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Humanae Absurdum: A Imagem do Humano na Obra de Albert Camus
Humanae Absurdum: A Imagem do Humano na Obra de Albert Camus
Humanae Absurdum: A Imagem do Humano na Obra de Albert Camus
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Humanae Absurdum: A Imagem do Humano na Obra de Albert Camus

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Na obra Humanae absurdum: a imagem do humano na obra de Albert Camus, o autor se aproxima dos escritos de Albert Camus, em uma abordagem sistêmica, levando em consideração muito mais as inter-relações entre cada uma delas do que um hipotético sentido oculto a ser descoberto pelo leitor. Desse modo, o encadeamento do processo criativo camusiano recebe mais atenção como aquilo que precisa ser "escutado" no autor do que a estrutura resultante desse processo. O autor argumenta com propriedade que esse novo olhar sobre a obra de Camus permite a aceitação mesmo daquilo que é (ou parece ser) contraditório em seu pensamento. Para tanto, o método hermenêutico é usado como ferramenta de trabalho para realização de sua proposta, posto que é por meio dele que o autor descobre e persegue o que chamou de linhas mestras dos escritos camusianos, numa proposta inovadora para a leitura da obra de Camus. O insight deste estudo consiste em concluir que se a obra do escritor algeriano não se submete à sistematização, ela, todavia, não recusa a problematização, e mais, ela própria apresenta e retoma diversos problemas de ordem filosófica, e, assim, constitui, um verdadeiro eixo problemático, que, seguido pelo exercício do pensamento, denota a unidade filosófica de toda obra do autor, unidade que tem por eixo o conjunto desses mesmos problemas. Não satisfeito com a dantesca tarefa levada a efeito até a afirmação da natureza filosófica dos escritos de Camus, o autor ainda se debruça sobre um problema específico e amplamente tratado na história da Filosofia: o espinhoso assunto
da antropologia filosófica; munido de todo arcabouço conceitual até então elaborado, procura apresentar nos escritos de Camus uma possível imagem do humano, na qual as três perguntas centrais da antropologia filosófica serão tratadas e pensadas ao modo de orientar a
formação de um humanismo muito peculiar.
Com linguagem fluida e muito palatável, dotado de admirável erudição, sem o peso crasso do academicismo, Carlos Eduardo Bernardo nos presenteia com esta obra, indispensável para todos aqueles que se interessam em conhecer ou se aprofundar na rica produção de Albert Camus, saber qual sua possível visão do humano e o quanto essa visão pode contribuir para a realização de nossa própria humanidade.
LanguagePortuguês
Release dateApr 10, 2023
ISBN9786525040431
Humanae Absurdum: A Imagem do Humano na Obra de Albert Camus

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    Humanae Absurdum - Carlos Eduardo Bernardo

    1

    O EIXO PROBLEMÁTICO DA OBRA CAMUSIANA

    1.1 A BUSCA DO PROBLEMA

    A obra de Albert Camus é reconhecida como uma das mais marcantes produções escritas do século XX. O relativo isolamento do mise en scène filosófico francês, a partir da publicação de O homem revoltado, em 1951, a premiação com o Nobel, em 1957, e sua insistente recusa ao título de filósofo, preferindo antes o título de artista, fizeram com que a face filosófica de sua obra não recebesse da posteridade o reconhecimento que lhe é devido, dado à profundidade de seu pensamento e a liberdade de suas reflexões, que se desenvolvem em constante crítica às concepções filosóficas que se pretendem detentoras de domínio total dos problemas da realidade.

    O fato de que Camus não tenha erigido um edifício filosófico logicamente estruturado, um sistema, ou mesmo que ele não tenha se intitulado um filósofo – ainda que tivesse esse título acadêmico – não inviabiliza o reconhecimento do estatuto filosófico de suas obras, além dos ensaios propriamente ditos, seus escritos versam sobre problemas existenciais, sobre o drama da existência do humano no mundo.

    A natureza problemática da escrita de Camus lhe outorga uma posição entre os filósofos, pois a sua sensibilidade estética e o seu pensamento arguto estão afinados com as incertezas e anseios de seus contemporâneos, cuja expressão se dá nesses mesmos problemas.

    Reale e Antiseri na Apresentação de sua monumental História da Filosofia caracterizam muito bem o que seja o pensamento filosófico no Ocidente e sua inextricável associação com a abordagem a uma problemática.

    Existem teorias, argumentações e disputas filosóficas pelo fato de existirem problemas filosóficos. Assim como na pesquisa científica ideias e teorias científicas são respostas a problemas científicos, da mesma forma, analogicamente, na pesquisa filosófica as teorias filosóficas são tentativas de solução de problemas filosóficos.

    Os autores caracterizam a Filosofia como uma atividade humana centrada na solução de problemas filosóficos, portanto, sem os problemas não haveria atividade filosófica, esses problemas são a própria razão de ser da reflexão filosófica. Continuam eles:

    Os problemas filosóficos, portanto, existem, são inevitáveis e irreprimíveis; envolvem cada homem particular que não renuncie a pensar. A maioria desses problemas não deixa em paz: Deus existe, ou existiríamos apenas nós, perdidos neste imenso universo? O mundo é um cosmo ou um caos? A história humana tem sentido? E se tem, qual é? Ou, então, tudo – a glória e a miséria, as grandes conquistas e o sofrimento dos inocentes, vítimas e carnífices – tudo acabará no absurdo, desprovido de sentido? [...] Eis, portanto, alguns problemas filosóficos de fundo que dizem respeito às escolhas e ao destino de todo homem e com os quais se aventuraram as mentes mais elevadas da humanidade, deixando-nos como herança um verdadeiro patrimônio de ideias, que constitui a identidade e a grande riqueza do Ocidente.

    Seguido da afirmação da inevitabilidade dos problemas filosóficos, temos um breve sumário de alguns dos mais espinhosos dentre esses problemas e asseverativa de que as mentes mais elevadas da humanidade refletiram sobre e a partir desses problemas. Portanto, o debruçar-se sobre esses problemas, em certo sentido, constitui já a participação no grande fluxo da história da Filosofia, que, ainda de acordo com os mesmos autores, [...] é a história dos problemas filosóficos, das teorias filosóficas e das argumentações filosóficas⁸.

    A consideração acerca do caráter problemático da Filosofia, mais que um caráter sistemático, poucas vezes foi tão bem proposta quanto nos escritos do filósofo alemão Nicolai Hartmann

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