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Qual A Sua Vocação?
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Qual A Sua Vocação?

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Neste livro sobre “Qual a sua vocação”, afirmando que a vocação fundamenta-se na gratuidade do servir sem deixar-se corromper pela relação de retribuição. Esta é a possibilidade de estarmos na sociedade vivendo os valores fundamentais. Iremos trabalhar bem o humano e o cristão antes de partir para a questão das vocações específicas: Leiga, Matrimonial, Religiosa e Sacerdotal. Veremos a identidade da vocação laical na Igreja, que ocupa um lugar central na Igreja, define a Igreja para o mundo. Outras vocações não têm essa centralidade. Através desse carisma a Igreja se faz presente no mundo. Meditaremos que o mundo e não a Igreja é a meta dos caminhos de Deus. A Igreja precisa se abrir para o mundo, por isso precisa de leigos. O leigo tem carisma e função para libertar a secularidade do mundo, mediante o anúncio de Jesus Cristo. Fazer com que o mundo tenha autonomia. O leigo tem a missão de fazer com que o mundo entre em comunhão com o mistério que a Igreja representa, que é o Reino de Deus! Veremos que a vocação laical tem sua origem nos sacramentos do batismo e da crisma. Ela ocupa um lugar central na Igreja, define a igreja para o mundo. O fiel cristão leigo tem o papel de libertar o mundo da secularidade, dos falsos ídolos e de todas as prisões que oprimem e destroem a pessoa humana. Vivendo no mundo como solteiro, casado ou consagrado (de maneira individual ou num instituto secular), os leigos são fermento na massa, sal e luz do mundo. Na vocação laical temos o estado de vida matrimonial. Chamados a ser pai, a ser mãe, a gerar vida, a constituir família. A família é chamada a constituir a Igreja doméstica. É a expressão visível do amor de Cristo pela sua Igreja, sacramento de Cristo. É na família que é possível expressar as mais variadas formas de amor. Através da experiência do exercícios espirituais de Santo Inácio de loyola, que nos ensina o caminho através do qual descemos a uma dimensão mais profunda e assim chegamos à corrente subterrânea; poderemos experimentar a unidade de nosso ser; o lugar da transcendência, onde nossa transformação realmente começou a acontecer. A nossa oração será uma autêntica “face-a-face” com Deus, ela nos fez emergir à nossa consciência, e às profundidades mais desconhecidas do nosso ser. Deus liberou em nós as melhores possibilidades, riquezas insuspeitas, capacidades, intuições... E nos fez descobrir em nós, nossa verdade mais verdadeira de pessoas amadas, únicas, sagradas, responsáveis... É Ele que “cavou” no nosso coração o espaço amplo e profundo para nos comunicar a sua própria interioridade. Além de realizarmos um encontro com a Trindade Santa através de uma experiência dos exercícios espirituais inacianos. Iremos nos programar para uma vida cheia de sentido na vocação que discernimos neste encontro com a trindade santa. O autor saluar antonio magni é leigo da Igreja Católica, casado a 48 anos com a Teka, formado em administração, economia e engenharia de voo e possui curso superior de religião pela Arquidiocese de Aparecida. Atualmente é oficial reformado da Aeronáutica. O casal Além do ministério da Palavra são orientadores e acompanhantes dos exercícios espirituais de santo Inácio de Loyola. Coordenam a o setor pré-matrimonial da pastoral familiar da paróquia. (salumagni@yahoo.com.br)
LanguagePortuguês
Release dateSep 22, 2020
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    Qual A Sua Vocação? - Saluar Antonio Magni

