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O Padre E A Política Elo Do Bem E Do Mal
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O Padre E A Política Elo Do Bem E Do Mal

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O PADRE E A POLÍTICA ELO DO BEM E DO MAL resgata o conflito entre a política e a religião. A influência da Igreja na política sempre foi forte, entretanto, eu não diria que acontece de forma proveitosa e saudável, ainda que a narrativa seja de maneira despretensiosa e temporal. Pois, estou exemplificando os anos de 1960. Na época, ainda criança eu percebia que o ser humano para ser humano era preciso ser animal, bruto e irracional. A vida no campo não era para amadores. Era preciso enfrentar sol escaldante, chuva aos cântaros, pragas e doenças nas lavouras e nas pessoas. A vida era intensa, educação carente e quase nenhuma compreensão de mundo. O que sobrepunha era subserviência aos dogmas da Igreja. O padre era a voz da imprensa! O livro retrata o quanto a Igreja se envolvia nas vidas das famílias, seja nas orientações espirituais, ou no envolvimento econômico da paróquia com festas e quermesses. O Padre era um instrumento não apenas das palavras de Deus, mas da política e da educação. Enfim, a narrativa leva o leitor à reflexão permitindo compreender melhor o mundo contemporâneo. Entretanto, o autor tomou coragem para nos contar que o padre de sua paróquia, na época, envolveu-se ao extremo na campanha política, ao ponto de exigir de seus fieis que votassem no candidato que ele estava apoiando. “Votem no meu candidato ou serão excomungados”. Aquela campanha foi o terror. Meu pai perdeu tudo! Vendeu sua propriedade se mudou para outra localidade se distanciando daquele inferno. Você consegue imaginar um padre chegar em sua casa, reunir a sua família e dizer “votem em meu candidato ou serão excomungados?”
LanguagePortuguês
Release dateJun 25, 2019
O Padre E A Política Elo Do Bem E Do Mal

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    O Padre E A Política Elo Do Bem E Do Mal - Joaquim B. De Souza

    A Visita do Padre

    Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível.

    (São Francisco de Assis)

    Quando aquele homem corpulento se abaixou sob um pé de mangueira, naquela vestimenta preta que se arrastava ao chão, me assustei! Ou seja, dentro de sua batina!³ Fiquei à espreita observando quase sem respiração para não ser descoberto, ali trepado no primeiro galho da árvore frondosa de quase treze metros de altura.

    Era como se eu devesse pagar por algo malévolo, tão tímido fiquei. Fiquei encolhido prendendo a respiração por alguns segundos. O que pretendia aquele homem? O que tencionava aquele sacerdote? Não tinha às mãos nenhuma Bíblia. Não levava consigo nenhum outro livro Santo. O rosário eu vi momentos antes ele colocando no bolso da batina. Nem os santinhos que os padres costumavam distribuir às criançadas eu vi em suas mãos. Para o sacerdócio os santinhos ajudavam a evangelizar⁴. De certa maneira era verdade, pois eu cultuava aquelas figurinhas coloridas. Aquele apóstolo parecia querer algo além daquelas mangas esparramadas entre folhas putrificadas. Afinal, eu estava a ver um padre! Suas sandálias franciscanas era condizente com aquele verão quente, pisoteando sobre o esterco que não via.

    O padre não estava ali para rebanhar cristãos perdidos? Certamente que não! Todos ali eram cristãos e católicos. O pessoal da redondeza não gostava daquilo que chamava de protestantes. O vigário estava ali confiante de que toda essa gente da Araripa já pertencia ao seu rebanho. Uns mais assíduos aos costumes da Igreja, outros menos, mas todos comungavam da mesma fé.

    Eu só entendi quando o padre não se hesitou em pegar uma fruta caída no chão de tão madura. Antes de levar à boca, porém, esfregou-a como se a limpasse. Sua atitude me enojou! Fui impulsivo e gritei encorajado do alto do galho onde enroscado à forquilha eu deliciava outra polpa fresca e suculenta apanhada diretamente do pé.

    – O senhor tá doido? Essa daí tá podre!

    Imagine o susto! A voz ainda que infantil soasse do nada, sequer sabia de onde vinham aquelas palavras repreensivas. Fui de certa forma ingênuo! O homem poderia ter passado mal!

    – O que faz aí em cima, guri? Desça já daí antes que caia! Esta daqui esta ótima! Não viu que eu a escolhi bem! – O padre gritou num susto só, retrucando de imediato junto a um estupefato salto. Desenxabindo ralhou outra vez com sua voz graúda, já em pé, mas sem largar a manga, e com suas sandálias franciscanas pisando noutras frutas podres, emporcalhando seus dedos entre as tiras do calçado. – Como se atreve falar com um padre dessa maneira! Sou o padre Vicente, não vistes? Qual é a sua

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