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Compêndio De Formação Catequética E Litúrgica
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Compêndio De Formação Catequética E Litúrgica

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Neste Compêndio Iremos ver que a catequese é o ensinamento essencial da fé. Quando se fala em catequese, muitos pensam naquela que prepara as crianças para a Primeira Eucaristia ou a Crisma. Engana-se quem acha que catequese é o mesmo que “dar catecismo”, pois ela faz parte da ação evangelizadora da Igreja que envolve aqueles que aderem a Jesus Cristo. Catequese é o ensinamento essencial da fé, não apenas da doutrina, como também da vida, levando a uma consciente e ativa participação do mistério litúrgico e irradiando uma ação apostólica. Segundo o documento de Puebla e a afirmação dos Bispos do Brasil, a catequese é um processo de educação da fé em comunidade, é dinâmica, é sistemática e permanente. O Papa João Paulo II disse: “A catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e sistemática, com fim de iniciá-los na plenitude da vida cristã” (CT). Segundo o Novo Catecismo da Igreja Católica (1992), “no centro da catequese encontramos essencialmente uma Pessoa, a de Jesus Cristo de Nazaré, Filho único do Pai (…)”. Portanto veremos que a finalidade definitiva da catequese é levar à comunhão com Jesus Cristo: só Ele pode conduzir ao Amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar da vida da Santíssima Trindade. Todo catequista deveria poder aplicar a si mesmo a misteriosa Palavra de Jesus: ‘Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou’ (Jo 7,16)” (NCIC, 426-427). Vamos meditar que, em sua origem, o termo “catequese” diz respeito à proclamação da Palavra. O termo se liga a um verbo que significa “Fazer”, “Ecoar” (gr. Kat-ekhéo). Assim, ela tem por objetivo último fazer escutar e repercutir a Palavra de Deus. A catequese faz parte da ação evangelizadora da Igreja, que envolve aqueles que aderem a Jesus Cristo. Catequese é o ensinamento essencial da fé, não apenas da doutrina como também da vida, levando a uma consciente e ativa participação do mistério litúrgico e irradiando uma ação apostólica
LanguagePortuguês
Release dateMay 2, 2020
Compêndio De Formação Catequética E Litúrgica

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    Compêndio De Formação Catequética E Litúrgica - Saluar Antonio Magni

    1

    INDICE

    AGRADECIMENTO PG 1

    INTRODUÇÃO 4

    CAP 1- IMPORTÂNCIA DA CATEQUESE

    PARA A IGREJA 9

    CAP 2 O QUE É CATEQUESE E CATECISMO? 15

    CAP

    3-

    CATEQUESE

    COM

    INSPIRAÇÃO

    CATECUMENAL E O RICA 25

    CAP

    4-

    CATEQUISTA

    COM

    INSPIRAÇÃO

    CATECUMENAL PG 32

    CAP 5- ITINERÁRIOS CATEQUÉTICOS: MISSÃO

    (BATISMO, CRISMA E EUCARISTIA) 48

    CAP 6- ITINERÁRIOS CATEQUÉTICOS: TEMAS E

    DINÂMICAS PARA ENCONTROS 81

    TEMAS:

    TEMA 1: QUERIGMA PG 82

    TEMA 2- A VONTADE DE DEUS 105

    TEMA 3- A BÍBLIA 145

    TEMA 4: A SANTA MISSA PARTE POR PARTE. 176

    TEMA 5- ANO LITÚRGICO 207

    TEMA 6: A CRIAÇÃO 221

    TEMA 7 - O PECADO ORIGINAL 233

    TEMA 8- IMAGENS

    271

    TEMA 9- MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS 285

    TEMA 10- MARIA 308

    TEMA 11- NASCIMENTO DE JESUS 329

    TEMA 12- NASCIMENTO DE JESUS 339

    TEMA 13- OS MILAGRES DE JESUS 347

    TEMA 14- ORAÇÃO 400

    TEMA 15- A VERDADEIRA FELICIDADE 376

    TEMA 16- OS APÓSTOLOS DE JESUS 395

    2

    TEMA 17- OS SACRAMENTOS 405

    TEMA 18- O PECADO 452

    TEMA 19- CONFISSÃO 461

    TEMA 20- EUCARISTIA 483

    TEMA 21- ÚLTIMA CEIA 494

    TEMA 22- PAIXÃO E MORTE DE JESUS 507

    TEMA 23- RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO 523

    TEMA 24- O QUE É REENCARNAÇÃO? 530

    TEMA 25- ASCENSÃO – MT28,16-20 E AT1, 1-11 534

    TEMA 26- PENTECOSTES 548

    TEMA 27- A IGREJA 560

    TEMA 28- QUE É ECUMENISMO 281

    TEMA 29- O BANQUETE RECUSADO 584

    TEMA 30- OS NOVÍSSIMOS DO HOMEM 591

    CONCLUSÃO FINAL 603

    3

    AGRADECIMENTO

    Agradeço de maneira toda especial à minha esposa Teka, pelo incentivo e toda retaguarda necessária para que eu pudesse ter tempo, paz e tranquilidade para contemplar e meditar os assuntos, abordados neste livro, bem como seus conhecimentos de catequese, que me ajudaram no início de minha caminhada como catequista na Escola de Especialistas de Aeronáutica, onde iniciamos nossa caminhada como catequistas. Lá se vão mais de 30 anos. Agradeço também ao Padre Sebastião, que já está na Graça da presença de Deus, pois foi ele que me convidou a ser catequista de crisma dos alunos e jovens da de nossas vilas militares, e todos padres que lhe sucederam: padre Borges, padre Kaká, bem como o padre Jalmir da Paróquia de São Pedro Apóstolo, que me convidou a ser catequista, juntamente com minha esposa. Também ao Padre Narci, que foi assessor de liturgia da arquidiocese de Aparecida, e me levou a estudar mais profundamente os assuntos ligados à liturgia e por tabela, sobre a catequese, quando me convidou a ser coordenador da comissão de liturgia da Arquidiocese de Aparecida. Após já estar a mais de dez anos na comissão de liturgia, tive oportunidades de me aprofundar nos assuntos litúrgicos e catequéticos, e a ligação da liturgia com a catequese, participando já a dez anos nas semanas nacionais de liturgia. Agradeço também ao Padre Marcelo Motta, meu atual assessor de liturgia na comissão da Arquidiocese de Aparecida, com o qual tenho aprendido cada vez mais como atuar como coordenador dos ministérios leigos da arquidiocese e paróquias. Ainda aos coordenadores de liturgia das paróquias e os padres párocos que sempre solicitam que eu dê formação litúrgicas nas paróquias e comunidades, e com isso me levam a cada vez mais estudar e me aprofundar nos assuntos ligados à liturgia e a Catequese.

    4

    INTRODUÇÃO

    Nestes dias tenho refletido sobre como está a minha vida, como estou sendo um leigo cristão? Sou aposentado, da reserva da Aeronáutica.

    Busco viver bem com minha esposa, filhos e neta, bem como com nossos parentes, tanto do meu lado, como do lado de minha esposa. Somando ainda a família de minha nora. Na Igreja tenho procurado ser um discípulo, colocando-me à disposição, especialmente como catequista de adultos. Eu e minha esposa tivemos a oportunidade de aprofundar na teologia e pastorais, através do curso superior de religião, na arquidiocese de Aparecida. 4 anos de estudo e mais duas especializações, em Mariologia e em Cristologia. Eu comecei a estudar liturgia devido à minhas função de Leitor, animador e também no trabalho da música litúrgica. Mais de 20 anos na paróquia militar da Escola de Especialistas de aeronáutica, como catequista da Crisma dos jovens alunos e, os jovens da vilas militares. E já a mais de 20 anos na vida civil na arquidiocese de Aparecida. E hoje como coordenador Arquidiocesano de Pastoral Litúrgica, na Arquidiocese de Aparecida. Busco viver a espiritualidade dos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola. Juntamente com minha esposa Teka e muitos outros amigos. Já há mais de 18 anos buscamos conhecer e viver a espiritualidade Inaciana. Minha esposa e eu passamos por todas as fases da espiritualidade dos exercícios espirituais e atualmente somos acompanhantes e orientadores de exercícios espirituais. Isto tem sido uma maravilha para nós.

