Discover millions of ebooks, audiobooks, and so much more with a free trial

Only $11.99/month after trial. Cancel anytime.

Mãe e Calvário - dois contos de Carmen Dolores
Mãe e Calvário - dois contos de Carmen Dolores
Mãe e Calvário - dois contos de Carmen Dolores
Ebook21 pages12 minutes

Mãe e Calvário - dois contos de Carmen Dolores

Rating: 0 out of 5 stars

()

Read preview

About this ebook

Tema clássico, o do amor maternal, mas aqui com toda a crueza dos escritos naturalistas: o conto "Mãe" emociona com a descrição do parto dos gêmeos da pobre Leocádia, em que um dos bebês é monstruoso... Suspense, leitura que prende do início ao fim! Outra dor feminina, a da amante, é o tema do conto "Calvário", onde a personagem Olga desfila em um fluxo de consciência que nos faz íntimos dela o descontrole de suas emoções por conta da paixão por Roberto.
LanguagePortuguês
PublisherEditora Pausa
Release dateJan 25, 2023
ISBN4066339320970

Read more from Carmen Dolores

Related to Mãe e Calvário - dois contos de Carmen Dolores

Related ebooks

Classics For You

View More

Related articles

Reviews for Mãe e Calvário - dois contos de Carmen Dolores

Rating: 0 out of 5 stars
0 ratings

0 ratings0 reviews

What did you think?

Tap to rate

Review must be at least 10 words

    Book preview

    Mãe e Calvário - dois contos de Carmen Dolores - Carmen Dolores

    MÃE

    Na velha e tosca marquesa de pau, a Leocádia, mulher do José Pindoba, ferreiro no arraial próximo de Carangolas, se estorcia em dores de parto, agoniada, aflita, com o enorme ventre formando monstruosa bossa debaixo da leve coberta de retalhos de chita desbotada.

    Quadros de santos e poeirentas gravuras cortadas em jornais antigos e sarapintadas pelas moscas forravam as paredes enegrecidas do quarto apenas alumiado pela claridade mortiça de um candeeiro de azeite, ardendo em frente à imagem de Nossa Senhora das Dores; e uma morrinha de roupas sujas, um cheiro acre e nauseabundo de ranço erravam pela atmosfera morna e abafada do aposento, enquanto lá fora, nos campos, o vento zunia forte entre o arvoredo, insinuando-se com lúgubres gemidos pelas frestas das portas e janelas.

    — Ai, meu Deus! ai, minha nossa Senhora!… — balbuciava a Leocádia. — E esta gente que não chega!… A criança vai nascer sozinha… Eu não posso mais. Teresa!… Teresa!…

    Arrastou-se penosamente até à beira da cama e, toda curvada para o chão, tentou acordar uma negrinha que dormia

    Enjoying the preview?
    Page 1 of 1