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Manual De Fruticultura Tropical I
Manual De Fruticultura Tropical I
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Manual De Fruticultura Tropical I

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O Brasil figura, juntamente com Índia e China, como um dos países mais importantes no âmbito mundial da produção de frutas. Tem-se observado incremento da produtividade (kg/ha) de frutas no Brasil, que é resultado de pesquisas em diferentes áreas de conhecimento.
LanguagePortuguês
Release dateJul 1, 2020
Manual De Fruticultura Tropical I

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    Manual De Fruticultura Tropical I - Hamilton G. Guerra

    APRESENTAÇÃO

    O Brasil possui uma extensa área territorial, com uma grande variação climática que possibilita o cultivo econômico de diferentes frutíferas, tornando o país o terceiro maior pomar mundial de frutas tropicais. Dessa forma, este livro se apresenta como uma contribuição para a Fruticultura, ciência essa que fomenta inúmeras oportunidades para estudantes, profissionais, produtores, curiosos e apaixonados pela produção de frutas.

    Com a publicação do Manual de Fruticultura Tropical I - Volume I: Importância da Fruticultura, Propagação de Fruteiras, Poda em Fruteiras, Tratos Culturais em Fruteiras, Cultivo da Bananeira, Cultivo do Cajueiro, Cultivo da Goiabeira e Cultivo do Mamoeiro; o autor deste livro pretende difundir novos conhecimentos tecnológicos presentes na fruticultura.

    Por esse motivo, esse Manual contém a apresentação e análise de dados de natureza científica e acadêmica oriundos da parceria de Especialistas da Fruticultura e Professores Universitários, grupos comprometidos na produção e divulgação dos modernos avanços ocorridos na fruticultura nos últimos anos.

    Além disso, este livro também descreve as culturas da bananeira, cajueiro, goiabeira e mamoeiro, destacando os assuntos da taxonomia, da morfologia, do clima, do solo, dos cultivares, da propagação, da escolha e preparo do solo, do planejamento e plantio, dos tratos culturais, da adubação, das pragas e doenças, das colheitas, dos rendimentos e da comercialização; com o objetivo de auxiliar a dinâmica da Cadeia Produtiva da Fruticultura com novos conhecimentos da área.

    Mapa

    1. AVANÇOS E DESAFIOS DA FRUTICULTURA

    A produção mundial de frutas é estimada em 540 milhões de toneladas, correspondendo ao volume de recursos de US$ 162 bilhões. O Brasil, com uma extensão territorial de 8.500.000 km², produz aproximadamente 43 milhões dessas toneladas, sendo responsável pela geração de US$ 5,8 bilhões desse montante.

    O país está inserido em uma grande variação de clima e microclimas que possibilitam o cultivo econômico de diversas fruteiras. As espécies de fruteiras podem ser divididas em três grupos principais, de acordo com as exigências climáticas: temperadas: exemplos de uva, maçã, figo, pêssego, ameixa etc.; subtropicais: tais como laranja, limão, tangerina, caqui etc; e, as tropicais como banana, caju, goiaba, mamão e manga, dentre outros.

    Atualmente, as frutíferas mais cultivadas no Brasil são: a laranjeira, a bananeira, o coqueiro, o cajueiro, o mamoeiro, a mangueira, o abacaxizeiro, a videira, a macieira, a goiabeira, o pessegueiro, a tangerineira, a pereira, dentre outras.

    O destaque principal é a laranjeira com sua alta produção e parque de industrialização elaborado e desenvolvido para a exportação de suco de laranja concentrado e congelado (SLCC), destacando o Brasil como maior produtor mundial de citros e maior exportador do SLCC.

    As frutas brasileiras ainda se destinam em sua grande maioria ao consumo interno, nas formas de frutas frescas e frutas processadas (sucos, polpas, doces, geleias, vinhos, cachaças, perfumes, produtos medicinais).

    As regiões brasileiras, no geral, possuem condições favoráveis à fruticultura; tais como: mão-de-obra disponível e projetos de irrigação públicos. No semiárido, por exemplo, o clima propicia baixa incidência de doenças e produção de frutas com qualidade de exportação.

    Por esse motivo, o investimento do Programas de Desenvolvimento da Fruticultura Irrigada do Nordeste (Padfin) e do Desenvolvimento da Fruticultura (Profruta), vem transformando o Semiárido nordestino, através da fruticultura irrigada, em uma região de produção de excelência de frutas tropicais. Produtos esses competitivos para oferta no mercado internacional do segmento.

