Formas Tradicionais E Ciclos Cósmicos
By René Guénon
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Formas Tradicionais E Ciclos Cósmicos - René Guénon
René Guénon
Formas Tradicionais
e
Ciclos Cósmicos
Tradução de
Ocimar Marraccini
Instituto René Guénon
de Estudos Tradicionais
São Paulo, 2012
Formas Tradicionais e Ciclos Cósmicos
Título do original: Formes traditionnelles et cycles cosmiques Autor: René Guénon
Os direitos desta tradução pertencem a Editora IRGET Ltda.
e‐mail: contato@reneguenon.net
Editor:
Ocimar Marraccini
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Guénon, René, 1886-1951
Formas tradicionais e ciclos cósmicos /
René Guénon ; tradução Ocimar Marraccini. --
2. ed. -- Itu, SP : Editora Irget, 2022.
Título original: Formes traditionnelles et
cycles cosmiques
ISBN 978-65-996957-0-4
1. Cosmologia 2. Esoterismo 3. Metafísica
4. Religiões - História 5. Ocultismo I. Marraccini, Ocimar. II. Título.
22-96826
CDD-133
Índices para catálogo sistemático:
1. Cosmologia : Esoterismo : Ocultismo 133
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
CERTIFICADO DE R
EGISTRO DE DIREITO AUTORAL
A Câmara Brasileira do Livro certifica que a obra intelectual descrita abaixo, encontra-se registrada nos termos e normas legais da Lei nº 9.610/1998 dos Direitos Autorais do Brasil.
Conforme determinação legal, a obra aqui registrada não pode ser plagiada, utilizada, reproduzida ou divulgada sem a autorização de seu(s) autor(es).
R
esponsável pela S
olicitação:
E ditora Irget
P articipante(s):
Ocimar Marraccini (T
radutor)
Tí tulo:
Formas Tradicionais
e Ciclos Cósmicos
D
ata do Registro:
04 /01/2022 10:49:30
Hash da transação:
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Editora IRGET Ltda.
Reservados todos os direitos desta tradução da obra. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio e forma, seja ela eletrônica, mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer outro, sem permissão expressa do editor.
René Guénon
Formas Tradicionais
e
Ciclos Cósmicos
7
Conteúdo
PRÓLOGO ...............................................................................................................................
...........9
I - ALGUMAS OBSERVA ÇÕES SOBRE A DOUTRINA DOS CICLOS CÓSMICOS ...........13
RESENHAS DE LIVROS - I
MIRCEA ELIADE: Le Mythe de l’éternel retour. Archétypes et repetition.......................................................................... 23
GASTON GEORGEL:Les Rythmes dans l’Histoire..........................................................................................................25
GASTON GEORGEL:Les Rythmes dans l’Historie. .........................................................................................................27
II - ATLÂNTIDA E HIPERBÓREA..............................................................................................29
III - O LUGAR DA TRADIÇÃO ATLANTE NO MANVANTARA ............................................39
IV - ALGUMAS OBSERVA ÇÕES SOBRE O NOME DE ADÃO .............................................. 45
V - QABBALAH ............................................................................................................................51
VI - KABBALA E A CIÊNCIA DOS NÚMEROS ..................................................................... ... 75
VII - A KABBALA JUDAICA
.................................................................................................... 69
VIII - A SIPHRA DI-TZENIUTHA
................................................................................................ 87
RESENHAS DE LIVROS - II
MARCEL BULARD: Le Scorpion, symbole du peuple juif dans l’art religieux des XIVe, XVe, XVIe siècles..................92
SIR CHARLES MARSTON:La Bible a ditvrai. Versão francesad e LUCE CLARENCE ............................................. 93
IX - A TRADIÇÃO HERMÉTICA
.................................................................................................97
X - HERMES ............................................................................................................................... 105
XI - A TUMBA DE HERMES .......................................................................................................
113
RESENHAS DE LIVROS - II
I
ENEL: Les Origines de la Genèse et l’enseignement des Temples de l’ancienne Égypte. Volume I, 1ª. e 2ª. partes. ......12 1
ENEL: A Message from the Sphinx................................................................................................................................
... 12 3
XAVIER GUICHARD: Éleusis Alésia: Enquête surles origines de la civilisation européenne....................................... 12 7
NOËL DE LA HOUSSAYE: Les Bronzes italiotes archaïques et leur sym bolique. ........................................................132
NOËL DE LA HOUSSAYE : Le Phoenix, poème symbolique. .........................................................................................
