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Falácias Políticas
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Falácias Políticas

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No século XVIII o filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham lançou a obra "The Book of
Fallacies" com a qual analisa 50 espécies de falácias. Passados mais de 240 anos
decidi abordar o tema ampliando de 50 para 69 o número de falácias políticas usadas
para enganar eleitores.Além do aumento no número de falácias analisadas, da criação
e exemplificação atualizada do tema, neste livro há três novidades fundamentais na
compreensão da matéria: 1) como perfilar políticos falaciosos;2) como contextualizar a
falácia nas figuras de linguagem; e3) como dissociar falacias da Democracia
Substancial e reconhecê-las como parte integrante das falidas doutrinas sociais:
política formal e democracia formal.Ouso desafiá-lo a ler, reler e discutir o que aqui
proponho em nome do "Bem" que cada uma de nossas Nações merece alcançar,
apesar do culto à ignorância e da política e democracia formais com as quais os
políticos estão, há séculos, governando nossas Nações.Alea jacta est! (a sorte está
lançada!)
LanguagePortuguês
PublisherLisbon
Release dateOct 18, 2022
ISBN9789893745410
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    Book preview

    Falácias Políticas - Judivan Vieira

    Introdução

    O corpo humano é um maravilhoso filtro biológico. Nosso sistema respiratório, por exemplo, por meio das vias aéreas superiores, boca, nariz, e cavidade nasal captam, filtram, umidificam e aquecem o ar que vai abastecer nossos órgãos e sangue com o vital oxigênio.

    Os filtros estão em todas as partes para purificarem o ar e alimentos que ingerimos, a fim de livrá-los das bactérias e microorganismos nocivos à saúde.

    Princípio analógico deveria ser aplicado pelos seres humanos, sobretudo os eleitores, para proteger o corpo social de falácias, ou seja, mentiras e fraudes perpetradas por políticos.

    É fato milenar que, assim como bactérias e vírus atacam á saúde física e mental, políticos atacam e destroem o tecido social e impedem o Estado de entregar o mínimo de dignidade social e econômica representada pelo dever de assegurar educação e ensino, saúde, transporte, moradia, lazer, emprego remunerado, assistência social, segurança, etc.

    É o exercício da razão, por meio da dúvida e do método lógico e crítico, que nos previne contra as mazelas escondidas no íntimo de quem cultiva o ardil, a mentira e a fraude. Só a vigilância atenta nos previne contra os males cotidianos causados por nossos políticos.

    Certo dia um noticiário televisivo informou que determinado político que viveu a vida sob suspeição de ser corrupto morreu de causas naturais, aos 82 anos de idade.

    Fiquei pensando em quanto dinheiro público ele pode haver desviado, no quanto comeu do bom e do melhor, viajou por lugares que queria, exerceu mandatos vários deixando a família como herdeira de seu legado de corrupção e boa vida sem jamais haver sido processado e punido.

    Enquanto alguém trama o mal somente em seu pensamento sem afetar o mundo exterior tal pessoa é impassível de qualquer julgamento. Mas, quando uma ou várias pessoas praticam atos que implicam na manifestação de vontade consciente e livre utilizando-se de mentiras, fraudes, ardis e enganos, a tais atos chamamos Falácias.

    A origem da palavra Falácia está no verbo latino fallere e significa argumento falso, ilógico e enganoso.

    Os estelionatários sempre foram e seguem sendo mestres na arte da falácia, já que na intenção de obter para si ou para outrem uma vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzem ou mantém alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.

    Você tem ideia de quantos golpes são aplicados cotidianamente ao redor do mundo? Quantas pessoas recebem emails, telefonemas ou WhatsApp com mensagens fakes prometendo prêmios? Consegue imaginar quantas pessoas têm seus cartões clonados todos os dias?

    Qualquer delegacia de polícia consegue facilmente listar dezenas de golpes aplicados, tais como falso sequestro, mensagens de texto com anúncio de prêmios, bilhetes premiados, cybergolpes, etc.

    Observe que golpes são partes integrantes de um discurso ou diálogo. Há um falante, um ouvinte e um objeto ou bem desejado pelo estelionatário.