    Atualmente, essa atividade gera 120mil empregos diretos e 480mil indiretos e investimentos privados na ordem de R$ 500 milhões. Ou seja, o incentivo do Governo federal em atividades em projetos de irrigação, capacitação de pessoal em técnicas de manejo e desenvolvimento de sementes, implantação de mudas adequadas para a região e cultivo de frutas vem transformando e agregando ainda mais valor aos polos de produção da Região Nordeste.

    Para se ter uma ideia, hoje, a região Nordeste é o maior polo de produção de frutas para exportação do Brasil e contribui com a parcela de 27% de toda a produção de frutas do país.

    Dentre os estados nordestinos merecem destaque: a Bahia, o Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Contudo, isso não significa que os demais não apresentem potencial para desenvolver uma fruticultura irrigada e competitiva para certas cultivares, pelo contrário. Vale ressaltar, mais uma vez, que as condições reinantes no semiárido propiciam baixa incidência de doenças, permitindo tratos culturais com a necessidade de um baixo nível de agrotóxicos, o que favorece o alcance de padrões internacionais e oferta de produtos dentro de parâmetros de segurança alimentar adequados.

    Um novo caminho que vem se destacando é a fruticultura familiar comercial com a geração de empregos e rendas movidos por crédito, capacitação e orientação técnica, ainda que de forma incipiente e num nível não suficiente para o abastecimento do mercado local e internacional.

    Em suma, por todos os motivos supracitados e, por consequência, existe uma oportunidade de investimento palpável e crescente no Nordeste do Brasil, principalmente pelas possibilidades de grande vantagem comparativa com a irrigação (mais de uma colheita por ano); geração de frutos tropicais de padrão internacional em quase época do ano; retorno mais rápido dos investimentos (ciclo produtivo mais precoce) e a grande disponibilidade de terras agriculturáveis e baratas. Assim, as oportunidades para agregação de valor são reais e necessárias através do desenvolvimento da agroindustrialização e produção de sucos, polpas, conservas, frutas secas e outros itens derivados de maior agregação tecnológica.

    Por outro lado, a Região apresenta gargalos e pontos fracos, que podem vir a se caracterizar como ameaças se não forem contornados a tempo, tais como: a baixa eficiência de irrigação; a concentração de monoculturas das safras de mangas e melões; erradicações de culturas como a da goiaba, mamão devido ao ataques fitossanitários.

    Ademais, o produtor regional compreende que lhe falta capacitação em gestão e associativismo, bem como assimila que as entidades empresariais, que foram anteriormente criadas por eles mesmos, carecem de planos estratégicos de ações já que não dispõem de competência administrativa e/ou gestão corporativa.

    Por conseguinte, observa-se com alta frequência o nível de compactação/erosão dos solos resultantes, sobretudo acerca dos efeitos de processos equivocados de mecanização, notadamente quando não se observa corretamente as curvas de nível e ausência de cobertura vegetal por longos períodos.

    Outros fatores preocupantes são o nível de poluição das águas decorrente da utilização inadequada de produtos tóxicos, fertilizantes e defensivos agrícolas; e, problemas de infiltração de e deficiência de drenagem da água.

    Naturalmente, é nitído que a proteção ambiental precisa ser concebida de uma forma mais ampla na região. Porém, essa é uma tarefa que envolve outras instituições além dos fruticultores, produtores agrícolas e suas organizações privadas.

    Problemas de infiltração de água e deficiências de drenagem são igualmente observados. Naturalmente a proteção ambiental precisa ser concebida mais amplamente, porém trata-se de uma tarefa envolvendo outras instituições além dos fruticultores e outros produtores agrícolas e suas organizações.

    Sob o ângulo do desenvolvimento tecnológico, a fruticultura irrigada do Nordeste necessita acima de tudo de programas e projetos de P&D que suportem, principalmente, a liderança da região nas exportações. Outro modelo alternativo e/ou complementar é a formação de consórcios e ou câmaras setoriais de comercialização -que têm se mostrado eficientes no Brasil e em outras regiões em desenvolvimento, desde que se consiga um volume escalável que caracterize uma oferta administrável, não só na comercialização interna, como também, principalmente, no mercado externo.

    Outrossim, existem poucos planos de melhoria de eficiência do uso da água nas diversas sub-bacias, especialmente nas que serão receptoras das águas de transposição do rio São Francisco e outras bacias do país.

