se

    fica lá, jogado por muito tempo e sem ninguém usar, denuncia

    facilmente sua podridão.

    - BRAVO! – grita um espectador da plateia!

    - GENIAL! – grita outro!

    Seguem-se então vários minutos de aplausos calorosos.

    Leonardo não consegue esconder a emoção, enquanto

    lágrimas correm por seu rosto.

    - Eles aprovaram! Aprovaram! – repetia a si mesmo, baixinho.

    Minutos depois, no camarim:

    - E então, Paulo? Gostou do final?

    - É... foi bom.

    Morrer em Dia Útil Nunca é a Mesma Coisa

    Rodrigo Darini Valente

    - Foi bom? Só isso?

    - Ué, o que esperava que eu dissesse?

    - Não sei, mas você deve ter percebido que o público adorou!

    - Leonardo, lembre-se: um público bem domesticado adora

    tudo! Essa gente não tem noção do que é a verdadeira arte!

    - Você não quer me ensinar o que é arte, não é, Paulo?

    Paulo permaneceu em silêncio, deixando Leonardo ainda mais

    apreensivo.

    - Não é, Paulo? – insistiu Leonardo.

    - Você está muito nervoso. Vou comer alguma coisa e depois

    nos falamos.

    Era típico do Paulo esse comportamento. Ele atiçava até onde

    não mais podia e, quando a situação se tornava

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