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Atravessando o Inferno : Aprendizagem e Alteridade na Extensão Universitária
Atravessando o Inferno : Aprendizagem e Alteridade na Extensão Universitária
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Atravessando o Inferno : Aprendizagem e Alteridade na Extensão Universitária

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Atravessando o inferno: aprendizagem e alteridade na extensão universitária apresenta mapas de atividades extensionistas realizadas na cidade de Salvador, capital do estado da Bahia, entre os anos de 2005 e 2006. O autor explora arquivos gerados durante aquela experiência e recompõe, sob a forma de narrativas do vivido, as paisagens urbanas percorridas na maior estação de transbordo urbano da cidade e do estado quando das práticas de extensão universitária em curso àquele período.
A obra enfatiza o desdobramento de três processos indissociáveis inerentes às práticas de extensão universitária. Busca-se apresentar as rupturas de barreiras institucionais que separam, e por vezes antagonizam, a universidade dos espaços sociais outros, "não universitários". A Estação da Lapa torna-se "sala de aula" para o ensino da etnografia no projeto de extensão que originou as experiências aqui descritas. No deslocamento entre as fronteiras que separam a universidade dos espaços que lhe são exteriores, emergem processos geradores de contextos interculturais de convivência urbana.
A segunda ordem de processos aponta a alteridade e o trânsito cultural como princípios mobilizadores de situações interculturais de ensino-aprendizagem. Uma vez inscritos no contexto de convivência da estação de transbordo, extensionistas experimentam outras formas de aprender articuladas a outras formas de ensinar.
O terceiro e último processo enfatiza as traduções interculturais das agências cotidianas produtoras de múltiplos sentidos para o espaço, tempo e formas de circulação social na estação de transbordo. A extensão universitária revela-se como operação radical de abertura e negociação de sentidos para os saberes sociais produzidos em campo.
O "inferno" destaca um dos vários significados atribuídos à estação por um dos grupos sociais com os quais o autor conviveu. Metáfora radical para os dramas sociais que transpassam os tecidos socioculturais do centro metropolitano da capital baiana. Por meio do "inferno", a experiência na extensão aqui descrita convida-nos ao compromisso de fazer universidade com aqueles e aquelas que padecem das diferentes formas de inferiorização social predominantes na sociedade baiana e brasileira, ambas marcadas pelas mais terríveis heranças dos tempos coloniais.
LanguagePortuguês
Release dateNov 22, 2019
ISBN9788547339111
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    Atravessando o Inferno - Álamo Pimentel

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    Dedico este livro a Manoel José Ferreira de Carvalho (in memoriam). Ele me abriu caminhos nas ruas de Salvador e na extensão universitária da UFBA, compartilhou mapas que ampliaram significativamente minhas condições de existência.

    Dedico este livro também a Ana Carla Côrtes de Lira, Maíra Valente e Milena Almeida, elas me ajudaram a dar nome, alma e vida a Sebastião, o outro de mim que se tornou faxineiro do inferno.

    PREFÁCIO

    Ao lermos os capítulos que compõem este livro, somos apresentados, paulatinamente, aos percursos do experiente observador, sensível e curioso educador-pesquisador Álamo Pimentel. Atento às práticas e representações dos lugares, mas, principalmente, aos conflitos que se desenrolam nesse que é considerado o maior terminal de ônibus urbano da cidade de Salvador, Álamo não se furtou ao desafio de transformar a Estação da Lapa em espaço de ensino e aprendizagem, possibilitando o encontro e a aproximação entre os saberes leigos, produzidos pelos transeuntes da estação, com os saberes científicos conduzidos pelo professor e seus estudantes.

    O livro permite-nos ultrapassar o velho impasse, ainda existente no mundo acadêmico, sobre o papel da extensão universitária, muitas vezes relegada a segundo plano, não obstante a própria Política Nacional de Extensão Universitária tenha sinalizado seu papel indispensável na formação dos discentes, na qualificação do professor e no intercâmbio com a sociedade, trazendo para dentro das universidades questões que habitualmente se espraiam para fora dos seus muros.

