Aquário De Recife De Corais: Teoria E Prática - Versão Digital
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Book preview
Aquário De Recife De Corais - Rômulo Gomes Queiroz
© 2021 Rômulo Gomes Queiroz
Direitos desta edição reservados ao autor
Email: rgqfotografia@gmail.com
Revisão ortográfica: Maiara Oliveira Nascimento Produção gráfica, capa e composição: Rômulo Gomes Queiroz Dados internacionais de catalogação na Publicação (CIP) (Marcelle da Silva Coelho Queiroz – CRB6 621/0) Q3a
Queiroz, Rômulo Gomes.
Aquário de recife de corais: teoria e prática / Queiroz, Rômulo Gomes – Do Autor: Vitória, 2021.
Il.438p.
ISBN 978‐65‐00‐25568‐3
1.Aquarismo. 2. Aquários marinhos 3. Corais. I. Título. II.Queiroz, Rômulo Gomes
CDD‐639.342
Índice para catálogo sistemático:
1.Aquário de recife de corais: Piscicultura 639.342
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou transmitida por meios eletrônicos ou gravações sem a permissão, por escrito, do editor. Os infratores serão punidos pela Lei nº 9.610/98.
Impresso no Brasil/ Printed in Brazil
_________________
Agradecimentos a:
Meus pais, Roberto e Marlene, e meus irmãos Rogério e Rafael por terem me levado sempre a um caminho de perseverança e honestidade, além de me suprirem sempre, mesmo em momentos de dificuldades.
Minha esposa Marcelle e meus filhos Ricardo e Murilo pela paciência apesar dos momentos em que estive ausente.
Anderson Magon e Eric Dutra, amigos aquaristas, aos quais pude compartilhar toda a evolução dos meus aquários e pelas inúmeras ajudas em tudo que foi possível.
Meus amigos e parentes, pelo companheirismo e ensinamentos de vida que vou guardar para sempre.
_________________
Sumário
Capítulo 1 ‐ Começou assim... .............................................................. 8
1.1 Um pouco da história do aquarismo moderno .................... 11
Capítulo 2 ‐ A caixa de vidro ............................................................... 13
2.1 Espessura do vidro e das travas do aquário ......................... 16
2.2 Sistemas de descida do aquário .......................................... 20
2.3 Sistemas de recalque do aquário ......................................... 24
2.4 A hidráulica do aquário ........................................................ 27
2.5 A tampa do aquário .............................................................. 29
2.6 Circulação da água ................................................................ 30
Capítulo 3 ‐ O sump e o móvel ........................................................... 35
3.1 Tipos de sump ....................................................................... 41
3.2 Equipamentos importantes .................................................. 41
3.3 Móvel de madeira x móvel metálico .................................... 43
3.4 Detalhes do móvel ................................................................ 45
Capítulo 4 ‐ A água do mar e o ciclo do nitrogênio ............................ 50
4.1 Água natural x Água sintética ............................................... 57
4.2 Parâmetros e suplementação de elementos........................ 66
4.3 Testes diversos ..................................................................... 81
4.4 Aminoácidos ......................................................................... 85
4.5 Vitaminas .............................................................................. 87
4.6 O ciclo da vida ....................................................................... 88
4.7 Ciclagem ............................................................................... 89
4.8 Testes de PH, densidade e ORP ............................................ 90
Capítulo 5 ‐ Filtragem ......................................................................... 93
5.1 Filtragem mecânica .............................................................. 95
5.2 Filtragem química ............................................................... 101
5.3 Filtragem biológica ............................................................. 112
5.4 Outros tipos de filtragem ................................................... 127
Capítulo 6 ‐ Iluminação ..................................................................... 131
6.1 Tipos de iluminação ............................................................ 135
6.2 Iluminação caseira .............................................................. 140
6.3 Dimensionando a iluminação ............................................. 145
Capítulo 7 ‐ Temperatura ................................................................. 148
7.1 Importância do controle de temperatura .......................... 151
7.2 Chiller x Ventiladores (Cooler) ........................................... 152
7.3 Outras formas de resfriamento .......................................... 154
