O Governo da Justiça
By Nuno Garoupa
()
About this ebook
Nuno Garoupa
Nuno Garoupa é professor catedrático de Direito e co-director do Programa em Direito, Comportamento Humano e Ciências Sociais na Universidade de Illinois, Estados Unidos, e investigador associado do FEDEA (Madrid, Espanha). Foi professor na Universitat Pompeu Fabra (Barcelona, Espanha), na Universidade Nova de Lisboa, no IMDEA (Madrid, Espanha) e na Universidade de Manchester (Reino Unido). Foi também professor e investigador convidado nas escolas de Direito das Universidades de Stanford, Harvard, Berkeley, George Mason (Virgínia), Carlos III (Madrid), ACLE (Amsterdão) e FGV (Rio de Janeiro). Actualmente é membro do Conselho Científico e Cultural da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS). A sua área de investigação é Direito e Economia (Law and Economics) e Direito Comparado. Autor de mais de setenta artigos publicados nas melhores revistas académicas da especialidade, nos últimos dez anos tem trabalhado no estudo da organização e governo da justiça. Recebeu o prémio da Comunidade de Madrid de investigação Julián Marías 2010 (Menos de 40 anos).
Related to O Governo da Justiça
Related ebooks
Os Atrasos da Justiça Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsLiberdade e Informação Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Sociedade Civil Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsImunidade de Jurisdição dos Estados e Direitos Humanos: uma crítica ao Caso Ferrini Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsQualidade da Democracia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Sistema Político Português Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDireito Constitucional: panoramas plurais: - Volume 3 Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsEnsaios sobre Direito Público contemporâneo: Temas sobre Direito Constitucional e Direito Administrativo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsConstitucionalismo, Direitos Fundamentais, Proporcionalidade e Argumentação Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAdministração Pública Consensual: Mediação como Instrumento Adequado e Eficiente de Acesso à Justiça Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMetamorfoses do Direito Global: sobre a interação entre Direito, tempo e tecnologia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAcesso À Justiça Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO interesse público sob a crítica da Teoria Crítica Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsConstitucionalismo, Democracia E Direitos Fundamentais Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Democracia Local em Portugal Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPortugal e o Atlântico Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsJobs for the boys? As nomeações para o topo da administração pública Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPortugal: Dívida Pública e o Défice Democrático Rating: 4 out of 5 stars4/5Os Investimentos Públicos em Portugal Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPortugal, um Perfil Histórico Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsForças Armadas em Portugal Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA terceira grande onda : revolução tecnológica, de comunicação, de informação : as histórias por trás da história Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAtuação Estatal Estabilizadora: pressupostos, requisitos e limites - Prefácio Prof. Dr. Humberto Ávila Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA dialética da supremacia do interesse público sobre o interesse privado: uma análise sob a perspectiva do(a) cidadão(ã) precário(a) Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPolítica Externa Portuguesa Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Solidariedade Passiva Tributária do Art. 124, I, do CTN e as suas Interpretações Antinômicas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPropriedade Privada Rating: 1 out of 5 stars1/5Autoridade Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsNovas perspectivas de gerenciamento judiciário Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Reviews for O Governo da Justiça
0 ratings0 reviews
Book preview
O Governo da Justiça - Nuno Garoupa
I. Introdução
Em 2000, António Barreto organizou e editou o livro Justiça em Crise? Crises da Justiça, reunindo as opiniões de muitos sábios da justiça portuguesa. No prefácio, colocava-se a questão de saber se havia crise da justiça, se era apenas uma ou várias crises ao mesmo tempo e que reformas fazer. A grande maioria dos autores, muitos deles responsáveis da justiça portuguesa ao longo dos últimos trinta anos e ainda hoje no activo, explicavam que não havia realmente crise da justiça, ainda que talvez houvesse alguma crise pontual em certas áreas da justiça, geralmente decorrente de uma sociedade mais democrática e mais consciente dos seus direitos. As reformas apontadas pelos autores eram, em geral, as receitas habituais encontradas nos manuais da especialidade: mais recursos financeiros e humanos, mais juízes, mais meios alternativos para a resolução de conflitos, melhores regras processuais e mais consciencialização cívica conducente a um exercício responsável da cidadania.
Passados dez anos, ninguém hoje duvida da crise da justiça. Alguns dos males eram já então apontados: corporativismo nas magistraturas, falta de planeamento, avaliação e realismo legislativo, divórcio entre os tribunais e a sociedade, congestão com mais de um milhão de processos pendentes de uma decisão judicial. Estes males agravaram-se ao longo dos últimos dez anos por incompetência e desleixo governativo. A democracia portuguesa decidiu em 1976 que a justiça era um problema dos juízes e dos juristas. Arranjou uma fórmula fácil e desresponsabilizadora, a autonomia do poder judicial, uma solução que pode ser entendida como «eles que se entendam». O resultado é uma justiça em crise de ruptura, um Estado de direito democrático distorcido e a ausência de um plano de reformas estruturantes. Na verdade, a crise da justiça não é nem conjuntural nem passageira e resulta de três razões