    A percepção de Álamo instiga-nos a buscarmos compreender que as observações e interações produzidas a partir da Estação da Lapa não se circunscrevem somente àquele espaço, elas nos remetem às fronteiras físicas e simbólicas que se explicitam no cotidiano das cidades. É esse exercício de imersão profunda que demonstra a forma como esses sujeitos constantemente invisíveis se percebem e como são percebidos, que encontramos aqui descritos, reafirmando as conclusões de Certeau (1994) sobre a moldura dos passos tecendo lugares.

    O texto permite ao leitor, mesmo que leigo, compreender o exercício prático do trabalho etnográfico feito pelo autor. Álamo apresenta esse olhar de perto e de dentro, demonstra que o lugar onde essa prática se desenvolveu tornou-se, além de cenário, parte constitutiva de sua análise (Magnani, 2002). Assim, a própria Estação transforma-se em sujeito do processo e por meio dela, perpassamos a história da cidade e de sua região central, também envolta em disputas que envolvem o espaço urbano, que se espraiam e explicitam as relações conflituosas entre as classes sociais, as pessoas e dessas com o local.

    Somente o olhar do educador comprometido e engajado com as possibilidades de produção do conhecimento pelo próprio aluno, conceito que nos remete aos ensinamentos de Paulo Freire (1996), poderia transformar um terminal rodoviário e um sanitário público em espaços de aprendizagem. Esse movimento permite que os estudantes envolvidos no projeto de extensão reconheçam que a pesquisa acadêmica não se restringe a locais pré-determinados. Dessa forma, os trajetos e deslocamentos das camadas populares tornam-se objetos de análises, permitindo perceber sociabilidades, aproximações e distanciamentos entre os sujeitos, relações de poder, diferenciações e hierarquias sociais. É nesse sentido que percebemos os diversos indivíduos que transitam por aquele espaço, manifestando suas inquietações, percepções e trajetórias. A Estação da Lapa – sujeito e cenário – transformou-se em laboratório de práticas sociais e percepções de subjetividades.

    Se, ao longo do texto, vamos nos dando conta das dinâmicas e riquezas das relações que se desenvolvem naquele espaço, o olhar atento do autor remete-nos à análise de um local específico e bastante emblemático ali existente: o banheiro público masculino. Visto como lugar transitório, o sanitário está impregnado de conflitos sociais, é um espaço de subalternidades e de explicitação de conflitos. Ao lermos sobre as formas como as relações se desenrolam nesse ambiente, alguns talvez fiquem chocados, perplexos, ou mesmo constrangidos, mas jamais indiferentes.

    Passamos a nos colocar no lugar do outro, a entender seus códigos e os mecanismos sob o quais se desenrolam algumas relações. Ao experienciar ser esse outro invisível, Álamo escancara as formas de diferenciações ali presentes, mesmo entre sujeitos iguais, demonstrando a complexa trama de relações sociais e papéis que aquele espaço abriga e que somente um olhar atento, sensível e indagador seria capaz de captar.

    A associação do sanitário público masculino com o inferno não é somente uma alegoria de lugar: o inferno é a metáfora do lugar que separa mundos distintos. A palavra qualifica aquele espaço, mimetiza não somente as percepções sobre a configuração física do local: seu exíguo espaço físico, a mistura de odores, a alta temperatura, mas também é representativa das relações entre as pessoas e seus comportamentos marcados por preconceitos, inferiorizações, humilhações e, conforme nos mostra Álamo, aludem às percepções e situações que ocorrem na cidade de Salvador, porém com maior intensidade.