7.4 Chiller caseiro ..................................................................... 155
Capítulo 8 ‐ Alimentação/suplementação básica ............................. 156
8.1 Alimentando corretamente ................................................ 158
8.2 Suplementação básica para peixes e corais ....................... 159
8.3 Alimentos naturais para peixes e corais ............................. 168
8.4 Patês de alimentos ............................................................. 172
Capítulo 9 ‐ Água de reposição ......................................................... 174
9.1 Filtragem da água de torneira ............................................ 176
9.2 Controle automático de reposição de água ....................... 180
Capítulo 10 ‐ Controle de algas ........................................................ 182
10.1 Principais tipos de algas ................................................... 188
10.2 Equipe de limpeza do aquário .......................................... 195
10.3 Prevenir é o melhor remédio ........................................... 196
10.4 Algas pink .......................................................................... 200
10.5 Macroalgas ....................................................................... 201
Capítulo 11 ‐ Peixes .......................................................................... 202
11.1 Peixes para aquário marinho ............................................ 204
11.2 Cuidados básicos dos peixes............................................. 251
11.3 Principais doenças de peixes ............................................ 254
11.4 Capturas de peixes ........................................................... 267
Capítulo 12 ‐ Corais e invertebrados ................................................ 271
12.1 Corais moles ..................................................................... 272
12.2 Corais LPS ......................................................................... 286
12.3 Corais duros – SPS ............................................................ 311
12.4 Anêmonas, invertebrados e moluscos ............................. 336
12.5 Principais doenças de corais ............................................. 348
12.6 Alimentação de corais ...................................................... 352
12.7 Coloração de corais .......................................................... 355
Capítulo 13 ‐ Manutenção do aquário marinho ............................... 357
13.1 Rotina de manutenção ..................................................... 358
13.2 Principais erros ................................................................. 360
13.3 Tabelas .............................................................................. 363
13.4 Guia rápido para resolução de problemas ....................... 363
Capítulo 14 ‐ Faça você mesmo ........................................................ 367
14.1 Skimmer ............................................................................ 368
14.2 Sistema Durso ................................................................... 374
14.3 Chiller caseiro ................................................................... 377
14.4 Deionizador caseiro .......................................................... 384
14.5 Filtro ATS (filtro de algas) ................................................. 388
Capítulo 15 ‐ Perguntas e respostas ................................................. 394
Capítulo 16 ‐ Aquário marinho real .................................................. 406
Capítulo 17 ‐ Automação do aquário marinho ................................. 416
Capítulo 18 ‐ Guia Implantação do Aquário Marinho ...................... 422
Referências ....................................................................................... 428
___________________
Capítulo 1 ‐ Começou assim...
A minha paixão pelo mar começou nos primeiros anos da década de 1990. Lembro‐me muito bem do primeiro mergulho e a sensação singular de um novo ambiente diante de meus olhos. Somente quem já mergulhou sabe do que estou falando: o silêncio no fundo do mar aguça todos os sentidos, e a experiência se torna incrível e marcante.
Logo nos primeiros mergulhos, conheci um mergulhador com mais experiência que capturava peixes para vender em lojas de aquário. Seu método de captura era bem simples e artesanal. Ele utilizava um puçá e contava apenas com os reflexos para conseguir capturar peixes como Paru e Ciliares, e depois os vendia às lojas. Ele também me ensinou como montar um aquário marinho e como fazer o processo de ciclagem. Conforme será destacado mais adiante neste livro, esse processo consiste em colocar a água dentro de um aquário com o fluxo constante criado por uma bomba elétrica.
Espera‐se por 30 dias de ciclagem para iniciar a colocação dos peixes.
