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Batoteira
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Batoteira

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Prestes a terminar a escola, Célia só tem um objetivo na sua mente: ir para a universidade e assim ter a situação económica que a sua família nunca teve. Sem dinheiro para entrar, terá de conseguir ganhar uma bolsa de estudos que é atribuída ao estudante com a melhor média final na escola.
Infelizmente, Harper, a jogadora principal da equipa de basquetebol, parece estar decidida a competir pela mesma bolsa de estudos, apesar de que ela não necessita da bolsa.
Quando a professora de ciências coloca-as como pares para um projeto, todo começa a complicar-se. E pouco ajuda que a Célia sonha com a Harper cada noite desde há três anos e que o seu namorado seja o rebelde da escola apenas piora a situação.
Demasiadas complicações quando a única coisa que a Célia anseia por é ir para a universidade.
Não percas esta história romântica LGTB+ em que as protagonistas deverão superar as suas diferenças para conseguirem realmente o que querem.

LanguagePortuguês
Release dateNov 23, 2022
ISBN9798215460375
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    Batoteira - Sonia Bellido Aguirre

    Capítulo 1

    CÉLIA

    —Aquele estúpido do caraças está a olhar para ti—sussurra Raquel enquanto conversávamos de frente ao seu cacifo.

    Fecho os olhos e deixo escapar um suspiro de desesperação, sem entender como é que poderia ter ofendido o cretino do Lucas Jones numa vida anterior.

    Aquele imbecil tem tudo. É bonito, alto forte, o quarterback da equipa de futebol da escola e acima de tudo, namora com a Harper Harris, apelidada de duplo H. Eu simplesmente posso sonhar com ela. Sonhar e vê-la a encestar uma e outra vez nos jogos de basquetebol feminino. Mas a parte de aparecer nos meus sonhos ninguém o sabe, para além da Raquel.

    Harper é o meu amor platónico desde que comecei a sentir as hormonas a correr pelo meu corpo. Não é como se ela pudesse gostar de alguém como eu; para começar ela é totalmente hétero e parece estar muito apaixonada pelo idiota do Lucas. Continuando, não acredito que tivéssemos falado uma única vez nestes três anos e meio que estamos a estudar na mesma escola. Duvido até que saiba o meu nome. Para ela e para muitos outros, sou invisível.

    E quem me dera que fosse para o namorado dela. Adoraria um dia poder entrar na cabeça dele, saber o que acontece naquele cérebro para entender o que tem contra mim. Não só nunca lhe fiz nada, mas também tento evitá-lo a todo o custo. Talvez, em algum momento os seus dois neurónios conectaram-se entre si, e decidiram que em outra vida o ofendi ou talvez esteja a confundir-me com outra pessoa. Ou, muito provavelmente, sou um alvo de chacota fácil para provocar gargalhadas aos seus amigos, alguns dos quais têm menos inteligência que ele, algo inacreditável.

    —Imaginas-te a ser assim tão patética?— faz troça de mim um dos jogadores de futebol apontando com o seu queixo para onde estávamos.

    O seu comentário muito pouco imaginativo origina várias chacotas sobre o meu físico ou a minha falta de meios económicos. Tive a má sorte de cair nesta escola por mero acaso. Vivo com a minha mãe em uma caravana com dois quartos, porque desde que o meu pai nos abandonou, o seu trabalho, quando o tem, não dá para mais. Por pura coincidência, a câmara municipal decidiu mudar os limites de vários distritos e por apenas cem metros a zona onde vivo, acabei nesta escola.

    O mais irónico é que a escola cobre as zonas mais ricas da cidade, o que faz com que quase todos os meus colegas tenham ou muito dinheiro ou muitíssimo dinheiro. A diferença é que alguns, como a Raquel, não ostentam os recursos dos seus pais, para além de que outros não só o fazem, mas também desprezam-me por não estar à sua altura como se eu tivesse escolhido nascer numa família pobre.

    —Vamos embora daqui—indicou a Raquel agarrando-me pelo cotovelo enquanto as gargalhadas crescem com intensidade até converterem-se em punhaladas dolorosas.

    Por sorte, alguém cessou as chacotas. Com um sorriso perfeito, movendo-se com a elegância de um felino, Harper parece deslizar pela nossa frente como uma autêntica deusa grega. Obviamente, não se atreveu a olhar para nós, mas pelo menos, as gargalhadas pararam.

