Treze Preto
By João Martins
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Pois eis que, nos anos 80, José Maria se vê numa vida que não é a sua, e decide apostar tudo num golpe de sorte. Mesmo que esta o tenha abandonado a vida toda.
Entre uma cidade de Guimarães tranquila, e uma Lisboa cosmopolita e luminosa, com uma escuridão própria das grandes cidades, José descobre o amor, o poder das decisões, a alegria, o desespero, o medo, a solidão - descobre a vida digamos!
Rodeado de personagens sem nome, e de sítios que os têm, José acaba por perceber que o sentido da vida por vezes se pode encontrar afinal numa pessoa, ou então numa coisa, quem sabe num bilhete.
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Treze Preto - João Martins
Para o meu avô Manuel
Inspirado numa história mais ou menos verídica.
Uma breve introdução:
Esta história começa, como começa a história de qualquer ser,
Fruto de amor, azar, da biologia, ou simplesmente do acontecer.
É uma história com peripécias e aventuras vividas,
Ações, muito ou pouco refletidas,
Uma pessoa, várias vidas.
Isto é uma história de alguém que não era, mas se sentia burguês,
De um homem que nascera onde não queria,
Mas com um triste fado tradicionalmente português,
O destino a casa o traria.
Uma história que começa claro, com um Era uma vez,
Aqui vai então, a história de José Maria:
Treze preto. Euforia.
Parte I: Guimarães do José
Era uma vez,
José Maria.
Guimarães era a terra onde nascia.
Cidade de reis e de nobre história,
Onde outrora se festejou a glória,
De um nobre povo, o nosso povo,
Se fazer gente.
Desta terra, e segundo quem nela habita,
Diz-se que eterna ligação de berço com o Berço se suscita.
Que se pode partir, mas que o coração em seu torno
Sempre orbita.
Não há então,
E segundo a popular tradição,
Como escapar de tal fado.
Um futuro ligado a um passado,
Como pontas de um novelo alongado.
E então, é o destino, tal como novelo enrolado,
Que depois de tecido, e dobrado,
Está pronto a ser transformado
Naquilo que quem tece tem planeado.
O que difere contudo a vida de um novelo,
É que por muito que na vida se pense um plano, e se tente tecê-lo,
Não há como garantir,
Que não há de surgir nas nossas linhas e, portanto, em nós,
Nós.
Nós, cortes e remendos,
Momentos tristes, de perda ou azarentos.
O Zé, como Afonso Henriques, e de Guimarães as nobres gentes
Faz já desde antigos tempos,
Apesar de todos os contratempos,
Sempre continua, e continuará o seu novelo tecendo.
De Afonso Henriques,
O Conquistador
, as lendas tendem a cantar
Que de Guimarães para sul partira para conquistar,
Que na batalha de São Mamede a sua mãe tivera que enfrentar,
Que com mestria, estratégia e ambição para continuar,
Fez o seu povo marchar,
O suficiente para vir Lisboa ocupar,
A cidade que passaria a Capital,
Do mui nobre país que é Portugal.
Pois tendo isto em mente,
E consequente do sangue que nos corre: quente e irreverente,
Sabemos nós que a nossa gente (de Guimarães certamente),
Tende a procurar ver o diferente,
Fugir do recorrente,
Sentir que cresce continuamente.
Ficar, tem-se por alguma razão a ideia,
(Virá também do sangue, sem grande surpresa)
Que será sinónimo de parar.
Talvez por ter a gente de Guimarães tanta certeza,
A que sítio casa chamar,
Não lhe custe partir,
Sabendo que sempre tem para onde voltar.
Ora nem todos, contudo,
Temos um plano de conquista,
Um objetivo concreto em vista,
E partimos numa levada fatalista,
Rumo a um sul qualquer.
Pois será o sangue,
Será o fado,
Será o novelo alongado,
Será a história que o tenha traçado,
Pensar que o futuro está noutro lado,
Que ser feliz e melhor amado,
Reconhecido e recompensado,
Nascer de novo, reinventado,
Só acontecerá para sul,
Depois do Douro,
E quem sabe talvez
Pelo Tejo banhado.
Parte II: O José de Guimarães
Nascido e criado nesta bela cidade,
José nunca a sentira sua.
Se de pequeno à mocidade
Se perdia por entre ruas e natureza,
Quando adolescente tinha a certeza
Que não era ali que se sentia à vontade.
Pois de tradição e costumes
Vivia esta gente,
Que para José, entre queixumes,
A via contraproducente,
Lenta, e com pouco futuro pela frente.
Se a gente feliz,
Que da terra e indústria recebia, pro corpo, o pão,
De religião e família, pra alma, a sua sustentação,
Da natureza e dos costumes populares, pro ego, a sua diversão,
Faltava para José, algo que para já, sem conhecimento,
Não conseguia exprimir com exatidão.
Sem o saber,
Sentia falta de movimento,
De luz, barulho e de cimento.
Da indiferença e anonimato,
De quem passa nas ruas repletas de gente que de facto,
Não pensa em quem passa a seu lado.
Sentia falta do que não tinha visto,
Mas tinha ouvido,
Não tinha tido,
Mas sonhava ter vivido,
Algo que o movia,
E que inevitável seria.
Tudo, pois, neste momento indicaria,
Que pela sua terra não ficaria.
José iria, claro,
De Guimarães partir.
A vida teria que ser algo mais do que o que para si no momento tinha,
Algo mais que a rotina que viveram os seus pais,
E que para os seus irmãos e irmãs se avizinha.
José ambicionava desde novo,
Roupas diferentes das que lhe eram dadas,
Aparências de vivências distintas,
Das que lhe podiam ser proporcionadas.
De origem humilde na cidade berço plantada,
A sua família vivia da cutelaria e também dos tecidos.
Oito filhos no total, que por causas de foro natural,
A seis ficaram reduzidos.
Uma casa humilde, de mentalidade plural.
José sentia-se discordante e dissonante,
Pensaria sempre mais numa narrativa egoísta,
No seu eu
individual.
Não se via ali,
Não se sentia lá,
Não ficaria por cá.
Quanto tempo? O destino saberá.
Pois nos longos fios da vida,
Quando um desenrolar começa,
Não se sabe, pois, onde este novelo terminará.
Parte III: O Sonho de José Maria
Dezanove anos de vida,
Uma carteira despida,
Um bilhete de ida.
De terno branco, curto e