Interdisciplinaridade e metodologias ativas: como fazer?
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Book preview
Interdisciplinaridade e metodologias ativas - Ana Lúcia Gomes da Silva
Conselho Editorial de Educação
José Cerchi Fusari
Marcos Antonio Lorieri
Marcos Cezar de Freitas
Marli André (in memoriam)
Pedro Goergen
Terezinha Azerêdo Rios
Valdemar Sguissardi
Vitor Henrique Paro
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Interdisciplinaridade e metodologias ativas [livro eletrônico]: como fazer? / organização Ana Lúcia Gomes da Silva, Telma Teixeira de Oliveira Almeida. – 1. ed. – São Paulo: Cortez Editora, 2023.
ePub
Bibliografia.
ISBN 978-65-5555-367-3
1. Diálogos 2. Diversidade cultural – Estudo e ensino 3. Interdisciplinaridade na educação 4. Metodologia ativas 5. Professores – Formação profissional – Metodologia I. Silva, Ana Lúcia Gomes da. II. Almeida, Telma Teixeira de Oliveira.
23-148157
CDD-370
Índices para catálogo sistemático:
1. Aprendizagem: Interdisciplinaridade: Educação 370
Henrique Ribeiro Soares – Bibliotecário – CRB-8/9314
Interdisciplinaridade e metodologias ativas: como fazer?INTERDISCIPLINARIDADE E METODOLOGIAS ATIVAS: COMO FAZER?
Ana Lúcia Gomes da Silva | Telma Teixeira de Oliveira Almeida (Organização)
Capa: de Sign Arte Visual
Preparação de originais: Alessandra Biral
Revisão: Alexandre Ricardo da Cunha
Gabriel Maretti
Editor: Amir Piedade
Assistente editorial: Gabriela O. Zeppone
Diagramação: Mauricio Rindeika Seolin
Conversão para eBook: Cumbuca Studio
Coordenação editorial: Danilo A. Q. Morales
Direção editorial: Miriam Cortez
Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou duplicada sem autorização expressa do autor e do editor.
© 2023 by Organizadoras
Direitos para esta edição
CORTEZ EDITORA
R. Monte Alegre, 1074 – Perdizes
05014-001 – São Paulo-SP
Tel.: +55 11 3864 0111
cortez@cortezeditora.com.br
www.cortezeditora.com.br
Impresso no Brasil – 2023
Dedicamos esta obra aos nossos pilares, que nos sustentaram desde invisível até a criação e realização deste movimento interdisciplinar, representado pela Mestra Ivani Fazenda, que foi nossa inspiração, sob o olhar de Amir Piedade (Editor in memoriam) que nos trouxe à luz em busca da transformação, através de uma oportunidade concretizada junto à Cortez Editora.
Nossa imensa gratidão por cada linha escrita junto aos autores que abraçaram a jornada interdisciplinar.