    Embora o livro traga a experiência extensionista desenvolvida fora dos muros da universidade, confrontando-se com a cidade real e seus sujeitos, essa ação possibilitou explorar outros percursos formativos e espaço de aprendizagem não convencionais. Colocamo-nos diante de trabalho etnográfico bastante apurado e acompanhamos junto ao pesquisador-educador as práticas sociais de grupos marginalizados, seus itinerários e percepções desenvolvidos em local definido e que, classificado como tal, não permitem vislumbrar e compreender o que ali está escondido. O pesquisador, ao se tornar um funcionário do sanitário, também vivencia os processos de invisibilização social aos quais as camadas populares estão expostas em seu cotidiano; dessa posição é que retratará os conflitos decorrentes da diferenciação social mesmo entre iguais.

    As narrativas que aqui encontrei reiteram, novamente, as palavras de Paulo Freire (1996, p. 64) sobre a consciência do mundo e a consciência de si como ser inacabado e necessariamente inscrevem o ser consciente de sua inconclusão num permanente movimento de busca. Senti-me honrada e feliz quando aceitei o convite para escrever esse prefácio; embora, ao ler o livro, me dar conta da grande tarefa que teria. Tais sentimentos decorrem do fato de não somente admirar Álamo como intelectual, mas por tê-lo como amigo e com ele partilhar afinidades, visões de mundo e uma paixão em comum: o estudo sobre a cidade, embora tenhamos consciência de que nunca falamos de uma cidade única.

    Sugiro que o leitor aceite esse desafio e deixe-se perder nessa experiência. O texto é um convite a conhecer novos lugares e vivenciar novas experiências, guiados por afetos e subjetividades, certamente, será uma boa leitura, repleta de novas descobertas!

    Regina Soares de Oliveira

    Educadora, historiadora e professora da Universidade Federal do Sul da Bahia - Campus Jorge Amado, em Itabuna.

    APRESENTAÇÃO

    É verdade – disse melancolicamente o homem, sem tirar os olhos das chamas que ardiam na lareira daquela noite de inverno -; no Paraíso existem amigos, música, alguns livros; o único mal de ir para o Céu é que dali não se vê o Céu.

    Augusto Monterroso

    O inferno anunciado no título deste livro evoca processos de inferiorização a que somos submetidos cotidianamente. Foi concebido como símbolo mediador de uma longa conversa instalada durante a construção de uma experiência de extensão universitária entre os anos de 2005 e 2006.

    No dia em que me coloquei frente a frente com um auxiliar de limpeza do sanitário masculino da Estação da Lapa, em Salvador, perguntei o que significava aquele lugar para ele. A resposta foi rápida como uma guilhotina: o inferno. Quis saber mais, fui interpelado a fazer o que ele fazia para entender melhor o conteúdo implícito naquela forma de expressar sentido para o seu espaço-tempo laboral.

    A provocação poderia ser entendia como ironia de um trabalhador que, frente a um pesquisador intrometido, devolve a questão lançada, como uma resposta portadora de outra questão: ocupe a mesma posição que eu ocupo e veja com seus próprios olhos o inferno dos meus dias. Procurei apreendê-la como um desafio à participação no trabalho, uma implicação no compartilhamento de condições outras nos atos de enfrentamento dos dramas de estar ali. Dei por compreendido um convite à aproximação colaborativa no trato com aquela concepção do lugar (expressiva na forma, plurivalente no conteúdo). Quis saber se o auxiliar de limpeza me aceitaria como voluntário na faxina, prontamente fui aceito. Aquela situação desafiadora, ocorrida no mês de janeiro de 2006, aprofundou o curso dos processos em que eu estava envolvido na estação nos meses que antecederam aquele encontro.

    Depois de muitas idas e vindas negociando a minha entrada no sanitário masculino, consegui autorização para trabalhar voluntariamente na faxina durante o período do carnaval daquele ano. Pude experimentar, de corpo inteiro, o inferno anunciado naquela manhã de sábado dos primeiros dias daquele ano. Cumprido todo aquele ciclo de atividades, compreendi que, desde os primeiros dias de realização de nosso projeto de extensão universitária, circulávamos no inferno sem nos darmos conta. A palavra simples e certeira de um trabalhador arremessou em perspectiva uma concepção bem mais ampla do lugar em que aprendíamos a prática etnográfica. Apesar dos outros significados atribuídos à estação, o inferno poderia ser visto dentro e fora do sanitário, quando da ocorrência de situações em que inferiorizar pessoas, coisas, eventos e circunstâncias de vida marcava relações interpessoais.

