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01.25 - A Flor e o Sino
01.25 - A Flor e o Sino
Antnio Torrado
escreveu e Cristina Malaquias ilustrou
Perguntem-me porque nasci gritava a erva, numa vozinha de erva-fina. Ningum lhe perguntava. E ela, impaciente, sempre na sua: Perguntem-me porque nasci. Perguntem-me. Estvamos bem servidos, se tivssemos de dar conversa a todas as ervas do caminho Ento, no querem saber? Perguntem-me teimava a erva. Fartos de ouvi-la, debrumo-nos, enfim, para a ervinha. Logo ela, muito direita, na sua importncia de erva fresca, nos disse: Nasci, sabem porqu? Nasci para dar uma flor. Olha a admirao! Nisto o sino, tlim-dlo-dlim, tlim-dlo-dlim, e apareceu a flor. Quem me chama? Quem me chama? perguntou a flor, que nasceu a falar. O sino anunciava um casamento. Era o Jos mais a Maria que iam casar. O noivo, antes de entrar na igreja, colheu, beira da estrada, uma flor com que enfeitou a lapela. Logo, por coincidncia, a flor que tinha acabado de nascer. A tm como um sino e uma flor podem caber na mesma histria. Mas no acaba aqui. Passado tempo, a flor desprendeu-se da lapela. J tinha dado um ar da sua graa. Secou, desfez-se, juntou-se terra. sempre assim. Na Primavera seguinte, mais coisa menos coisa, o sino outra vez a badalar: tlim-dlo-dlim, tlim-dlo-dlim. Desta vez, era um baptizado, o do menino Jos Maria, filho de Maria e do Jos. 2
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Depois, houve boda. No centro da mesa, um grande ramo de flores campestres, iguais que viveu nesta histria. Tudo se multiplica. Pelos tempos fora, o sino vai voltar a bater e as flores a crescer. uma histria que no acaba. FIM
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