O Cavaleiro dos meus Sonhos
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Joias raras e presentes preciosos não poderiam substituir um bem maior: o Amor!
De longe, Natália observava o Castelo de Lord Colwall, que ficava entre altas montanhas, delineado contra o céu azul, cheio de mistério e encantamento. Tudo ali parecia fazer parte do cenário de seus sonhos, inclusive Ranulf Colwall o homem que pensara um dia ser seu mensageiro da esperança, com quem acalentara planos de uma vida alicerçada em juras de amor eterno. Ele ofereceu-lhe um Castelo, o seu nome, e as preciosas joias de família. Só esqueceu de lhe dizer, que seu coração estava fechado para o amor e que dela, só queria um herdeiro! Mas poderia a força do amor arrombar as crenças e o cadeado de um coração amargurado?
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O Cavaleiro dos meus Sonhos - Barbara Cartland
Barbara Cartland
O CAVALEIRO DOS MEUS SONHOS
Título Original:
A Sword to the Heart
Table of Contents
Barbara Cartland
O CAVALEIRO DOS MEUS SONHOS
NOTA DA AUTORA
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
NOTA DA AUTORA
A rebelião dos trabalhadores, em 1830, foi extremamente séria. Em diversos condados do sul da Inglaterra o movimento esteve próximo de tornar-se uma insurreição. O governo ficou em pânico. A rebelião fracassou completamente, porém os trabalhadores rurais conseguiram alguma melhoria de salário. Seis homens foram enforcados, quatrocentos foram para a prisão e quatrocentos e cinquenta e sete tiveram como pena o degredo. Três navios transportaram os degredados para Van Diemen’s Land e para New South Wales. A lista de prisioneiros mostrou que os rebeldes procediam de treze condados diferentes, mas nenhum deles viera de Herefordshire.
Há muitas histórias sobre o «capitão Swing», cujas cartas ameaçadoras espalharam o terror entre os proprietários de terras da Inglaterra. Porém nunca ficou devidamente esclarecido se ele foi ou não enforcado com os outros líderes dos tumultos.
CAPÍTULO I
1830
—Lorde Colwall deseja vê-lo, sir James.
O cavalheiro de meia-idade que se achava sentado junto à lareira, lendo o jornal, ergueu-se com uma exclamação de surpresa e viu caminhando em sua direção um jovem elegantemente trajado, a gravata alta amarrada com perfeição, a corrente de ouro do relógio brilhando sob o fraque.
Apesar de extremamente belo, de feições bem delineadas, cabelos bastos e escuros, Lorde Colwall tinha um ar de ceticismo e ao mesmo tempo mostrava-se tão altivo e arrogante que um estranho instintivamente o evitaria.
Sir James Parke, no entanto, era um velho amigo, mostrou-se sinceramente feliz com a visita e saudou-o com alegria:
—Ranulf! Por que não me avisou que viria? Mas não deixa de ser uma satisfação imensa vê-lo em minha casa!
Lorde Colwall mostrava-se sério e depois de cumprimentar o amigo, estando ambos diante do fogo crepitante, respondeu numa voz inexpressiva:
—Só ontem à noite decidi fazer-lhe esta visita.
Sir James fitou o amigo, mostrando-se meio apreensivo.
—Há alguma coisa errada no Castelo?
—Não, nada.
Diante da resposta tão lacônica, sir James disse animadamente:
—Vamos, sente-se, Ranulf! O que gostaria de beber? Um cálice de porto? Ou antes aceitaria um madeira a esta hora da manhã?— ele fez menção de tocar a sineta.
—Obrigado. Faz pouco tempo que tive meu desjejum.
—Eu estava lendo no The Times sobre as cartas ameaçadoras escritas para os senhores de terras dos condados do sul, assinadas por Swing. É inacreditável que ninguém tenha descoberto quem é esse homem— disse sir James.
—Ele será descoberto e então irá para a forca ou para o degredo— observou Lorde Colwall.
—Os rumores sobre ele são os mais desencontrados. Para uns, ele é um nobre descontente com a situação, para outros, um criminoso que fugiu da forca, ou ainda um advogado impedido de exercer a profissão. Quem quer que possa ser, e sem dúvida trata-se de uma pessoa culta, haja vista a forma como escreve, ele é sem dúvida o responsável pelos tumultos ao redor de Canterbury. Simples fazendeiros e trabalhadores rurais jamais organizariam rebeliões como as que se têm visto. Há alguém atrás dessa gente.
—Isto é óbvio. Esse homem tem inoculado seu veneno nos trabalhadores rurais. Você ficou sabendo o que um dos trabalhadores disse ao juiz supremo do condado de Kent?
—Não. O que foi?