Naquela época, o acesso à informação para manter aquários de corais praticamente não existia. Internet no Brasil era inacessível. Embora existisse um livro em língua portuguesa1, só fui conhecê‐lo anos mais tarde. As informações que consegui foi conversando com lojistas que comercializavam aquário marinho.
Certa vez, fui a uma dessas lojas para entender como funcionava um aquário marinho. Minha intenção era adquirir meu primeiro aquário marinho. Mas, apesar da beleza dos aquários daquela loja, foi uma visita muito frustrante. O dono da loja me mostrou tudo o que eu deveria comprar: aquário, móvel, água salgada, skimmer importado, substrato importado, rochas vivas importadas, bombas importadas. Quando achei que já tinha terminado, ele abriu uma portinha e me mostrou uma caixa metálica com um mostrador de temperatura. E acabou de vez com qualquer chance que que teria de montar um aquário marinho ao falar do custo do chiller.
Passei vários anos com essa experiência negativa na minha consciência.
Para mim, aquário marinho era um sonho quase impossível de se alcançar devido ao alto preço dos equipamentos e à rotina pesada de manutenção que se exigia.
Alguns anos depois, montei um aquário de água doce de 200 litros que não exigia a mesma série de equipamentos que o marinho, além de ter uma rotina de manutenção mais simples. Mas a experiência também não foi das melhores. Depois de cerca de um ano, o aquário teve um crash total com algas verdes tampando completamente o aquário. Era tanta alga que a água ficou totalmente verde e nunca mais voltou a ser cristalina. Pouco tempo depois, decidi desmontar o aquário totalmente e vender tudo, ficando mais uma vez frustrado. (1) Foi criado em 1988 por João Carlos Basso, conforme link abaixo: https://www.aquaribasso.com.br/nascimento‐sexto‐viddro.
Nos anos seguintes, continuei mergulhando e contemplando o mar, os peixes e todas aquelas formas de vida, até que resolvi fazer uma pesquisa no YouTube sobre aquários marinhos e, para minha surpresa, tudo no aquarismo marinho havia evoluído de forma consistente, e até mesmo o chiller, que era uma condição sine qua non para o funcionamento do aquário marinho, agora poderia ser substituído por simples coolers de computador que custavam 30 reais! Era tudo muito mais fácil e havia muita informação disponível. Existem hoje informações em fóruns, canais do YouTube, revistas, podcasts, livros e outros mídias que tornam esse mundo do aquarismo marinho muito diferente da época que comecei.
A empolgação foi muito grande e imediatamente comecei a estudar sobre Aquarismo marinho, comprando livros, participando de forúns e visitando lojas de aquarismo locais. Dessa forma, a montagem do aquário marinho foi muito bem planejada e com a maioria dos equipamentos montados por mim. Esse aquário ficou na minha sala por muitos anos, até que o desmontei para montar um ainda maior, com muitos corais e peixes saudáveis. A motivação e fascínio que tenho hoje é a mesma do dia que montei o aquário, talvez seja até maior.
A vontade de escrever este livro nasceu dessas experiências e de outras que tenho tido com meu aquário marinho. Também me inspirei em inúmeros livros, revistas e sites da internet os quais pesquiso.
Vivemos sempre aprendendo! Quanto mais conhecimento, mais nos tornaremos melhor capacitados para a vida. A minha vontade quase obsessiva por conhecimento me fez aprender o software de animação 3D studio quando ainda estudava para prestar o vestibular em Tecnologia Mecânica, no qual fui aprovado em 4° lugar em 1998 na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Mesmo fazendo a faculdade, dediquei‐me a aprender a astronomia e astrofotografia sobre os quais escrevi um blog que se tornou por muito tempo o segundo blog de astronomia mais acessado do Brasil, tendo uma das minhas astrofotografias alcançado o segundo lugar no concurso brasileiro de astrofotografia daquele ano. A fotografia artística também foi uma consequência da astrofotografia e vice‐versa.
Recentemente, tenho me dedicado às aulas de voo como piloto privado e tive sede por aprender algo totalmente novo que me motivou e modificou a minha vida, mais uma vez.