    1

    SUMÁRIO PG

    INTRODUÇÃO 5

    CAPÍTULO 1 A PALAVRA QUE NOS CHAMA 13

    CAPÍTULO 2 AFINAL O QUE É VOCAÇÃO? 18

    CAPÍTULO 3 OS CHAMADOS DE DEUS NAS

    SAGRADAS ESCRITURAS 23

    CAPÍTULO 4 VOCAÇÃO À SANTIDADE E À MISSÃO DE

    EVANGELIZAR O MUNDO 49

    CAPÍTULO 5 FAZENDO A EXPERIÊNCIA DE

    ENCONTRO PESSOAL COM JESUS NO EXERCÍCIO

    ESPIRITUAL DO DIA-A-DIA 82

    CAPÍTULO 6 A VOCAÇÃO DE SER BOM CRISTÃO ME

    LEVA A DISCERNIR O PRINCÍPIO E FUNDAMENTO

    DA VIDA 118

    CAPÍTULO 7 APRENDENDO A DISCERNIR AS

    MOÇÕES DE CONSOLAÇÃO E DESOLAÇÃO E O

    PECADO 135

    CAPÍTULO 8 SOMOS VOCACIONADOS FAZER-NOS

    DISCÍPULO CRISTIFICADO PELA CONTEMPLAÇÃO

    DOS MISTÉRIOS DE CRISTO 181

    CAPÍTULO 9 CONFIRMANDO A OPÇÃO DE VIDA NOVA NA PAIXÃO DE CRISTO 262

    CAPÍTULO 10 IDENTIFICANDO-SE COM A VIDA NOVA QUE A RESSURREIÇÃO NOS TRÁS 286

    EPÍLOGO 309

    BIBLIOGRAFIA 320

    LIVROS PUBLICADOS PELO AUTOR NO CLUBE DOS

    AUTORES; 321

    2

    AGRADECIMENTO

    Agradeço de maneira toda especial à minha esposa Teka, pelo incentivo e toda retaguarda necessária para que eu pudesse ter tempo, paz e tranquilidade para contemplar e meditar os assuntos abordados neste livro. Agradeço também aos Padres: Adroaldo, orientador do CEI, que me orientou nos exercícios espirituais, e me ajudou a construir toda experiência dos retiros, contemplações, meditações e estudos, obtidos durante os Exercícios Espirituais em etapas, que realizamos eu e minha querida esposa, em Itaici. Ao padre Chiquinho, Vitor e em especial Geraldo de almeida Sampaio, que ajudaram na minha formação religiosa e apostólica no movimento de Cursilhos de Cristandade que fiz em 1983. À

    Márcia, minha acompanhante nos exercícios, pelas suas inspiradas orientações, à Irmã Fátima que orientou nosso grupo de oração e discernimento e me orientou na busca de conhecer a minha personalidade através das tipologias e em especial o eneagrama.

    Irmã Zenaide, psicóloga que acompanhou o nosso grupo de partilha e melhoria da personalidade. E a todo o pessoal do CEI, Centro de Espiritualidade Inaciana de Itaici, que me proporcionaram todo conhecimento intelectual, e especialmente afetivo, da metodologia Inaciana. E onde tive a oportunidade de realizar uma especialização sobre orientação e acompanhamento espiritual, coordenado pela FAGE de Belo Horizonte. Ao Movimento de Cursilho de Cristandade, especialmente à Escola Vivencial, onde durante mais de 30 anos tenho recebido e compartilhado com amigos e irmãos de fé, a minha vida de cristão comprometido, procurando vivenciar o tripé: oração, formação e ação evangelizadora. Em especial à Canção Nova, especialmente ao Padre Léo, que já vive na eternidade, pelos ensinamentos e orientações nos muitos seminários de cura interior que tive oportunidade e a felicidade de participar, sob a orientação do nosso querido e cheio da Graça de Deus, MonSenhor Jonas Abib, fundador da Canção Nova, hoje a maior e mais efetiva comunidade de evangelização do mundo católico.

    Oh! Verdade! Oh! Beleza infinitamente amável de Deus! Quão tarde vos amei! Quão tarde vos conheci! e quão infeliz foi o tempo em que não vos amei nem vos conheci! Meus delitos me têm envilecido; minhas culpas me têm 3

    afetado; minhas iniquidades têm sobrepujado, como as ondas do mar, por cima de minha cabeça. Quem me dera Deus meu, um amor infinito para amar-vos, e uma dor infinita para arrepender-me do tempo em que não vos ame como devia! Mas, em fim, vos amo e vos conheço, Bem sumo e Verdade suma, e com a luz que Vós me dais me conheço e me aborreço, pois eu tenho sido o principio e a causa de todos os meus males. Que eu Vós conheça, Deus meu, de modo que vos ame e não vos perda! Conheças a mim, de sorte que consiga arrepender-me e não me busque em coisa alguma minha felicidade a não ser em Vós, Senhor meu! (Santo Agostinho)

    Se queres chegar ao conhecimento de Deus, trata de antes te conheceres a ti mesmo. (Abade Evágrio Pôntico).

    Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no (Jo 24, 31).

    4

    INTRODUÇÃO

    Sim, que eu vos conheça Senhor e me conheça cada vez mais para que eu possa me tornar uma pessoa melhor e possa te servir como Tu queres!

    Quero iniciar este livro sobre Qual a sua vocação, afirmando que a vocação fundamenta-se na gratuidade do servir sem deixar-se corromper pela relação de retribuição. Esta é a possibilidade de estarmos na sociedade vivendo os valores fundamentais.