Sumário
Prefácio
Ivani Fazenda
Capítulo I — Interdisciplinaridade e metodologias ativas diante das tecnologias digitais
Ivani Fazenda
1. Introdução
2. Verbalização em um contexto histórico
3. Considerações finais
Referências
Capítulo II — Diálogos nas interfaces da pós-graduação e da graduação: eu, você, nós
Ana Lúcia Gomes da Silva
Neide Penna
Telma Teixeira de Oliveira Almeida
1. Introdução
2. Vivências no curso de Arteterapia do Insted em Mato Grosso do Sul
3. Vivências no curso de Formação em Pedagogia do Centro Universitário da Grande São Paulo
4. Vivências na pós-graduação stricto sensu - Mestrado em Educação, Universidade do Sul de Minas Gerais
5. Considerações finais
Referências
Capítulo III — A dimensão subjetiva da aprendizagem: a trajetória da formação profissional em um curso Arteterapia pautado na construção do portfólio acadêmico
Alexandra Ayach Anache
Cristina Brandt Nunes
Lara Nassar Scalise
1. Introdução
2. As expressões dos sujeitos e suas manifestações
3. Considerações finais
Referências
Capítulo IV — Aspectos contributivos da interdisciplinaridade, ludicidade e metodologias ativas no processo de ensinar e aprender na diversidade cultural: a criança indígena em destaque
Franchys Marizethe Nascimento Santana
1. Introdução
2. Desafios da práxis que integra e envolve a ludicidade, interdisciplinaridade e metodologias ativas em contextos diversificados
3. A criança indígena em destaque
4. Considerações finais
Referências
Capítulo V — O Método Maprei, da LBV: uma visão além do intelecto
Maria Suelí Periotto
1. Introdução
2. Considerações finais
Referências
Capítulo VI — Formação de professores: explorando perspectivas interdisciplinares e metodologias ativas
Lislayne Carneiro
1. Introdução
2. Abordagem conceitual
2.1. Pesquisa interdisciplinar
2.2. Projeto interdisciplinar
2.3. Gestão qualitativa (engajamento)
3. Plano de ação
3.1. As oficinas
4. Resultados compartilhados
5. Considerações finais
Referências
Capítulo VII — Psicologia e metodologias ativas: um relato de experiência em uma brinquedoteca hospitalar
Helen Paola Vieira Bueno
1. Introdução
2. O Projeto Brinquedoteca Hospitalar na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) – campus de Aquidauana
3. A interdisciplinaridade e as metodologias ativas na Psicologia: um estudo de caso de implementação de brinquedoteca hospitalar em postos de saúde e hospitais
4. Percepção dos acadêmicos em relação ao estágio em ambientes hospitalares
5. Considerações finais
Referências
Capítulo VIII — Experiência de intervenção na gestão socioambiental: conectando estudantes, residentes e catadores
Daniela Althoff Philippi
Diego Farias Falcão de Carvalho
Joyce Aparecida Ramos dos Santos
Rubens de Oliveira Xavier
1. Introdução
2. Base teórica
2.1. Metodologias ativas: princípios, benefícios e adoção no Ensino Superior
2.2. Metodologias ativas: cursos de Administração e questões ambientais e de responsabilidade social
3. Metodologia
4. Resultados e discussões
5. Considerações finais
Referências
Capítulo IX — Práticas interdisciplinares: tecnologias, inovação e aprendizado
Joice Lopes Leite
1. Introdução
2. Práticas interdisciplinares
2.1. Computer Jamboree 2000
2.2. Projeto Entre o Mouse e o Coração
2.3. Projeto Manual Criativo de Jogos para Jovens
2.4. TEDxKids@PortoSeguroSchool
3. Considerações finais
Referências
Capítulo X — Ensino e pesquisa na formação de professores: perspectivas metodológicas em tempos de pandemia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA)
Sueli Borges Pereira dos Santos
1. Introdução
2. Pressupostos legais e pedagógicos do Ensino Superior
3. Ensino, pesquisa e alternativas metodológicas
3.1. Fase inicial
3.2. Fase intermediária
3.3. Fase final
4. Considerações finais
Referências
Capítulo XI — Metodologias ativas sob um olhar interdisciplinar
Ivone Yared
1. Introdução
2. Como posso chegar a um olhar transdisciplinar?
3. Considerações finais
Referências
Biografias
PREFÁCIO
O sentido interdisciplinar de uma Educação Inclusiva: Metodologias Ativas na interdisciplinaridade
Considero impossível conhecer as partes se não conheço o todo e se não conheço particularmente as partes (Pascoal, século XVII), sentido da história que nos constitui HUMANOS.
Palavra.
Ao proferirmos uma palavra comprometemo-nos com o mundo que nos cerca; a palavra por mim proferida em 2020 em live aos educadores foi o início desta obra editada por Amir Piedade (in memoriam), na qual presto minhas homenagens, e por integrantes da Cortez Editora, encomendando a seus autores uma obra maior como esta que aqui prefaciamos...