Somos seres complexos, assim como o universo e o cosmos do qual fazemos parte. Estaremos sempre em evolução, moldando o futuro da humanidade e nos tornando cada vez melhores.
Com este livro, espero detalhar e esmiuçar todos os temas referentes ao aquário marinho, bem como apresentar soluções e alternativas baratas aos equipamentos comerciais. Tenho certeza de que o leitor poderá fazer equipamentos mais acessíveis mas que funcionam para aquilo que foram propostos e da melhor forma possível, evitando desperdício de tempo e de dinheiro com projetos inúteis, com a certeza de equipamentos que comprovadamente foram montados por mim e que, desde que sejam feitos e utilizados da forma que mostrarei neste livro, funcionarão e haverá os melhores resultados possíveis.
1.1 Um pouco da história do aquarismo moderno
Sempre que começamos a nos aventurar em alguma atividade, é coerente saber em que ponto da história estamos participando. Esse conhecimento histórico permitirá entendermos o porquê dos equipamentos e procedimentos básicos que usamos hoje e por que o aquarismo marinho segue certas premissas.
Nos primeiros anos da década de 1920, o aquarismo marinho era muito rudimentar, com grande mortalidade de peixes e corais por falta de tecnologia e de conhecimento dos processos biológicos básicos que mantêm os animais vivos.
No início dos anos 1920, o Sr. Lee Chin Eng vivia na Indonésia e mantinha aquários de recife bem‐sucedidos usando rocha viva, areia viva, luz solar natural, água do mar substituída regularmente e movimento suave da água fornecido por bombas de ar. Mas tudo isso só foi descoberto e teve reconhecimento mais tarde.
Houve uma grande mudança no mundo do aquarismo marinho na década de 1980 quando o governo alemão proibiu a importação de peixes‐borboleta e peixes‐anjos devido à alta mortalidade desses animais. Isso fez com que a Berlin Aquarium Society (escola de Berlim) e Peter Wilkens tivessem um papel fundamental para desenvolver o aquarismo marinho com a utilização de iluminação de alta intensidade e a descoberta de quais nutrientes e suplementos eram necessários para manter um aquário de corais.
A primeira lâmpada utilizada no aquário marinho foi a HQI de 6000 K, que permitiu manter os corais vivos. Na parte biológica, a utilização de rochas vivas e de hidróxido de cálcio fechou o último elo da corrente para manter os corais vivos por longos períodos e celebra o básico do aquarismo marinho na forma como o conhecemos até hoje.
Esse conhecimento foi popularizado e consolidado nos EUA e em todo restante do mundo no final da década de 1980 com os livros de Julian Sprung e Charles Delbek (The Reef Aquarium), que são baseados nas lições da escola de Berlim.
Depois disso, o aquarismo marinho continuou evoluindo, fazendo descobertas importantes e construindo métodos e aparelhos que facilitaram cada vez mais a manutenção do aquário. Entre eles podemos citar: a reposição de água doce para a água evaporada, a utilização de sistema RO/DI para prover uma água realmente pura para o aquário, a utilização de ozônio na manutenção da limpeza da água, o monitoramento da condutividade e PH, o skimmer e processos de coleta com melhor logística e os processos de quarentena dos animais.
____________________
Capítulo 2 ‐ A caixa de vidro
Aquário de 1,40m x 0,40m x 0,50m; vidro de 10mm de espessura, substrato aragonita 2mm e rochas vivas naturais. Alguns dias antes do início da ciclagem
A caixa de vidro
A caixa de vidro, durante muito tempo, foi a peça mais importante em um aquário marinho, além, é claro, dos animais e da água. Mas ela tem tido menos importância, sendo priorizados os acessórios do aquário como skimmer, reatores, chiller, luminárias LED, bombas eletrônicas, sistemas de automação, dosadoras de baling, sistema de ozônio, etc. Isso se deve à tecnologia hi‐tech, que vem sendo mais procurada e utilizada por hobbystas
em aquários marinhos.