    Foi preciso sair da estação, ler e reler tudo que fora produzido ao longo dos processos em que ocupamos aquele espaço-tempo de convivência urbana. Ler e reler outras experiências correlatas e me debater com os dilemas de narrar as experiências vividas com o propósito compartilhá-las com outras pessoas. Assim foi gerado este livro.

    Procuro apresentar as narrativas da experiência sob a forma de mapas dos processos. Da introdução à conclusão, componho narrativas indicadoras dos caminhos percorridos enquanto processávamos condições de fazer extensão. Aprendizagem e produção de alteridades configuram o tema geral em que as narrativas dos processos expandem-se em múltiplas paisagens. Todos os nomes citados ao longo do texto foram substituídos por pseudônimos como garantia de preservar as identidades pessoais de nossos interlocutores.

    Repeti até aqui aspectos que são narrados em detalhe ao longo do livro como quem destaca uma primeira advertência sobre o inferno que este livro aborda e como o aborda. Não pretendo deter-me no detalhamento do que foi feito, certamente cansaria a leitura da obra e tornaria enfadonha as jornadas expostas nos mapas mais adiante. Outros comentários pedem passagem nesta apresentação.

    Entre o fim do milênio passado e o início desse milênio, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) criara um importante programa de extensão universitária, originalmente intitulado UFBA em Campo, no ano de 1997. Àquela época, a UFBA protagonizava uma das mais importantes iniciativas de abertura radical de canais de interlocução com a comunidade baiana sob a liderança do Reitor Luiz Felipe Santos Perret Serpa, cuja gestão percorreu o quadriênio de 1993 a 1998. Com Felipe Serpa e sua equipe gestora, a universidade baiana marcara fortemente sua presença nos anos recentes de retomada da democracia no cenário brasileiro pós-ditadura. Multiculturalismo, diferença, alteridade e inclusão social constituíam princípios, entre outros, geradores de deslocamentos nos modos de ensinar, aprender e produzir conhecimento em regime dialógico com a sociedade.

    As políticas de extensão daquele período estavam sob a condução do maestro e professor Paulo Costa Lima, compositor e intelectual baiano engajado com o pensamento pós-colonial em tudo que faz. A primeira edição do UFBA em Campo surgiu de uma ampla reflexão sobre outras experiências de extensão universitária exitosas no Brasil e na Bahia. Gerou mais duas edições – UFBA em Campo II e UFBA em Campo III – e no ano 2001 consolidou-se como Atividade Curricular em Comunidade (ACC). Fora incorporado organicamente como programa articulado à oferta de componentes curriculares no ensino de graduação com interfaces na pós-graduação (sobretudo no que diz respeito a implementações no trabalho da pesquisa).

    No ano de 2003, quando fui convidado para colaborar com a gestão do pró-reitor de Extensão da época, o arquiteto e urbanista Manoel José Ferreira de Carvalho, durante a gestão do então reitor Naomar Monteiro de Almeida Filho, tive a oportunidade de conhecer de perto o programa e, em certa medida, aprender ali a fazer universidade de uma forma diferente. Ingressei na universidade por meio de concurso público aquele ano. Eu recém chegara à universidade, advindo de temporada de sete anos em Porto Alegre (RS), local em que fiz o meu doutorado em Educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Nasci no sertão baiano, na cidade de Juazeiro, migrei para o Rio Grande do Sul e, no meu retorno, passei a morar em Salvador por força do trabalho.