    Além de tudo, outro ponto fraco que merece ser mencionado é a morosidade para liberação de sementes, principalmente do melão. Hoje para importar uma semente e ter a mesma devidamente liberada para plantio pelo Ministério da Agricultura, pode demorar de 2 a 6 meses. Nesses casos e em similares, para as empresas exportadoras o planejamento e os programas de plantio são bastante dificultados.

    1.1. Exportações brasileiras de frutas

    O Brasil vem aumentando suas plantações, elevando sua produtividade, incrementado o volume de produção e colhendo com mais qualidade. Mas, seus níveis de exportação ainda são muito baixos. Com a quantidade hoje exportada, o Brasil se encontra em 15º no ranking dos exportados mundiais de frutas. Do total produzido, 47% são consumidos in natura e 53% são processados (a maior parte do processamento gera suco concentrado e congelado de laranja, produto no qual o Brasil lidera a produção e a exportação).

    Desses 47% destinados ao consumo in natura, apenas 2% são direcionados para exportação e desses 53% que seguem para as agroindústrias, 29% são vendidos ao mercado externo.

    Ou seja, apesar do nosso país ser o terceiro maior produtor mundial de frutas, com uma produção que supera os 41 milhões de toneladas, perdendo apenas para China e Índia, o grande consumo interno absorve a maior parte da safra e faz com que o país não ocupe nem as 10 melhores posições do ranking dos maiores exportadores.

    Em 2010, as frutas frescas exportadas renderam US$ 609,61 milhões, contra US$ 559,49 milhões no ano anterior. Porém, foram exportadas 759,42 mil toneladas de frutas, uma redução em relação as 780,41 mil toneladas embarcadas em 2009. Essa diferença entre os valores se explica pela valorização da moeda brasileira e pela recuperação mais lenta da economia dos países importadores, atingidos pela crise internacional.

    O melão foi o fruto brasileiro mais exportado em 2010, com 177,82 mil toneladas. Já a uva, por sua vez, trouxe mais divisas para o país, com US$ 136,64 milhões. Estes resultados se refletem entre os Estados com maiores vendas ao exterior: o Ceará, principal produtor de melão, foi o que teve a maior exportação em tonelagem (146,30 mil toneladas) enquanto a Bahia, grande produtor de uva, foi quem mais arrecadou no comércio internacional (US$ 130,85 milhões).

    Em 2010, os principais destinos das frutas frescas brasileiras foram Holanda, com mais de um terço do valor e do volume totais (respectivamente 37,62% e 34,73%); Reino Unido (18,22% do valor e 15,77% do volume); e Espanha (10,17% e 12,20%). A lista dos dez maiores importadores de frutas brasileiras no último ano se completa com Argentina, Estados Unidos, Uruguai, Alemanha, Portugal, Itália e França.

    1.2. Principais países produtores de frutas

    Os três maiores produtores são: a China, a Índia e o Brasil que, juntos, respondem por 42,3% do total mundial e têm suas produções destinadas principalmente ao mercado interno.

    Se contabilizadas, as produções do quarto ao décimo produtor, quais sejam: Estados Unidos, Turquia, Itália, Indonésia, México, Irã e Espanha representam 19,1% do total. Assim, os dez países maiores produtores respondem por 61,4% de toda a fruticultura mundial.

    O maior produtor mundial de frutas é a China que em 2009 colheu 193,1 milhões de toneladas, o que representa 26,8%. As produções de Melancia, Maçã, Manga, Melão, Tangerina, Pêra, Pêssego, Nectarina e Ameixa são as mais importantes.

    O segundo maior produtor é a Índia, cujas colheitas de 71,5 milhões de toneladas participam com 9,9% no total mundial. Tem destaque nas colheitas de Banana, Coco, Manga, Abacaxi, Limão/Limas e Castanha-de-Caju.

    O Brasil ocupa a terceira colocação no ranking da produção mundial de frutas e é responsável por 5,5% do volume colhido, com uma produção de 39,6 milhões de toneladas. Com colheitas significativas de Laranja, Banana, Coco, Abacaxi, Mamão, Castanha-de-Caju, Caju e Castanha-do-Brasil.

    Em relação as principais frutas produzidas em 2009, destaca-se a Banana, Melancia, Maçã, Laranja e a Uva que, juntas, responderam por 60,7% do volume total da fruticultura mundial, que foi de 719,7 milhões de toneladas.