Consequentemente, vêm acontecendo cada vez mais problemas com aquários mal projetados e mal construídos, gerando uma série de transtornos, como aquários barulhentos (ruídos na descida da água), difíceis de se fazer manutenção, além de problemas estruturais que culminarão em vazamentos, podendo chegar ao colapso estrutural de todo o aquário. Por esses motivos, é importante o aquarista buscar referências da empresa ou montador com quem pensa em comprar o aquário. Se o aquarista preferir, pode montar o seu próprio aquário, desde que tenha um pouco da habilidade e da tranquilidade necessárias para fazer isso com calma e atenção.
Montando um aquário de vidro
Antes de colar os vidros, deve‐se limpar bem as superfícies com álcool para retirar qualquer vestígio de gordura que possa atrapalhar a colagem.
Aplique fita‐crepe nos vidros para delimitar a área onde ficará o silicone.
Fazer isso, além de ajudar na retirada do excesso de silicone, irá deixá‐lo com o acabamento retilíneo.
O segredo para se ter uma boa colagem é aplicar uma camada bem volumosa e generosa de silicone para que não haja falhas ou bolhas de ar na vedação do silicone entre os vidros. É melhor sobrar silicone do que faltar, porque a falta pode levar a vazamentos no futuro. O excesso de silicone pode ser retirado facilmente depois com a fita‐crepe ou com estilete.
Outro ponto importante é utilizar vedantes de silicone conhecidos pelos fabricantes de aquário. Embora o silicone não seja uma cola, mas apenas um vedante, alguns têm uma resistência mecânica maior do que outros. Uma boa marca de silicone é o Silastic 732 da marca Dow Corning, incolor.
Para se colar um aquário de 200 litros mais um sump de 90 litros, serão necessários aproximadamente dois tubos de 300ml de silicone. Essa informação servirá de referência para se ter uma noção da quantidade de tubos necessários para cada tamanho de aquário.
Após a secagem completa do aquário (cerca de 3 a 5 dias), coloque uma placa de isopor embaixo do aquário e encha‐o com somente 20% de água, verificando se tem vazamentos, caso não haja, continue enchendo lentamente até completar todo o volume. Seque completamente por fora e verifique por 48 horas se tem algum vazamento.
A sequência ideal de montagem deve ser:
1. Posicione o vidro do fundo sobre uma mesa plana e nivelada coberta por jornal para não a sujar com o silicone.
2. Coloque fita‐crepe em todos os vidros para deixar apenas o espaço do silicone que será aplicado.
3. Aplique o silicone em duas arestas do vidro de fundo e em uma aresta do vidro frontal, no local onde será encaixado o vidro lateral.
4. Com ajuda de outra pessoa, monte os vidros frontais e laterais sobre o vidro do fundo, atentando‐se para o esquadro entre os vidros.
Solicite ao ajudante que segure os vidros e fixe‐os com fita‐crepe ou com algum objeto por fora, para que não se mexam.
5. Faça o mesmo procedimento até colar todos os vidros.
6. Retire o excesso de silicone utilizando o dedo indicador.
7. Retire as fitas‐crepes que estão em volta do silicone.
8. Espere secar por 24 horas.
9. No dia seguinte, cole as travas francesas, utilize algum suporte para apoiá‐las na posição sem mexer.
10. Depois de 5 dias, faça os testes hidrostáticos.
2.1 Espessura do vidro e das travas do aquário
O projeto do aquário tem importância fundamental no aquário marinho, influenciando desde a integridade estrutural dele até outros fatores, como ruídos da queda de água, lugares para acúmulo de sujeira e outros.
A questão estrutural é fundamental. A Tabela 1 indica as principais espessuras de vidro para os tamanhos mais utilizados em aquário marinho.