    Iremos trabalhar bem o humano e o cristão antes de partir para a questão das vocações específicas: Leiga, Matrimonial, Religiosa e Sacerdotal. Veremos a identidade da vocação laical na Igreja, que ocupa um lugar central na Igreja, define a Igreja para o mundo. Outras vocações não têm essa centralidade. Através desse carisma a Igreja se faz presente no mundo. Meditaremos que o mundo e não a Igreja é a meta dos caminhos de Deus. A Igreja precisa se abrir para o mundo, por isso precisa de leigos. O leigo tem carisma e função para libertar a secularidade do mundo, mediante o anúncio de Jesus Cristo. Fazer com que o mundo tenha autonomia. O leigo tem a missão de fazer com que o mundo entre em comunhão com o mistério que a Igreja representa, que é o Reino de Deus!

    Veremos que a vocação laical tem sua origem nos sacramentos do batismo e da crisma. Ela ocupa um lugar central na Igreja, define a igreja para o mundo. O fiel cristão leigo tem o papel de libertar o mundo da secularidade, dos falsos ídolos e de todas as prisões que oprimem e destroem a pessoa humana.

    Vivendo no mundo como solteiro, casado ou consagrado (de maneira individual ou num instituto secular), os leigos são fermento na massa, sal e luz do mundo. Na vocação laical temos o estado de vida matrimonial. Chamados a ser pai, a ser mãe, a gerar vida, a constituir família. A família é chamada a constituir a Igreja doméstica. É a expressão visível do amor de Cristo pela sua Igreja, sacramento de Cristo. É na família que é possível expressar as mais variadas formas de amor.

    Veremos que o amor conjugal é a entrega mútua, o relacionamento fecundo e construtivo que esposa e esposo buscam 5

    desenvolver sua potencialidade e se realizar plenamente como pessoa. Que no amor paternal e maternal, agradecidos a Deus pela continuidade do seu amor que se encarna no dom dos filhos, os pais retribuem esta dádiva amando, protegendo e educando seus filhos para se integrarem na comunidade e na sociedade.

    Que o amor filial é como se fosse uma ação de graças, isto é, devolvem aos pais a graça da vida que um dia lhe deram. Os filhos desenvolvem aos pais um amor, como gratidão por tudo que lhes concederam.

    Que o amor fraternal é o amor entre os irmãos e a experiência do amor oblativo e caritativo, que faz sair do seu convívio familiar, perceber que há um círculo maior de pessoas e começar a compreender que somos todos irmãos. E que é aí que se desenvolve a sensibilidade aos problemas do mundo. Que além de constituir família, a grande missão da maioria dos leigos é o seu papel na transformação da sociedade. Tais como, estar inserido nos meios da sociedade como fermento na massa, sal que dá sabor e luz que ilumina os difíceis caminhos, colocando em prática as possibilidades cristãs escondidas no meio do mundo, valorizando os sinais do reino presentes de maneira latente no meio da sociedade e combatendo as tantas forças do anti-reino, ou seja, forças que promovem a injustiça e a morte. Bem como serem sinais visíveis de Jesus Cristo na família, no trabalho, na política, na economia, na educação, na saúde pública, nos Meios de Comunicação Social, nos órgãos públicos, nos esportes, no serviço liberal e em tantos outros espaços no meio da sociedade. Praticar a sua fé e seu amor a Deus em todos os lugares e em quaisquer necessidades. Participar com fidelidade e criatividade na construção de um mundo novo.

    Buscaremos mostrar que os cristãos leigos vivem o Evangelho que leem, que rezam e que celebram, não apenas entre paredes de uma igreja, mas em todos os lugares. São aqueles que fazem do seu trabalho a liturgia diária e prolongam a Missa Dominical em todos os dias da semana. Veremos na LG 31 – que Leigo que não é ministro ordenado, nem religioso. A índole secular caracteriza o leigo. É específico para ele procurar o Reino de Deus, exercendo funções temporais (em suas atividades), vivendo na 6

    secularidade, e fazendo-se presentes nos ofícios e trabalhos do mundo. O leigo na Igreja faz presente o mundo, e no mundo faz presente a Igreja. Todo leigo tem uma função na Igreja, o leigo manifesta o dinamismo extrovertido da Igreja, tendo como base de que ser um bom cristão é uma luta diária. Como aprendi no cursilho e confirmei em minha vida: o tripé Oração, Estudo e Ação Apostólica. Buscando usar a máxima de Santo Inácio de Loyola:

