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Bases fisiológicas da doença de Dent
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Bases fisiológicas da doença de Dent

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Bases fisiológicas da doença de Dent é uma obra que definitivamente proporcionará um claro entendimento sobre essa doença. Estudantes e profissionais de saúde conhecerão os mecanismos fisiológicos renais envolvidos com a gênese da doença de Dent. Além disso, será possível encontrar aqui uma ampla revisão sobre os canais de cloreto da família ClC, em especial o ClC-5, que está mutado na doença de Dent. Também foi preparada uma revisão sobre os mecanismos de endocitose tubuluar proximal e o transporte tubular proximal de glicose e suas relações com a doença estudada. No último capítulo, os leitores encontrarão os aspectos clínicos da doença de Dent, tais como: diagnóstico diferencial, curso da doença, avaliação laboratorial, aspectos histológicos e genéticos, diferenciação entre doença de Dent-1 e doença de Dent-2, terapias utilizadas atualmente e futuras terapias.
LanguagePortuguês
Release dateNov 18, 2022
ISBN9786525033310
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    Bases fisiológicas da doença de Dent - Jackson de Souza Menezes

    CAPÍTULO 1

    INTRODUÇÃO À FUNÇÃO DOS RINS

    O rim humano é composto de aproximadamente 1 milhão de unidades funcionais denominadas nefrons (Aires, 2008a; Tischer, 1991). Conforme a posição que ocupam no rim, os néfrons se classificam em corticais, medicorticais e justamedulares, localizados, respectivamente, na porção externa do córtex, no córtex interno e na zona de transição entre córtex e medula (Aires, 2008a; Tischer, 1991; Walker & Valtin, 1982). Cada néfron é formado pelo corpúsculo renal e por uma estrutura tubular (Aires, 2008a; Kriz & Bankir, 1988). As quatro porções que formam a estrutura tubular são sequencialmente denominadas de túbulo proximal, alça de Henle, túbulo distal e ducto coletor (Figura 1) (Aires, 2008a; Kriz & Bankir, 1988).

    Figura 1

    Representação esquemática do néfron com seus diversos segmentos

    Fonte: elaborado pelo autor

    Nota: por questões didáticas, o aparelho justaglomerular não está representado nessa figura.

    O túbulo proximal é formado por um segmento convoluto e outro reto, que pode ou não atingir a medula (Figura 1) (Aires, 2008a; Kriz & Bankir, 1988; Tischer, 1991). A alça de Henle começa abruptamente, no fim da parte reta, e geralmente possui uma alça fina descendente e outra fina ascendente (Figura 1) (Aires, 2008a; Kriz & Bankir, 1988; Tischer 1991). A seguir, aparece a porção grossa ascendente da alça de Henle e, no final desse segmento, inicia-se o túbulo distal convoluto (Aires, 2008a; Kriz & Bankir, 1988; Tischer, 1991). Suas paredes ficam em contato com o glomérulo do qual se originou e com as respectivas arteríolas aferente e eferente (Aires, 2008a; Kriz & Bankir, 1988; Tischer, 1991). A confluência dessas estruturas forma o aparelho justaglomerular, que é o principal local de controle do ritmo de filtração glomerular e do fluxo sanguíneo renal (Figura 2) (Aires, 2008a; Kriz & Bankir, 1988; Tischer, 1991). Após o aparelho justaglomerular, existem três segmentos corticais: túbulo distal final, segmento de conexão e ducto coletor cortical. Os segmentos de conexão de muitos néfrons drenam para um único ducto coletor cortical (Figura 1) (Aires, 2008a; Kriz & Bankir, 1988; Tischer, 1991). Desse local, o fluido caminha sequencialmente para os ductos coletores medulares, cálices, pélvis renal, ureteres e bexiga (Aires, 2008a; Giebisch, 2005a; Kriz & Bankir, 1988; Tischer, 1991).