    A Banana foi a fruta mais produzida no mundo, com 132,5 milhões de toneladas, seguida pela Melancia com a quantidade de 98,3 milhões de toneladas colhidas. Em terceiro lugar, com 70,5 milhões toneladas, a Maçã se destacou; a Uva foi a quarta fruta em volume produzido com 67,9 milhões de toneladas. A Laranja com 67,6 milhões de toneladas produzidas é a quinta fruta em destaque.

    1.3. Busca da autossuficiência

    Apesar das dimensões continentais o nosso país encontra dificuldade em atender ao seu mercado interno.

    Os problemas para esse atendimento vão desde aspectos culturais, precariedade de logística, falta de planejamento e integração dos mercados regionais, até as dificuldades econômicas da maioria da população. O Brasil tem 190 milhões de habitantes e, por isso, é o maior mercado consumidor da América Latina.

    Atualmente, o mercado interno segue a tendência mundial de aumento do consumo de frutas frescas, dentro dos princípios difundidos de melhoria da qualidade de vida e cuidados com a saúde. Portanto, além de exportar para o mercado internacional, o Brasil precisará aprender a exportar para ele mesmo, qualificando a produção, a distribuição e a comercialização.

    Contudo, a cadeia produtiva da fruticultura é a área que mais cresce dentro do agronegócio brasileiro e deverá alcançar um patamar de grande exportador. Todos os estados da federação acordaram para uma realidade: a fruticultura gera dinheiro, o país tem potencial para produzir muito e com qualidade, há um mercado com alta demanda e em crescimento.

    Os investimentos realizados nos polos de fruticulturas irrigadas no Nordeste, no sudeste do país e no Sul estão se consolidando porque há um grande retorno econômico e social nessa atividade. Para cada hectare de pomar é gerada uma renda de aproximadamente R$15 mil. Isso quer dizer que, dentro da agricultura, o segmento frutícola está entre os principais geradores de renda, de empregos e de desenvolvimento rural.

    Fatores que incentivam a produção de fruticultura:

    1. Geração de empregos no campo e na cidade;

    2. A renda é mais elevada do que vários produtos agrícolas;

    3. Sustentabilidade da produção;

    4. Disponibilidade de recurso;

    5. Grande demanda no mercado interno;

    6. Grande demanda no mercado internacional;

    7. Incentivo às exportações;

    1.4. Desperdício de frutas no Brasil

    Todos os anos, o Brasil acumula prejuízos de milhões de dólares na produção e processamento de frutas. As perdas variam de 30% a 60% do total produzido nos pomares brasileiros, dependendo da espécie e do estágio em que a fruta é descartada pelo mercado.

    As perdas começam na lavoura e terminam nas gôndolas dos supermercados. Antes disso, passa pela embalagem inadequada, o transporte indevido, manejo equivocado e estocagem errada.

    As perdas na lavoura ocorrem por desconhecimento do produtor, que adota manejo inadequado no pomar e usa variedades não adaptadas. Além disso, há os fatores climáticos que podem influenciar, como tempestades, ventos, geadas, excesso hídrico ou estiagens.

    A utilização de embalagens indevidas também é fator de prejuízos à produção nacional de frutas. No Brasil é costume utilizar caixas de madeira estreitas, impróprias para acondicionar o produto. Isso aperta as frutas, machuca e ainda provoca contaminações pelo uso contínuo sem os cuidados de higiene necessários. Por isso, é necessário adequação das embalagens em que as frutas são armazenadas.

    Outros pontos fracos do processo pós-colheita na fruticultura brasileira é 1) O transporte, que deveria ser feito em caminhões refrigerados e com as frutas já embaladas. Normalmente, a operação é realizada em caminhões comuns cobertos com lonas. 2) A ausência de um bom planejamento de comercialização, originado pela falta de sistema de informações eficaz que otimize a delineação da produção, medida que é rotineira na Europa e nos Estados Unidos. Com essas informações de mercado, o produtor poderia se organizar para produzir exatamente o volume de frutas que terá a demanda adequada.

