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Os mitos existem para esconder a realidade.

Ao participarem do mundo dos brancos, o negro e o mulato se viram forados a se identificar com o embranquecimento psico-social e moral. Para Fernandes (1966), os negros tiveram de sair de sua pele, simulando a condio padro do mundo dos brancos. O embranquecimento social passou a ser uma das sadas que a populao negra encontrou para conseguir alguma ascenso social e econmica . r, o embranquecimento no permitia ao negro o mnimo equilbrio com relao construo de sua identidade. No permitia porque, para que o negro se autoafirmasse como cidado, precisava negar a sua prpria origem racial. Para o autor, no plano cultural, uma das conseqncias do embranquecimento foi a percepo, por parte dos negros, da sua cultura como um elemento negativo Ao invs de encontrar no Brasil uma democracia Racial, as pesquisas de Florestan Fernandes e dos demais estudiosos do projeto da Unesco, denunciaram tal democracia racial como sendo um mito falseador da real situao dos negros e mestios no pas. Ao contrrio de uma democracia racial, Fernandes (1966) declara que no Brasil as pessoas tm vergonha de afirmar que so racistas. Florestan Fernandes, o ideal da miscigenao era tido como um mecanismo mais ou menos eficaz de absoro do mestio. O essencial, no funcionamento desses mecanismos, no era nem a ascenso social de certa poro de negros e de mulatos, nem a igualdade racial, mas, ao contrrio, a hegemonia da raa dominante.

O mito da democracia racial possibilitou que uma das formas mais perversas de racismo se propagasse no Brasil, aquela mascarada pelo status democrtico, cuja aceitao e compreenso das diferenas no passam de pura dissimulao. Para Florestan Fernandes, os mitos nascem para tentar mascarar uma realidade e acabam por revelar a realidade ntima de uma dada sociedade.

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