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Andarilho
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Andarilho

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About this ebook

Este é o segundo livro de poesias do autor, com textos premiados, quando agora demonstra sua avidez pela expressão em sua forma mais transcendente que é a poesia. A Literatura, cada vez mais, tem papel singular na superação dos lutos e transformação pessoal, contribuindo sempre com a (in)formação de modo interdisciplinar, além da fruição da leitura. Não só o belo, mas os sentimentos pessoais, existenciais e sociais estão inseridos em versos que ora pesam, ora levitam e não se atinam à leitura linear. A subdivisão dos textos foi realizada de maneira arbitrária, a exemplo da língua, e busca metaforizar o conjunto, a fala e transcender a linguagem. Sendo assim, o autor buscou o contexto metafórico de alusão aos elementos da Natureza, tais como Terra, Ar, Fogo, Água e Éter. As poesias da última parte do livro podem revelar o desejo de transmutação dos elementos pessoais com os da Natureza, com a simbologia da física quântica. Vale cada palavra, mas sobretudo vale cada leitura!
LanguagePortuguês
Release dateFeb 20, 2023
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    Andarilho - Marcos Freitas

    Parte I

    Elemento Terra

    terra

    O tempo é um pássaro esculpido na pedra.

    Francisco Carvalho in Raízes da voz

    Colegiais

    As meninas deixam os seus sossegos

    cegos da noite, em busca do sol

    forte, matinal. Doravante, o aconchego

    é o colégio estridente

    ao som da campainha sábia.

    Parecem um exército espúrio,

    mas são guerreiras sociais

    de flores brancas nos olhos

    e tuítas na garganta

    para desprender do ego

    o grito da fome de liberdade

    No espaço físico e bifásico,

    comendo mundo,

    bebendo bálsamos,

    cheirando o perfume violado

    em violinos para sonata...

    Beethoven lhes abençoe!

    Boa Viagem

    A escuridão parecia gincana

    ver qual das mãos avulsas

    tocava a mão de Adriana

    sem saber se as calejadas

    podiam tocar beleza

    passeando juntos pela calçada

    de Boa Viagem a Fortaleza.

    Rimando o excesso de cansaço

    só podia deleitar um pedaço

    do cinema em seu sorriso

    transformando o meu em desejo

    quando as mãos dormindo

    deixavam de ficar comigo

    para irem ao encontro febril

    de encontro àquele corpo aconchego

    se é o sol que beija abril

    quando por ela a paixão não é sossego.

    Marina

    Como posso, Marina,

    te ver neste estado natural,

    prolongando a vida,

    gerando vida,

    comendo vida,

    se ainda vi nesses olhos claros

    alguma coisa esquecida?

    Como pude, Marina,

    te conhecer em cinco minutos

    e me deparar com ágape,

    o desejo que devora,

    vindo dessa alma

    e fazendo um carnaval com o corpo?

    Como explicar, Marina,

    te ver com uma menina

    no corpo e outra n’alma,

    se eu mesmo queria estar em ti,

    me alimentando de tua essência?

    Como fazer, Marina,

    se partirás levando um pedacinho meu,

    logo no apogeu de tua adolescência,

    sonhando amor,

    pedindo amor,

    comendo amor,

    se a única coisa que te fiz

    foi pegar teus livros

    e te fazer este poema?

    Comunicação

    Quantos beijos

    saem com suspiros

    piro em sabê-los

    cabelos caem

    saem músicos?

    Quantas vezes

    disse saudade

    idade nova e velha

    era amor

    mero sabor

    ou elo desejo?

    Quantos duendes

    doem nos dentes

    da alma adentro?

    Quantos cheiros

    lágrimas acaso

    sorrisos evidentes

    coração velho mágico

    surpresa represa

    paixão incomunicável?

    Sacrifício

    Moa a cana

    e o caldo alimenta

    Moa a verdura

    e a vida sustenta

    Moa a ramagem

    e o gado fomenta

    Moa a carne

    e ainda aguenta

    Moa o corpo

    e não suspenda

    Moa a alma

    e o resto não surpreenda.

    Vela reza

    Tomo I

    Se todos fazem a mesma prece,

    por que ainda não acenderam a vela?

    É por que é amarela

    ou a transferência não tem pressa?

    Por que o mundo gira, lira, pira

    nossas cabeças de lebre

    se a alma está com febre

    e a mão sente, mente, mas não escreve?

    Se iremos para o Futuro,

    a quem vendemos o Presente?

    E por que ainda não acenderam a vela?

    Se gostar-amar-ficar o escuro

    é porque alguém não pressente

    que o antepassado vira janela?

    Caso sinta o gosto elétrico

    é porque decerto não vemos

    que ainda somos macacos patéticos

    sem o verdadeiro sabor do beijo.

    Tomo II

    Verossimilhança, vaga vela velha?

    se aqui vim ver-te, verde,

    vende a própria luz

    e ao nosso pensamento faz jus

    como se consola com o balanço da rede?

    Se o corpo explodisse...

    quem será que disse

    uma palavra à alma

    e se não fosse nada disso?

    As mãos penteiam os cabelos do céu,

    os pássaros o enfeitam.

    Como, se não menos potentes?

    São asas turbinadas de dentes?

    Se muitos sabem essa reza,

    será assim que a bíblia está velha,

    ata de testemunha que pesa

    nos conceitos sociais modernos?...

    Se amar

    Se o sol sair, prometo-te a lua

    e veremos as estrelas deitados no chão.

    No choro, riremos o gosto extravagante

    do perigo, dos abraços, num só ritmo.

    E a decepção talvez não nos alcance,

    porque é um sonho só,

    um só suspiro desgarrado,

    sem palavra alguma para atrapalhar.

    Afinal, somos mudos mesmo.

    Somos a imaginação do que pensamos

    do mundo: planta decorativa.

    E assim amamos.

    Versão

    Para Thiago

    Pela manhã tão pequenino,

    vem a mim meu cavaleiro;

    me desperta e faz

    da vida seu brinquedo.

    Já comigo fica treinando

    de arrancar meus velhos pelos,

    me faz sentir saudades,

    comigo meu cavaleiro.

    O mundo é pequenino,

    a aventura, gigantesca;

    me dá prazer pueril

    até puxando os meus cabelos.

    Depois me pega pela mão

    e me leva à sua ilha:

    assim somos dois andarilhos,

    eu e meu cavaleiro.

    Sonhetos

    Tomo I

    O roço que invade a alma

    É devaneio em curso e se devora

    Chamado o amor e vindo agora

    É o mundo em plateia batendo palmas

    E o calor de amar fez marca no seio

    Tomara Deus seja agraciada ventura

    Pois se acaso só for outra aventura

    Dos meus planos de vida futura não os sei

    Mas se o sorriso em plenitude é rochedo

    Amar a mulher será sempre lugar primeiro

    Enquanto vida tiver e alma se espreitar

    Porque amando é sentido viver

    Mesmo da partida quando enfim morrer

    Revolverei montanhas e entranhas para amar.

    Tomo II

    Não sei escrever sem ver miniatura

    Amar o amor inconteste sem ternura

    Desgastar até o fim o sabor do beijo

    Sem beijar infinitamente no calor do seio

    E o corpo só é palpável com a alma

    Entregar-me-ei com as duas construções da alva

    Quando por um momento de amor for terno

    Sejam riso

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