    1.5. Consumo per capta de frutas

    O consumo per capta anual brasileiro está bem abaixo, praticamente a metade, em relação a outros países como a Itália, Espanha e Alemanha (Espanha 120 kg, Itália 114 kg, Alemanha 112 kg, França 91,40 kg e o Brasil 57 kg). Vários fatores estão relacionados a esse fato:

    – A não consciência da importância das frutas na alimentação;

    – O baixo índice de tecnologia empregada na fruticultura brasileira causa preços elevados das frutas;

    – A baixa renda per capta do brasileiro;

    – O consumo de frutas nativas, como açaí, jabuticaba, cajá, jaca, cupuaçu, graviola e outras não entram na estatística do consumo per capta brasileiro;

    – O consumo de frutas de l quintal também não entra nas estatísticas.

    1.6. Polos frutícolas do Brasil

    Existem hoje no Brasil mais de 30 polos de fruticultura, espalhados de Norte a Sul e abrangendo mais de 50 municípios.

    São exemplos de sucesso o Polo Açu/Mossoró, no Rio Grande do Norte, que se tornou a maior região produtora de melão do país, e o Polo Petrolina/Juazeiro, que já conta com mais de 100 mil hectares irrigados, exportando manga, banana, coco, uva, goiaba e pinha, e garantindo emprego a 4000 mil pessoas em áreas do semiárido da Bahia e Pernambuco.

    Outro que vem crescendo e que é um dos mais avançados na produção de frutas para exportação é o Polo Baixo Jaguaribe, no Ceará, que já conta com 52 mil hectares irrigados.

    Também o Polo de desenvolvimento Norte de Minas/MG merece ser citado por sua importância na produção de frutas como banana, limão, manga, uva, coco e mamão.

    Não pode ser esquecido o Polo de São Paulo, um dos primeiros a surgir no país, que hoje sofre a concorrência do Nordeste nas exportações, mas que ainda é o grande fornecedor do mercado interno de frutas frescas, o primeiro nas exportações de citros e de suco de laranja e tem forte presença nas culturas da banana, manga, goiaba, uva de mesa e outras.

    Há ainda o polo do Rio Grande do Sul, tradicional produtor de uva para produção de vinho e de pêssego para a indústria e de mesa. Além disso, na região de Vacaria, nos Campos de Cima da Serra, florescem os pomares de maçã, dando ao Estado o segundo lugar nas exportações dessa fruta, depois de Santa Catarina, onde as macieiras se estendem pelos municípios de Friburgo e São Joaquim.

    1.7. Aspectos sociais

    O setor frutícola brasileiro abrange 2,2 milhões de hectares, gera 4 milhões de empregos diretos e um PIB agrícola de US$ 11 bilhões. Este setor demanda mão de obra intensiva e qualificada, fixando o homem no campo de forma única, pois permite uma vida digna de uma família dentro de pequenas propriedades e também nos grandes projetos. É possível alcançar um faturamento bruto de R$ 1.000 a R$ 20.000 por hectare. Além disso, para cada 10.000 dólares investidos em fruticultura, geram-se 3 empregos diretos permanentes e dois empregos indiretos. Visto por outro ângulo, 2,2 milhões hectares com frutas no Brasil significam 4 milhões de empregos diretos (2 a 5 pessoas por hectare).

    A alta geração de emprego ocorre por se tratar de cultivo extensivo e intensivo, exigindo a presença constante de mão de obra. Por isso, existe atualmente grandes incentivos aos projetos de irrigação, principalmente por ser uma das atividades agrícolas que exige poucos recursos para gerar empregos.

    1.8. Plantas de clima tropical

    Os vegetais tropicais e subtropicais encontram, a partir do centro do Estado de São Paulo até o Amazonas, condições ecológicas para o seu desenvolvimento, com exceção das regiões montanhosas, onde a queda de temperatura oferece microclima favorável às culturas temperadas.

    Pelos conhecimentos adquiridos sobre espécies de clima temperado, subtropical e tropical, e conhecendo-se as condições ecológicas de cada região, podem-se estabelecer pomares comerciais com grande probabilidade de êxito. Assim, as culturas de abacaxi, anona, banana, coco-da-baía, mamão, manga, tâmara, citros, abacate, goiaba, jabuticaba encontrariam condições ecológicas das mais favoráveis a partir da parte central do Estado de São Paulo até o norte, incluindo a região central e nordeste, que se enquadram dentro de clima subtropical e tropical. As espécies de clima temperado, entretanto, como ameixeira, figueira, macieira, oliveira, pecã, pessegueiro, pereira e videira, encontrariam condições mais satisfatórias do sul do Estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul.