—O juiz supremo do condado compareceu a uma reunião num colégio para protestar contra os tumultos e foi ouvido com atenção. Antes, porém, de os presentes se dispersarem, depois da reunião, um homem disse ao juiz: «Este ano destruiremos as colheitas de milho e as debulhadoras, ano que vem enfrentaremos os sacerdotes e no outro ano será a vez dos estadistas».
—Meu bom Deus!— sir James exclamou—, isto será uma guerra civil!
—E será agora se o governo não tiver pulso firme para acabar com o que eles já estão fazendo no momento.
—Lendo algumas das cartas publicadas no The Times tive a impressão de que os trabalhadores teriam alguma razão.
—Alguma razão?— Lorde Colwall exclamou, rispidamente—, eles são bem pagos pelo seu serviço! E quanto a queimar cereais ou quebrar maquinaria nas fazendas, é pura anarquia.
Diante daquele ataque, sir James Parke, homem que detestava discussões, observou num tom conciliatório:
—Vamos falar sobre algo mais agradável. O que o fez conceder-me o grande prazer de sua visita?
—Vim convidá-lo, sir James, para ser meu padrinho de casamento— disse Lorde Colwall depois de alguma hesitação.
Sir James fitou-o, incrédulo, e então exclamou:
—Seu casamento?! Meu caro rapaz, asseguro-lhe que nada me dará maior prazer. Mas não tinha ideia de que você estava pelo menos pensando em matrimônio. Não fiquei sabendo sequer do seu noivado!
—Não houve noivado.
—Quem é a noiva? Será que a conheço?
—Não, não a conhece— ao responder, Lorde Colwall levantou-se e foi até a janela, onde ficou olhando para o jardim bem cuidado, ao qual seu anfitrião dedicava a maior parte de seu tempo e de sua atenção.
—O que há, Ranulf?— sir James perguntou, notando a falta de entusiasmo do rapaz—, você não ignora que nada me causa maior alegria do que vê-lo casado.
—Sei disso— Lorde Colwall respondeu, virando-se para fitar sir James—, você foi amigo de meu pai e foi meu curador até que eu completasse vinte e cinco anos, portanto é o primeiro a saber que pretendo me casar.
—Honra-me tal confidência, mas por que tanto segredo?
—Não é segredo. Na verdade, casamento é algo que venho planejando há algum tempo. Quando Claris me deixou, jurei que jamais me casaria novamente.
—Você ficou perturbado na ocasião, Ranulf, pelo tanto que sofreu, sei disso. Você era jovem demais, contava apenas vinte e um anos, e naquelas circunstâncias nem sabia o que estava dizendo.
—Sabia, sim, mas há três anos, completando os vinte e cinco anos de idade e tomando posse de todas as minhas propriedades, dei-me conta de que, quaisquer que fossem meus sentimentos, eu deveria pensar no bem da família e cuidar de ter um herdeiro.
—Naturalmente seu modo de pensar é correto. Desde o século XII os Colwall têm sido os donos do Castelo.
—Exatamente! Como a meu ver a herança deve seguir em linha reta, desejo, à hora de minha morte, entregar o Castelo para meu filho.
—É o que desejamos, caro Ranulf. E você sabe que acima de tudo desejo a sua felicidade.
—Estou plenamente feliz levando minha vida atual e sendo como sou, mas não posso ter um filho ilegítimo e decidi escolher uma esposa.
—Quem é ela? Uma de nossas beldades locais? Ou será que encontrou alguma «incomparável» em Londres, a qual trará sua beleza e graça para este nosso pedaço de chão, no campo, tão enfadonho?
—Como já lhe disse— Lorde Colwall prosseguiu, como se não tivesse ouvido sir James—, venho planejando meu casamento com cuidado e quero pô-lo a par do que fiz. Não que eu precise de sua aprovação, mas como você tem estado intimamente ligado a assuntos que me dizem respeito, faço questão de que saiba de toda a verdade.
—A verdade? O que está tentando me dizer, Ranulf?
—Quando me decidi casar novamente, a primeira coisa que me ocorreu foi não ter outra mulher que se comportasse como Claris. Aprendi por amarga experiência que o chamado e decantado amor pode ser uma arma de autodestruição.
—Você ainda está amargo e se ressente do que lhe aconteceu há oito anos, Ranulf— sir James interpôs—, certamente deve compreender que o que passou não é o normal, reconheça, que foi um desastre que só acontece talvez a um homem em um milhão.
—Espero que seus dados estejam corretos!— Lorde Colwall disse, com um meio sorriso cético.
—Agora você ficou mais velho, mais experiente e mais judicioso. Tem a vida à sua frente, uma posição que os homens invejam, tem grandes propriedades e vem de uma família cuja história acompanha a história da Inglaterra, tem um nome que é respeitado por todo o país.