    "em tudo amar e servir para a maior glória de Deus". Novo convertido ou não, todo cristão verdadeiro precisa crescer no conhecimento de Jesus Cristo, a fim de desenvolver as características do verdadeiro cristianismo. É urgente que aprendamos mais da pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo hoje em dia, pois infelizmente muitos falsos cristãos tem surgido, enquanto isso muitos outros não estão amadurecendo na vida cristã, e por isso não dando frutos com esmero no reino de Deus. É quase impossível ser um cristão ideal. Mas um cristão melhor! Esse deve ser o objetivo de todo aquele que crê em Cristo. Mas como se faz isso? Trabalhando em si mesmo, melhorando sua comunidade inteira e colocando ênfase na sua fé, você pode ser o tipo de cristão que inspira todo mundo ao seu redor.

    Neste estudo teremos oração, contemplação e meditação, e especialmente de cura interior. Mas, na verdade os verdadeiros cristãos não precisam ser cobrados a obedecer as Escrituras Sagradas, pois por amor ao Senhor Jesus estes leem, estudam de boa vontade e com alegria obedecem. Veremos que cada espiritualidade, ou carisma tem a sua maneira de rezar, uns contemplativamente, outros na leitura orante, mas todos na busca de se encontrar com Deus Criador, Seu filho Salvador e do Espírito Santo orientador e que nos dá ardor para sempre e cada vez mais buscar fazer a vontade de Deus!

    Um dia destes um amigo me perguntou porque eu estava escrevendo, o que havia me motivado a escrever. Na hora fiquei um pouco chateado pela pergunta, mas logo veio a resposta em meu coração: estou escrevendo para levar os outros a não errarem como eu errei até hoje!

    Minha vida profissional na Força Aérea e na indústria, como um profissional de engenharia de manutenção e segurança 7

    de voo e de segurança no trabalho, me fizeram aprender uma regra: existem duas maneiras de aprender: errando ou vendo os outros errarem, isso é aprendendo com o erro dos outros. Quando acontece um problema, um desacerto pessoal ou familiar, ou mesmo um acidente, a resposta que muitas vezes escutamos, ou até damos é: o que eu tenho com isso! É amigo, talvez esta seja sua resposta. Por causa de uma resposta como esta, já aconteceram muitos problemas e acidentes, muitas vidas foram perdidas e com certeza enormes foram os prejuízos. As pessoas ainda reagem ao termo segurança, associando-o com palavras de sentido negativista ou restritivo, tais como: não entre n’água você pode afogar-se, pare, fique quieto, não faça isso, é muito perigoso, e tantas outras.

    Todas essas imposições são limitações que se tornam inaceitáveis por serem contrárias ao natural desejo do homem, causando traumas ou fortes reações de oposição. Mas veja bem amigo, há sempre uma perspectiva adequada para realizar-se uma tarefa ou tomarmos uma atitude de forma mais segura e eficiente.

    Podemos correr, subir e nadar, falar e agir sob condições de menor riscos, traumas, atitudes ou perigos. A conscientização de como somos limitados, de características, tipos de personalidade e temperamentos diferentes, certamente ajudará a que você tome decisões seguras e sensatas, evitando, ou ajudando a evitar problemas, situações difíceis, tanto pessoais, como familiares e até acidentes. A resposta que damos ao chamado de Deus mostra o quanto somos responsáveis por tudo que acontece à nossa volta.

    Através dos nossos pensamentos, emoções e palavras, criamos situações ao longo de nossas vidas que poderão ser destrutivas ou construtivas. Todos os acontecimentos em nossas vidas até o momento em que nos encontramos foram criados por nossos pensamentos e crenças que tivemos no passado, pensamentos estes que usamos ontem, na semana passada, no mês passado, no ano passado e durante toda nossa vida. O que passou não pode ser modificado, mas, o importante é o que estamos escolhendo pensar agora, qual a resposta estou dando agora, porque o pensamento sim pode ser modificado, pois todos os estados mentais negativos atuam como obstáculos à nossa felicidade.

    8

    Muitos vivem irados, com raiva, e essa atitude é um dos maiores empecilhos para atingirmos o estado de liberdade interior, que é onde reside a felicidade. A raiva é tida como a mais hedionda das emoções, ela perturba nosso discernimento, nos causa desconforto e consegue devastar nossos relacionamentos pessoais com a força de um furacão, que põe abaixo ou pelos ares tudo que se interpõe à sua passagem. Estudos comprovam que a raiva, a fúria e a hostilidade são prejudiciais ao sistema cardiovascular, causando aumento de colesterol, de pressão alta e até de mortes prematuras.