    Cada vez mais temos vivido um Amor verdadeiro e amadurecido no matrimônio.

    Após a minha reserva fui trabalhar como engenheiro de manutenção em uma indústria de Taubaté. Foram dois anos de aprendizado e muitas dificuldades de relacionamentos no trabalho. Fui convidado a trabalhar em São José dos Campos em um Instituto de homologação de aeronaves, o IFI, com a grande missão de fiscalizar e homologar aeronaves da Embraer e das adquiridas fora do Brasil, ou mesmo fabricadas no Brasil. Foi um ano de estudos e muitos aprendizados. Mas sentia estar desintegrado como pessoa, como marido e como cristão. Deixei-me levar pelos maus sentimentos e 5

    acabei indo ao fundo do poço, por pouco não joguei toda a minha felicidade fora! Mas graças à minha querida esposa, que manteve firme sua oração e confiança no meu Amor, pudemos resgatar nosso matrimônio e iniciar uma nova etapa em nossa vida. Os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola foram essenciais nesse caminhar, bem como o auxílio do grupo de casais com os quais partilhamos nossas experiências espirituais e nosso dia a dia. A irmã Fátima e o padre Jesuíta Adroaldo, nossos acompanhantes espirituais, foram essenciais nessa caminhada.

    Foram nos dando dicas de estudo, orações e meditações, fundamentais para nossa reintegração matrimonial. O Padre redentorista Magalhães, através de suas orações e orientações, fez conosco uma verdadeira terapia de casal, fazendo-nos enxergar que temos ideias e temperamentos diferentes, mas Deus nos quis unidos para testemunhar, que o matrimônio é lindo e um caminho firme para juntos, chegarmos à eternidade.

    Buscando difundir estes conhecimentos e experiências na área da Catequese e sua ligação com a liturgia, nestes mais de 40 anos de experiência e estudos profundos nesta área, levarei aos que lerem este compêndio de formação Catequética e litúrgica, conhecimentos e experiências necessárias para atuação como catequistas, ministros e agentes da pastoral litúrgica, nas dioceses e paróquias da nossa querida Igreja Católica Apostólica Romana.

    Iremos ver que a catequese é o ensinamento essencial da fé. Quando se fala em catequese, muitos pensam naquela que prepara as crianças para a Primeira Eucaristia ou a Crisma. Engana-se quem acha que catequese é o mesmo que dar catecismo, pois ela faz parte da ação evangelizadora da Igreja que envolve aqueles que aderem a Jesus Cristo. Catequese é o ensinamento essencial da fé, não apenas da doutrina, como também da vida, levando a uma consciente e ativa participação do mistério litúrgico e irradiando uma ação apostólica.

    Segundo o documento de Puebla e a afirmação dos Bispos do Brasil, a catequese é um processo de educação da fé em comunidade, é dinâmica, é sistemática e permanente. O Papa João Paulo II disse: "A catequese é uma 6

    educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e sistemática, com fim de iniciá-los na plenitude da vida cristã"

    (CT). Segundo o Novo Catecismo da Igreja Católica (1992), no centro da catequese encontramos essencialmente uma Pessoa, a de Jesus Cristo de Nazaré, Filho único do Pai (…).

    Portanto veremos que a finalidade definitiva da catequese é levar à comunhão com Jesus Cristo: só Ele pode conduzir ao Amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar da vida da Santíssima Trindade. Todo catequista deveria poder aplicar a si mesmo a misteriosa Palavra de Jesus:

    ‘Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou’ (Jo 7,16)"

    (NCIC, 426-427).

    Vamos meditar que, em sua origem, o termo catequese diz respeito à proclamação da Palavra. O termo se liga a um verbo que significa

    Fazer, Ecoar (gr. Kat-ekhéo). Assim, ela tem por objetivo último fazer escutar e repercutir a Palavra de Deus. A catequese faz parte da ação evangelizadora da Igreja, que envolve aqueles que aderem a Jesus Cristo.

    Catequese é o ensinamento essencial da fé, não apenas da doutrina como também da vida, levando a uma consciente e ativa participação do mistério litúrgico e irradiando uma ação apostólica.

    Todo cristão que aceita Cristo por inteiro é o verdadeiro batizado; ele é responsável em anunciar a Palavra de Deus, a começar por si próprio e pela família. Para tanto, tem uma maturidade cristã de fé e de Amor ao próximo e à Igreja.

    Veremos que a missão do catequista mais do que passar as regras, a doutrina, é promover entre a Pessoa de Jesus e o catequizando um encontro pessoal. A verdadeira catequese promove um encontro com Jesus.

    Vamos iniciar nossos estudos pedindo a Graça de Deus Trindade Santa, rezando a Oração do Catequista:

    "Concedei-me, Senhor, o dom da sabedoria que provém do vosso Santo Espírito. Dai-me o entendimento de vossa verdade para que eu possa vivê-la e comunicá-la a tantas pessoas que desejam conhecê-la. Iluminai-me com a luz da verdadeira fé, para que eu possa 7

    transmiti-la aos corações sedentos de autenticidade. Jesus, Mestre Divino, que formastes os apóstolos segundo os princípios do vosso Evangelho, conduzi-me sempre pelos caminhos de vossa verdadeira ciência. Ajudai-me, Senhor, a assumir o compromisso de minha missão de catequista e fazei que eu me torne capaz de orientar muitos outros no caminho da verdadeira felicidade. Que eu me deixe envolver profundamente pelo Amor do Pai e possa comunicar esse Amor aos meus irmãos e irmãs. Amém".

    8

    CAP 1- IMPORTÂNCIA DA CATEQUESE PARA A IGREJA

    Quando eu era menino, lá em Santo Ângelo, RS minha mãe me acordava bem cedo aos sábados para a Aula de Primeira Eucaristia. As Irmãs ensinavam a decorar as orações da igreja,

    os mandamentos, as virtudes, conhecimento da

    vida dos Santos, contavam as histórias da

    Bíblia…. Parecia mais uma das aulas que eu assistia no colégio. Domingo era dia de ir à missa, mas eu não entendia muito bem o que acontecia naquele lugar. O padre lia tudo em latim, eu não entendia nada! Minha mãe ficava

    rezando o terço, com um lenço preto na cabeça,

    mulheres de um lado, homens do outro. Eu

    ficava um tanto indignado, pois minha mãe me

    obrigava a ficar do lado dela, no lado das mulheres! Sentiu a barra!

    Talvez isso tenha acontecido com você também, pois a maioria das crianças batizadas chega à catequese paroquial sem ter tido uma iniciação cristã e principalmente uma adesão pessoal a Cristo. Muito além de uma aula sobre religião, a catequese é uma educação da fé promovida pela Igreja cujo objetivo é fazer discípulos em todas as nações. A nossa caminhada na Igreja provavelmente trilharia caminhos diferentes se tivéssemos vivido uma experiência com o Amor a Cristo e despertado o desejo de estar em comunhão com Ele desde muito cedo.

    A catequese é um dever sagrado da igreja, pois foi instituída pelo próprio

    Cristo,

    e

    um

    direito

    imprescindível a todos os cristãos:

    crianças, jovens e adultos. Todos os

    batizados tem o direito de receber da

    igreja uma formação que os permita levar

    uma verdadeira vida cristã, direito que é

    violado não somente por sociedades

    envolvidas em conflitos religiosos, mas

    9

    também por famílias que não incentivam o amadurecimento da fé de suas crianças.

    Infelizmente, vivemos em uma sociedade que corrompe os mandamentos da lei de Deus de todas as formas possíveis. Os conflitos familiares e a falta de iniciação cristã dos pais não permitem que as crianças cresçam sob a luz da doutrina da igreja. Portanto, a igreja precisa de cristãos dispostos a levar sua doutrina para uma sociedade tão cheia de misérias e carente de Amor. Imagina como seria a sua vida se você não pudesse proclamar livremente o seu Amor a Cristo? Agora imagina se desde criança você sentisse o Amor de Deus pulsando em seu coração? Será que suas escolhas seriam diferentes? Talvez você ainda não tivesse alcançado a Santidade hoje, porém o lugar que o pecado ocupa na sua história talvez fosse menor.