Essa tabela considera a utilização de travas francesas de no mínimo 15% da largura total do aquário para cada lado da trava francesa. Com a utilização de vidro comum e de vedante de silicone específico para colagem de aquário, temos as seguintes espessuras em milímetros:
Tabela 1 – Espessura dos vidros para aquário
A Tabela 1 tem um fator de segurança de 3,5, que é considerado seguro, dependendo das condições onde o aquário será montado, pode ser necessário aumentar o fator de segurança. As dimensões da altura e comprimento estão com a unidade em centímetros.
As travas francesas são as mais utilizadas em aquários marinhos, porque são feitas apenas no contorno do aquário e nunca no meio, evitando, dessa forma, que as travas atrapalhem a difusão da luz pela luminária sobre o aquário. A boa difusão da luz é essencial para a saúde de todos animais do aquário marinho.
A trava francesa deve ter a mesma espessura do vidro do aquário e deve ter uma largura de no mínimo 15% da largura do aquário para cada lado da trava. Evite utilizar trava menor do que esse tamanho para não comprometer a segurança. E evite tamanho maior do que esse para não atrapalhar a colocação de rochas vivas grandes dentro do aquário e dificultar a manipulação de corais no futuro. A trava pode ser também com vidro duplo para aumentar a segurança do aquário. O ideal é que sejam colocadas as travas francesas na parte de cima do aquário (como na foto acima) e também no fundo do aquário para aumentar a rigidez entre o fundo e os vidros laterais e frontais do aquário.
Existe muita polêmica quanto à cor certa do silicone a ser utilizado no aquário. Alguns aquaristas defendem a ideia de utilizar silicone preto em vez do incolor, com a justificativa de que o silicone incolor permite a proliferação de algas por baixo do silicone devido à passagem da luz, podendo ocasionar descolagem do silicone com o tempo. Embora existam realmente alguns casos de descolagem de silicone incolor, não se sabe ao certo se foram as algas ou algum outro motivo, como a colagem errada do aquário ou até mesmo uma sobrecarga de esforços.
Detalhe da colagem dos vidros do aquário. Acabamento no silicone feito com o dedo indicador. O excesso de silicone pode ser removido por meio da retirada das fitas‐crepes ao redor da área de colagem.
As dimensões dos vidros devem ser calculadas precisamente, para que não haja problemas futuros com descolagem do silicone ou trincas nos vidros.
O correto é utilizar o fundo com o tamanho exato do aquário (Comprimento x Largura). Os vidros que ficam na parte da frente e de trás do aquário devem ter a mesma dimensão do comprimento total do aquário. A dimensão da altura dos vidros da frente e de trás deve ser igual à altura total do aquário menos a espessura do vidro da base do aquário. E, por último, os dois vidros laterais devem ser encaixados entre o vidro frontal e traseiro, mas com a dimensão de comprimento deles diminuídos de 3mm para permitir uma folga de 1,5mm de cada lado a ser preenchido pelo silicone. (Ver figura acima).
Vamos ao exemplo de um aquário de 200 litros com 1 metro de comprimento, 40 centímetros de largura, 50 centímetros de altura e com vidros de 8 milímetros de espessura:
2.2 Sistemas de descida do aquário
O sistema de descida do aquário pode ser feito de várias formas, sendo que todas elas funcionam e utilizam o princípio do transbordamento de água.
Porém, algumas permitem manutenção mais fácil que outras, algumas geram menos ruído que outras, além de algumas serem mais simples de fazer.
Seguem abaixo as principais formas.
Bota
A bota é assim chamada devido ao formato do canal de descida quando visto lateralmente. Esse canal é feito por meio da colagem de vidros no vidro traseiro do aquário, formando um duto retangular de descida para a água, que flui para dentro da bota por transbordamento causado pela adição de água gerada pela bomba de recalque. No final da bota, existe um furo no fundo do aquário onde é colocado um flange com um tubo de PVC para descida da água até o sump.
