Portugal e o comércio internacional
By João Amador
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João Amador
João Amador nasceu em Lisboa em 1971. Trabalha como economista no Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal desde 2001. Licenciou-se e doutorou-se em Economia pela Universidade Nova de Lisboa, onde leciona desde 1993. Tem mantido atividade docente na Nova School of Business and Economics e na Faculdade de Direito nas áreas da economia portuguesa e europeia, macroeconomia e microeconomia. João Amador foi editor e autor de capítulos de livros sobre a economia portuguesa e o comércio internacional, tendo publicado vários artigos em revistas científicas internacionais.
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Portugal e o comércio internacional - João Amador
Portugal e o Comércio Internacional João Amador
O comércio internacional tem sofrido importantes transformações nas últimas décadas e é algo de omnipresente no mundo atual, afetando de forma direta e indireta os países e os indivíduos, quer enquanto consumidores, quer enquanto trabalhadores. Portugal tem testemunhado estas transformações e o bom desempenho das suas exportações é hoje essencial para um crescimento económico equilibrado. Neste contexto, é importante promover a compreensão dos fundamentos, vantagens e desafios do comércio internacional. Esse é o propósito deste livro.
Na selecção de temas a tratar, a colecção Ensaios da Fundação obedece aos princípios estatutários da Fundação Francisco Manuel dos Santos: conhecer Portugal, pensar o país e contribuir para a identificação e para a resolução dos problemas nacionais, assim como promover o debate público. O principal desígnio desta colecção resume-se em duas palavras: pensar livremente.
94605.pngJoão Amador nasceu em Lisboa em 1971. Trabalha como economista no Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal desde 2001. Licenciou-se e doutorou-se em Economia pela Universidade Nova de Lisboa, onde leciona desde 1993. Tem mantido atividade docente na Nova School of Business and Economics e na Faculdade de Direito nas áreas da economia portuguesa e europeia, macroeconomia e microeconomia. João Amador foi editor e autor de capítulos de livros sobre a economia portuguesa e o comércio internacional, tendo publicado vários artigos em revistas científicas internacionais.
logo.jpgLargo Monterroio Mascarenhas, n.º 1, 7.º piso
1099-081 Lisboa
Portugal
Correio electrónico: ffms@ffms.pt
Telefone: 210 015 800
Título: Portugal e o Comércio Internacional
Autor: João Amador
Director de publicações: António Araújo
Revisão de texto: João Ferreira e Susana Pina
Design e paginação: Guidesign
© Fundação Francisco Manuel dos Santos e João Amador, Janeiro de 2017
O autor desta publicação escreveu ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990.
As opiniões expressas nesta edição são da exclusiva responsabilidade do autor e não vinculam a Fundação Francisco Manuel dos Santos.
A autorização para reprodução total ou parcial dos conteúdos desta obra deve ser solicitada ao autor e ao editor.
Edição eBook: Guidesign
ISBN 978-989-8838-84-1
Conheça todos os projectos da Fundação em www.ffms.pt
João Amador
Portugal e o Comércio Internacional
Ensaios da Fundação
Este livro é dedicado ao João Afonso e ao Duarte
Prefácio
I. Introdução
II. Os fundamentos do comércio internacional
III. As novas feições do comércio internacional
IV. As críticas ao comércio internacional
V. O comércio internacional e a análise macroeconómica
VI. A integração de Portugal no comércio internacional
VII. Portugal nas cadeias de valor globais
VIII. Os exportadores portugueses
IX. Fatores de sucesso no mundo globalizado
X. Considerações finais
Anexo. A análise empírica do comércio internacional
Para saber mais
Every man lives by exchanging.
Adam Smith
Prefácio
Este ensaio foi pensado como uma oportunidade para explicar a um público alargado a razão de ser do comércio internacional e descrever as tendências que têm alterado o seu perfil nas últimas décadas. O desafio foi escrever de forma simples e articulada sobre um tema complexo, introduzindo simultaneamente material para a reflexão sobre as escolhas políticas nesta área. Embora correndo o risco de tornar o livro um pouco mais denso nas páginas iniciais, pareceu-me necessário começar por apresentar os conceitos elementares. Penso que apenas desta forma se pode compreender o que está em causa quando se tomam decisões com impacto nas trocas internacionais. Inevitavelmente, o ensaio veicula também uma posição pessoal sobre o comércio internacional e suas implicações para a evolução da economia portuguesa. Como é natural, tais opiniões comprometem apenas o autor e é saudável que sejam sujeitas à crítica, quer no presente quer com base em evidência futura.