    Existem milhões de crianças, jovens e

    adultos à espera da catequese, e poucos são os

    operários dispostos a sair em missão da

    evangelização. Além disso, a catequese somente

    será eficaz se for permanente. Assim, conduzirá

    as pessoas a ser sal da terra e luz do mundo (Mt

    5,13-16). A maioria dos jovens e adultos já passou por alguma experiência de dúvida na fé ou até mesmo de abandono sob influência de uma sociedade incrédula e cheia de contravalares, que se opõem aos mandamentos cristãos. Nós mesmos, catequistas, temos os nossos momentos de deserto! A catequese é necessária para o amadurecimento da fé dos cristãos e para o seu testemunho, fazendo com que estes estejam aptos a defender a sua fé. Ao catequista cabe transmitir a doutrina de Cristo através do seu serviço e testemunho de vida. Cristo nos ensinou com sua própria vida, no seu dia a dia, e de maneira semelhante o nosso testemunho é capaz de alcançar o coração dos nossos jovens e ajudá-los em sua conversão. O catequista deve estar em unidade de pensamento às ideias da igreja. Devemos preparar crianças, jovens e adultos para viverem em uma sociedade ecumênica, afirmando sua própria identidade católica e 10

    respeitando a fé das outras pessoas. Precisamos também conhecer e amar a nossa doutrina ao ponto de sabermos discuti-la e ensiná-la as crianças, aos jovens e especialmente aos adultos. Se nossa opinião discorda do pensamento uno da Igreja, devemos buscar orientação preferencialmente com um sacerdote ou Bispo.

    A catequese deve ser tarefa prioritária da Igreja para que possa consolidar a vida comunitária e religiosa dos fiéis. A comunidade deve acolhê-los num ambiente em que possam viver aquilo que aprenderam e amadurecer sua fé inicial, ou despertá-la quando não houverem vivido anteriormente o seu primeiro encontro pessoal com Cristo (querigma).

    Precisamos falar sim da nossa comunidade nos momentos de formação, e mostrar aos nossos irmãos o quanto a comunidade participa da nossa busca pela conversão e nos conduz à Santidade.

    Não podemos esquecer também que na maioria das vezes os nossos formandos ainda não possuem intimidade com Cristo, pois nunca viveram uma experiência real com ele. A maioria das crianças vem para catequese sem saber rezar uma ave Maria ou um Pai Nosso. Aqueles que receberam uma catequese sistemática possuem dificuldade em comprometer sua vida com Cristo, pois não o conhecem no íntimo do seu coração, nunca foram tocados por Deus. O ideal seria que a catequese tivesse a função de promover a maturação da vida cristã, no momento em que a criança já tivesse feito sua adesão pessoal a Deus e tivesse o coração convertido.

    Porém nem sempre isso é possível.

    Falamos de um Deus por muitos desconhecido… E como é difícil amar aquilo que não conhecemos! Na dinâmica da catequese, a primeira pessoa que precisa de formação somos nós, catequistas. Como vou falar do Amor de Deus se eu não o amo e não tenho uma vida de oração que me dê intimidade com o Cristo? Se eu nunca tive uma experiência pessoal com Jesus, como vou anunciá-lo? Para os pais, a formação profissional é mais importante do que a formação religiosa, por isso precisamos tentar alcançar as famílias de nossos formandos, com muita caridade e respeito às diferenças, para que estes contribuam positivamente para o processo de 11

    conversão do formando. Encontraremos muitas pessoas com doenças na alma, que precisarão ver a conversão em nós para terem a esperança de que nós ajudemos na conversão dos seus filhos. Imagina a dificuldade de uma pessoa que busca crescer na igreja católica e pertence a uma família eu vive outra crença? Será que isso pode se tornar um motivo de desestímulo e desistência da catequese? É nossa missão incentivá-los a enfrentar as dificuldades pessoais, e enxergar com o olhar do próprio Cristo o coração de cada um.

    Somos catequistas pela misericórdia de Deus, que nos escolheu porque quer antes de tudo nos catequisar, e vai nos capacitar na medida em que nos abandonarmos aos planos dele para nós. Nunca estaremos 100%

    prontos para a missão, e acredite,

    você não foi escolhido para ser

    catequista pelo conhecimento que

    já tem da doutrina da igreja.

    Portanto, preparemos com Amor

    cada encontro para os formandos,

    para que possamos ajudá-los a se

    encontrarem verdadeiramente com

    Cristo. Mais do que preparação

    para receber um sacramento, a

    catequese deve preparar as pessoas para assumirem um compromisso pessoal com Cristo. Sejamos atenciosos com todos, seja com os mais participativos ou com aqueles que nunca foram à igreja. Mais do que conhecimento sobre a Sagrada Escritura e Sagrada Tradição, essas pessoas precisam do Amor de Cristo. Sejamos reflexo desse Amor! Precisamos revigorar o processo da catequese para despertar verdadeiramente o desejo de seguir a Deus em nossos irmãos.

    Tenhamos em Maria nosso exemplo de apostolado, que formou seu filho no conhecimento humano das Escrituras e dos desígnios de Deus para o seu povo. Maria é o catecismo vivo, modelo exemplar de catequista.

    12

    Peçamos a intercessão dela e a presença do Espírito Santo para desempenharmos nossa missão com Amor e fidelidade.

    O que é que as famílias pretendem que os seus filhos sejam no futuro? Quem os ensina a ser isso? Saberão eles escolher, já, tudo o que é preciso para se sentirem realizados e felizes?

    Ninguém, até hoje, nasceu ensinado! Só Jesus Cristo que, muitas vezes, escondeu a Sua sabedoria, porque ainda não tinha chegado a Sua hora…

    Será que os Pais só fizeram vir os filhos ao mundo para terem um bebé/bonequinho vivo, muito bonito e sorridente enquanto é pequenino e, depois dos 7-8 anos, em que começam a complicar-se as relações em casa, os deixarem escolher, porque começam a sentir dificuldades no domínio e controlo da situação? Será essa a missão dos Pais? Quem prepara para as dificuldades? Quem adverte e aconselha para o futuro?

    Quem ensina a interiorizar, a crescer em sabedoria, a trabalhar as frustrações com dignidade, a ter ideias positivas, a pensar com liberdade e consciência crítica, a saber ter juízos de valor, a discernir com inteligência, a gerir com maturidade os pensamentos e emoções nos momentos de tensão, a deslumbrar-se com a arte da contemplação e do belo, a dar sem contrapartida de retorno, a colocar-se na pele dos outros e a ser generoso/a?

    Não são os vossos filhos carne da vossa carne? Com que Amor cuidais deles?

    Será no dar tudo que os filhos são mais bem formados? O que será dar a vida pelos filhos?

    Na Catequese, pretendemos revelar a pessoa que nos ensinou isto e muitas mais coisas, de uma maneira extraordinária e inovadora: JESUS.

    Quando se descobre este Jesus, crescemos interiormente e encontramos força, energia para vencer, aprender, crescer. Vir à Catequese é crescer de forma equilibrada e feliz, com saúde mental e espiritual.

    A Catequese de Jesus ensina as pessoas a viverem como filhos de Deus. Leva-as a fazerem a experiência do seu encontro com Jesus Cristo. A Catequese tem a função de educar na fé, através do conhecimento e do 13

    estudo da Palavra de Deus. O mundo de hoje desafia-nos muito, porque nos deparamos com muitas culturas e religiões, provocando uma secularização sistemática e, como consequência, o papel da família torna-se muito dividido. Compreendemos que hoje é muito difícil educar para os valores de Deus, que nos ama com Amor infinito e nunca se cansa de nós.