    Formou-se-me um nó no estomago ao ver como os lábios do imbecil do Lucas Jones profanam a sua boca perfeita diante o olhar atento dos seus capangas, enquanto lhe toca no rabo sem querer saber que está rodeado pelos seus colegas.

    —Vamos, Célia, vais acabar mal—insiste Raquel puxando o meu braço para que mova até a uma zona mais segura.

    Enquanto caminhávamos, a minha cabeça converteu-se numa tempestade, ao tentar perceber o que é que a Harper viu num idiota como o Lucas Jones. Uma rapariga que poderia escolher literalmente qualquer pessoa da escola, alguém que se somente dirigisse-me a palavra, faria-me morrer de amor.

    —Vens esta tarde até à minha casa ver um filme?— pergunta Raquel interrompendo os meus pensamentos.

    —Amanhã temos teste de física—respondo de maneira seca sem desviar o meu olhar da Harper.

    —Estás a começar a babar-te. Vê lá, é que a Harper não está a um degrau por cima de nós, está a uma escadaria inteira. O melhor é que te esqueças dela, porque se o namorado dela sabe que gostas dela, os teus problemas atuais não são nada comparados com os que te esperam—explica Raquel levantando as sobrancelhas.

    Sacudo em vão a cabeça para tentar livrar-me da imagem da Harper da minha mente e volto a explicar à Raquel, uma vez mais, que amanhã temos teste de física e que preciso de uma boa nota. Na nossa escola temos uma bolsa de estudos que se chama bolsa André Jones, que recompensa com seis mil dólares ao aluno que se gradue com a melhor média dos anos escolares ao terminar o último ano.

    Se estás a pensar que é uma horrível coincidência que o nome da bolsa de estudos tenha o mesmo apelido que o estúpido do Lucas Jones, não é nenhuma coincidência. A bolsa de estudo foi estabelecida pelo seu avô paterno, ainda que continua a ser cruel que assim o seja.

    Em qualquer caso, esta maldita bolsa de estudos é, na prática, a minha única oportunidade de ir para a faculdade, ainda que a universidade local não tenha muito prestígio, para mim seria um sonho. É irónico que, com o dinheiro das suas famílias, os meus colegas poderão escolher universidades de grande estatuto, enquanto eu preciso de ganhar essa bolsa de estudo para poder simplesmente continuar a estudar. Suponho que a vida seja assim, se em algum momento tens de escolher entre inteligência e dinheiro, é melhor escolheres o segundo.

    — Estás a perder os melhores anos da tua vida— exclama Raquel como se eu já não soubesse disso.

    A maior parte dos estudantes dedicam-se a desfrutar as suas tardes a jogar em equipas de desporto, enquanto eu trabalho de empregada de mesa depois de sair da escola. Não é como se fossem a escolher-me para fazer parte de uma equipa, porque eu sou muito trapalhona, mas a parte de desfrutar o meu tempo, isso não me importaria.

    — Vais poder pelo menos, ver o jogo de basquetebol no sábado?— interroga Raquel enquanto pede um chá verde na cafetaria da escola.

    — Já sabes a resposta— garanto-lhe com um sorriso tonto que me denuncia.

    O basquetebol feminino é o desporto com mais estatuto na nossa escola, a única equipa que consegue classificar-se para a final do campeonato estatal e dizem que este ano poderão inclusive optar a jogar no nacional. Cada jogo é uma festa, o pavilhão da escola enche-se de gente ao ponto que tiveram de ampliar a escadaria. Compete em números de expectadores com o futebol, algo que é inaudito em qualquer outro secundário do país.

    E como iria eu perder um desses jogos? Não é que goste de basquetebol, mas a Harper é a estrela da equipa. Já era titular no seu segundo ano e foi melhorando até tornar-se indispensável. Nas poucas ocasiões em que esteve lesionada, a equipa não parecia a mesma, as jogadoras deambulam pela quadra de basquetebol sem rumo nem ideias claras, como se lhes faltasse a luz que a Harper reproduz. Ou pelo menos é assim que eu penso.

    Acho que o pai dela chegou a jogar na NBA, mas teve uma lesão no joelho fazendo com que interrompesse prematuramente a sua carreia. O que tenho a certeza é que ela vive por e para o basquetebol, passa horas depois de cada treino a fazer lançamentos livres ou triplos infinitamente e cada jogo é uma oportunidade para os olheiros de várias universidades recrutarem atletas para o próximo ano.

    Não sei se lhe afeta ou não pela

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