Teoria e prática em Administração: perspectivas da Administração Pública e Empresarial: - Volume 3
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Teoria e prática em Administração - Sabrina Amélia de Lima e Silva
DINÂMICAS SOCIOESPACIAIS: RELAÇÃO RURAL/URBANO COM BASE NO PROCESSO ESTRUTURAL REGIONAL E AGRÁRIO
Maicon Silva Santos Júnior
Mestrando
http://lattes.cnpq.br/5917130749664556
maiconjunior95@gmail.com
DOI 10.48021/978-65-252-6345-8-C1
RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar as dinâmicas regionais com base nas transformações socioespaciais, considerando o processo dicotômico da relação rural/urbano o qual acompanha as devidas transformações sociais, estruturais, cultural, político, etc., das questões regionais e agrária, adicionalmente com os entraves conflitosos e importantes para o desencadear do desenvolvimento dentre os referidos fatores citados anteriormente. Assim como busca contextualizar a necessidade da reforma agrária no Brasil, devido à má distribuição de terras desde o período colonial, concentrando-se a maior parte de terras nas mãos dos considerados puros (Brancos - puros de sangue
), e assim levando a uma desigualdade social que perdura até os dias atuais.
Palavras-chave: Questão Agrária; Questão Regional; Rural-Urbano; Socioespacial.
INTRODUÇÃO
Considerando a transformação que ocorreu na agricultura brasileira desde o início do século XIX até o presente momento envolveu uma combinação complexa de mudanças estruturais e espaciais, essas transformações ocorreram em escala nacional e na escala regional (MESQUITA; FURTADO, 2019, p. 14). Desse modo, as dinâmicas estruturais de produção estão direcionadas ao âmbito econômico, cultural, social e presente na dicotomia campo/cidade (referindo-se em questão, ao desenvolvimento do espaço rural com relação ao espaço urbano, considerando as diversificadas variáveis dependentes do processo, por meio da: tecnologia, informação, planejamento, etc.).
No entanto, o processo de transformação e/ou diversificação entre os fatores de produção e extração para exportação, concentrando o referido processo inicialmente no Brasil colônia. Contudo considerando então, os meios e as forças produtivas adequadas aos interesses próprios, seja no desenvolvimento campo-cidade, atrelado ao processo de subsistência atribuindo subsequentemente a constituição de núcleos urbanos, quanto a apropriação das forças produtivas, sendo o núcleo desencadeador do processo de formação da agricultura comercial, como também mantendo a incapacidade de transformação nas dinâmicas qualitativas de produção (REIS FILHO, 2000).
Dessa forma, dada as transformações dos ciclos de produção e extração no Brasil colônia, como por exemplo a produção de açúcar, café, algodão, cacau, etc., e a extração do ouro, foram processos que desencadearam a busca pela introdução do desenvolvimento, utilizando do próprio interesse de crescimento a mão de obra escrava, considerando os nativos como parte inicial desse processo e posteriormente agregando ao setor de melhor rendimento até o final do século XVII (período rendoso - do ciclo açucareiro). (REIS FILHO, 2000).
Com base em Elias (2011, p. 03) a reestruturação produtiva da agropecuária, entendida como processo/via de transformações nos elementos técnicos e sociais da estrutura agrária (especialmente modificando as técnicas da produção, relações sociais de produção e a estrutura fundiária). Atribui-se diretamente tanto nas bases técnicas econômicas e sociais, quanto na relação agrícola e urbana, considerando as especificidades técnicas produtivas de produção dada sua dependência seja do trabalho humano, quanto das condições naturais¹.
Quanto aos recortes regionais para o planejamento Gonçalves et al (2003), considera estabelecer previamente uma diretriz única., com relação a cada recorte territorial. Ou seja, a representação das linhas de tensão territorial deve ser julgada de forma particular, levando em consideração ao risco de questões ideológicas, estratégias espaciais de planejamento, etc.
Assim, com base em Macedo et. al. (2017), a política regional deve considerar uma ação proativa sobre as cidades – articulando à política de desenvolvimento regional à política urbana – de forma a possibilitar um aumento do policentrismo urbano no Brasil, tal qual defendido na PNDR II, com objetivo de avançar na desconcentração – econômica e demográfica no país. Considerando todo o processo estrutural e transformador colocado como base de planejamento, o qual será desencadeado na dicotomia regional/urbana, como também nas políticas essenciais para o desenvolvimento local, assim como, dos indivíduos presente na região.