    Muitas pessoas têm ânimo instável e atuam impulsivamente, duvidando de sua identidade e sofrendo explosões de violência contra ela mesma e contra os demais. Essas pessoas padecem de um transtorno que conduz ao abatimento e desesperança, caracterizada pela instabilidade emocional. Sem conseguir se controlar contra o abandono, ataques de ira, sensação de vazio interior e impetuosidade. Suas relações, seu sentido de si mesmo e o seu ânimo, se tornam muito instáveis. Muitos têm impulsos de gastar, ter relações sexuais abusivas e descontroladas, abusar de substâncias e comidas ou dirigir de forma temerária e incontrolável. Suas possibilidades de continuar estudando, ter um emprego ou estabelecer uma relação sentimental, casamento ou namoro se tornam difíceis. Essas pessoas tendem a experimentar longos períodos de abatimento e desilusão, interrompidos às vezes por breves episódios de irritabilidade, atos de autodestruição e cólera impulsiva. Estes estados de ânimo costumam ser imprevisível e parecem ser desencadeados menos por fatos externos do que por fatores internos da pessoa Fique certo caro amigo, pois estes sentimentos destrutivos quando brotam dentro de nós, acabam nos dominando de tal forma que destroem nossa paz mental e por isso são corretamente considerados como os nossos inimigos internos. Esses nossos inimigos internos só têm uma função, a de nos destruir e muitas vezes envolver também quem está a nossa volta, especialmente nossos familiares e amigos, exatamente os que mais amamos ou que deveríamos amar. Nossa presença de espírito e nossa sabedoria desaparecem, sentimos uma ansiedade que nos sufoca. Acabamos 9

    perdendo a capacidade de distinguir o que é certo ou errado, e aí, somos lançados num estado de confusão tamanha que agrava ainda mais nossos problemas e dificuldades. Você já deve ter percebido que quando isto acontece nossa tensão tende a aumentar, nosso nervosismo e nossa fisionomia também se transformam, e emanamos, desprendemos uma vibração tão hostil que todos se afastam. Até os nossos animais de estimação, como o gato ou cachorro, podendo mesmo nos transformar em autores ou vítimas de crimes hediondos contra pessoas próximas, ou mesmo contra nosso próprio ser.

    Quantos suicídios e vidas autodestruídas eu tenho visto nestes últimos anos. Quantas tristezas geram! Casais se separam de uma união que deveria ser indissolúvel, filhos matam pais, pais matam filhos, amigos se distanciam, pessoas perdem o emprego.

    Quanta angústia e desolação!

    A ira, a raiva, a depressão, o mau humor constante, a indolência e muitos outros problemas. São todos inimigos tão poderosos, que podem ficar atuando somente por instantes ou passar de geração para geração. Em alguns casos temos até raiva de pessoas que já faleceram há muito tempo, e assim o inimigo interno continua ativo com toda a sua força. Em outros casos mantemos raiva por desastres financeiros ou relacionamentos que já acabou há muito tempo.

    Francamente caros amigos, eu já passei por muito disso, e ainda hoje luto contra minhas instabilidades, temperamento difícil, impaciência e intolerância. Porém tenho descoberto, juntamente com minha querida esposa, que todos estes sentimentos podem ser construtivos, quando os utilizamos para detectar o que está dentro de nós como inimigos e com isso enxergar nossos egoísmos, nossas críticas, nossas lamentações, nossa falta de fé, ou sentimentos de culpar os outros por nossas mazelas, tudo tem a ver com a resposta que estamos dando a Deus, ao seu chamado diário e constante em nossa vida, qual é a nossa vocação diária que nos conduz ao reino definitivo!

    Por mais de 20 anos fui instrutor e chefe de ensino na maior escola de aeronáutica da américa latina: a escola de Especialistas da Aeronáutica, como engenheiro de voo dava 10

    instrução de voo e controle de manutenção aeronáutica e segurança de voo, como já falei anteriormente, pois sempre fui agente do CENIPA, que é o Centro Nacional de Segurança de Voo. Mas como era uma Escola tinha as funções de planejamento e avaliação que me obrigaram, além da engenharia, administração e economia, entender de psicopedagogia. Para poder chefiar a área de psicopedagogia tive de fazer um curso de pedagogia, na Universidade da Força Aérea, com ênfase na psicopedagogia, para poder ajudar os alunos a escolherem suas profissões, suas vocações leigas no mundo, nas 28 especialidades que a escola oferecia. Além de ajudá-los nos problemas ligados a aprendizado e dificuldades de aprendizado para definirem bem a sua vocção a uma destas especialidades.