    Por seu lado, a escola também não consegue suprir o papel tão importante da família. Quanto à sociedade, nem se fala.

    Nós catequistas leigos ou religiosos/as que generosa e voluntariamente, se disponibilizam para a missão de transmitir Jesus Cristo com a nossa boa vontade e a preparação que nos incumbe ter, procuramos

    remediar esta situação complexa das famílias que querem o melhor para os seus filhos.

    No próximo capítulo vamos estudar um pouco sobre o que é catequese.

    14

    CAP 2 O QUE É CATEQUESE E CATECISMO?

    Catecismo, do latim tardio catechismus, que significa instruir a viva voz, é uma instrução religiosa, ou seja, o ensino oral da religião cristã, dos seus mistérios, princípios e código moral. A catequese é normalmente feita por um ministro autorizado pela Igreja, que também pode ser leigo, como preparação de crianças para a confissão e à primeira comunhão. É a parte principal do rito de iniciação cristã, em que a pessoa iniciada ouve o anúncio do Evangelho. Portanto, a catequese e as celebrações formam uma unidade no processo de iniciação a vida cristã. A pessoa é instruída para bem celebrar.

    A palavra catecismo como vimos, significa informar, instruir e ensinar, a viva voz, para distinguir do ensino realizado através da escrita, ou seja, através dos livros. Enquanto o ensino dos livros é feito individual e silenciosamente, a catequese (ou catecismo) é feita com a presença de um instrutor, ensinando a viva voz. Variações da palavra catequese aparecem, na Bíblia, na Carta aos Gálatas 6.6, a palavra catequizando significando aquele que está sendo instruído na palavra de Deus. Assim, em Lucas 1:4, se diz que Teófilo foi catequizado.

    As histórias e as parábolas são uma forma de ensino tipicamente judaica, muito utilizada por Jesus para que o ouvinte pudesse entender e identificar-se com o conceito a ser transmitido. A catequese é, por isso, ministrada sob forma narrativa, isto é, através de histórias. A narrativa permite que o ouvinte partilhe com o narrador uma série de tradições culturais e morais que facilitam a compreensão da mensagem cristã.

    Para além da narrativa oral, outras formas narrativas foram sendo utilizadas desde o período paleo cristão, isto é no início do cristianismo, de forma a que a Mensagem de Cristo fosse compreensível por todos. É o caso das imagens e da música, entre outras, cujo objetivo é não mais do que a ilustração do Cristianismo e transmissão da Palavra Divina.

    Damos como exemplo destas formas narrativas de Catequese os vários murais ou painéis de azulejos, que adornam inúmeras igrejas católicas, com cenas que ilustram o nascimento ou a paixão de Jesus Cristo; os hinos 15

    musicais compostos ao longo dos séculos para serem cantados no culto; a representação do Presépio, idealizada por S. Francisco de Assis e imensamente difundida atualmente; as representações teatrais de cenas da Bíblia, e muitas outras e variadas expressões artísticas.

    Este tipo de ensino a catequese narrativa foi extremamente útil à evangelização de povos indígenas por missionários cristãos (nomeadamente jesuítas e franciscanos), como uma tentativa bem sucedida de suplantar dificuldades semânticas e incutir nas populações os valores morais e espirituais cristãos.

    Uma catequese através de oficinas de arte: (música, dança, teatro, artes plásticas, poesia). Um trabalho realizado com o apoio de leigos e jesuítas. Uma catequese fundamentada na

    contação de histórias bíblicas.

    José de Anchieta no passado

    trabalhava muito com arte como

    um modo de iniciar os indígenas

    na experiência de fé cristã, era

    catequese narrativa. Este termo

    não é novo, tem sua inspiração na

    catequese mistagógica dos Padres

    da Igreja (santo Ambrósio de Milão, são Cirilo de Jerusalém e Tertuliano de Cartago).

    Para conhecer um pouco da arte que estava presente no início das primeiras comunidades, conheça o tema arte paleocristã que faz uso da arte narrativa para fazer uma catequese narrativa, ou

    seja, uma catequese mistagógica através dos

    mosaicos, dos murais e das esculturas. Um

    outro tema é a arte presente na catacumba

    cristã, onde os traços são simples e trabalham

    basicamente com a simbologia bíblica do Velho

    e Novo Testamento.

    16

    A catequese é muito importante para converter e fortalecer a fé dos fiéis: como despertar nas crianças e nos jovens o desejo de seguir Jesus, acreditando na verdade e sabedoria de seus ensinamentos.

    Se o termo catequese significa fazer ressoar a palavra do Cristo. A catequese narrativa quer ser o eco da voz do Cristo neste processo de iniciação à vida cristã. Ela narra o próprio Jesus que vem ao encontro do ser humano. Ele que se fez carne e veio morar entre nós. Portanto, a catequese narrativa é a narração dos mistérios da vida de Cristo, centro da iniciação à vida cristã. Ela é o anúncio da Boa Nova. Por esse motivo, muitos podem denominá-la como Catequese Querigmático-narrativa, porque narra a gênese da fé cristã. Como exemplo temos o credo, uma narrativa do símbolo da fé cristã. Ele é narração da criação do mundo e do homem em Cristo, da sua redenção e da sua transfiguração no Cristo morto e ressuscitado, pelo poder do Espírito Santo.

    Mas por que narrativa?

    Vinde e vede. E eles foram e viram onde Jesus estava morando e permaneceram com ele aquele dia. (Jo 1,39)

    Este trecho aponta para o esforço da catequese narrativa. Colocar a pessoa em contato com as histórias de Jesus. Ao narrar, o catequista apresenta Jesus Cristo para o catequizando. Não explica quem é. Ouvindo as histórias de Jesus Cristo, o próprio catequizando vai tendo uma compreensão da pessoa de Jesus Cristo. Como exemplo para facilitar a compreensão do que dizemos, vejamos o que Inácio de Loyola sugere na contemplação. Entrar no texto, com o olhar da imaginação, ver o que Jesus faz. O que ele diz, como se relaciona com as pessoas. Depois, ver como você se vê dentro desta história. Se a pessoa se identifica com alguma personagem do texto. Como se sente. Ao ouvir a narrativa, o catequizando vai tecendo uma compreensão de quem é a pessoa de Jesus. Narrar não é explicar, mas apresentar elementos simbólicos, signos, sinais, para que o outro possa pensar e tirar suas próprias conclusões. Mas não se trata de um simples narrar, falar o que Jesus faz, mas colocar o catequizando em contato com o Cristo, para que ele possa ir com ele e conhecê-lo melhor.

    17

    O processo narrativo é muito interessante, pois desencadeia no catequizando um pensar o simbólico que lhe é apresentado. Quando ele reconta esta história, ela já é transformada, enriquecida pelo modo de recontar do catequizando. E o catequista? Este também aprende coisas novas com os catequizandos. Pois, quando reconta apresenta coisas do seu modo de ver que muitas vezes, o catequista não tinha pensado antes.

    Santo Inácio, nas anotações dos Exercícios Espirituais, diz que quem propõe a outro o modo e a ordem de meditar e contemplar deve narrar fielmente a história. Da mesma forma deve prosseguir o catequista.

    Pois, assim como nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio, também na catequese narrativa, a pessoa que contempla, tomando o verdadeiro fundamento da história, reflete e raciocina por si mesma. Encontrando alguma coisa que a esclareça ou faça sentir mais a história, quer pelo seu próprio raciocínio, quer porque seu entendimento é iluminado pela virtude divina, tem maior gosto e fruto espiritual do que se quem dá os exercícios (ou a catequese) explicasse e ampliasse muito o sentido da história. E

    acrescenta Santo Inácio que não é o muito saber que sacia e satisfaz a pessoa (catequizando), mas o sentir e saborear as coisas internamente.