Interdisciplinaridade – questão de atitude.
Sínteses imaginativas e audazes produzem movimentos de transformação de corpos e mentes, coragem dos organizadores desta obra que certamente poderão influenciar pesquisadores que desejam progredir no campo da ciência alicerçada na atitude de uma escuta silenciosa arrebatadora!!!
A verdade é uma predição, melhor dizendo, uma pregação, como diria Bachelard.
Predizer atitudes de transformação para um mundo melhor constitui-se na humildade de ouvir atentamente, resulta na propagação de práticas humanizadas que poderão reverter a acomodação silente dos que apenas repetem sem inovar – um dos valores desta obra.
Pesquisar o diferente nos liberta das amarras do medo. O professor, ao descobrir seus talentos, passa a reconhecer o talento de seus alunos. Na partilha de talentos, a possibilidade da metamorfose.
O mais difícil em uma aprendizagem Interdisciplinar é a escolha do momento certo em que podemos nos desapegar do planejado. Isso exige o talento da escuta... Todas essas questões aqui sintetizadas inauguram uma nova forma de escolha de métodos diversos ao pensarmos educação e todas as ciências.
Ivani Fazenda, 2022
Capítulo I
Interdisciplinaridade e metodologias ativas diante das tecnologias digitais
Ivani Fazenda
"Forçando o espaço para colocar sua cadeira em
prol de uma existência mais humana."
(Telma Teixeira)
1. Introdução
Este texto é uma reescrita de uma entrevista que concedi ao vivo em 12 de agosto de 2020 para o Canal Sesu, em que educadores, preocupados com as metodologias ativas, solicitaram-me um posicionamento de como fazer a partir da interdisciplinaridade. Como a interdisciplinaridade poderia nos ajudar nos dilemas que estamos vivendo na vida e principalmente na educação?
A interdisciplinaridade, apesar de fecunda, é uma arte difícil. Um movimento iniciado na década de 1960, em que havia uma pandemia do conhecimento
nas universidades.
Diante desse contexto, apresentamos alguns posicionamentos para refletirmos como podemos compreender o momento atual a partir da história e de nossa realidade.
Essa pandemia
ocorria da seguinte forma: os alunos, principalmente os franceses, não estavam satisfeitos com a educação bancária, que lhes outorgava apenas o domínio de algumas ciências. Porém, eles não conseguiam vislumbrar a conexão existente entre o que estavam estudando cientificamente e a vida, e isso lhes embotava a imaginação e a criatividade.
Esse movimento começou com uma rebeldia dos estudantes do curso universitário da França e invadiu toda a academia científica. Enquanto os professores eram fustigados pelos alunos a tomarem alguma atitude, esses jovens resolveram reunir-se para repensar tudo o que estava acontecendo e colocam em dúvida o conhecimento científico.
Nessa direção, nossos escritos (Fazenda, 2007, p. 33) afirmam que:
[...] a instauração de uma metodologia interdisciplinar postularia um questionamento das formas de desenvolvimento do conteúdo das disciplinas, em função do tipo de indivíduo que se pretende formar, bem como uma postura una com respeito à reflexão de todos os elementos indicados.
Essa metodologia interdisciplinar se caracteriza como desafios fundamentais no campo da pesquisa educacional, uma vez que, sem ciência, não se consegue construir nada. Todo esse movimento conduziu os professores, principalmente os europeus, a migrarem para um sentido de tornar o conhecimento científico mais humano.
Naquela época (década de 1960), em formação inicial do curso de Pedagogia da Universidade de São Paulo (USP), percebi nitidamente que os professores eram academicamente conservadores.