13 4
LETTRES D’HUMANITÉ, tomo II
I. ..........................................................................................................................13 5
LETTRES D’HUMANITÉ,tomo IV
V .......................................................................................................................... 138
GEORGES DUMÉZIL:L’Héritage indo-européen à Rome. .. . ................................................................................... 1 . 4 0
9
PRÓLOGO
Os artigos reunidos na presente compilação representam o aspecto mais original
e, talvez, o mais desconcertante para muitos leitores da obra de René Guénon. Poderíamos dar o título de Fragmentos de uma história desconhecida, mas de uma história que engloba proto-história e pré-história pois que começa com a Tradição primordial contemporânea do início da presente humanidade.
São fragmentos destinados a continuarem o sendo, no sentido de que, sem dúvida, teria sido impossível ao próprio Guénon apresentar esta história de maneira contínua e sem lacunas, pois as fontes tradicionais que lhe proporcionaram os dados de tal história eram provavelmente múltiplas. São fragmentos também em outro sentido, pois só reunimos aqui os textos ainda não incorporados a volumes anteriores, seja pelo próprio Guénon, seja pelos compiladores de livros póstumos publicados até agora.
Parece-nos que estes fragmentos abrem muitos horizontes novos para o leitor ocidental de hoje e seria lamentável deixá-los escondidos em coleções de revistas acessíveis somente em algumas grandes bibliotecas públicas.
Fizemos alusão à fontes tradicionais múltiplas. Recordemos o que um dia escreveu René Guénon, a saber, que suas fontes não continham referências
. Isso é ainda mais verdadeiro para os textos aqui reunidos que para outras partes da obra de Guénon. Por isso o presente livro está destinado, em nosso pensamento, sobretudo aos leitores que já conhecem o conjunto da obra do autor: a Metafísica exposta por Guénon será para esses garantia da história da Tradição.
10
René Guénon - Formas Tradicionais e Ciclos Cósmicos Nos textos que vamos ler é sobretudo o que concerne à Hiperbórea e à Atlântida o que constituirá um obstáculo para
-
dental. Os pontos de convergência seriam, acreditamos, mais soviético; mas estas são muito desconhecidas para que possa-mos ter em conta.
Além disso, dado o caráter pré-histórico evidente das épocas às quais nos remetem as tradições hiperbórea e atlante, não poderíamos evocar senão indícios, ou melhor, alguns conjuntos de indícios
j
, a maior parte se situando no domínio da
poderíamos mencionar certos ritos em comum, o parentesco mais ou menos estreito de muitos outros, em particular a da circuncisão praticada em ambos os lados do Atlântico. A arquitetura e a arqueologia contribuiriam sem dúvida com alguns apoios. Sabe-se que, depois de haver negado durante gerações, os sábios, após o descobrimento de algumas criptas funerárias, tiveram que admitir que as pirâmides do Novo Mundo fossem utilizadas não apenas como templos, mas também como tumbas – às vezes, como observatórios – assim como aquelas do Egito. No entanto, este conjunto de dados, não pode, uma vez não certezas, quanto à presença do homem no continente atlante; ainda que a existência deste, em épocas geológicas anteriores, já não se discuta mais.
O estudo sobre os ciclos cósmicos, que é o início do
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des particulares, pois a existência de uma doutrina dos ciclos na tradição hindu é geralmente conhecida no ocidente. Sabe-se agora que também na Kabbala judaica e no esoterismo islâmico existem doutrinas cíclicas.
Para dar mais coerência a esta compilação, além dos estudos sobre Hiperbórea e Atlântida, escolhemos os que con-
Prólogo
11
# $
sobre o mundo ocidental, quer dizer, a tradição hebraica e as tradições egípcia e greco-latina. O Celtismo, no entanto, não
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papel destas tradições, ao contrário. Simplesmente, o que na obra de Guénon concerne ao Celtismo foi integrado no livro intitulado "Símbolos Fundamentais da Ciência Sagrada"**: são os estudos sobre O Santo Graal (cap. III e IV de tal obra), sobre A Tríplice Muralha Druídica (cap
a
. X), sobre A Terra do Sol (cap
l
. XII)
e sobre O Javali e a Ursa (cap
a
. XXIV). No que concerne ao Islã,
o único artigo de Guénon que tem relação com o presente tema é intitulado Os mistérios da letra Nûn, que forma o capítulo XXIII de "Os Símbolos Fundamentaiss".
