Enfermagem: pesquisas sobre o cuidado e a assistência em saúde: - Volume 2
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CUIDADOS PALIATIVOS NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
ONCOLÓGICA: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Márcio de Almeida Alexandre
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Enfermagem - Amanda Conrado Silva Barbosa
CUIDADOS PALIATIVOS NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ONCOLÓGICA: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Márcio de Almeida Alexandre
Mestrando
https://orcid.org/0000-0001-9428-7169
alexandrealmar@hotmail.com
DOI 10.48021/978-65-252-7045-6-C1
RESUMO:Os cuidados paliativos são muito importantes para os pacientes que necessitam destes cuidados. Este trabalho tem por objetivo caracterizar a produção do conhecimento em saúde acerca dos cuidados paliativos. O trabalho é de abordagem qualitativa do tipo pesquisa bibliográfica baseada em Gil (2002). Para a obtenção das informações da pesquisa bibliográfica proposta para este estudo, foram utilizadas as bases de periódicos do LILACS (Sistema Latino Americano e do Caribe de Informações em Ciências da Saúde) e SCIELO (Scientific Electronic Library Online) onde foram encontrados um total de 35. As publicações científicas abrangeram o período relativo aos anos de 2004 a 2021, visando, desta maneira, conseguir abranger informações mais amplas a respeito da temática abordada. O material recolhido a partir destas buscas foi lido e organizado de acordo com o objetivo do estudo, sendo selecionados para o trabalho 10 artigos que estavam de acordo com o assunto. Dos 35 artigos encontrados na pesquisa 25 foram excluídos por não estarem no contexto. A produção científica em saúde sobre cuidados paliativos caracteriza-se pela prevalência de artigos publicados nas áreas: médica, enfermagem e psicologia. Tendo como foco o paciente, relevância, familiares, a equipe de saúde, realidade hospitalar e domiciliar. Evidenciou-se com o estudo a crescente produção científica sobre a temática em diferentes áreas da saúde nos últimos cinco anos, fato que mostra que os cuidados paliativos são uma realidade no contexto de cuidado ao paciente sem possibilidades terapêuticas, embora seja uma prática ainda emergente. Evidenciou-se que este estudo socializa o que tem sido feito, expressa um compromisso social desses profissionais para com todos os envolvidos no processo de cuidados paliativos.
Palavras-chave: Cuidado paliativo; Enfermagem e cuidado paliativo; Pacientes oncológicos e cuidados paliativos.
1 INTRODUÇÃO
A palavra paliativo
deriva do vocabulário latino pallium, que significa manta ou coberta. Assim, palliare significa cobrir com um manto. Na sua origem, a palavra fala oferecer abrigo, trazer conforto, minimizar sofrimento, dividir, ofertar algo que é seu para outro. Partindo disso, o conceito de cuidados paliativos
diz respeito a um cuidado que protege, ampara e alivia o sofrimento. A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu em 1990 e revisou em 2002 a definição de cuidado paliativo
da seguinte maneira:
Cuidado Paliativo é uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameaçam a continuidade da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação, tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. (OMS, 2002 apud MATSUMOTO, 2012, p. 26).
Em 2014, a OMS ampliou essa definição ao enfatizar que os cuidados paliativos devem ser introduzidos e devidamente aplicados a partir do diagnóstico de uma doença potencialmente mortal. Tal ampliação torna-se extremamente fundamental para a melhor compreensão e propagação dessa prática desde que é feito o diagnóstico de um paciente, e potencializa um serviço de melhor qualidade nesta fase do processo saúde- doença.
O cuidado paliativo é uma abordagem que promove, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento, qualidade de vida a pacientes que enfrentam doenças que ameaçam a continuidade da vida e a seus familiares. Observamos o envelhecimento progressivo da população e o aumento de doenças crônicas, mas em contrapartida, notamos avanço tecnológico e terapêutico.
Estima-se que, por ano, cerca de 20 milhões de pessoas no mundo necessitam de cuidados no final da vida, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2014). O conceito de Cuidados Paliativos também evolui com o tempo, assim como a noção de hospice e de cuidados gerais ao paciente em fase final da doença.
Em 1987, na Grã-Bretanha, é cunhado o termo Medicina Paliativa, sendo definida como estudo e gerenciamento de pacientes com doença ativa, progressiva e avançada para as quais o prognóstico é limitado e o foco de cuidado é a qualidade de vida
(DOYLE & HANKS, 1993, apud NASCIMENTO-SCHULZE, 1993: 72). Já em 1990, a Organização Mundial de Saúde (WHO) amplia o conceito trazendo para o centro da questão tanto o enfoque no cuidado, quanto a importância da necessidade de reconhecimento de todos os aspectos que devem ser contemplados e, de alguma forma, atendidos: as questões psicológicas, espirituais e sociais. Sendo assim, na definição de 1990:
Cuidado Paliativo é o cuidado total e ativo de pacientes cuja doença não é mais responsiva ao tratamento curativo. São da maior importância: o controle da dor e de outros sintomas como também os problemas psicológicos, espirituais e sociais. O objetivo do cuidado paliativo é a aquisição de uma melhor qualidade de vida para os pacientes e seus familiares (NASCIMENTO-SCHULZE, 1997: 73).
