Exportadores portugueses
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Filipe S. Fernandes
Filipe S. Fernandes é jornalista. Licenciou-se em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É autor de livros como Isabel dos Santos, Fortunas & Negócios, A Gestão Segundo Fernando Pessoa, Como Salazar Resolveu o Grande Escândalo Financeiro do Estado Novo, As Vítimas do Furacão Espírito Santo, Homem Sonae, entre outros. Em co-autoria: com Hermínio Santos, Excomungados de Abril; com Luís Villalobos, Negócios Vigiados, e com Isabel Canha, António Champalimaud: Construtor de Impérios. Coordenou a edição de Memórias de Economista.
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Exportadores portugueses - Filipe S. Fernandes
Os Exportadores Portugueses Filipe S. Fernandes
A notícia da morte da indústria do calçado foi claramente exagerada. O turismo soma e segue. Estes e outros sectores tornaram o Made em Portugal um trunfo: o peso das exportações no PIB cresceu 10 % em 7 anos. Contudo, os portugueses não conhecem esta história de sucesso.
Que rostos estão por detrás das empresas que levam a marca Portugal aos cinco continentes? Que produtos são o novo el dorado da exportação e o que mudou na sua composição?
Estas e outras perguntas encontram finalmente resposta neste livro.
Na selecção de temas a tratar, a colecção Ensaios da Fundação obedece aos princípios estatutários da Fundação Francisco Manuel dos Santos: conhecer Portugal, pensar o país e contribuir para a identificação e para a resolução dos problemas nacionais, assim como promover o debate público. O principal desígnio desta colecção resume-se em duas palavras: pensar livremente.
FilipeSFernandes-gray.jpgFilipe S. Fernandes, Jornalista. Licenciou-se em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É autor de livros como Isabel dos Santos, Fortunas & Negócios, A Gestão Segundo Fernando Pessoa, Como Salazar Resolveu o Grande Escândalo Financeiro do Estado Novo, As Vítimas do Furacão Espírito Santo, Homem Sonae, entre outros. É também co-autor de Excomungados de Abril, com Hermínio Santos, Negócios Vigiados, com Luís Villalobos, e António Champalimaud: Construtor de Impérios, com Isabel Canha.
Coordenou a edição de Memórias de Economista.
logo.jpgLargo Monterroio Mascarenhas, n.º 1, 7.º piso
1099-081 Lisboa
Portugal
Correio electrónico: ffms@ffms.pt
Telefone: 210 015 800
Título: Os exportadores portugueses
Autor: Filipe S. Fernandes
Director de publicações: António Araújo
Revisão de texto: Susana Vieira
Design e paginação: Guidesign
© Fundação Francisco Manuel dos Santos e Filipe S. Fernandes, Maio de 2017
O autor desta publicação não adoptou o novo Acordo Ortográfico.
As opiniões expressas nesta edição são da exclusiva responsabilidade do autor e não vinculam a Fundação Francisco Manuel dos Santos.
A autorização para reprodução total ou parcial dos conteúdos desta obra deve ser solicitada ao autor e ao editor.
Edição eBook: Guidesign
ISBN 978-989-8838-41-4
Conheça todos os projectos da Fundação em www.ffms.pt
Filipe S. Fernandes
Os exportadores portugueses
Ensaios da Fundação
Abertura
I. Os golos do turismo
II. A revolução silenciosa do calçado
III. Os colossos que dominam as exportações
IV. Os alfaiates de máquinas e os donos dos botões
V. A vaga alemã e o Inverno das exportações
VI. A marca holandesa que é portuguesa
VII. A cerâmica vence o dumping da China
VIII. Moda e moldes e as cadeias de valor
IX. O mapa-múndi das exportações
X. A internacionalização como captura de valor
XI. Os novos exportadores e os novos sectores
XII. Dos vales da Apple à empresa em Silicon Valley
XIII. As exportações invisíveis
XIV. Lideranças de mercado à nossa medida
XV. O perfil das empresas exportadoras
Lista de empresas portuguesas líderes de mercado
Abertura
«Durante anos sucessivos a exportação de conservas de peixe alternou no primeiro lugar com as de outros produtos tradicionais da nossa exportação, como sejam o vinho do Porto, os resinosos e as cortiças». Assim escrevia José António Ferreira Barbosa, industrial e procurador à Câmara Corporativa, num projecto de sugestão ao governo em 1955 para melhorar as conservas e que foi objecto de parecer do relator José Gonçalo Correia de Oliveira, então subsecretário de Estado do Orçamento. Sessenta anos depois, um secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, visitava uma fábrica portuguesa na Moita que fabrica robots para a indústria automóvel mundial. É a Introsys, controlada pelos irmãos Luís e Nuno Flores, que é responsável pela concepção dos sistemas de controlo dos robots. A empresa faz programação de robots, concepção eléctrica da linha de produção e inteligência de robots e é esta maquinaria complexa robotizada que depois é utilizada pelos fabricantes de automóveis para construir veículos, nomeadamente, a soldadura de carroçarias, chamada body shop, dos carros de marcas como a Audi, a BMW, a Ford e a Volkswagen em várias fábricas em Portugal, na Alemanha, em Espanha e no México. Exporta 98% da sua produção e tem mais de 2 mil robots espalhados pelo Mundo. Em 2011 facturava seis milhões de euros e em 2016 ultrapassou os 16 milhões de euros.
A crise económica em que Portugal mergulhou a partir de 2009 e que levou à intervenção da troika em 2011 teve vários tipos de impacto, desde um crescimento grande do desemprego, um «colossal» aumento de impostos, até um aumento do peso da exportações no PIB português.
Entre 2008 e 2015 o peso das exportações no Produto Interno Bruto cresceu 10 pontos percentuais, passando de 31% para 41%. Neste período houve forte crescimento das exportações em volume, com um aumento de 25 por cento no mesmo período, e ganhos de quota de mercado significativos em comparação com os restantes países da área do euro. Assinala-se ainda que esta evolução contou não só com o desempenho de empresas tradicionalmente exportadoras mas também com o de empresas que iniciaram a sua actividade no comércio internacional, e caracterizou-se pela diversidade, com o processo a atingir praticamente todos os sectores de actividade da economia portuguesa. Entre 2005 e 2015 passou-se de 17 315 empresas exportadoras de bens para 21 749, tendo o pico sido atingido em 2014, com 22 456 empresas, segundo dados do INE. As exportações portuguesas atingiram sempre valores acima da taxa de crescimento das importações mundiais, aumentando a quota de Portugal no comércio mundial da generalidade dos produtos.
Salienta-se ainda, num estudo do Banco de Portugal, que «ao longo dos últimos anos, observou-se uma melhoria progressiva na afectação dos recursos empregues na economia portuguesa – com características estruturais – através de uma orientação crescente dos factores produtivos para os segmentos mais expostos à concorrência internacional e para as empresas mais produtivas».
Estes números só projectam a importância do fenómeno. Na sua sombra estão empresas e empresários de vários sectores e de várias regiões que têm uma história para contar. As grandes empresas podem ser bons casos mas o facto de haver cada vez mais médias e pequenas empresas a exportar revela uma competitividade empresarial mais alargada porque a internacionalização e a integração nas cadeias de valor globais implicam maior capacidade técnica, de gestão, de inovação, de produtividade e de colaboração. Aliás, este crescimento das exportações a partir de 2009 e a subida na cadeia de valor em sectores como o calçado, os têxteis, a agricultura e a agro-indústria, os produtos metálicos, as máquinas, o automóvel e a aeronáutica, o turismo, os transportes,