Ardentemente
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Ardentemente - Irajá Barreto Cibils
ArdenteMente
Irajá Barreto Cibils
© by Irajá Barreto Cibils
Direitos autorais reservados
Editoração eletrônica: Emilly Marques
Capa: Gabriel Saldanha, a partir de imagem free disponível na internet
Revisão: João Vitor Berg
Arquivo digitado e corrigido pelo autor, com revisão final do mesmo,
autorizando a impressão da obra.
Editor: Rossyr Berny
Contato com o autor: irajacibils@hotmail.com
Para conhecer mais autores da Alcance acesse:
www.editoraalcance.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
____________________________________________________________________
C567ar Cibils, Irajá Barreto
ArdenteMente / Irajá Barreto Cibils – Porto Alegre: Alcance, 2021.
1. Literatura Rio-Grandense. 2. Crônicas Rio-Grandenses. I. Título.
CDD 869.9987
____________________________________________________________________
Bibliotecária responsável: Daniela S. Christ CRB 10/2362
Prefácio
A vida nos seus mínimos e grandiosos detalhes
Pelo andar da carruagem, Irajá Barreto Cibils, vai se transformando numa máquina de produzir importantes obras literárias. Ele revela um estilo muito peculiar, escrevendo com soltura e elegância, sem medo de desandar para patamares menos elegantes em determinados momentos, de raiva ou impotência.
Ele navega pelo que chama de prosa poética, mas que eu me atrevo a classificar, em determinados momentos, como crônica poética, pois ele avança no cotidiano e dele retira poesia, reflexões e pensamentos que acabam nos provocando e levando a reflexões mais profundas.
Estou me referindo, especificamente, ao livro ArdenteMente, que começa com uma reflexão sobre o cérebro, outorgando ao mesmo autonomia, liberdade e, de certa maneira, submetendo-se à força dele.
Fazer o quê, eu não mando mais no meu cérebro, ele adquiriu vida própria; quando me dou conta, está juntando os neurônios, agita a massa encefálica, às vezes ativa o canto da memória, revigora o outro, da inteligência, assanha aquele outro, que comanda os movimentos dos membros e dos dedos e põe-se a escrever!
– afirma o autor, abrindo caminho para um leque imenso de reflexões, de crônicas poéticas que vencerão o passar do tempo, pois estão fundamentadas no pensamento e no sentimento humano, que permanece inalterado com o passar dos séculos, respondendo sempre às mesmas perguntas.
Graficamente, o livro apresenta uma feliz e bem lograda comunhão entre fotografias e textos. Isso facilita e incentiva a viagem pelas suas páginas, brindando ao leitor um pequeno espetáculo de cor e sensações a cada virada de página.
O autor e sua vida estão presentes no texto e no livro todo. Estão retratados em cada parágrafo. Sua vida, suas crenças, seus pensamentos políticos, artísticos e literários, sua relação profunda com a natureza, com o amor, com as mulheres, com a existência está plasmada em cada frase, em cada imagem, em cada pensamento. Ele não se esconde detrás do texto, brota dele com naturalidade, o que provoca uma intimidade cúmplice entre o leitor e o autor.
Parte da primeira frase de cada texto já serve como título, sendo um recurso engenhoso. Sobre as mulheres ele escreve, na página 25: São inteligências e pensamentos que nos encantam e fascinam. Vão muito além de corpos deliciosamente belos e perfeitos. Amo cada centímetro dos seus corpos, pois cada um é uma frase de um poema cujo título é Perfeição. Amo cada parte dos seus corpos, pois cada uma apresenta surpresas e magias. Amo cada parte dos seus corpos...
Esse sentimento, em prosa poética, se repete em vários momentos da obra.
Irajá Barreto Cibils não se furta de abordar temas que podem ser polêmicos e deixa sua opinião registrada em diversos momentos, sem medo de receber críticas.
Argumentação baseada em fatos, em conhecimentos, em leituras diversas e até mesmo antagônicas sob o mesmo tema é o que faz uma discussão inteligente tornar-se interessante. Discutir por discutir, total perda de precioso tempo. Debater com medíocres e ignorantes é o mesmo que fazer isto com as paredes. Inclua-se nisto os pelegos políticos, os piores cegos, pois não querem ver o que é óbvio, e com incansáveis provas. Gosto de um bom embate
, afirma em outro momento da obra.
Na página 75 ele nos surpreende com um texto, impregnado de poesia, em espanhol: Hay algo de hechizos y magia en tus ojos, porque apenas te veo y ya me siento encantado, atraído. Hay algo de energía muy fuerte en el movimiento de tu cuerpo, porque estoy extrañamente fascinado. Hay algo así como un gran imán en tu espíritu porque pronto siento que soy parte de él. Hay algo muy distinto en ti, no hay nada muy distinto en mí, me siento enamorado…
Tudo flui naturalmente na obra, vai encaixando-se e abrindo o leque.
Meus versos são cantos, acalantos, reclames, falam sozinhos, coisas de louco, por não ter alguém por perto para contrapô-los. São nuvens de chuvas necessárias, ou nuvens esparsas, aquelas que desenham absurdos imaginários nos céus. Trazem sabores como as fumaças que saem dos fogões a lenha ou das fogueiras ritualísticas. Meus versos são soltos ao vento, reverberam nos Altiplanos ou se espraiam livres pelas pradarias. Meus versos são viajantes oriundos do passado, rumando para futuros incertos. Meus versos têm direção certa ou saem sem rumo, buscando um alvo. Mas com certeza meus versos são misteriosos, pois nasceram nas cavernas profundas dos meus interiores...
, afirma e confirma o autor, pois é o que sentimos durante a leitura. São versos misturados na prosa, nas reflexões, no pensamento de Irajá Barreto Cibils.
Ele termina a obra com um testamento que é uma declaração de amor à vida, que expressa sua tranquilidade perante seu caminhar por este mundo, sua plena certeza de que está caminhando pelo caminho certo.
Vale a pena mergulhar em ArdenteMente e desfrutar de cada imagem, de cada texto, de cada crônica-poética, como me atrevo a classificar.
Carlos Higgie
Escritor uruguaio, residindo há muito no Brasil
(Arte: Gabriel Saldanha)
Meu cérebro está permanentemente ativo,
chamuscado, incendiado, funciona até dormindo este camarada, não para nunca! Fazer o quê, eu não mando mais no meu cérebro, ele adquiriu vida própria; quando me dou conta, está juntando os neurônios, agita a massa encefálica, às vezes ativa o canto da memória, revigora o outro, da inteligência, assanha aquele outro, que comanda os movimentos, dos membros e dos dedos e põe-se a escrever! Acolhemos as letras, que viram palavras e frases; assim nasce a prosa, que algumas vezes teima em ser poética. O pior, acostumou-se a acordar-se às três horas da manhã e, é claro, a mim também,