    Assim, saber dissecar as partes do discurso humano torna-se fundamental para não ser enganado facilmente.

    É regra que estelionatários possuem discurso bonito, charmoso, fluente e carregado de armadilhas cujo fundamento é a mentira, fraude, engano e ardil. Tudo isto pode ser reduzida a um vocábulo: falácia!

    Por exemplo, o agrotóxico é usado para proteger a planta ou gramínea de algumas pestes, mas também pode ser letal caso ingerido. A Falácia pode ser comparada com uma alta dosagem de agrotóxico no discurso ou no diálogo.

    Que resultado podemos esperar em alguém que bebe água contaminada por chumbo, mercúrio ou coliformes fecais? Todos sabemos que de agentes contaminantes podem advir prejuízos irreversíveis à saúde física e mental.

    Independente do signo e do significado linguístico em qualquer idioma, Falácias são técnicas contaminantes da linguagem e da comunicação. Aprender a identificá-las e neutralizá-las evita seguir envenenando a compreensão da verdade.

    Para o escritor e filósofo da linguagem Mikhail Bakthin, fatores linguísticos e extralinguísticos como a relação entre o falante e ouvinte, contexto histórico, contexto de fala, ideologia, dogmas, crenças e qualquer outro fator dessa relação, tornam-se fundamentais para a decifração da mensagem.

    Bakthin diz que o falante tem os seus direitos inalienáveis sobre a palavra, mas o ouvinte também tem seus direitos e diz, ainda:

    A palavra(em geral qualquer signo) é interindividual. Tudo o que é dito, o que é expresso se encontra fora da alma do falante, não pertence apenas a ele. A palavra não pode ser entregue apenas ao falante. O autor(falante) tem os seus direitos inalienáveis sobre a palavra, mas o ouvinte também tem seus direitos; tem também os seus direitos aqueles cujas vozes estão na palavra encontrada de antemão pelo autor (porque não há palavra sem dono). Se não esperamos nada da palavra, se sabemos de antemão tudo o que ela pode dizer, ela sai do diálogo e se coisifica (BAKHTIN, 2006, p. 327-328).

    Paulo Rogério Stella (2005 : 178) analisando as teorias dialógicas do discurso de Bakthin vê a língua para além de signos e significados isolados, ou seja, vê a língua em sua integridade concreta e viva, e por isto afirma que:

    O falante, ao dar vida à palavra com sua entonação, dialoga diretamente com os valores da sociedade, expressando seu ponto de vista em relação a esses valores. São esses valores que devem ser entendidos, aprendidos e confirmados ou não pelo interlocutor. A palavra dita, expressa, enunciada, constitui-se como produto ideológico resultado de um processo de interação na realidade viva

    Em dissertação de Mestrado, Rosilene dos Anjos¹, embasada em Bakhtin, diz:

    uma palavra carrega com ela mais do que apenas seus aspectos estruturais, ela representa o que é vivenciado pelo falante e a sociedade na qual ele atua. Após essa reflexão é possível apresentar que ideologia para o Círculo de Bakhtin é o nome que o Círculo costuma dar, então, para o universo que engloba a arte, a ciência, a filosofia, o direito, a religião, a ética, a política, ou seja, todas as manifestações superestruturais."

    Palavras têm poder! Elas vão além dos signos e significados léxicos porque costumam, por vezes, refletir a natureza do falante.

    Nesse aspecto parece haver razão no provérbio judaico ao sustentar que o homem sem caráter maquina o mal; suas palavras são um fogo devorador.

    Para que o ouvinte não seja iludido facilmente importa conhecer o falante, sua personalidade, suas ideologias, contexto histórico, crenças e desejos e, sobretudo duvidar, pesquisar e investigar os fundamentos dos discursos.

    Colocar argumentos à prova e exigir evidências sobre a pessoa e conteúdo de sua mensagem pode salvar o ouvinte das armadilhas da linguagem falaciosa, dentre as quais a política é a mais devastadora de todas.

    Não tenha medo de perguntar e insistir por provas sempre que houver dúvidas sobre a mensagem, pois o dever de provar incumbe a quem alega.