A vantagem da bota é a estética, porque os vidros transparentes não ficam aparentes no display. As desvantagens são: o acúmulo de sujeira dentro da bota, que é de difícil limpeza; e o ruído gerado pela água descendo, que se assemelha ao barulho de ralo.
Esquema típico de uma bota, no qual o azul representa a água transbordando por dentro da bota e saindo por um tubo de PVC conectado ao fundo com um flange, encaminhando o transbordo para o sump.
Caixa lateral de Overflow
A caixa lateral de overflow é uma pequena caixa de vidro ao lado do aquário por onde a água verte através do transbordamento do display. Nesse sistema, pode ser colocado um conjunto de durso dentro do overflow que inibe em quase 100% o ruído de descida da água. O sistema durso, que pode ser visto abaixo, nada mais é do que um tubo fechado em cima com uma mangueirinha e uma válvula para regular a entrada de ar. A água entrará no cano pelos furos laterais que ficam submersos.
A caixa lateral de overflow tem a vantagem de não poluir esteticamente o aquário, não ocupando espaço dentro do aquário, além de facilitar a limpeza e do baixíssimo ruído. E tem como desvantagem a ocupação de espaço lateral ao aquário.
No fundo do overflow, há furos por onde passam os tubos de descida que levam a água para o sump. O overflow também pode ser feito com tubo de PVC dentro do aquário. Para isso, deve‐se fazer um furo no fundo do aquário para colagem do flange e por onde passarão os tubos de PVC.
Overflow é uma caixa de vidro com abertura lateral para que o transbordo da água passe e caia dentro da caixa, sendo drenada para o sump. Deve haver um pente na entrada do overflow para evitar que um peixe caia na descida.
Segundo modelo de overflow com sistema de Durso (Ver capítulo 14 sobre faça você mesmo), que serve para transbordar água por dentro do tubo de PVC, a qual vai para o sump. Tem estética ruim, mas é bem mais silencioso e prático do que os demais sistemas de descida.
Caixa de overflow lateral com um sistema durso de descida principal à direita e um sistema de ladrão à esquerda. Observe os flanges de ligação com os tubos e a vedação com silicone. Na foto ao lado, é possível ver a válvula de controle de entrada de ar que permite regular o ruído de descida.
Sexto vidro
O sistema do sexto vidro utiliza uma divisória dentro do display para que toda a superfície da água transborde para dentro do compartimento atrás do sexto vidro, sendo drenada para o sump. Esse sistema tem a vantagem de retirar toda a nata de gordura que é formada na superfície da água, evitando o acúmulo dessa sujeira no display.
Uma variação dessa invenção é utilizar o sétimo vidro colado a 2,7 mm de espaçamento entre o sexto e o sétimo vidro, isso evita a descida de animais pelo overflow.
Modelo inicial do sexto vidro, no qual um vidro da mesma largura do aquário é colado fechando toda a lateral e servindo como uma área de transbordo para a água.
2.3 Sistemas de recalque do aquário
O recalque é o sistema que retira a água do sump (que está abaixo do aquário) e a envia para o aquário principal, que está acima. Esse sistema é composto basicamente de uma bomba, uma tubulação e uma válvula de controle. A bomba deve ter altura manométrica suficiente para conseguir bombear a água até a parte de cima do aquário com vazão suficiente para fazer a troca de água entre o aquário e o sump. Obviamente, a quantidade de água que desce para o sump é a mesma da que é bombeada.
A tubulação pode ser de PVC (rígida) ou de mangueira (flexível).
Normalmente, a tubulação é mista (PVC e mangueira), sendo a parte que está ligada diretamente à bomba é composta de mangueira, para facilitar a montagem e manutenção da bomba e evitar vibração.
A saída da água de recalque no aquário pode ser feita de diversas formas, mas a principal é que o nível de saída da água no aquário esteja sempre um pouco abaixo do nível do coletor de água que desce para o sump. Fazendo isso, garante‐se que a variação de nível quando a água evapora esteja sempre no sump e nunca no aquário.
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