Alimentos do ambiente rural de Angola: produção e preparo
()
About this ebook
Consiste em uma leitura reflexiva, sobre a necessidade de uma outra ciência, equitativamente menos ocidentalizada e mais no compasso dos saberes secularmente acumulados e experimentados pelos povos tradicionais junto à natureza dos seus territórios. A leitura nos convida a pensar em uma ciência da complexidade que tenha como alicerce a ética e a humildade de reconhecer que a revolução científica nos trouxe muitos benefícios, mas nos aprisionou a uma ideia de desenvolvimento que por vezes apartou-nos da identidade, da historicidade, da justiça socioambiental e, sobretudo, da nossa relação harmônica primitiva com os bens naturais, que ainda insistimos em denominá-los meros recursos para reprodução capital.
A partir da imersão dos autores no cotidiano das comunidades camponesas de Angola, o livro brinda a inexorável relação entre alimento e cultura, sociedade e natureza. Relações tão esquecidas ou endurecidas nos contextos atuais de homogeneização dos padrões de produção e consumo, e dos olhares que divorciaram a questão ambiental da questão agrária/camponesa.
Related to Alimentos do ambiente rural de Angola
Related ebooks
A irrepetibilidade dos valores pagos por erro da Administração Pública como efeito da extinção do ato administrativo de concessão de benefícios previdenciários:: uma abordagem de acordo com os ditames do neoconstitucionalismo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDireito previdenciário em resumo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsFontes de Custeio da Seguridade Social: divergências jurisprudenciais no âmbito dos tribunais superiores Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA regulação e a fiscalização da previdência complementar no Brasil: uma proposta de nova estruturação Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA falência do custeio da previdência: à luz da sociedade de risco na indústria 4.0 e da nova demografia brasileira Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsGuia Completo Da Revisão Da Vida Toda Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPrevidência Privada Fechada e Saúde Suplementar: relação à luz do Sistema de Seguridade Social Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsIrrevogabilidade, a qualquer tempo, dos Benefícios Fiscais na condição de Isenções Onerosas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsImunidade Tributária Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsCartilha Do Bpc Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Princípio da Equidade na Forma de Participação no Custeio: a isonomia como redutora das desigualdades previdenciárias Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsRevisão Da Vida Toda Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsContribuição Social Sobre A Folha De Salários Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsGestão da Própria Sorte: a regulação como instrumento de proteção do consumidor no mercado de previdência privada aberta Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPrevidência Social Anotada 3a Ed. (2021) Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO que é previdência do servidor público Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsManual de Direito Previdenciário de acordo com a Reforma da Previdência Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsRevista de Direito de Saúde Suplementar n. 7 Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsCartilha Da Revisão Do Artigo 29 Da Lei 8.213/91 Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA incorporação das novas tecnologias médicas na saúde suplementar: uma análise jurídica em busca da sustentabilidade e eficiência Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs fundos de pensão e as ações judiciais: reflexos das demandas judiciais nos planos privados de previdência complementar Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsApostila Lei 8.112/90 Com 120 Exercícios Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDireito à Saúde: A limitação do intervencionismo judicial Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA judicialização dos direitos da seguridade social Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO conceito constitucional de faturamento: para a contribuição ao PIS e a COFINS Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Sistema De Agendamento Eletrônico Do Inss Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Social Science For You
Bizu Do Direito Administrativo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Prateleira do Amor: Sobre Mulheres, Homens e Relações Rating: 5 out of 5 stars5/5As seis lições Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsSegredos Sexuais Revelados Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs Segredos De Um Sedutor Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDetectando Emoções: Descubra os poderes da linguagem corporal Rating: 4 out of 5 stars4/5Um Poder Chamado Persuasão: Estratégias, dicas e explicações Rating: 5 out of 5 stars5/5Como Melhorar A Sua Comunicação Rating: 4 out of 5 stars4/5Tudo sobre o amor: novas perspectivas Rating: 5 out of 5 stars5/5O martelo das feiticeiras Rating: 4 out of 5 stars4/5Manual das Microexpressões: Há informações que o rosto não esconde Rating: 5 out of 5 stars5/5O Manual do Bom Comunicador: Como obter excelência na arte de se comunicar Rating: 5 out of 5 stars5/5Liderança e linguagem corporal: Técnicas para identificar e aperfeiçoar líderes Rating: 4 out of 5 stars4/5O Ocultismo Prático e as Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria Rating: 5 out of 5 stars5/5O Despertar Da Consciência Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsFenômenos psicossomáticos: o manejo da transferência Rating: 5 out of 5 stars5/5A perfumaria ancestral: Aromas naturais no universo feminino Rating: 5 out of 5 stars5/5Churchill e a ciência por trás dos discursos: Como palavras se transformam em armas Rating: 4 out of 5 stars4/5Teoria feminista Rating: 5 out of 5 stars5/5Psicologia Positiva Rating: 5 out of 5 stars5/5Brasil dos humilhados: Uma denúncia da ideologia elitista Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPele negra, máscaras brancas Rating: 5 out of 5 stars5/5Coisa de menina?: Uma conversa sobre gênero, sexualidade, maternidade e feminismo Rating: 4 out of 5 stars4/5Mulheres que escolhem demais Rating: 5 out of 5 stars5/5O marxismo desmascarado: Da desilusão à destruição Rating: 3 out of 5 stars3/5Quero Ser Empreendedor, E Agora? Rating: 5 out of 5 stars5/5
Reviews for Alimentos do ambiente rural de Angola
0 ratings0 reviews
Book preview
Alimentos do ambiente rural de Angola - Silmo Schüler
1 A PRODUÇÃO DOS ALIMENTOS
Nas lavras são produzidos os alimentos consumidos no meio rural angolano, e parte da produção vai para o meio urbano. A lavra é o espaço físico onde acontece a produção.