    Nesta época, também minha filha resolveu fazer a faculdade de psicologia e eu estudava com ela todos os livros nesta área, o que me ajudou a conhecer um pouco do que iremos discutir e refletir neste livro sobre vocação e chamado de Deus para servirmos neste mundo.

    Temos aprendido que devemos usar a força das nossas emoções para destruir os maus sentimentos que habitam em nossa alma e impedem que nossa vida, e a de todos aqueles que dela participam desfrutem de alegria, paz e amor. Para conseguirmos dominar esses inimigos internos, temos descoberto na oração, no exercício espiritual diário a força de vontade e perseverança necessários para transformarmos para melhor, nossas vidas e a vida daqueles com os quais convivemos. É destes exercícios e orações que iremos desenvolver nossos estudos e reflexões Esse é o grande motivo pelo qual escrevemos este livro: que minha experiência e a experiência de minha esposa, nossos erros e acertos, ajudem a cada um de vocês leitores amigos, a buscarem uma vida feliz e cheia de sentido na vocação que Deus o tem chamado, e que a cura interior seja alcançada através do conhecimento de como se encontrar com Deus através da oração e do discernimento diário. Para que isto aconteça teremos estudos, exercícios, testes, oração, meditações e contemplações, na busca de nos conformarmos à pessoa de Jesus Cristo, nosso Mestre e 11

    Senhor. E assim sermos bons cristãos e discípulos missionários de Jesus Cristo!

    No próximo capítulo iremos ver que Deus nos chama a todos para fazermos parte do grande plano Dele para suas criaturas e que conhece-lo e vive-lo é uma atitude própria e necessária a todo o cristão. Então, acredito que todos nós, em algum momento, já tenha feito a si mesmo estas perguntas: será que estou respondendo o chamado de Deus, Sua palavra de chamamento?

    Será que estou sabendo ser cristão? Como eu tenho vivido meu ser cristão? O que é ser filho de Deus?". Se você já se fez essas perguntas, não pense que está errado ou que isso é um problema.

    Pois, vejo, por trás desses questionamentos, alguém preocupado com a vida espiritual e com o relacionamento com Deus, com a resposta que está dando ao Seus Chamado!

    12

    CAPÍTULO 1 A PALAVRA QUE NOS CHAMA Neste mundo de relações interpessoais mais ou menos intensas, a palavra é de capital importância. Usamo-la de muitas formas: falamos, orientamos, rezamos... Ela pode ser bendita -

    bem dita - , ou maldita - mal dita - . muitos santos, dentre eles Inácio de Loyola, depois de sua conversão, notava que as palavras que ouvia ou dizia tinham, muitas vezes, uma magia intrigante, sedutora e tocava o coração quando eram bem ditas. Ele mesmo passou de uma conversão sentida a uma conversação pensada e dirigida, mantida até a sua morte.

    Vivemos inundados pelas palavras. Muitas delas inúteis e vazias. Não é fácil encontrar palavras significativas que tragam sentido à vida e calor ao coração. Nossas palavras, geralmente, fazem muito ruído e produzem pouco fruto. Nos acostumamos a desconectarmos por dentro e não deixamos que nos impactem, talvez porque já não cremos nelas; são mentirosas ou destrutivas e não dizem nada. As palavras humanas têm a força e a debilidade de quem as pronuncia. Por exemplo a palavra: chamar cha·mar – Conjugar (latim clamo, -are, gritar, clamar, chamar) verbo transitivo

    1. Fazer, com palavras ou sinais, com que outrem venha.

    2. Invocar.

    3. Proceder à chamada; dizer em voz alta o nome de.

    4. Dar nome a. = APELIDAR, DENOMINAR

    5. Escolher para desempenhar um cargo. = NOMEAR

    6. Atrair.

    7. Originar.

    8. Exigir, merecer.

    Deus também fala. A Bíblia é testemunha dessas palavras.

    A Palavra de Deus tem a força de Deus. Palavras humanas, palavras divinas... Umas são vento, outras evento, pois sempre realizam o que dizem (cfr. Is 55, 10). Deus não fala em vão. Suas palavras são como sementes carregadas de vida, por isso não só devem ser escutadas, mas também acolhidas e vividas. Quem assim vive, se transforma e cresce. Deus continua falando, criando e chamando.

    13

    Devemos ser fundamentalmente um ouvinte da palavra interior de Deus, escutada mais com o coração que com os ouvidos. Deus fala, inquieta, propõe, chama e espera de nós uma resposta.

