CRNICA TEXTO PUBLICADO NO JORNAL FOLHA GUAIBENSE Estudante sem teto tenta abrir conta em banco Volto s pginas

s do jornal para contar o episdio mais hilrio de minhas frias de vero, a tentativa de abrir uma conta no banco. Nada foi mais inusitado nos meses de janeiro e fevereiro do que a hora que passei na fila do atendimento. Comeo minha histria por dois pontos muito relevantes. J tenho conta jovem nesse banco, fui apenas troc-la para universitria. Segundo ponto importante, fiquei uma hora na espera e sa de mos abanando. Uma hora em vo. Leitores, preparem-se para exercitar o msculo abdominal. O riso acompanha os motivos pelos quais no pude abrir minha to ESPERADA conta no banco dos gachos. No posso ter uma conta por que no tenho como comprovar endereo. O imvel onde vivo desde que nasci, o endereo que est registrado no meu CPF, no plano de sade, nos documentos do veculo que a pouco adquiri, esse endereo no est registrado em meu nome. A casa no aceita como meu lar e sim de meus pais. Preciso ir ao cartrio e que meu pai assine um documento alegando que moro com ele. As impossibilidades no param por aqui. No posso ter uma conta universitria porque no tenho um atestado de matrcula assinado pela secretria da PUCRS, mais especificamente da unidade Famecos, onde estudo jornalismo h dois anos. No tenho tal atestado porque fao a matrcula pela internet, procedimento disponibilizado pela prpria universidade. Fui ao banco como boleto bancrio da segunda mensalidade do ano de 2007 e, surpreendentemente, no serviu como atestado de que estudo na PUCRS. Nessa hora tive vontade de dizer as palavras que escrevo a seguir. Moa, na verdade, eu pago esta pequena fortuna mensal universidade porque adoro ajudar ao prximo. E por tal devoo que com 18 anos de idade ainda no pude comprar a residncia onde moro e nenhuma outra. Alis, se no estudo, no trabalho, no tenho casa e no pago contas de gua, luz e telefone, talvez, eu no precise de uma conta no banco. Passar bem! Guardarei meu dinheiro no colcho.