    Desde os primeiros séculos do cristianismo, Iniciação à Vida Cristã vem se constituindo num caminho catequético que inicia as pessoas no mistério de Cristo e ajuda a amadurecer na fé e comunhão da Igreja, tendo como meta a maturidade em Cristo. O Papa Francisco desenvolve em sua recente Exortação Apostólica Evangelii Gaudium – EG (Alegria do Evangelho) os temas do querigma e da mistagogia, partes importantes desse processo. Sua santidade se refere diretamente ao querigma, normalmente considerado como primeiro anúncio aos que desejam abraçar a vida cristã, e que deve ser aprofundado em toda vida, pois desencadeia um caminho de formação e de amadurecimento (EG 160). Esse processo não pode ser interpretado prioritariamente como doutrinal, mas de resposta e crescimento em relação ao Amor de Deus, precedido como dom (EG 161-162). A educação e a catequese estão a serviço desse crescimento. O Papa Francisco insiste que na catequese tem papel fundamental o primeiro 18

    anúncio ou Querigma, que deve ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial. Afirma o pontífice: Na boca do catequista, volta a ressoar sempre o primeiro anúncio: ‘Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar’. Ao designar-se como ‘primeiro’ este anúncio, não significa que o mesmo se situa no início e que, em seguida, se esquece ou substitui por outros conteúdos que o superam; é o primeiro em sentido qualitativo, porque é o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras… (EG 164).

    O Papa faz ainda advertência ao modo de transmitir a centralidade desse anúncio: exprima o Amor salvífico de Deus, antes da obrigação moral e religiosa; não imponha a verdade, mas faça apelo à liberdade; seja pautado pela alegria, pelo estímulo, pela vitalidade. Segundo o Pontífice, isto exige do evangelizador atitudes que ajudam a acolher o anúncio: proximidade, abertura ao diálogo, paciência, acolhimento cordial que não condena (EG

    165).

    Outra referência insistente que o Papa Francisco faz em relação à Iniciação à Vida Cristã é a mistagogia. A palavra Mistagogia tem origem na língua grega: mist (mystes = mistério) + agogia (eagein = conduzir, guiar): ação de conduzir, guiar para dentro do mistério. Mistagogo/a é a pessoa que conduz progressivamente para dentro do mistério. Ao falar em iniciação mistagógica, o Santo Padre entende a necessária progressividade da experiência formativa na comunidade e a valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã. O Papa faz ainda referência à centralização do processo catequético na Palavra de Deus, ao ambiente favorável e à motivação atraente, ao uso dos símbolos, à integração de todas as dimensões da pessoa num caminho comunitário de escuta e resposta (EG 166), sem esquecer um acento especial para o caminho da beleza.

    Neste sentido, afirma o Papa: "Anunciar Cristo significa mostrar que crer n’Ele e segui-Lo não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular a vida dum novo esplendor e duma alegria profunda, mesmo no meio das provações. Nesta perspectiva, todas as expressões de 19

    verdadeira beleza podem ser reconhecidas como uma senda que ajuda a encontrar-se com o Senhor Jesus" (EG 167). A mistagogia deve estar sempre ligada à revelação e percorrer o caminho da Igreja na prática e na experiência, permitindo ao fiel aproximar cada vez mais do mistério divino, um encontro definitivo de toda a criação em Deus. O teólogo K. Hahner, em sintonia com a experiência da Igreja primitiva, nos afirma que a mistagogia deve estar presente em todo o processo de evangelização. É ela que orienta para que a evangelização não se detenha apenas na doutrinação, no ensino que parece vir de fora, daquele que fala e os outros só escutam.

    É necessário criar relações entre o pregador e o ouvinte, possibilitar diálogos.

    Por meio da mistagogia, tem-se a

    compreensão da ação evangelizadora, pois é ela

    que permite vislumbrar o mistério da fé, através

    de experiências pessoais vividas na comunidade,

    partilhas realizadas, meditação da Palavra, oração e diálogo com Deus.

    A convivência com membros e grupos da

    comunidade é fator predominante para a vida do

    iniciado que quer continuar fazendo a

    experiência mistagógica. É na vida de

    comunidade, realizando a prática dos costumes

    evangélicos que se vive a conversão à fé cristã, pratica a educação à oração, (lembrando sempre que a boca fala daquilo que o coração está cheio, conforme Mt 13,34), faz experiências penitenciais, torna a caridade atuante para com o próximo, e assim, dá testemunho cristão. Tudo isso acontece quando o catequista, ao realizar sua ação catequética, não se esquece de que o centro da experiência é: Jesus cristo, o filho de Deus que se encarnou e deu a sua vida por nós.

    Falar de mistagogia é falar da vida da comunidade eclesial, em sua dimensão espiritual, litúrgica, pastoral, contemplativa e escatológica. Assim, o catequista, ao trabalhar a Iniciação junto aos seus catequizandos ou 20

    catecúmenos, não está apenas ajudando-os a adquirir um conhecimento, mas mergulhar numa vivência especial, que faz a pessoa passar a ser (não apenas saber) algo que atinge todos os aspectos de sua vida. É preciso que o conhecimento que adquire se transforme em experiência de fé que leve a um agir coerente. Sem uma ação bem fundamentada nos critérios do agir do Cristo, a fé se torna estéril.

    A busca constante de tornar a fé mais coerente com a vida no dia a dia, e nas diferentes dimensões, nos remetem também à liturgia. Faz-se necessário que os gestos litúrgicos conduzem para um compromisso de caridade e para uma contínua conversão. A liturgia pode oferecer muito mais do que pedimos a ela. Nós encontramos mais do que procuramos.

    Hoje o ser humano não pode ser mais o destinatário passivo de nossas liturgias, mas a matéria com que elas são feitas. Uma liturgia em saída, para uma igreja em saída. Uma liturgia que leva o ser humano à continuação do Evangelho.

    Na ação catequética com inspiração catecumenal, buscando orientações no RICA, Ritual de Iniciação Cristã de Adultos, nele encontramos no n. 48 uma função importante de atuação litúrgica dos catequistas como parte ativa nos ritos, para o progresso dos catecúmenos e ou catequizandos e o desenvolvimento da comunidade. Segundo o RICA os catequistas tem forte atuação litúrgica no caminho catecumenal:

    • Segundo os n. 106-108, os catequistas podem presidir as celebrações da Palavra de Deus.

    • Quando estes são presididos pelos ministros ordenados, os catequistas terão sempre que possível parte ativa nos ritos (RICA 48).

    • Fazem orações, pedindo pelos catecúmenos e ou catequizandos e invocam as bênçãos de Deus sobre eles. Conforme ainda este ritual, com aprovação do Bispo, realizam os exorcismos (RICA 44 e 109).

    Embora a dimensão litúrgica tenha muita importância, não se pode esquecer que o catequista deve dar testemunho de todas as dimensões da vida pessoal e eclesial.

    21

    Falar de inspiração catecumenal supõe fazer da catequese um processo de iniciação cristã integral, isto é, uma iniciação nas dimensões fundamentais da vida cristã, ou seja, no conhecimento do mistério de Cristo, na vida evangélica, na oração e na celebração da fé, no compromisso missionário.

    A catequese, no seu sentido pleno, é a iniciação não só na doutrina, mas também na vida e nas celebrações da Igreja, bem como na sua missão no mundo. Nesse sentido, a catequese não consiste unicamente em ensinar a doutrina, mas em iniciar a toda vida cristã.

    Entre o catecumenato batismal e a catequese de inspiração catecumenal há uma diferença essencial: ter recebido ou não os sacramentos da iniciação cristã: Batismo, Crisma e Eucaristia. Mas devemos buscar, no catecumenato batismal, elementos que devem ser fonte de inspiração para a catequese pós-batismal.

    O catecumenato tem seu lugar privilegiado no processo de introdução na fé daqueles que solicitam, na idade adulta, o ingresso no cristianismo. Atualmente muito se fala de catecumenato. Sabemos que, depois de tempos de abandono, ele está sendo restaurado em nosso tempo, primeiramente em territórios de missão, sobretudo na África, e depois, em diversos países, começando pela França. Atualmente, em vários países estão desenvolvendo novas formas de catecumenato para jovens, adultos e para crianças em idade escolar. Esta é uma ocasião privilegiada de catequese com adultos de nosso tempo.