Após a escrita de um livro deste tipo impõem-se alguns agradecimentos. Para além da minha família, gostaria de agradecer à Susana Peralta por ter proposto a ideia junto da Fundação Francisco Manuel dos Santos e ao António Araújo por tê-la aceitado, pela disponibilidade e pela leitura cuidada do manuscrito. Adicionalmente, não posso deixar de mencionar os nomes de Luís Campos e Cunha, que me iniciou nas questões do comércio internacional nos primeiros anos da faculdade, e de João Salgueiro, com quem tive o privilégio de desenvolver o interesse pelas questões da economia portuguesa e europeia. Gostaria também de agradecer à Sónia Cabral, coautora de longa data, que comentou uma versão inicial do manuscrito. Por fim, agradeço aos meus alunos que ao longo de muitos anos têm sido uma fonte de motivação para investigar e discutir estas questões.
O comércio internacional é uma realidade milenar e omnipresente nas nossas sociedades. O seu crescimento foi um dos grandes motores do desenvolvimento dos povos e assim deverá continuar. Pelo seu lado, Portugal enfrenta hoje sérios desafios e o comércio internacional apresenta-se como um caminho para os superar.
I. Introdução
A intensificação das trocas de bens e serviços é indiscutivelmente um dos traços mais marcantes da evolução histórica. Em determinado ponto deste percurso, o registo sistemático das transações entre países fez emergir os modernos conceitos de exportação e importação. Nos dias de hoje é virtualmente impossível conceber a ideia de um país vivendo em regime de autarcia, ou seja, completamente desligado das trocas internacionais. Pelo contrário, as trocas internacionais intensificaram-se enormemente, alargando quer a sua amplitude geográfica quer o leque de bens e serviços transacionados. Aquilo que há algumas décadas se considerava não passível de transação internacional passou a sê-lo por via do progresso tecnológico, da diminuição dos custos de transporte e da redução de barreiras tarifárias. Um exemplo é a prestação internacional de serviços por via remota. Do mesmo modo, a queda de barreiras políticas alargou o número de países participantes no comércio internacional.
O comércio internacional constitui uma dimensão fundamental do que se designa processo de globalização
. Este processo é muito amplo e integra aspetos políticos, sociais, culturais e económicos. Mesmo no âmbito restrito das relações económicas internacionais, existem múltiplas dimensões de análise, envolvendo o comércio de bens e serviços, os movimentos de capitais ligados a operações financeiras ou à criação de nova capacidade produtiva, os movimentos de trabalhadores ou a ação das empresas multinacionais. Todos estes domínios estão fortemente interrelacionados. Contudo, tanto quanto possível, este ensaio procurará circunscrever a reflexão aos aspetos do comércio internacional.
Este ensaio começa por descrever a evolução do comércio internacional nas últimas décadas, tentando explicar de forma simplificada alguns dos mecanismos que determinam a orientação e a natureza dos fluxos de exportação e importação. Sem uma compreensão destes mecanismos não é possível abordar de forma consistente os problemas e os desafios que se colocam para o futuro da economia mundial. Porém, a motivação primordial deste ensaio passa pela análise da experiência portuguesa no comércio internacional nas últimas seis décadas. A economia portuguesa registou profundas transformações neste período, para as quais concorreram choques idiossincráticos e grandes alterações na estrutura da economia mundial. Embora seja muito difícil fazer a distinção entre origens internas e externas das transformações registadas, o livro argumenta que o comércio internacional é um fator determinante para compreender as transformações recentes da economia portuguesa. Esta análise é importante para a compreensão do passado e, sobretudo, para uma discussão sobre o presente e o futuro dos portugueses.
Por fim, um texto desta natureza não pode deixar de incluir uma posição pessoal sobre os benefícios e