    1.9. Aspectos nutracêuticos

    Por ser um tema recente e despertar interesses diversos, recebem também, diversas terminologias. Os mais usuais são alimentos funcionais, fitoquímicos ou compostos bioativos e também nutracêutico.

    Lajola define os nutracêuticos como: Alimentos semelhantes em aparência ao alimento convencional, consumido como parte da dieta usual, capaz de produzir demonstrados efeitos metabólicos ou fisiológicos úteis na manutenção de uma saúde física e mental, podendo auxiliar na redução do risco de doenças crônico-degenerativas, além de manter suas funções nutricionais.

    Estudos epidemiológicos, por exemplo, têm associado a dieta rica em vegetais e o uso da soja com uma menor incidência de osteoporose e câncer de mama na mulher. A dieta mediterrânea, rica em frutas e vegetais, óleo de oliva e carboidratos, leva a níveis de colesterol elevados, mas não correlacionados a um maior número de mortes por enfarto.

    A decisão sobre qual comida colocar no prato tem implicações econômicas, ambientais, éticas, culturais, fisiológicas, históricas e religiosas. Assim, os lactovegetarianos comem ovos, leite e derivados, por não resultarem do sofrimento animal ou por não conter toxinas produzidas antes da morte animal; os vegans, acreditam na liberdade total dos animais e não se alimentam de produtos de origem animal e só tiram fotos digitais, devido os filmes conterem uma gelatina retirada da canela da vaca; os frugivoristas não só rejeitam carne como evitam machucar ou matar vegetais. Por isso, comem apenas aquilo que as plantas querem que seja comido, frutas e castanhas, e consideram o consumo de folhas, caules e raízes uma violência.

    O homem é onívoro ou frugivorista?

    Segundo o Dr. W. R. Friedman, nos últimos sessenta anos, depois de trabalhos de Cunier, Ovon, Dambenteou, chega-se à conclusão de que o homem é frutívoro, não só pela forma e disposição do seu sistema dentário, mas, também, pela constituição dos órgãos digestivos, e muitos estudiosos afirmam que é um erro nos considerarmos onívoros, já que as frutas são alimentos naturais do homem, mineralizantes por excelência, e é nesta fonte pura e não nos cadáveres de animais que devemos nos apoiar para a reparação das nossas forças.

    1.10. Valor nutritivo das frutas

    Na alimentação dos frugivoristas e dos vegans, deve haver um cuidado especial quanto ao suprimento de vitamina B12, já que essa vitamina é sintetizada por bactérias de solo, quando consumidas pelos animais durante o pastejo e é encontrada, principalmente, na carne animal. Ou seja, a B12 não está presente nas frutas e vegetais. Entretanto, pode ser facilmente encontrada em alimentos enriquecidos, como alguns biscoitos; em castanhas, a exemplo da amazônica, pode suprir a necessidade diária de proteínas e cálcio, sendo este último encontrado em maior concentração nessas oleaginosas do que no leite de vaca e seus derivados.

    Um concorrente direto na comercialização das frutas é o refrigerante, pois bem, esse é um produto artificial, sem nenhum valor nutricional, que intoxica e desmineraliza o organismo. Tem muita caloria, engorda. O diet, com menos caloria, é artificial e tóxico. E, ao contrário das frutas, não contém vitaminas, proteínas, sais minerais (raras poucas exceções), sendo composto também por corantes e acidulantes tóxicos ao organismo.

    Além de não respeitar o próprio corpo ao beber um refrigerante multinacional, que tem inclusive incentivos fiscais (não oferecido às indústrias nacionais de refrigerante), paga-se aos estrangeiros e desempregam-se brasileiros nos campos de produção de frutas, café e chás.

    2. AVANÇOS NA PRODUÇÃO DE MUDAS E PROPAGAÇÃO DE FRUTÍFERAS

    2.1. PROPAGAÇÃO DA BANANEIRA

    2.1.1. INTRODUÇÃO

    As mudas possuem alta qualidade genética, fitossanitária e asséptica, tornando-se fundamental para o sucesso do plantio no sistema de cultivo da bananeira. As bananeiras podem ser propagadas vegetativamente, através de mudas obtidas a partir do desenvolvimento natural de filhotes ou por técnicas de fracionamento de rizoma, além da propagação acelerada in vivo e in vitro.

    O ideal para realizar um plantio de qualidade é usando mudas originárias de viveiros idôneos, de preferência em viveiristas registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Armazenamento (MAPA).