Normalmente as lavras estão nas baixadas próximas a fontes de água, sendo que as camponesas residem em aldeias e deslocam-se diariamente até as lavras para trabalharem. Esse deslocamento, entre a residência e a lavra, as vezes pode levar horas.
Habitualmente elas levam, na cabeça, a bacia, um bidão de água para beber, uma catana e a enxada. Antes do final da tarde elas retornam para casa com alguma produção na bacia que servirá de alimento para a família.
1.1 PREPARAÇÃO DAS LAVRAS E O PLANTIO
Na maioria das vezes o solo das lavras é limpo, antes da estação das chuvas, com a catana e a enxada. O resíduo vegetal é queimado, e após a primeira chuva inicia-se o plantio, todo esse processo usa apenas a força humana, e normalmente é feito pelas mulheres.
As queimadas para limpeza das lavras degradam o solo, matando os microrganismos e diminuindo o teor de matéria orgânica, necessários para o bom desenvolvimento das plantas.
Em algumas regiões do centro e do sul de Angola, são utilizados bovinos para tração animal, favorecendo o preparo e manejo do solo, estas actividades são feitas pelos homens.
No campesinato a produção destina-se ao consumo próprio, existindo pouco excedente em função de deficiências nas condições de produção. O pequeno excedente, quando há, normalmente é vendido ao longo das rodovias para consumidores finais e para grossistas que fazem a produção chegar aos mercados consumidores maiores.
A agricultura camponesa angolana cultiva muitas variedades de alimentos, não possuindo especialização em nenhuma destas variedades. Como é o caso da camponesa Laureana Papo Seco em Icolo e Bengo.
A transformação desses camponeses, em agricultores competitivos, passa por políticas públicas de fomento à actividade agrícola.
2 OS ALIMENTOS
2.1 MILHO
Um pouco antes do período das chuvas, a limpeza do terreno das lavras é feita com uma catana e uma enxada, os dois instrumentos mais utilizados na agricultura camponesa de Angola. Os resíduos vegetais são queimados e inicia-se a abertura das valas para a semeadura.
Não é usado nenhum tipo de fertilizante e nenhum agrotóxico no cultivo do milho, apenas a capina manual durante o período de crescimento.
O milho colhido pela Sra. Antónica será debulhado, e os grãos irão para a moagem mecânica, com motor movido à gasolina, e a farinha obtida será utilizada na preparação do funge, principal alimento diário da Sra. Antónica, de sua família e de grande parte da população angolana.
Curiosidade: o milho é originário da América do Sul, destacando que em Angola há alguns milhetos nativos.
2.1.1 FUBA DE MILHO BRANCO
O milho branco é bastante utilizado para a produção de fuba. No método tradicional o milho é colhido, debulhado, seco ao sol e depois pilado no pilão ou na pedra. Esta actividade sempre é feita pelas mulheres, muitas vezes com o filho amarrado às costas.
2.2 MANDIOCA
A mandioca é cultivada e muito consumida em Angola, das suas raízes é produzida a fuba de bombo, e das suas folhas a quisaca. Da fuba de bombo faz-se o funge, principal carboidrato consumido diariamente pela população angolana.
O preparo do solo para o plantio da mandioca é feito com a enxada e a força humana, são montículos de terra onde são inseridos verticalmente três hastes, de aproximadamente 15 centímetros da rama da mandioca, permanecendo metade das hastes para fora do solo.
Dentro de aproximadamente dez meses as raízes já cresceram e estarão prontas para a colheita e o consumo.
Curiosidade: a mandioca é um arbusto originário dos Andes peruanos. Foi cultivada por várias nações indígenas da América Latina que consumiam raízes, tendo sido exportada para outros pontos do planeta, principalmente para a África, onde constitui, em muitos casos, a base da dieta alimentar, como é o caso de Angola.
2.2.1 FUBA DE MANDIOCA OU BOMBO
A fuba de bombo ou fuba azeda é obtida da fermentação da mandioca descascada por dois dias na água de lagoas ou de remansos de rios. Após os pedaços molgados são expostos ao sol até secarem, podendo ser guardados. Os pedaços secos são pisados no pilão de madeira ou na pedra. Usa-se uma peneira para separar a farinha fina que está pronta para o consumo, sendo que este trabalho é efetuado pelas mulheres.
2.3 MELANCIA
A melancia é muito produzida e consumida em Angola. Sua composição, além do alto teor de água, inclui carboidratos, vitaminas do complexo B e sais minerais, como cálcio, fósforo e