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    O Jardim Da Física
    O Jardim Da Física
    O Jardim Da Física
    Ebook159 pages2 hours

    O Jardim Da Física

    By Rubie José Giordani

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    About this ebook

    Neste romance você poderá conhecer a história de Thomas, que ao ser contratado como jardineiro na casa de uma professora de Física apresentou uma enorme vontade de aprender. Cindy, uma professora de Física, logo percebe o interesse do jardineiro pela Ciência. Logo na primeira aula os dois sentem um pelo outro algo especial, mas que vai sendo disfarçado durante a assimilação dos conhecimentos. À medida que Thomas aprende os conceitos da Física se apaixona pelas duas e em determinado momento decide abrir o jogo e demonstrar sua paixão por Cindy e o caso com ela acontece... Este livro paradidático é ideal para ser usado nas aulas de Física a fim de contextualizar os conteúdos.
    LanguagePortuguês
    PublisherClube de Autores
    Release dateFeb 20, 2018
    O Jardim Da Física

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      O Jardim Da Física - Rubie José Giordani

      INTRODUÇÃO

      É com enorme satisfação que apresento este romance. Pensado e escrito especificamente para vocês, alunos e ex-alunos que de repente já chegaram ao ensino médio com a concepção de que a Física é uma disciplina difícil e cheia de fórmulas, que não serve para nada e que é algo para loucos.

      Qualquer um de nós pode continuar vivendo sem saber Física, porém o conhecimento que ela nos proporciona, pode servir como um complemento para o exercício da nossa cidadania. Através do conhecimento adquirido em certas áreas da Física, podemos entender e nos posicionar diante de questões polêmicas, tais como a instalação de uma usina hidrelétrica ou a construção de uma usina nuclear, o lançamento de uma bomba atômica, a poluição ambiental, o efeito estufa, as fontes alternativas de energia e as formas de economizá-la, entre outras.

      A Física, de certa forma, ocupa um lugar especial no entendimento da vida. Quando os gregos do século VI a.C abandonaram a mitologia, para explicar os fenômenos naturais, e criaram a Filosofia Natural, precursora da atual Física, deram os primeiros passos para que a humanidade pudesse evoluir na área tecnológica. Atualmente podemos continuar pensando que existem vários deuses responsáveis pelos fenômenos naturais ou podemos passar a entendê-los de forma mais científica.

      A partir do estudo da Física, podemos entender como se formam os relâmpagos, o vento, as nuvens e a chuva, bem como o arco-íris e o furacão. Podemos entender como o calor do Sol nos aquece apesar da distância que nos separa e como a sua energia é vital para a manutenção da vida na Terra. Depois que se aprende Física, passamos a perceber sua presença em quase tudo o que existe. Por exemplo, no movimento dos carros e das pessoas, na ocorrência do dia e da noite, em virtude do movimento de rotação da Terra, no movimento da Lua, bem como no movimento dos navios e aviões, dos elevadores, da bola em um jogo de futebol ou dos ponteiros do relógio. Depois que se conhecem alguns conceitos da Física, passamos a entender o funcionamento, desde uma simples lâmpada aos modernos computadores ou os televisores de plasma. Passamos a entender desde a queda de uma pedra, ao movimento de um satélite artificial...

      Graças ao desenvolvimento vertiginoso da Física, muitas façanhas e mudanças foram possíveis. A Física possibilitou desde as viagens ao fundo do mar, ao pouso na Lua. Desde a sacrificante tração animal, às modernas e inúmeras ferramentas. Desde as primeiras máquinas a vapor, aos modernos carros, ou até mesmo aos foguetes espaciais. Desde as rudimentares transmissões de rádio, aos modernos meios de telecomunicações. Desde o cinema mudo, à transmissão digital de TV. Desde as fumarentas máquinas fotográficas, às digitais. Desde as injustas trocas de mercadorias, aos cartões magnéticos. Desde a lâmpada de Thomas Edison, ao raio Laser, usado desde a leitura de CDs e DVDs, aos leitores de códigos de barra, ou ainda às minuciosas cirurgias. Desde a precária medicina, à baseada em modernas máquinas de tomografia ou raio X. Desde as ingênuas ideias da constituição da matéria, à Teoria Quântica e à Nanotecnologia. Desde a egoísta ideia de estar a Terra no centro do Universo, à explicação científica do seu surgimento, esclarecido através da teoria do Big Bang, para que possamos entender de onde viemos, onde estamos na imensidão do Cosmo e para onde iremos.