Na busca sempre constante pelo aprimoramento do conceito, bem como pela inclusão de aspectos de extrema importância no entendimento e organização para a ação, a OMS apresenta em 2002 a definição atualmente aceita por todos os centros onde a atenção paliativa se faz presente:
Abordagem que aprimora a qualidade de vida, dos pacientes e famílias que enfrentam problemas associados com doenças ameaçadoras de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual (WHO, 2002).
É possível perceber que, nos dois conceitos, datados de 1990 e 2002, o teor da definição é praticamente o mesmo: a preocupação quanto ao cuidado integral, englobando os diferentes aspectos geradores de sofrimento, a saber: no domínio físico, psicossocial e espiritual, e a busca por uma abordagem completa que inclua prevenção, tratamento e alívio do sofrimento.
O reconhecimento, por parte da equipe de saúde, de que o paciente é um ser multidimensional e, portanto, composto por pluralidades e necessidades de diferentes ordens de intervenção, é fundamental para o êxito do trabalho desenvolvido. Lembrando sempre que nenhuma especialidade, de maneira isolada, por mais abrangente que se pretenda, é suficiente para a constituição de uma terapêutica paliativa de qualidade. Conforme Andrade (2012, p. 341):
Em nosso entender, cuidar paliativamente de alguém, seja em hospitais (ambulatório e enfermaria), ou em domicílio, requer prioritariamente um trabalho interdisciplinar, que prima pela complementação dos saberes, partilha de responsabilidades, tarefas e cuidados e negação da simples sobreposição entre as áreas envolvidas. O reconhecimento de que o cuidado adequado requer o entendimento do homem como ser integral, cujas demandas são diferenciadas, específicas, e que podem e devem ser abordadas conjuntamente, oferece às diferentes áreas do conhecimento a oportunidade e a necessidade de se perceberem incompletas. A percepção das necessidades múltiplas do indivíduo em Cuidados Paliativos e a certeza de que somente uma área não oferecerá respostas necessárias fazem crescer e se consolidar a busca inegável por um trabalho efetivamente em equipe interdisciplinar.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Cuidados paliativos e suas práticas
A prática de cuidados paliativos existe desde a Idade Média, mas naquela época era definida pelo termo hospice, que fazia referência a abrigos destinados a oferecer conforto e cuidados a peregrinos e viajantes na Europa (MCCOUGHLAN, 2004).
Ao longo do tempo, percebeu-se que o termo hospice era de difícil tradução para outros idiomas e passou-se à nomenclatura de cuidado paliativo, considerando que paliar vem do latim pallium e significa manto protetor, cobrir, proteger ou cuidar.
Em 2002, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu cuidados paliativos como uma abordagem que promove qualidade de vida a pacientes e seus familiares, diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, por meio de prevenção e alívio do sofrimento. Requer identificação precoce, avaliação e tratamento impecável da dor e de outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual (OMS, 2002).
Para alcançar os objetivos dessa abordagem, destaca-se que, cuidados paliativos não se baseiam em protocolos, mas em alguns princípios norteadores que foram estabelecidos para auxiliar a prática profissional:
• Promover o alívio da dor e de sintomas desagradáveis;
• Afirmar a vida e considerar a morte como processo natural do ciclo vital;
• Não acelerar nem adiantar a morte;
• Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente;
• Oferecer suporte para que o paciente possa viver tão ativamente quanto possível até o momento de sua morte;
• Oferecer suporte aos familiares durante e após o adoecimento, auxiliando na vivência de luto;
• Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença, respeitando os desejos e as necessidades do paciente.
Os princípios devem ser iniciados o mais precocemente possível, desde o diagnóstico de uma doença ameaçadora da vida, ao longo do tratamento e da investigação. Esse acompanhamento deve permear as várias fases de evolução da doença, auxiliando na utilização dos recursos disponíveis de maneira hierarquizada e levando-se em consideração os seus benefícios e malefícios.
Conforme (MATSUMOTO, 2012) Chiba (2008) reforça que o aprimoramento dos estudos e cuidados à saúde proporcionou uma maior expectativa de vida e o surgimento de inúmeros tratamentos que contribuíram para a cronicidade de algumas doenças que antes eram consideradas intratáveis.
Dessa forma, a demanda de pacientes que necessitam de cuidados paliativos vem aumentando progressivamente. Essa abordagem, percebe a finitude humana como um processo natural