    A muda deve passar por um processo de saneamento, classificação e seleção, apresentando de preferência peso superior a 2 Kg, rizomas esse originados de famílias de alto vigor e alta qualidade genética, livres de pragas e doenças. Essas características influirão na contribuição significativa da elevação da produção e produtividade.

    2.1.1.1. Tipos de mudas

    As mudas podem se encontrar diferentes tipos e estágios de desenvolvimento e tamanho, recebendo uma denominação que as diferenciem e que permitam a identificação dos diferentes tipos.

    2.1.1.2. Classificação para o Grupo Prata

    As mudas do tipo chifrinho variam de 20 a 30 cm de altura, com 2 a 3 meses de idade e peso entre 1 a 2 kg. Apresentam folhas lanceoladas e suas classificações são feitas quanto ao tamanho e o peso, que podem variar de acordo com a cultivar.

    – Chifre: Mudas com 50 a 60 cm de altura e 3 a 6 meses de idade, com peso variando entre 1,5 a 2,5 kg e apresentam folhas lanceoladas;

    – Chifrão: As mudas do tipo chifrão são as ideais, com 60 a 150 cm de altura e 6 a 9 meses de idade, com peso variando 2,0 a 3,0 kg e apresentam uma mistura de folhas lanceoladas e folhas típicas de planta adulta;

    – Guarda-chuva: São mudas do tipo pequenas, com 15 a 30 cm de altura, de rizoma diminuto, com folhas típicas de planta adulta. Essas mudas não devem ser usadas, pois possuem poucas reservas e por proporcionarem um longo ciclo vegetativo;

    – Adulta ou muda alta: Mudas com rizoma bem desenvolvido, em fase de diferenciação floral, apresentam folhas largas e jovens, com peso superior a 4 Kg;

    – Rizoma com filho aderido: Mudas que apresentam uma brotação desenvolvida junto ao rizoma e exigem maiores cuidados em seu manuseio, evitando danos aos brotos;

    – Pedaço de rizoma: São mudas provenientes de pedaços de rizomas e apresentam no mínimo uma gema bem intumescida e peso variando de 800 a 1.200 g.;

    Além desses tipos de mudas existem aquelas obtidas por meio de propagação acelerada in vitro, que apresentam altura de 15 a 20 cm, com peso variando de 80 a 150g e folhas levemente arredondadas com rizoma pequeno e presença de raízes.

    Nessas classificações e tipos o peso e o tamanho das mudas variam em função do cultivar. Deve-se dar preferência as mudas do mesmo tipo, sendo plantadas na mesma área como forma de uniformização da colheita.

    2.1.1.3. Métodos de propagação

    No sistema de propagação a partir da separação de brotos do rizoma-mãe podem ser produzidas quarenta ou mais mudas. No entanto, nem todas elas desenvolvem-se satisfatoriamente.

    2.1.1.4. Os principais métodos são:

    Fracionamento do Rizoma: Esta é uma técnica de propagação bastante simples, indicada para qualquer variedade de banana, consistindo nas seguintes etapas

    a) Seleção de matrizes vigorosas, produtivas e que representam a cultivar que as originaram e que não apresentam sintomas de ataque por patógenos;

    b) Limpeza do rizoma mediante a remoção de raízes e partes necrosadas, de forma a eliminar brocas e manchas pretas;

    c) Eliminação de partes das bainhas do pseudocaule, a fim de expor as gemas que estão sob as mesmas;

    d) Fracionamento do rizoma em pedaços quantas forem as gemas existentes no mesmo;

    e) Plantio dos pedaços de rizoma em canteiros devidamente preparados com matéria orgânica, a fim de fornecer um ambiente adequado ao desenvolvimento das mudas.

    Para o plantio abrem-se sulcos com profundidade suficientes para enterrar complemente os pedaços de rizoma, usando o espaçamento em torno de 20 cm entre sulcos e 5 cm entre pedaços dentro dos sulcos. Durante toda a fase de canteiro é importante proceder à irrigação para manter o solo sempre úmido, assim assegura-se um elevado índice de pegamento em cerca de 70%.

    As mudas estarão aptas a serem levadas para o campo cerca de quatro a seis semanas após o encanteiramento dos pedaços de rizoma, considerando-se que as variedades apresentam diferentes velocidades de desenvolvimento.

    2.1.1.5. Propagação acelerada in vivo

    A propagação acelerada in

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