    Necessitamos nos educar e educar os jovens a ter esta sensibilidade para ouvir as palavras interiores e ver as coisas de Deus.

    Na Bíblia, são paradigmáticos os chamados dos profetas.

    Cada profeta inicia a sua missão a partir de uma vocação, um chamado próprio e bem pessoal que recebe de Deus: é o caso de Moisés, Jeremias, Isaías, Amós, etc. Deus chama e indica uma missão. Vamos tomar o exemplo do profeta Jeremias e o belíssimo texto de sua vocação em Jr 1,4-10: "Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta. Então disse eu: Ah, Senhor DEUS! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino. Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o Senhor. E estendeu o Senhor a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca; Olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares, e para derrubares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares.

    Os profetas são paradigmáticos, porque servem de modelos para cada um de nós, batizados, seguidores de Jesus, como fonte de inspiração e também como um meio para que cada um também escute a voz de Deus que continua a nos falar e nos chamar através de sua Palavra.

    Somos chamados a acolher essa Palavra de Jeremias:

    Antes de formar você no ventre da sua mãe, eu o conheci! (1,5).

    Que maravilhoso é saber que não somos frutos do acaso, mas somos filhos e filhas de um Deus que nos quis. O Papa Francisco nos fala que fomos concebidos no coração de Deus e, por isso, cada um de nós é o fruto de um pensamento de Deus. Cada um de nós é querido, cada um de nós é amado, cada um é necessário

    (Laudato Si 65). Esse é o primeiro chamado que recebemos: a vocação à vida. Seguindo a Palavra, nos é dito: Antes que você fosse dado à luz, eu o consagrei (1,5). Consagrar significa separar, escolher. Desde o princípio Deus já nos separou para Ele, para 14

    uma missão. Vemos que a iniciativa é toda de Deus, a nós cabe apenas a resposta.

    O segundo chamado nos vem no batismo, no qual a nossa eleição da parte de Deus é confirmada: é a nossa vocação cristã.

    Como batizados e batizadas, somos completamente envolvidos pela graça de Deus e nos tornamos seus filhos, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8,17). Recebemos a Vida, nos consagramos a Deus, mas para quê? para fazer de você profeta das nações (1,5). Fomos consagrados para uma grande missão. E

    como batizados, participamos da mesma unção de Cristo na qual somos constituídos como profetas, sacerdotes e reis. Em nossa reflexão, vamos nos dedicar à missão profética: A palavra profeta, em sua raiz antiga, desde o hebraico nabí significa falar; em latim, propheta significa porta-voz; Ou ainda do grego prophétes,

    discursar em público.

    Muitos podem estar pensando: Ah, mas eu não sei falar, como posso ser um profeta? Nesse momento, o próprio Deus tem uma resposta, pois a mesma coisa Jeremias disse ao Senhor, conforme o versículo seguinte: Ah, Senhor, eu não sei falar, porque sou jovem (1,6). Essa é a nossa primeira tentação: fugir dos próximos chamados de Deus, por medo das exigências que esses chamados podem nos implicar. Jeremias também tentou fugir, assim como Moisés, Jonas, Elias, etc. Jeremias era um jovem do século VI a.C., o que nos indica que pelo visto as coisas não mudaram muito de lá pra cá. Muitos continuam fugindo do chamado de Deus!

    Enfim, seguindo o nosso roteiro, as próximas vocações são as chamadas vocações específicas, que nos apontam a missão que Deus tem para cada um de nós na Igreja e no mundo.

    As vocações específicas são quatro: vocação sacerdotal, à vida religiosa e consagrada, matrimonial e leiga. Cada vocação específica implica em si um modo especial de falar e se relacionar com Deus, por isso, cada uma delas, exige do cristão o seu ministério profético, porquanto, o seu ministério de ser um porta-voz de Deus.

    Poderíamos perguntar: mas essa não é uma missão específica dos sacerdotes, dos religiosos e religiosas e daqueles que 15

    vão pregar a Palavra de Deus? Não! Essa é a missão de todo o cristão, a partir do mandato missionário de Jesus: Ide e fazei com que todos os povos se tornem meus discípulos! (Mt 28,19). Porém a dimensão do falar está para além de ser apenas o discurso com palavras. Fala-se de muitas maneiras, e hoje em dia, na era da internet e da comunicação, os modos de falar se multiplicam com as redes sociais, TV, rádio, canais da internet… os nossos modos de ser e estar no mundo, e fala-se principalmente com a vida. O

    modo de viver a nossa vocação expressa o modo como falamos de Deus. Qual a lição com tudo isso? Podemos falar de diversas formas. Falamos com nossos gestos, falamos com nossas atitudes, muito mais do que com as palavras. São Francisco de Assis dizia:

    Evangelizar sempre, se preciso use palavras. Evangelizamos primeiro com a nossa vida.

