Imperialismo: uma introdução econômica
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Sobre este e-book
Se essa saída de cena pode ser datada sobretudo após a queda das experiências socialistas do leste europeu e o consequente triunfo do neoliberalismo, não fica claro porque o conceito foi deixado de lado, tendo em vista não apenas a continuidade de formas neocoloniais de dominação, mas o próprio reforço de sua validade pelos acontecimentos do fim do século XX.
Neste livro, a economista Juliane Furno disseca a longa tradição teórica sobre o imperialismo a partir das obras de seus principais formuladores. Sua análise caminha com a experiência histórica concreta, o que dá sentido especial a esse último movimento de relativo abandono, para apontar em direção contrária, a da atualidade e utilidade do conceito imperialismo para compreender o mecanismo de dominação por excelência do capitalismo em nossos dias. Com linguagem acessível, Furno traz aqui um convite à reflexão crítica sobre um tema essencial para as lutas do nosso tempo.
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Imperialismo - Juliane Furno
PARTE I
TEORIA CLÁSSICA DO IMPERIALISMO
Imperialismo é uma palavra bastante utilizada no vocabulário das teorias críticas que procuram entender as relações entre as nações e como são produzidas e reproduzidas as desigualdades não só entre países, mas no interior de cada país. O imperialismo é uma força que age de fora para dentro, mas que também se processa no interior dos países pela ação de burguesias nacionais associadas a ele.
Antes de discutir o conceito e a historicidade de sua formulação, envolta em controvérsias, vale fazer referência aos pressupostos da análise mais geral do capitalismo como modo específico de produção que deram contorno à emergência do imperialismo.
Marx e as premissas do imperialismo
Embora os autores não tivessem denominado o fenômeno como imperialismo, as bases para desvendá-lo estavam presentes nas obras de Karl Marx e Friedrich Engels e podem ser encontradas no debate inaugurado pelo Manifesto do Partido Comunista, em 1848. Partimos da premissa de que Marx e Engels já previram o imperialismo na análise minuciosa que fizeram sobre a natureza do modo de produção capitalista. Especialmente nos três volumes de O Capital, Marx dedicou-se à caracterização do conjunto das leis gerais e tendências que regem esse tipo particular de produção e reprodução.
No Manifesto do Partido Comunista, o germe do imperialismo já aparecia quando os autores assinalavam a existência de uma artilharia pesada
das grandes potências agindo no comércio internacional mediante a possibilidade de redução do preço final das mercadorias para conquistar mercado e suplantar a livre concorrência. Ou seja, o mecanismo dos preços baixos era a primeira forma de atuação dos países mais desenvolvidos com o objetivo de alcançar melhores condições para a sua reprodução ampliada.
Constam no Manifesto do Partido Comunista outros dois elementos que inauguram o tema da desigualdade entre as nações já em bases propriamente capitalistas: primeiro, a expansão do modo de produção capitalista em termos globais, levando a um tipo de atividade comercial pautada não mais nos marcos que caracterizavam o período pré-capitalista – em que o livre comércio e as espoliações puras tiveram primazia; segundo, o avanço do capitalismo sobre as demais nações, especialmente através de inovações técnicas no campo dos transportes, que encurtavam distâncias e criavam melhores condições à exportação de capitais. Tais elementos serão centrais na posterior análise leninista sobre o imperialismo.
O Manifesto Comunista dá como exemplo o surgimento das estradas de ferro, que contribuíram com a tendência à exportação de mercadorias e também influenciaram a dinâmica do capital que já apresentava tendência à concentração e à sobreacumulação¹ nos países detentores dos maiores avanços técnicos. Em síntese, a exportação de capitais aumentava a atividade cosmopolita do capital, criando laços de dependência com a derrubada sistemática das fronteiras internacionais rumo à consolidação do capitalismo como sistema g