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Naturália Psicodélica
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Naturália Psicodélica

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About this ebook

Você veio à mim completamente devastada, mutilada, alterada. Minha verve feminina-masculina latejante. E precisei gentilmente te escrever, pra dar vazão as sensações que a ausência de sono e objetivos mal sucedidos me causaram. Nascida da destruição de anos, do seu criador, sua sanha me escreveu. Você nasceu, feia criança. A maior de todas as minhas criaturas. Filha da lama do pântano, da enchente e da bonança. Da tempestade, do caos, do nonsense de uma mente insana. Trazida pela magia poética paraibana, em embate com a fagulha acesa potiguar-janduiense. Neta de Hélio Oiticica nos fins dos anos 60, a própria criação desordenada...
LanguagePortuguês
Release dateJan 27, 2022
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    Book preview

    Naturália Psicodélica - Sávyo Gustavo Fernandes Pereira

    INTRODUÇÃO

    Quando se espera demais pela felicidade, às vezes, não conseguimos ter um sistema respiratório saudável para suportar o mergulho em águas mais profundas para encontrá- la. Sem aparatos que nos ajudem, sem salva-vidas, sem barcos de apoio ou pessoas queridas aguardando nosso retorno.

    Nossas narinas explodem, os pulmões se afogam de tantas inspirações futuras, e nem sabemos o quanto nosso corpo afundará. Se um dia será encontrado. Ao ser encontrado, os corais o terão transformado em belos recifes de alegria amorosa ou numa trágica criatura decomposta?

    Este livro representa uma construção de anos, que jamais pensei poder ver em vida. Escritores tendem a acreditar nas suas trajetórias valendo o esforço somente após seu padecimento carnal, no qual seus nomes vão ornar ruas e estabelecimentos comerciais e estudos aplicados sobre novas maneiras de versejar.

    As memórias póstumas são o melhor jeito de se comunicar com os vivos, ainda mais quando seu memorialista ainda não desencarnou totalmente. Ainda perambula pelos acordados, com suas perturbações e gracejos de ermitão fadado ao fracasso. Com um sorriso desprezível no rosto, de quem perdeu um medo infantil pelo final das coisas. Ele apenas sofre, sangra, se banha nas próprias lágrimas e renasce morto-vivo.

    Sendo mais objetivo, este punhado de poemas foi gerido numa década de desgastes e quase morte. De entrega, alívio, traição, bondade e ruindade. Saber que se estava vivo, era saber que algo pulsava na cabeça. Era manter-me acorrentado por aquilo que me fazia sentir as vibrações da carne: as palavras. Que mesmo querendo, jamais me abandonaram. E de 2005 pra cá, tornaram-se meu espírito e talismã sanguíneo. Mais pulsante que meu próprio coração.

    Naturália Psicótica é a hospedeira imagética e literária desta sujeira, desta carroça corroída pelos cupins. O resultado de palavras ociosas que desejaram se encontrar para todo o sempre, num pântano desértico.

    O primeiro nome remete a fantástica obra de Hélio Oiticica, Tropicália, de 1967. Um labirinto multicolor dos trópicos, cujo usuário atravessa todos aqueles muros das lamentações para assim chegar num momento de tranquilidade. Esperando pelo seu pão, seu circo e uma TV

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