Aqui, cito Japiassu (1976, p. 65-66), que destaca:
[...] do ponto de vista integrador, a interdisciplinaridade requer equilíbrio entre amplitude, profundidade e síntese. A amplitude assegura uma larga base de conhecimento e informação. A profundidade assegura o requisito disciplinar e/ou conhecimento e informação interdisciplinar para a tarefa a ser executada. A síntese assegura o processo integrador.
No segundo ano do curso de Pedagogia, encontrei a luz por meio da pesquisa que hoje é fundamental. Fui convidada pelo professor Laerte Ramos de Carvalho para integrar seu grupo como pesquisadora aprendiz.
Até hoje, sigo com a convicção de que é necessário compreender do que estamos tratando: de uma interdisciplinaridade profissional, científica ou escolar? Há variações já pesquisadas para cada um desses aspectos, bem como cuidados que devemos ter ao trabalhar em cada dimensão.
Trata-se de um conceito extremamente polissêmico e, portanto, possível causador de equívocos em sua compreensão e consequente aplicação, conforme mencionado em nossos escritos anteriores.
Depois de setenta anos, continuo na pesquisa desenvolvendo estudos e interagindo com grupos de pesquisa do mundo todo que se dedicam à questão da interdisciplinaridade. Com isso, o objetivo é ressaltar que, para viver a interdisciplinaridade, é necessário, antes de tudo, conhecê-la. Em seguida, é preciso pesquisá-la, definindo posteriormente o que se pretende a partir desse estudo, respeitando as diferenças entre uma formação pela ou para a interdisciplinaridade.
Em 2020, no início da pandemia, ampliei minha aproximação com grupos de pesquisadores desejosos de discutir as questões da interdisciplinaridade, visto que a tecnologia, às vezes, não responde aos anseios enfrentados por esses estudiosos. Então, a interdisciplinaridade nasce de uma dúvida sobre o valor do conhecimento científico, ressaltando que é necessário extrapolar os limites do conhecimento para se chegar a seu sentido.
Com o professor Carvalho, adentrei na pesquisa sobre a Educação. Encontramos algo muito interessante que, atualmente, está bastante evidenciado na interdisciplinaridade: o valor da história. A primeira pesquisa na qual trabalhamos era a formação dos educadores dos anos 1920 aos anos 1960. Naquela época, fui encarregada de entrevistar os professores, bastantes eminentes, da Escola Normal Padre Anchieta, exclusivamente para mulheres, onde estudei. Por que eles gostam tanto da Educação? Por que se dedicam à Educação? Por que escrevem livros sobre esse tema?
Tais reflexões me levaram a perceber quanto é importante entender o lugar do qual se está falando, onde habitei tanto tempo e não conhecia, bem como conhecer a origem das pessoas que estão ao nosso lado. Extrapolar os limites da Ciência significa, tentando explicar de modo simples e acessível, os degraus por onde a Ciência e a Tecnologia passaram, e desses lugares o que estão fazendo para contribuir para uma humanidade melhor.
Em seguida, trabalhei na Escola de Aplicação da USP, denominada Escola de Demonstração do Centro Regional de Pesquisas Educacionais. Minha tarefa era conversar com os orientadores das diferentes disciplinas da mesma escola e tentarmos juntos, em conversas semanais, entender o que seria importante para cada uma dessas disciplinas, nas quais imperava o currículo da Escola Fundamental, bem como de que maneira elas poderiam despertar nos alunos o gosto pelo conhecimento.
Retomando meus registros na obra O que é interdisciplinaridade? (2018), os autores concordam que à interdisciplinaridade cabe partilhar, não replicar. Todos nos incentivam a retirar das raízes da inteligência as qualidades do coração, em que o entusiasmo e o maravilhamento estão ancorados.