    Uma das primeiras formas é a restauração do catecumenato em seu sentido próprio para os adultos não batizados. Outras formas de reiniciação de adultos voltadas para os adultos batizados que, tendo se afastado da fé e da Igreja, em determinado momento sentem o desejo de retornar para completar sua iniciação cristã. Assim, várias formas estão surgindo, de acordo com as diversas realidades, nos diversos países. Em alguns lugares estão criando centros de escuta da Palavra, grupos de reflexão cristã que se reúnem nas casas, catequese familiar, catequeses ocasionais, aquelas que acontecem nos mais variados eventos: festas, funerais, eventos familiares, 22

    momentos de religiosidade popular, etc. Muitos desses momentos podem ser uma ocasião privilegiada para uma autêntica experiência de catequese, de redescoberta da fé, de escuta da Palavra de Deus.

    Em relação à catequese com adultos, uma catequese mais conhecida como uma educação permanente da fé e que acontece com mais frequência em nossas paróquias, é a das celebrações litúrgicas e devocionais.

    Podemos citar alguns lugares onde acontece a prática catequética com os adultos com a finalidade de proporcionar o crescimento na fé: Primeiramente, como prática catequética cristã, a Eucaristia Dominical aparece como verdadeira e autentica vivência evangelizadora. No campo da religiosidade popular encontramos momentos fortes de vivência cristã nas festas dos padroeiros, santuários, tríduos e novenas, romarias, peregrinações, etc. Estes são momentos que podem oferecer ocasião de formas interessantes e fecundas de evangelização. Vários são os elementos do catecumenato batismal que devem ser fonte de inspiração para a catequese pós-batismal.

    Segundo o RICA, a conformação do ser humano à Trindade é iniciada pela formação integral e por etapas do catecumenato. O critério da progressividade orienta e organiza as orações e os ritos. Durante este tempo, a iniciativa humana será transformada pela graça de Deus e, pouco a pouco, o candidato é introduzido na Igreja, Corpo de Cristo.

    O eixo orientador de sentido do processo se polariza na celebração sacramental. O RICA repropõe o lugar e o sentido tradicional do sacramento de iniciação. Os três sacramentos são celebrados unitariamente na Vigília Pascal, com posterior aprofundamento mistagógico, no tempo pascal. Em sua gênese, o ritual tem a tríplice finalidade: significar de maneira nova a unidade da iniciação, marcar ritualmente os tempos do catecumenato e sublinhar o caráter pascal do batismo.

    As Observações preliminares gerais, nºs 1-2, apresentam uma teologia unitária e orgânica dos três sacramentos, válida para o batismo de adultos e de crianças; ressaltam o nexo entre eles, enquanto são constitutivos da iniciação cristã e acharem-se intimamente ligados entre si, 23

    porque somente estes, não isoladamente mas em conjunto, conduzem os fiéis à sua plena estatura em Cristo.

    No próximo capítulo vamos aprofundar um pouco sobre o catecumenato, ou catequese com inspiração catecumenal.

    24

    CAP

    3-

    CATEQUESE

    COM

    INSPIRAÇÃO

    CATECUMENAL E O RICA

    No primeiro século do cristianismo, devido às características que estavam presentes no modo de catequizar dos primeiros cristãos, que em sua maioria vinham do Judaísmo, e tiveram contato pessoalmente com Jesus. Muito já sabiam sobre ele. Por isso até o ano 70 a catequese era feita de forma hinológica, ou seja, com forte orientação batismal e muito voltada para o alto: tendo Jesus como Senhor, ressuscitado, Juiz, que voltará logo.

    No ano 70 houve a destruição de Jerusalém e a diáspora, ou seja, a dispersão dos Judeus e Judeu-cristãos, ocasionando um maior contato com a cultura pagã. A 2ª e a 3ª gerações não viram e não tinham conhecimento profundo do messias Jesus Cristo, principalmente os pagãos. Então sentiram a necessidade de refletir mais um Jesus, também, histórico.

    Consequentemente a catequese toma uma nova característica: passa de hinológica para uma narrativa dos fatos da vida de Jesus. Foi justamente aí, neste contexto, que nasceram os evangelhos, que são o maior material catequético que um cristão pode ter…

    Neste início do segundo século, as pessoas que queriam fazer parte do cristianismo precisavam fazer duas coisas: pedir o batismo e professar a fé no Cristo. Então logo esta pessoa era inserida no meio da comunidade como um membro ativo na Igreja. Porém dois acontecimentos mudaram, mais uma vez o rumo da catequese: no ano 70 com a dispersão dos Judeus e judeu-cristãos, os cristãos mantêm um maior contato com a cultura greco-romana, ocasionando muitas conversões de romanos e gregos ao cristianismo.

    O Império romano, liderado por Nero, persegue os novos cristãos convertidos. Estas duas situações exigiam uma catequese muito bem fundamentada, para corresponder aos ataques referentes a doutrina dos apóstolos. Esta catequese teria como objetivo combater as heresias (desvios da fé em pontos essenciais). E também evitar que os cristãos que fossem capturados pelos romanos se tornassem apóstatas, negadores da fé.

    25

    Para combater esses problemas a catequese toma uma forma mais rigorosa e exigente. A partir daí surge o catecumenato: tratava-se de um período de três anos de preparação para o batismo. Refletindo profundamente o modo de vida dos cristãos, seus costumes, etc. Depois deste tempo era realizado uma espécie de escrutínio, se o candidato fosse aprovado, passava a ser um ouvinte-observador dos crentes. Depois de três anos um novo exame, que o tornava eleito para a preparação imediata para o batismo. Nesta preparação imediata, recebia o creio e o pai nosso para o candidato estudar em oito dias depois. Quando, enfim, recebia o sacramento do batismo era chamado de Neófito, que quer dizer regenerado, recebia os sacramentos de iniciação: catequese mistagógica.

    A responsabilidade de todo esse processo era de uma catequista, que em nome da comunidade, se encarregava não só da instrução religiosa mas também da verificação das mudanças de comportamento do candidato.

    Outra grande característica deste tempo é o surgimento de várias escolas de catequese, dentre as quais podemos destacar as mais famosas como a escola de Alexandria, no Egito; escola catequética de Cesária; e a escola de Antioquia, lugar onde os seguidores de Jesus foram chamados de cristãos pela primeira vez. (At 11, 26). Bem, a catequese com inspiração catecumenal busca seguir este esquema usado nos primeiros séculos do cristianismo.

    Hoje, após vários séculos de histórias, a Igreja julga necessário restabelecer o catecumenato. Em 06 de janeiro de 1972 Paulo VI aprovou o Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA ou OICA) elaborado pela Congregação para o culto divino. É um livro litúrgico que, como diz o título, está orientado em primeiro lugar à iniciação cristã de adultos (entendido como preparação para o batismo), mas apresenta também um rico capítulo sobre aqueles que, batizados na infância, não receberam a devida catequese ou iniciação (se tomamos iniciação no sentido não apenas sacramental, mas também como processo de descoberta e vivência da fé cristã). Um outro capítulo descreve os ritos de iniciação de crianças em idade de catequese.

    A catequese hoje quer recuperar o catecumenato como modelo inspirador de toda catequese, quer seja pré como pós-batismal, como 26

    processo que leva à verdadeira iniciação cristã e a uma forte experiência da fé cristã. (cf DGC 88-91; DNC 14 f, 48). O catecumenato oferece uma dinâmica especial à catequese porque é um processo formativo e verdadeira escola de fé.

    De fato nele encontramos uma intensidade e integridade de formação, gradual idade, etapas definidas, forte presença da comunidade e, de um modo especial, o uso da linguagem ritual, simbólica e dos sinais, veiculados particularmente na Bíblia e na Liturgia (DGC 90-91; DNC 47 e).

    Muito mais do que uma preparação para os sacramentos, o catecumenato visa realizar a plena iniciação cristã. Através deste processo catecumenal o Espírito Santo vai agindo pelos gestos e ações da Igreja, que, deste modo vai gerando novos filhos, exercendo sua maternidade espiritual (cf DNC 47

    b).