    Os rins são os órgãos responsáveis pela manutenção do volume e da composição do fluido extracelular do indivíduo dentro dos limites fisiológicos compatíveis com a vida. A quantidade e a composição da urina eliminada são consequência do papel regulador do rim (Aires, 2008a; Berry, 1982).

    A formação da urina inicia-se no glomérulo, onde 20% do plasma que entra no rim, por meio da artéria renal, é filtrado graças à pressão hidrostática do sangue nos capilares glomerulares (Aires, 2008a; Berry, 1982). Os 80% de plasma restante, que não foram filtrados, circulam ao longo dos capilares glomerulares atingindo a arteríola eferente daí dirigindo-se para a circulação peritubular (Aires, 2008a; Berry, 1982).

    Figura 2

    Representação esquemática do aparelho justaglomerular

    Fonte: adaptado de Morris (2014). Disponível em: https://www.thinglink.com/scene/452075855250718720. Acesso em: 17 jun. 2022

    Note que a interação entre arteríola aferente, arteríola eferente e túbulo distal forma essa estrutura.

    O filtrado é um fluido de composição semelhante à do plasma, porém com poucas proteínas e macromoléculas, uma vez que o tamanho dessas substâncias dificulta a sua filtração através da parede do glomérulo renal (Aires, 2008a; Berry, 1982). Após sua formação, o filtrado glomerular caminha pelos túbulos renais, e sua composição e volume são então modificados pelos mecanismos de reabsorção e secreção tubular existente ao longo do néfron (Aires, 2008a; Berry, 1982).

    Portanto, o processo de depuração renal, além de se dar pela filtração glomerular, pode também ser feito por meio da secreção tubular, uma vez que o plasma que passou pelos glomérulos e não foi filtrado atravessa uma segunda rede capilar, a peritubular (Aires ,2008a; Berry, 1982). Por outro lado, graças à reabsorção tubular, muitas substâncias (tais como glicose, água, HCO3-, NaCl etc.), depois de filtradas, voltam para circulação sanguínea dos capilares peritubulares (Aires, 2008a; Berry, 1982).

    A reabsorção e a secreção dos vários solutos, através do epitélio renal, são realizadas por mecanismos específicos, passivos ou ativos, localizados nas membranas da célula tubular (Aires, 2008a; Berry, 1982). Todos os sistemas de transporte são interdependentes (Aires, 2008a; Berry, 1982). Por exemplo, a reabsorção de sódio, que utiliza grande fração do suprimento energético renal, exerce significativa influência no gradiente eletroquímico por meio do epitélio tubular, que pode modificar o transporte dos demais transportadores presentes na membrana das células tubulares. Além disso, a reabsorção de sódio e de cloreto, os mais abundantes íons existentes no filtrado glomerular, estabelece gradientes osmóticos por meio do epitélio tubular que permite a reabsorção passiva de água transportada do interstício para a circulação peritubular, por meio de um balanço entre as pressões osmótica, exercida pelas proteínas plasmática, e hidrostática, existente no interior dos capilares peritubulares (Aires, 2008a; Berry, 1982). A reabsorção de água favorece o aumento da concentração dos solutos no fluido remanescente na luz tubular que pode influenciar a reabsorção ou secreção tubular de outros solutos, tais como glicose e aminoácidos. Assim sendo, fatores que modulam o transporte renal de sódio, como hormônios e drogas, causam alterações no transporte renal geral (Aires, 2008a; Berry, 1982).

    Se, por um lado, o sódio é o principal cátion osmoticamente ativo presente no meio extracelular, o cloreto é o principal ânion (Hamlyn & Blaustein, 1986b; Terry, 1994). Assim, os mesmos mecanismos que controlam o transporte de sódio devem estar envolvidos com o transporte de cloreto. É importante ressaltar que grande parte do cloreto filtrado pelo glomérulo é reabsorvida, quase de forma equimolar, com o sódio longo do néfron; esse último depende de

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