E se eu contar?
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Book preview
E se eu contar? - Mara Rodrigues
Capítulo 1
Querida Mara
Em 1990, começou uma nova descoberta. O mundo não era como eu imaginava — não havia príncipes encantados e não era tão colorido como pintei em minha imaginação há muito tempo. Não é que eu tenha deixado de sonhar, é só que agora estou com os pés no chão.
Foi no ano de 2005 que descobri... Nunca foi tão difícil acreditar o quanto nossa vida pode mudar de uma hora para outra.
Quando somos jovens demais, não temos essa malícia de ver o quanto os problemas e decepções nos mostram a verdadeira inclusão de um mundo tão colorido, como em um desenho animado que nos faz viajar no tempo, ou ir a uma outra dimensão. Conheci muitas coisas novas, como paixões que não foram correspondidas e mentiras que vinham de todos os lados. Não podia mais acreditar nas palavras das pessoas, muitas enganavam, tanto para se glorificar quanto para me diminuir. Ficava cada vez mais difícil acreditar nelas. Isso é, e sempre foi, algo desolador, com um certo toque de ironia. Um mundo em que a maldade e a mentira estariam no livro de extintos
é meu sonho, talvez infantil demais, mas muitos dos mais lindos sonhos são assim, fazer o quê?
Tenho me esforçado para não me deixar ser contaminada com todas essas loucuras que nos atingem, de todas as formas possíveis. Vivemos cercados com essa fumaça tóxica, informalmente conhecida como a falta de amor ou respeito, e temos que fazer o possível para não sermos contaminados (o que, para falar a verdade, nem sempre é fácil). Precisamos de uma proteção forte, e não pode ser qualquer uma. A que eu, particularmente, acho mais eficaz é o conhecimento ou entendimento de que a melhor maneira de combater tudo isso é o amor. Sim, o amor. De tanto ouvirmos essa palavra, ela perdeu um pouco do significado, então, vamos chamá-la de afeição colossalmente excessiva, ou chocolate colorido, se preferir.
Claro que, além de pessoas ruins, eu conheci pessoas boas, de alto valor, ou seja, sinceras, de caráter, honestas, que nunca serão esquecidas. Mesmo que passageiras, deixaram-me com saudades. Apenas se foram para seguir seus sonhos e suas vidas, como os adultos fazem, ou querem fazer.
Peguei-me lembrando dos sonhos que tinha quando criança. Imaginava que um dia conheceria um príncipe, casaria e teria uma linda família. Um pouco clichê, eu sei, não tem tanto girl power nisso. Entretanto esquecia de uma coisa crucial: os príncipes não existem, pelo menos não na vida real. E, bem, eu nunca fui uma princesa, começando por aí.
Tive romances em