Para as tradições hebraica e egípcia, se completam os estudos contidos nesta compilação com o capítulo XXI de "O
Reino da Quantidade e os Sinais dos Temposs*,
Caim e Abel" e pelo
"
capítulo XX do "Símbolos Fundamentaiss" intitulado Set.
t
Uma vez esclarecido isto, temos que acrescentar que o volume apresentado hoje não pode separar-se completamente dos três livros seguintes considerados em sua totalidade: "O Rei do Mundo,
O Reino da Quantidade e os Sinais dos Temposs e
Símbolos Fundamentais da Ciência Sagrada"(1).
- Nos permitirão acrescentar que os conhecimentos cosmológicos tradicionais encerrados nestes quatro livros constituem uma suma que sem dúvida não tem o equivalente em nenhuma língua?
Roger Maridort,
t 1970.
(1) Editora Irget, SP.
13
Capítulo I
ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE
A DOUTRINA DOS CICLOS
CÓSMICOS (2)
Solicitam-nos com freqüência, a propósito das alusões que fomos levados a fazer aqui e ali à doutrina hindu dos ciclos cósmicos e a seus
equivalentes, que se encontram em outras tradições, se poderíamos apresentar delas, senão uma exposição completa, pelo
' ' -
cer suas grandes linhas. Na verdade, nos parece que esta é uma tarefa quase impossível, não somente porque a questão é muito
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dade que há para expressar estas coisas em uma língua européia e de maneira que as faça inteligíveis para a mentalidade ocidental atual, que de nenhum modo está habituada a este gênero de considerações. Tudo o que realmente é possível fazer, em nossa opinião, é tentar esclarecer alguns pontos mediante observações como as que vão a seguir, e que não podem ter em suma outra pretensão que a de chegar à simples sugestões sobre o sentido da doutrina que se trata mais que explicá-la verdadeiramente.
Temos que considerar que um ciclo, na acepção mais geral deste termo, representa o processo de desenvolvimento (2) Artigo publicado em inglês no Journal of the Indian Society of Oriental Art, número de Junho-Dezembro de 1937, dedicado a A. K. Coomaraswa-my por ocasião de seu sexagésimo aniversário. Retomado em
Études Tradii-tionnelles", outubro de 1938.
s
14
René Guénon - Formas Tradicionais e Ciclos Cósmicos de um estado qualquer de manifestação ou, caso se trate de ciclos menores, é de alguma das modalidades mais ou menos restringidas e especializadas desse mesmo estado. Além disso, em virtude da lei de correspondência que religa a todas as coisas na Existência universal, há sempre e necessariamente certa analogia tanto entre os diferentes ciclos de uma mesma ordem, como entre os ciclos principais e suas divisões secundárias. Isto permite empregar, ao falar deles, um só e mesmo modo de expressão, ainda que, freqüentemente, este não deva entender-se senão simbolicamente, sendo a essência mesma de todo simbolismo precisamente de fundar-se nas correspondências e analogias que existem realmente na natureza das coisas. Queremos, sobretudo, mencionar aqui a forma cronológica
sobre a qual se apresenta a doutrina dos ciclos: ao representar o Kalpa o de a
-
senvolvimento total de um mundo, isto é, de um estado ou grau da Existência universal, é evidente que não poderá falar-se literalmente da duração de um Kalpa
medida de tempo qualquer, que se trata daquilo que se relaciona com o estado do qual o tempo é uma das condições determi-nantes, estado este que constitui propriamente nosso mundo.
Para qualquer outro caso, esta consideração da duração e da sucessão que ela implica não poderá jamais ter mais que um valor puramente simbólico, e deverá transpor-se analogicamente, não sendo, então, a sucessão temporal mais que uma imagem do encadeamento, lógico e ontológico ao mesmo tempo, de uma série extra-temporal
de causas e efeitos; mas, por outro lado, como a linguagem humana não pode expressar diretamente outras condições diferentes às do nosso estado, um simbolismo
'
considerar-se como perfeitamente natural e normal.
Não temos a intenção de nos ocuparmos agora dos ciclos mais extensos, como os Kalpas; limitar-nos-emos aos que se desenvolvem no interior de nosso Kalpa, isto é, aos Manvantaras e suas subdivisões. A este nível, os ciclos têm por sua vez um caráter ao mesmo tempo cósmico e histórico, pois concernem mais especialmente à humanidade terrestre, ainda que estejam
Cap. I - Algumas Observações Sobre a Doutrina dos Ciclos Cósmicos 15
ao mesmo tempo estreitamente vinculados com os acontecimentos que se produzem em nosso mundo e fora dele. Não há nisso algo que deva surpreender, pois a