    1 https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/17854/1/2014_RosilenedosAnjosSant%E2%80%99ana.pdf. Acesso em 12.05.2020.

    Capítulo 1

    Resumo dos ramos

    de estudo da linguística

    Este capitulo não é um estudo detalhado da linguística, mas tenho certeza que o resumo que segue será útil, pois, independente do idioma que você possa falar, a linguística que o abrange segue estrutura similar aos múltiplos procedimentos da comunicação humana.

    Linguística, segundo a teoria dialógica do discurso é o estudo científico da linguagem em sua forma, signos, significados e em seus elementos externos tais como contexto de fala, contexto histórico, ideologias, dogmas e crenças do falante.

    Enquanto raça humana somos diferenciados pela razão, linguagem e comunicação que nos projetam para a dimensão superior dos humanos.

    Na linguagem há signos e significados que objetivam transmitir a mensagem do falante, que a sua vez depende da compreensão e interpretação dos elementos internos e externos que produzem comunicação.

    Por exemplo, sem saber falar o idioma árabe vivenciei uma tremenda experiência no ano de 2019, ao deixar o Vale dos Reis, no Egito, atravessando parte do deserto do Saara em direção ao Mar Vermelho.

    No caminho eu e minha esposa olhávamos as placas de trânsito nas quais a linguagem estava escrita, mas nada entendiamos. Naquele momento sentimos o quanto a comunicação depende da compreensão da linguagem.

    Assim, para melhorar seu entendimento sobre o tema proponho sete perguntas simples. As respostas podem te fazer dar um salto de qualidade na comunicação e, por conseguinte, em teus múltiplos relacionamentos sociais:

    1 - Qual a importância de analisar o som no momento em que este soa para formar palavras? (Fonética)

    2 - Qual a importância de estudar a formação das palavras, o aspecto formal e interno dos enunciados dos discursos? (Morfologia)

    3 - Qual a importância de identificar  a ordem dos componentes e como estes aparecem na formação e composição das frases ou enunciados dos discursos? (Sintaxe)

    4 - Qual a importância de compreender a união de determinadas unidades menores e constituintes de uma língua que tem por fim a construção de unidades de enunciação maiores de escrita e comunicação? (Semântica)

    5 - Que importância há em compreender o poder de expressão e a capacidade de provocar sensações dentro de um determinado contexto comunicativo? (Estilística)

    6 - Que importância há no estuda da linguagem em sua situação real de comunicação, ou seja, no momento de formação do enunciado? (Pragmática)

    7 – Que importância possuem textos antigos para a compreensão do presente e formação da cultura de um povo? (Filologia)

    As respostas para as perguntas acima existem há muito tempo! Elas nos são fornecidas pelo estudo da linguística.

    Se você não teve acesso à escola saiba que qualquer boa gramática disponível em bibliotecas públicas serve para iluminar as partes do discurso e da línguística. Eis, em resumo, a resposta às perguntas acima:

    "A Linguística divide-se em alguns ramos de estudo²:

    Fonética - estudo encarregado de analisar o som no momento em que este soa para formar a palavra e por isso confere a este características distintas para que seja feita sua classificação.

    Morfologia - A estrutura de estudo que analisa a formação das palavras chama-se morfologia. Este estudo ocorre entre o aspecto formal e interno dos enunciados e pode ser chamado de análise formal. A partir do estudo da norma culta ou padrão a morfologia identifica possíveis ocorrências nestas estruturas de formação e contribui para a evolução do sentido dos enunciados.

    Sintaxe - Estuda as regras e suas aplicações, além de identificar a ordem dos componentes e como estes aparecem na formação e composição das frases ou enunciados.

    Semântica - Por Semântica entende-se a união de determinadas unidades menores e constituintes de uma língua que tem por fim a construção de unidades de enunciação maiores de escrita e comunicação.

    Estilística - A língua possui características peculiares às quais pode-se dar o nome de poder de expressão ou, ainda, capacidade de provocar sensações dentro de um determinado contexto comunicativo e a Estilística encarregar-se-á de trazer essas

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