    Inicialmente, olhemos para cada vocação específica, para depois voltarmos a um estudo mais detalhado sobre cada vocação.

    A primeira é a vocação sacerdotal, para aqueles que são chamados ao sacramento da Ordem: diáconos, padres e bispos. Homens chamados a configurar-se a Cristo servo, pastor e cabeça da Igreja.

    A vocação ao casamento, dos homens e mulheres chamados ao sacramento do Matrimônio, com a sua missão específica de formarem uma só carne, e colaborarem com o Senhor no seu projeto criador dando a vida e educando os novos filhos e filhas de Deus. A vocação religiosa e consagrada, daqueles homens e mulheres que, pela consagração total a Deus através da vivência radical dos conselhos evangélicos: pobreza, obediência e castidade, se dedicam ao serviço dos irmãos e irmãs em um carisma específico. E a vocação leiga, daqueles homens e mulheres, casados ou não, que estão inseridos no mundo, na sociedade civil, no trabalho e nas nossas comunidades, para serem, nestes espaços, Sal e Luz (cf. Mt 6,13-16), santificando-os com o seu testemunho de vida.

    Portanto, antes mesmo de nosso nascimento, já possui um desígnio próprio, marcado pelo Senhor, a fim de nos conduzir para a vida querida por Ele para cada um de nós, a vida em abundância (cf. Jo 10,10).

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    Ninguém está excluído da vocação, todos somos chamados a obedecer a Deus e seu desígnio para cada um: Não diga ‘sou jovem’, porque você irá para aqueles a quem eu mandar e anunciará aquilo que eu ordenar. Não tenha medo deles, pois eu estou com você para protegê-lo. (1,7-8).

    Deus não apenas nos dá a missão, Ele nos faz uma promessa: Eu estou contigo!

    No próximo capítulo veremos que vocação significa chamado. É, pois, um chamado de Deus. Se há alguém que chama, deve haver outro que escuta e responde. A vida de todo ser humano é um dom de Deus. Somos obra de Deus, criados em Cristo Jesus (Ef 2,10). Existimos, vivemos, pensamos, amamos, nos alegramos, sofremos, nos relacionamos, conquistamos nossa liberdade diante do mundo que nos cerca e diante de nós mesmos.

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    CAPÍTULO 2 AFINAL O QUE É VOCAÇÃO?

    Falamos muito de vocação. Quando dizemos que alguém tem vocação, afinal o que queremos dizer? A palavra vocação vem do verbo no latim vocare (chamar). Assim vocação significa chamado. É, pois, um chamado de Deus. Se há alguém que chama, deve haver outro que escuta e responde. A vida de todo ser humano é um dom de Deus. Somos obra de Deus, criados em Cristo Jesus (Ef 2,10). Existimos, vivemos, pensamos, amamos, nos alegramos, sofremos, nos relacionamos, conquistamos nossa liberdade diante do mundo que nos cerca e diante de nós mesmos.

    Não somos uma existência lançada ao absurdo. Somos criaturas de Deus. Não existe homem que não seja convidado ou chamado por Deus a viver na liberdade, que possa conviver, servir a Deus através do relacionamento fraternal com os outros. Você é uma vocação.

    Você é um chamado.

    Encontramos na Bíblia muitos chamados feitos por Deus: Abraão, Moisés, os profetas… Em todas as escolhas, encontramos: Deus chama diretamente, pela mediação de fatos e acontecimentos, ou pelas pessoas. Deus toma a iniciativa de chamar. Escolhe livremente e permite total liberdade de resposta.

    Deus chama em vista de uma missão de serviço ao povo.

    Portanto, vocação é o encontro de duas liberdades: a de Deus que chama e a do Homem que responde. Podemos fazer uma distinção entre os chamados: vocação à existência, vocação humana, vocação cristã e vocação específica, uma sobrepondo-se à outra. O primeiro momento forte em que Deus manifestou todo o seu amor a cada um de nós foi a vocação à existência – Vida.

    Deus nos amou e nos quis participantes de seu projeto de criação como coordenadores responsáveis por tudo o que existe. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. A vida é a grande vocação. Deus chama para a vida, e

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