    Embora não tenhamos um modelo único de itinerário catecumenal na antiguidade, alguns elementos são comuns. Em geral é dividido em 4

    etapas: pré-catecumenato, catecumenato propriamente dito, etapa quaresmal e mistagogia. Cada etapa possui duração diferente, com objetivos e conteúdo específicos e celebrações próprias. O esquema apresentado para o itinerário catecumenal conforme o RICA, pode ser esquematizado conforme a apresentação do Diretório Geral para a Catequese no. 88: a) Pré-Catecumenato: etapa do acolhimento na comunidade cristã, primeira evangelização, inscrição e colóquio com o catequista.

    b) Catecumenato propriamente dito: Etapa suficientemente longa para: Catequese prolongada, Vivência cristã (conversão), entrosamento com a Igreja. Vários ritos.

    c) Etapa quaresmal: Celebração da Eleição. Tempo de purificação e iluminação durante o período quaresmal. Preparação próxima para celebrar os sacramentos. Tempo de catequese e práticas penitenciais, de ascese.

    Vários Ritos.

    d) Celebração dos Sacramentos de iniciação cristã na Vigília Pascal.

    Tempo de Mistagogia: Aprofundamento e vivência do mistério cristão-mistério pascal.

    27

    O Diretório Nacional de Catequese brasileiro, no.s 44-45, assim apresenta o catecumenato atual, reproduzindo também o RICA:

    ‘A inspiração catecumenal, que remonta ao início da Igreja e à época dos Santos Padres, é uma ação gradual e se desenvolve em quatro tempos, como é apresentado no Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (n. 6-7: DGC

    88)

    a) o pré-catecumenato: é o momento do primeiro anúncio, em vista da conversão, quando se explicita o Querigma (primeira evangelização) e se estabelecem os primeiros contatos com a comunidade cristã (cf RICA 9-13);

    b) o catecumenato propriamente dito: é destinado à catequese integral, à prática da vida cristã, às celebrações e ao testemunho da fé (cf RICA 14-20);

    c) o tempo da purificação e iluminação: é dedicado a preparar mais intensamente o espírito e o coração do catecúmeno, intensificando a conversão e a vida interior (cf RICA 21-26); no final desse tempo recebem os sacramentos da iniciação: Batismo, Confirmação e Eucaristia (cf RICA 27-36);

    d) o tempo da mistagogia: visa a progresso no conhecimento do mistério pascal através de novas explanações, sobretudo da experiência dos sacramentos recebidos, e a começar a participação integral da comunidade (cf RICA 37-40).

    A formação propriamente catecumenal, conforme a mais antiga tradição, se realiza através da narração das experiências de Deus, particularmente da História da Salvação mediante a catequese bíblica. A preparação imediata ao Batismo é feita por meio da catequese doutrinal, que explica o Símbolo Apostólico e o Pai Nosso, com suas implicações morais.

    Este processo é acompanhado de ritos e escrutínios. A etapa que vem depois dos sacramentos de iniciação, mediante a catequese mistagógica, ajuda os neobatizados a impregnar-se dos sacramentos e a incorporar-se na comunidade (cf DGC 89; cf CR 222)". (DNC 44-45).

    28

    Este itinerário catecumenal tem como finalidade ajudar a pessoa a tornar-se cristão, mergulhado no mistério pascal e participante da comunidade eclesial, vivendo a vida nova da união com Cristo, buscando assemelhar-se a ele. É uma proposta de processo com um tempo prolongado, com etapas definidas, celebrações e ritos variados que dão mais vigor à assimilação da vida cristã. Um grande valor deste itinerário catecumenal está também na importância da comunidade eclesial e das celebrações litúrgicas. Tudo isso leva o catecúmeno a uma verdadeira conversão, a um relacionamento pessoal e contínuo com Deus e imprime à catequese dinamismo, criatividade e caráter celebrativo.

    Os quatro tempos do itinerário, adaptados à realidade de hoje, têm estas características principais:

    a) Um momento de apresentação de Jesus Cristo, de uma maneira dinâmica e convicta, mais por meio do testemunho que propriamente por

    demonstração a fim de motivar e iluminar a pessoa sobre a boa nova de Jesus Cristo e a alegria em segui-lo. É a fase da evangelização, como anúncio e experiência concreta de comunidade fraterna, em clima de oração.

    b) Momento da catequese específica: aprofunda a primeira adesão ao Senhor através da iniciação nas Sagradas Escrituras e nos elementos fundamentais da fé (doutrina cristã). No caso dos não batizados, tudo é orientado para a recepção do banho sagrado; no caso dos já batizados, é o momento de aprofundar e reviver a própria realidade de batizado, descobrindo e conscientizando-se das riquezas do mergulho e participação no mistério da morte e ressurreição de Jesus. Este momento é concluído com o pedido para o passo seguinte ou renovação das promessas e compromissos batismais, agora assumido pela pessoa de um modo mais consciente.

    c) O terceiro tempo, que na antiguidade era a preparação imediata ao batismo na noite pascal, precisa ser recriada para facilitar ao catecúmeno atual uma vivência muito especial da noite de Páscoa, ou aquele momento que for colocado no término do processo catecumenal. Talvez pudesse dar 29

    uma conotação de retiro de três dias do Tríduo Sagrado e dar destaque aos catecúmenos (os que se preparam para o batismo) na noite pascal.

    d) Assim como o neobatizado passava a integrar plenamente a comunidade eclesial como membro partícipe da mesa eucarística e da vida da Igreja, é importante visibilizar de algum modo este fato: o cristão, agora mais preparado pelo catecumenato, passa a ser membro efetivo da comunidade e participante plenamente da Eucaristia.

    Os ritos preparatórios do catecumenato vão moldando a personalidade do catecúmeno que se vê sempre mais configurado ao mistério de Cristo. A maturidade torna-se, então resultado do encontro da ação salvífica celebrada, com a correspondente adesão aos dons oferecidos.

    Cada rito exprime esta dupla dimensão, e manifesta de uma só vez a primazia da graça divina e a cooperação do homem à esta graça (SC 10-11).

    A iniciação na fé da Igreja, ao ser proposta como caminho, ou itinerário de fé, requer a mútua complementaridade que deve haver entre anúncio da Palavra, celebrações litúrgicas e testemunho de vida, que tomados em conjunto, são responsáveis de promover a iniciação na comunidade.

    Os sacramentos ou mistérios, que são proclamados nas orações do Rito do catecumenato, culminam e encarnam todo o sentido do progresso no caminho catecumenal e a eles são aplicados diversos qualificativos que mostram a realidade que formará a nova identidade do neófito. O RICA ao se adaptar ao caminho espiritual quer manifestar o «elo intrínseco» entre a ação de Deus e o progresso do catecúmeno em direção ao batismo; reconhece sobretudo, a intervenção da «multiforme graça de Deus», como aquela que associa a si a comunidade catecumenal oferecendo-lhe a salvação em Cristo no Espírito. Dentro do critério de progressividade, durante a quaresma tem lugar a preparação mais intensa dos eleitos com os escrutínios, no curso dos quais se administram os exorcismos, as entregas e os ritos auxiliares em clima de recolhimento espiritual preparando-se para as festas pascais.

    30

    Por ser um livro litúrgico (alguns gostariam de chamá-lo mais de itinerário litúrgico), falta ao RICA o específico catequético. A catequese se concentra particularmente no segundo tempo (catecumenato) e no quarto (mistagogia). Conforme o Diretório Geral para a Catequese o conteúdo essencial da catequese está concentrado nas sete pedras fundamentais: quatro colunas da exposição da fé que provêm da tradição dos catecismos (o símbolo, os sacramentos, as bem-aventuranças-decálogo e o Pai-Nosso), e as três etapas da História da Salvação (dimensão narrativa da fé) que provém da tradição patrística (o Antigo Testamento, a vida de Jesus Cristo e a História da Igreja) (Cf DGC nº 130; cf 128; DNC 127).

    Bem, caros leitores/as já falamos muito sobre catequese, vamos no próximo capítulo falar sobre o catequista, discípulo e missionário de Jesus Cristo.