Contudo, o presente trabalho pretende apresentar as dinâmicas estruturais atreladas ao processo de desenvolvimento e/ou dependência das questões regionais, agrária, rural-urbana, para isso, utilizou-se o método qualitativo com base em referencial bibliográfico para descrição dos fatores desencadeados em questão. Nessa perspectiva, o presente artigo se estrutura, além desta introdução e considerações finais, foram atribuídos os seguintes pontos: imprescindibilidade, importância e perspectivas da questão agrária brasileira; breve contextualização atual da questão agrária no Brasil; dinâmica estrutural da questão regional; processo socioespacial: rural-urbano.
IMPRESCINDIBILIDADE, IMPORTÂNCIA E PERSPECTIVAS DA QUESTÃO AGRÁRIA BRASILEIRA
Na fase inicial com a cana-de-açúcar, como o primeiro e principal produto de exportação até meados do século XVII, o mesmo por mais de século e meio assentou a economia brasileira. Com isso o governo português introduziu o mesmo regime de sesmaria usado em Portugal no Brasil, gerando dessa forma uma desigualdade social com a concentração de terras nas mãos de poucos, sendo maior parte dessas para os senhores de terras que eram considerados puros, diferentemente dos escravos e índios que não possuíam nenhuma parte dessas terras, a qual a maior parte das mesmas eram destinadas para a produção do açúcar.
Os componentes fundamentais na organização social que constituiu o modelo colonial brasileiro são: a grande propriedade fundiária, a monocultura de exportação e o trabalho escravo.
Dessa maneira, segundo Miralha (2006):
Nesse contexto, é importante destacar que a forma familiar de produção agropecuária sempre esteve presente desde o processo de ocupação do Brasil, no entanto, a produção familiar existia de uma forma subordinada à grande propriedade, produzindo principalmente produtos alimentícios, como cereais para a subsistência e para o consumo de pequenos mercados locais, pois, as grandes lavouras, na época, só produziam cana-de-açúcar para ser escoado para Portugal. (MIRALHA, 2006, p. 152).
De modo que, a atividade agropecuária pode ser considerada uma parte do que se convencionou chamar de setor primário
de uma economia. A outra parte era a atividade extrativa ou a mineração. Ou seja, com relação a primeira atividade de produção a mesma é considerada reprodutiva e de oferta inesgotável (considerando a autodependência do trabalho humano), enquanto a segunda atividade é denominada não reprodutiva e limitada. (RAMOS, p. 04-05, 2007).
No entanto, os senhores de terras não estavam preocupados com a produção de subsistência, mas sim em produzir somente a cana-de-açúcar, pois segundo os mesmos traria mais lucros, pois esse produto era exportado diferentemente dos produtos de subsistência que seria para o consumo interno, dessa forma os mesmos preferiam pagar mais caros nos produtos de subsistência do que ceder parte da terra para produzi-lo.
Em contrapartida para a produção do açúcar, os portugueses inicialmente utilizavam os índios como mão de obra. Porém, com a resistência dos indígenas por não se adaptarem as condições de produção, e com isso os portugueses que já possuíam experiência na produção do açúcar nas Antilhas e conhecimento sobre o mercado africano de escravos, tornou-se possível ampliar esse negócio para o Brasil como mão de obra, que sem ela seria economicamente inviável.
De forma que, a concentração de terras pelos senhores de engenhos, a exploração de povos indígenas, e o tráfico negreiro, constrói desse modo uma desmistificação do direito social entre esses povos. Colocando-os, diante das estratégias de interesses pessoais de crescimento dos senhores de engenho, não apenas no processo de agricultura comercial, como também do controle do meio rural e urbano (REIS FILHO, 2000).
Segundo Prado Júnior (2006), comenta:
Com a grande propriedade monocultural instala-se no Brasil o trabalho escravo. Não somente Portugal não contava com população bastante para abastecer sua colônia de mão de obra suficiente, como também, já o vimos, o português, como qualquer outro colono europeu, não emigra para os trópicos, em princípio, para se engajar como simples trabalhador assalariado do campo. A escravidão torna-se assim uma necessidade: o problema e a solução foram idênticos em todas as colônias tropicais e mesmo subtropicais da América. (PRADO JÚNIOR, 2006, p. 20).
Em todos os processos econômicos que ocorreram no Brasil entre os séculos XVI e XIX tinham como base a escravidão, além do açúcar e do ouro, existiu a produção de tabaco,