      Enfim, a Física não é para loucos, é para nós, que somos os beneficiários de tanta tecnologia, resultado dos árduos trabalhos de cientistas e inventores, conhecedores da Física.

      CAPÍTULO 1

      O jardineiro e a Física

      Meu fascínio pelo céu e os fenômenos da natureza começou ainda quando eu era criança. As estrelas sempre foram alvos de minha admiração e questionamentos.

      Na medida em que o tempo foi passando, tive muitas oportunidades de entender como surgiu o Universo e a vida na Terra.

      E foi numa dessas oportunidades casuais que eu conheci o Thomas.

      Embora ele nunca tivesse parado para pensar o porquê as coisas existem e mesmo sem ele saber que existe uma ciência chamada Física, hoje posso dizer que mesmo assim aprendi muito com ele.

      Thomas é um rapaz meio magro e de estatura média. Seus cabelos são de cor escura e estão sempre bem aparados. Seus olhos são verdes e passam horas lendo algum livro ou apreciando a natureza. Procura sempre manter a mente em ação, pois acredita que a inteligência aumenta à medida que é estimulada.

      Por coincidência ele também sempre foi fascinado pela imensidão do Cosmo. Em algumas noites, passa horas na rede armada no alpendre de sua casa admirando a abóbada celeste salpicada de estrelas.

      Tem 25 anos de idade e desde os 20 mora sozinho em uma casa meio retirada, num local alto, onde a claridade da cidade não atrapalha tanto a visão do céu. Às vezes junta algumas dessas estrelas com linhas imaginárias a procura de figuras conhecidas. Pensa, admira, fica com dúvidas e às vezes responde algumas delas.

      É muito criativo, por isso gosta de fazer pinturas em quadros que retratam a natureza. Procura ser o mais fiel possível nas suas representações, porém de quando em vez, viaja em seu mundo de imaginação e extrapola os limites da realidade. É organizado e exigente consigo mesmo, por isso se detém muito aos detalhes, o que o torna metódico de certa forma.

      Tem como hobby cuidar de um bonsai de 130 anos deixado por seu avô, que em uma de suas viagens pelo Japão, adquiriu a planta. Através dessa arte japonesa, que consiste em controlar o crescimento da planta através de fertilizantes especiais e poda adequada de galhos e raízes, exercita a concentração e a firmeza.

      Thomas completou o ensino fundamental e parou de ir à escola porque sempre apresentou problemas de relacionamento entre ele e seus colegas e professoras, e como consequência sentia muita dificuldade em aprender.

      Porém, isso não foi um motivo para que ele parasse de estudar. A partir de então começou a estudar sozinho. A maior parte do que aprendeu foi lendo livros, pois vai à biblioteca com muita frequência.

      Com seu autodidatismo, Thomas aprendeu muito sobre vários assuntos, inclusive sobre sua profissão. Trabalha como jardineiro, porém não é um jardineiro comum, seus trabalhos são diferentes e muito solicitados. Frequentemente recebe ligações de pessoas muito importantes da sociedade, a fim de que faça trabalhos exóticos, pois é muito exímio no que faz.

      Num certo dia, enquanto escovava os dentes pela manhã, ouviu o telefone tocar. Foi atender e sentiu uma sensação diferente. Era uma voz feminina, suave, de uma pessoa educada, que sabia falar. Esta pessoa estava lhe solicitando seus trabalhos como jardineiro.

      Thomas, como de costume, ouviu as orientações, tomou nota o endereço em um papel, pegou todo o equipamento necessário, colocou no carro e saiu à procura da propriedade em questão. Ao chegar à casa do endereço, encontrou um bilhete no portão com os seguintes dizeres:

      O portão estava destrancado, Thomas tirou as ferramentas do carro e começou seu trabalho. Analisou, pensou, planejou e pôs as mãos na massa, ou melhor, na terra. Pelo estado e tamanho do jardim, seu trabalho levaria algumas semanas.