    31

    CAP

    4-

    CATEQUISTA

    COM

    INSPIRAÇÃO

    CATECUMENAL

    No mês de agosto toda a Igreja celebra o mês dedicado especialmente às vocações de serviço à causa da implantação do reino de Deus. Responder a Ele, em base ao dom da fé, faz a pessoa desenvolver todos os seus talentos em bem da melhor atuação para a construção de uma vida solidária e promotora do bem da comunidade religiosa e de toda a sociedade.

    É bem focalizada, neste contexto, a vocação de catequista, que é fundamental para a formação da consciência cristã, levando as pessoas a se perceberem e se comprometerem com a fé e a religiosidade transformadora e promotora da vida digna para todos. Não se trata só de conhecer Jesus Cristo e sua Palavra. Mais: de atuar na vida para seguir o próprio Filho de Deus e ajudar a todos na promoção da nova ordem social, em que cada um colabore com a implantação da justiça, da misericórdia, da solidariedade, com o enfoque ético e moral da vida. Ser catequista é ser discípulo e missionário de Jesus Cristo!

    No ano passado, o protagonismo dos leigos e leigas na Igreja e na sociedade, o papel dos catequistas vem bem realçado. Eles não são apenas voluntários que ajudam na evangelização de crianças, jovens e adultos. São os que se doam, em base a seu compromisso batismal com Cristo e a Igreja, para ajudar a formar nos catequizados uma fé robusta. Esta os faz transformadores do convívio social na família cristã, nas atividades de todos os ambientes e situações, como no trabalho, na economia, na política, na comunicação e em toda a ação e organização humana. Ajudam a formar a consciência crítica, ou seja, saber fazer escolhas, tendo como base a opção de vida com os valores humanos inoculados por Deus na ordem natural e na revelação do Filho de Deus.

    A catequese deveria ser a menina dos olhos de toda a ação da Igreja nas comunidades e organizações da mesma. Pois, ela busca dar uma formação sólida das consciências para a transformação da vida das pessoas e da sociedade, com os critérios e valores do Evangelho. Sem formação 32

    sólida da consciência cristã as pessoas são levadas pelo hedonismo, materialismo e relativismo, que não conduz as pessoas a atingir o sentido da vida que as faz verdadeiramente realizadas como pessoas humanas e filhas de Deus. Jesus mesmo diz que, sem Ele, nada podemos fazer.

    Os catequistas são um guia, como uma bússola que indica a opção de vida na direção divina, à semelhança de Josué da Bíblia, que introduziu o povo judeu na terra prometida. Ele formou a consciência do povo para fazer opção entre Deus e seu projeto de vida ou sua negação, indo para o abismo.

    Apresentou, pois, ao povo: servir a Deus ou aos falsos Deuses. Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor (Josué 2,17). Seria muito bom você meditar este texto na bíblia, se você não tem uma metodologia própria de meditar, sugiro a inaciana:

    ROTEIRO E MÉTODO DE ORAR

    1º Entro em oração. Busque um lugar tranquilo,

    onde possa estar sozinho e concentrado. Marque

    um tempo razoável para a experiência (30

    minutos? Uma hora?). Em silêncio, acredite que

    Deus está perto e o escuta.

    2º Na presença de Deus. Inicie a oração sentado, de pé ou de joelhos, como ajudar mais. Faça o sinal da Cruz. Peça ao Pai que envie o Espírito Santo, para que seus pensamentos e desejos, inteligência e memória sejam purificados e estejam inteiramente voltados para Deus.

    33

    3º Ler com fé a Palavra, meditar ou

    contemplar o que o texto anuncia e revela.

    Ler o texto bíblico devagar, pedacinho por

    pedacinho, sentindo que o Senhor está

    atrás de cada palavra... Imagine o lugar

    ou ambiente onde a passagem bíblica

    acontece e peça ao Senhor o que precisa e

    deseja e o que a passagem bíblica quer lhe

    doar. Na meditação: usa-se a memória (recordar), a inteligência (compreender e aplicar à vida) e a vontade (desejar, pedir, agradecer, louvar, amar, adorar...). Na contemplação (mistérios da vida de Jesus da 2ª, 3ª e 4ª

    Semanas): vê-se interiormente o Senhor, ouve-se o que Ele diz e quer lhe dizer, e participa-se da cena evangélica como se presente estivesse.

    Sem pressas, pois não é preciso terminar o texto, mas sentindo e saboreando interiormente.. .

    Enquanto encontra consolação interior.

    4º Colóquio espiritual. Tenha o maior carinho e

    reverência quando fala diretamente ao Senhor,

    pede, agradece ou adora... Converse com o

    Senhor falando com seu Salvador como quem

    precisa de salvação, como filho com o Pai ou

    amigo com o Amigo. Continue atento às

    moções interiores sentidas e experimentadas.

    Converse com Deus, no seu Espírito...

    5º Terminar com um Pai Nosso bem rezado, Glória ou Ave Maria, conforme sentir que deve fazer.

    34

    6º Por último, a revisão da oração. Ter

    terminado o tempo da oração, examine

    brevemente como foi o exercício

    espiritual, perguntando: Alcancei a graça pedida? Fui fiel aos passos da oração? Tive alguma dificuldade? Como me senti?

    (Consolado? Desolado?) e anote o mais

    significativo.

    Para praticar: faça mais esta oração:

    ESCOLHE, POIS, A VIDA... (Dt 30, 11-20) De nós mesmos, não vem nenhuma novidade. ..

    Quando alguém decide orar para encontrar a vontade de Deus, pode experimentar sentimentos contrários que Inácio chama de consolação e desolação. Os pensamentos e moções que procedem de Deus trazem paz, ânimo, confiança e alegria interior... Os que não procedem de Deus causam perturbação, desânimo e temor...

    1. Busque um lugar solitário, onde possa sentir-se bem acomodado.

    Prepare-se, aprume-se para estar mais vivamente na presença daquele que é o Deus da VIDA ...

    Ouça os ruídos exteriores e seus ruídos interiores... e perceba que eles vão perdendo força, na medida em que você acolhe a presença do Deus da Vida .

    2. Oração preparatória: Que todas as minhas intenções (pensamentos!) , ações e operações (sentimentos) sejam puramente ordenadas e colocadas a serviço...

    3. Peça a graça de reconhecer as marcas Amorosas que Deus foi deixando na sua vida. É sua TEO-GRAFIA! A história positiva da sua vida!... É mania comum registrar só o negativo!

    4. Leia com fé Deuteronômio 30, 11-20. Vá devagar, sentindo o gosto das palavras e das realidades... Você escolhe mais a vida ou a morte?

    Faça uma rápida retrospectiva e assinale as relações fundamentais de sua vida marcando, nas coordenadas de 0 a 100, como foram vividas: com Deus (Fé), os outros (Amor), com você mesmo (verdade), mundo (profissão, meio-ambiente).

    35

    Minha vida: Para quê? Para quem?

    Bem espero que tenhas aproveitado as lições inacianas para rezarmos!

    Permaneça um tempo em silêncio e tire suas conclusões... Precisa melhorar em quê?

    Finalize com um colóquio e faça a Revisão da oração: Como se sentiu? O que mais o (a) tocou? Dificuldades ou resistências encontradas?

    Continuemos com: como ser catequista

    O serviço de Amor feito por catequistas é de muita importância para a Igreja e a sociedade. Porém, os próprios catequistas devem sempre formar-se e atualizar-se para o melhor exercício de sua importante missão.

    Para isso, precisam ter, na comunidade eclesial, quem os valorize e forme.

    Assim, a própria comunidade e as pessoas ganham em qualidade e melhor orientação na vida.

    Ser

    catequista

    é

    deixar-se

    transformar pelo Amor de Jesus Cristo. A

    catequese hoje está passando por

    momentos de travessia de uma catequese

    simplesmente doutrinária para uma

    catequese vivencial e mistagógica e com

    inspiração catecumenal, isto exige

    catequistas preparados, que se envolvam

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