2. Verbalização em um contexto histórico
O êxito expressivo configurou-se, naquela época, atraindo para a escola de Demonstração do Centro Regional de Pesquisas Educacionais de São Paulo a atenção de eminentes pesquisadores das outras áreas da USP: físicos, biólogos, químicos, pessoal da Escola Politécnica com filhos, com a condição de que não fosse um currículo ditado por normas e chegasse a uma avaliação, mas deslocasse as crianças e professores daquela escola para outro nível de realidade. Essa foi uma experiência muito interessante e bastante enriquecedora
Foi um trabalho instituído e ampliado durante dez anos nessa instituição, estruturando o curso do ginásio e o curso do colegial. Paralelamente porque a Escola de Demonstração do Centro Regional de Pesquisas Educacionais era um centro de pesquisa, recebíamos secretários e ministros dos diferentes países da América Latina para debatermos o papel, as finalidades e as pesquisas para a Educação nessas nações.
Por ser muito jovem para discutir com os grupos de profissionais da América Latina sobre Educação, comecei a dialogar com eles; posteriormente, obtive acesso a uma vasta biblioteca do professor Angel Diego Marquez, membro da Unesco, ao qual servia como ponte. Ele foi minha principal referência de conhecimento sobre tudo o que se estava produzindo na Europa sobre interdisciplinaridade: O que se estava discutindo a respeito de como organizar planos e programas de ensino? Quais eram os atributos fundamentais para construir-se um plano ou projeto de ensino?
A Faculdade de Educação da USP, naquela época, não se interessava por um trabalho dessa natureza. Os docentes queriam permanecer em um trabalho em que os professores teriam um programa fixo. Para eles, o mais importante era que os alunos apenas decorassem os conteúdos para depois serem submetidos à avaliação.
Não era uma avaliação formativa, mas sim uma avaliação para verificação de um conhecimento que, com as leituras feitas anteriormente, estava sendo considerado ultrapassado. Essa proposta não satisfazia.
A avaliação, como tal, não é uma ideia que surge nos dias atuais; ela é tão antiga quanto o processo educacional. Há uma vontade muito forte de mudanças que deveriam ocorrer na avaliação e em sua forma de aplicação.
Por exemplo, a avaliação deveria estar mais a serviço do aluno que do sistema. Esse momento traz lembranças da Pontifícia Universidade Católica (PUC), onde estive por mais de quarenta anos. Naquela época, percebia que, para pensar interdisciplinaridade, havia uma necessidade imperiosa de entender a forma como se pensa. E como se pensa vai da leitura dos clássicos da filosofia até os mais atuais.
Há trinta anos, quando iniciei meus estudos sobre interdisciplinaridade na formação de educadores, falar disso era um sacrilégio; infelizmente por desconhecimento de alguns, essa prática há bastante tempo gestada, embora fecunda, ainda é considerada difícil. E foram as leituras que me fizeram refletir sobre algo que já desconfiava, mas que não tinha muita certeza: O que rege a Filosofia das Ciências?
; Como as Ciências constroem-se na história delas?
Nesse momento, por uma felicidade imensa, conheci George Gusdorf, um integrante da equipe dos anos 1970, que estava no Rio de Janeiro porque havia sido expulso da Universidade de Estrasburgo por suas ideias interdisciplinares. Ele evidenciava a crise dos anos 1970 e suas teorias do conhecimento diante dos conceitos de interdisciplinaridade anteriores e atuais, a partir das quais precisa debater-se com os limites de um positivismo clássico que nos encurrala em uma única direção e não nos abre a mente para outras direções.
Não cabe aqui a retrospectiva desse debate. Sugiro que os leitores se aprofundem em textos anteriores para então compreenderem porque, todo fim de semana, eu viajava no trem noturno até o Rio de Janeiro, onde permanecia na companhia do professor Gusdorf, um dos patriarcas da interdisciplinaridade no mundo. Fiquei com a orientação dele durante quatro anos, porque, naquela época, demorava mais tempo para fazer o mestrado.
O professor Gusdorf dizia que a virtude da força do conhecimento está em tomá-lo a conta-gotas. Você não tem de esperar que o conhecimento lhe venha de