—Exato! É por isso que não posso errar novamente, vindo a pôr em risco o nome, a honra e o orgulho de minha família.
—Você não podia saber como era Claris. Na ocasião, era jovem demais e estava muito entusiasmado com a beleza dela. Quem poderá culpá-lo? Quem poderia prever o que iria acontecer?
—Você próprio me alertou! Disse-me que me arriscava muito me casando com Claris— Lorde Colwall replicou, veemente—, mas não o ouvi.
—Você estava apaixonado— sir James argumentou, brandamente—, em tais circunstâncias, um homem perde a cabeça.
—Eu não estava apenas apaixonado, estava enfeitiçado, apatetado e acabei por comportar-me como um idiota! Mas isso não acontecerá de novo.
—Todos cometemos erros. Num momento ou em outro nos portamos como imbecis. Mas com o passar do tempo vem o esquecimento. Tenho certeza de que sua amargura irá desaparecer, Ranulf; encontrará uma mulher que venha a amar e que também corresponderá a esse amor.
—Lembro-me de ter-lhe dito, ao saber a verdade sobre Claris que eu jamais me apaixonaria novamente. Asseguro-lhe que na ocasião o que lhe disse com tanta segurança não foram palavras de um rapazinho histérico; foi uma espécie de juramento ao qual me manterei fiel até morrer.
—Mesmo assim pretende se casar?
—Meu casamento tem o propósito sobre o qual já lhe falei. Escolhi minha futura esposa há três anos, quando ela contava apenas quinze anos de idade. Como já completou os dezoito, deixou sua casa, em Cumberland e se acha a caminho do Castelo . Chegará na próxima quarta-feira e o casamento será realizado no dia seguinte.
—Por que você disse que a escolheu quando contava apenas quinze anos de idade? Como foi isso?
—Fiz uma lista de parentes e de pessoas ligadas à família onde houvesse jovens com quinze anos e visitei-as todas— um sorriso brincou nos lábios de Lorde Colwall—, em Lincolnshire descobri que uma prima em terceiro grau tinha uma prima em primeiro grau com uma filha da idade que eu queria, porém essa sua prima e mãe da garota era uma bêbada inveterada! Andei seiscentos quilômetros ao norte e conheci uma garota vesga e outra com lábio leporino. Como vê, defeitos nada encorajadores. Foi em Pooley Bridge, em Cumberland, que fiquei conhecendo uma prima em segundo grau de papai, Lady Margaret Graystoke, que tinha uma filha de quinze anos. Os antecedentes de Lady Margaret são impecáveis. Os Graystoke vêm de uma família muito antiga e respeitada em Cumberland. Seu irmão é o quinto Baronete. Não é uma família rica, porém de educação impecável!
—Está me dizendo que escolheu essa jovem, com quem vai se casar, como quem escolhe um potro?— indagou sir James, que até então ouvira Lorde Colwall atentamente.
—Por que não? Afinal, escolhi uma esposa pensando apenas nos filhos que ela pudesse me dar.
—Falou sobre as suas intenções com essa jovem?
—Não a vejo desde que visitei a casa de seu pai, que é Pastor… isto foi há três anos.
—Não a viu desde então?— Sir James ergueu-se—, meu caro Ranulf, isto é monstruoso! É a coisa mais louca e absurda que já ouvi! Não pode fazer uma coisa dessas!
—O que há de errado?— Lorde Colwall olhou para o amigo sem esconder sua surpresa—, se eu tivesse conhecido uma mocinha, se tivesse conversado com ela umas duas ou três vezes sob o olhar de sua mãe e então pedisse permissão para cortejá-la, você não ficaria nada surpreso; no entanto, eu saberia sobre ela o que sei sobre Natália.
—Há três anos ela não passava de uma criança. Mas como era Natália nessa época?
—Tinha uma aparência agradável, não vi nela nenhuma imperfeição física; talvez fosse um pouco baixa, mas deve ter crescido. Mas, como já lhe disse, ela vem de boa linhagem e não posso imaginar que a filha de um Pastor empobrecido não se sentirá honrada de ser a castelã do Castelo de Colwall.
—Em outras palavras, você tem certeza de que seu título e sua posição a comprarão e então verá nela uma máquina que lhe dará filhos!
—Está sendo muito dramático, sir James— Lorde Colwall replicou com um sorriso no qual não havia muito humor—, pode ter certeza de que um casamento de conveniência tem mais probalidades de ser bem-sucedido do que aquele alicerçado na paixão, nos corações pulsantes e nas juras de amor eterno; o amor é enganador e ilusório.
—Suponha que, quando você e Natália se encontrarem novamente, venham a se detestar. O que acontecerá?
—Mesmo assim ela será minha esposa— Lorde Colwall respondeu, demonstrando paciência—, espero ter com ela não apenas o herdeiro desejado, mas