    Desde então desfrutei de um rico convívio acadêmico com o então pró-reitor Manoel José e o ex-pró-reitor Paulo Lima, ambos eram amigos e cúmplices no compromisso com uma universidade pública, democrática, socialmente referenciada e engajada em grandes causas sociais. No ano de 2005, Paulo Lima assumiu a presidência da Fundação Cultural Gregório de Matos, instância da administração municipal responsável pelas políticas culturais da capital baiana. Assim que assumiu o cargo, iniciou a elaboração da proposta da ACC – As quatro Estações da Cultura, cujo objetivo principal era afirmar as estações de transbordo urbano de Salvador como entre-lugares da produção da cultura baiana. Com o apoio de Manoel José, o programa teve início no segundo semestre daquele ano. Antes que o ano chegasse ao fim, deparei-me com um terrível desafio: enfrentar a morte de um amigo.

    O então pró-reitor Manoel José Ferreira de Carvalho lutava contra um câncer linfático desde o ano de 2004. Àquele período eu saí da assessoria que ocupava para cumprir inicialmente os encargos de coordenador geral da extensão e, posteriormente o cargo de pró-reitor interino. No fim do ano de 2005, Manoel José não resistiu ao tratamento, falecera do auge da sua lucidez existencial. Fui mantido no cargo até meados de 2006, quando a gestão do reitor Naomar Monteiro de Almeida Filho e do vice-reitor Francisco José Gomes Mesquita fora reconduzida por mais quatro anos à gestão da UFBA.

    Essas breves reminiscências do período em que realizei as experiências aqui narradas destacam algo que ficou reservado para ser dito nesta apresentação. Além de educador-pesquisador engajado na extensão universitária, eu ocupava dramaticamente o cargo mais alto de gestor das políticas de extensão da UFBA àquela época. Estava também sob minha responsabilidade o compromisso ético com os avanços políticos dos anos anteriores. Todas as aprendizagens advindas da temporada na estação ampliavam minhas visões sobre o trabalho como educador e como gestor público.

    Nos anos que se seguiram, passei por outros cargos, fui o primeiro pró-reitor de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil da UFBA, nunca me afastei da sala de aula na graduação e na pós-graduação. O excesso de ocupações impediu-me maiores elaborações dos resultados do trabalho na estação. Daí que todo o material produzido durante a instalação do Observatório Etnográfico da Lapa tenha ficado tanto tempo guardado em arquivos pessoais e nas minhas memórias, à espera de bom tempo para chegar a este livro.

    Apesar da longa espera, tive a oportunidade de dedicar-me à organização de meu trabalho de pensamento na escrita de outros livros e na condução de pesquisas que, hoje, interferem com muita força nos traçados das linhas que compõem as cartografias aqui apresentadas. Muito do que não foi dito explicitamente neste livro remete ao que já foi dito em outros trabalhos meus, todos eles devidamente citados ao longo dos textos e constantes das referências bibliográficas.

    Faço questão de destacar ainda, aqui, a importante pesquisa de doutoramento de Alcides Leão Santos Júnior, conduzida sob minha orientação, entre os anos de 2010 e 2013. Alcides foi a fundo na experiência da UFBA com a ACC, fez uma densa e primorosa cartografia da extensão universitária advinda daquele programa e nos deixa como legado uma original produção que chega onde este livro não chega na compreensão da extensão universitária. Com Alcides e outros interlocutores, tive a oportunidade de dar importantes passos nas cirandas dos fazeres extensionistas na Bahia e no Brasil. Muito do que fiz na Estação da Lapa também está naquela tese de doutoramento que considero um dos mais importantes passos que dados para chegar até este livro.

    Com o apoio das estudantes matriculadas no componente curricular, a Estação da Lapa tornou-se nossa sala de aula. A escolha do local não se deu por acaso. Além da sua estratégica localização no Centro Antigo de Salvador, a estação oferece serviços de transportes públicos para todos os bairros da cidade e região metropolitana. Em suas circunvizinhanças, encontram-se inúmeras instituições públicas e privadas que oferecem serviços educacionais. Estudantes e educadores constituem parte significativa da população que transita pelo local. Por ali, a vida da cidade conduz e orienta a vida das escolas. Para lidar com tanto excesso de vida, nossa equipe de trabalho contou com o apoio de inúmeros interlocutores com quem atuávamos.

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