      Trabalhou os primeiros dias e não chegou a conhecer a dona da propriedade. No caminho de casa ficava imaginando como seria aquela mulher. Uma vez que, sabendo seu estilo e sua personalidade, poderia fazer um trabalho personalizado. Ao chegar em casa, tomava banho, jantava, dava uma olhada no bonsai, lia um livro e depois ia deitar.

      Numa noite foi até o alpendre, de onde podia olhar a cidade, o céu e o nada. Ficou ali admirando as estrelas como é de praxe, quando de repente ouve o telefone tocar. Era Cindy a elogiar seus trabalhos iniciais que foram feitos em seu jardim.

      A conversa foi puramente profissional, Thomas recebeu algumas dicas e para finalizar pediu autorização para comprar algumas mudas de plantas ornamentais.

      Quando Cindy desligou o telefone, Thomas ainda escutava aquela voz a ecoar em sua mente, e manteve o telefone no ouvido por mais alguns instantes, quando se deu conta que ela havia desligado, colocou o telefone no gancho.  Depois que o estado de êxtase passou, foi dormir. Na cama ficava se perguntando como ela gostaria que fosse seu jardim. Ficava imaginando como seria a dona daquela voz...

      Cindy fez doutorado em Física Aplicada e é professora de Física e Matemática na Universidade da cidade. É uma mulher de pele morena, olhos verdes, cabelos longos e escuros. A eloquência, a inteligência e a educação são suas características mais marcantes.

      Cindy trabalha na Universidade em turnos intercalados, o que lhe possibilita alguns turnos de folga. Gosta muito do que faz e praticamente vive em função de dar aulas e estudar. Mora sozinha na casa que a pouco adquiriu.

      No quinto dia de trabalho no jardim, Thomas conheceu Cindy pessoalmente. Os dois se apresentaram, trocaram algumas palavras relacionadas com o serviço de jardinagem e logo cada um seguiu seu trabalho.

      À tarde, Thomas deu uma circulada pelo grande jardim, quando deu de cara com uma porta entreaberta da casa. Aproximou-se e pôde perceber que era uma espécie de minibiblioteca que estava sendo montada pela professora. Os livros estavam colocados de qualquer jeito, pois ela havia se mudado há pouco e ainda não teve tempo para organizá-los. Não resistiu e entrou. Apanhou um livro e começou a ler. A leitura estava tão agradável que não notou o tempo passar. Após ler algumas páginas, foi interrompido pela seguinte frase:

      A leitura é realmente fascinante, não é verdade?

      Quando Thomas ouviu a voz e viu Cindy em sua frente, levou um susto suficiente para deixar o livro cair. Naquele momento pensou que seria despedido. Quando ela se aproximou, os dois se abaixaram ao mesmo tempo. Porém, Cindy foi quem pegou o livro, que ao devolver na mão de Thomas o convidou para ver os outros títulos. Enquanto procurava o livro que esquecera, ia falando:

      O conhecimento é o tesouro mais precioso que o homem pode ter. Podemos perder todos os bens, mas ninguém pode nos tirar o conhecimento que adquirimos.

      Thomas ficou atônito, a única coisa que mexia eram os olhos, que acompanhavam os movimentos sedutores de Cindy enquanto procurava o livro. Enquanto isso, ela ia tecendo seus comentários a respeito do conhecimento.

      O conhecimento é a relação entre dois seres de tal forma que ambos aprendem, assimilam, incorporam, interiorizam o outro, ou algumas partes, aspectos ou traços desse outro.

      Cindy fez uma pausa parecendo que ia parar de falar, mas logo continuou.

      Nascemos e conosco nasce essa vontade que nutre a curiosidade de conhecer as coisas que nos cercam, bem como aos outros e a nós mesmos. Quando somos crianças ainda não sabemos a forma correta de obter conhecimento, daí assimilamos, interiorizamos, no sentido mais literal da palavra, este mundo que nos rodeia.

      E levando a mão aos seus sedosos lábios, continuou:

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