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Tal como sucedeu na generalidade das Escolas do país, também a quase totalidade

dos professores e educadores do Agrupamento de Escolas de Serpa manifestou, em


abaixo-assinado e resolução do Conselho Pedagógico de Novembro de 2008, o seu
repúdio pelo Modelo de Avaliação decorrente do Decreto-Lei 2/2008, exigindo a sua
imediata suspensão. Perante a absoluta intransigência do Ministério da Educação, a
determinação dos professores ficou bem expressa nas manifestações de Novembro e na
Greve de 3 de Dezembro que, pela sua dimensão e significado, constituíram momentos
históricos na luta pela dignificação do ensino e na defesa da classe docente
portuguesa.

Este enorme movimento de protesto que, pela primeira vez, juntou numa Plataforma
Sindical, sindicatos de todas as tendências e sensibilidades sociais e políticas,
obrigou o Governo a alterações sucessivas do modelo imposto, o que constituiu,
desde logo, o reconhecimento inequívoco da sua inaplicabilidade funcional e da sua
inadequação pedagógica. Ainda assim, as alterações efectuadas não passaram de
meros expedientes paliativos para um sistema globalmente absurdo e arbitrário, bem
como profundamente injusto e discriminatório. Com efeito, as modificações pontuais
introduzidas pelo Decreto Regulamentar nº1-A/2009 não passam de manobras
dilatórias para a contestação existente, procurando sobretudo a divisão e
desmobilização dos professores. Nenhum dos princípios que presidiram à elaboração
do presente modelo de avaliação foram alterados, nem a filosofia que lhe está
subjacente foi tocada, já que no próximo ano lectivo de 2009/2010, se manterão em
vigor todos os aspectos que se retiraram nesta simplificação. Se permitirmos a
implementação deste regulamento “simplex”, para o próximo ano lectivo teremos a
aplicação do modelo na sua totalidade. Para além do mais, a implementação do
actual modelo de avaliação, significa a aceitação tácita do tão gravoso ECD que
promove a divisão artificial da carreira docente, com objectivos meramente
orçamentais.

O modelo do Ministério da Educação só é de “avaliação do desempenho docente” nas


palavras. Este modelo não tem carácter formativo, mas eliminatório, não visa a
melhoria das práticas, mas a burocratização de procedimentos, não fomenta a
partilha pedagógica, mas a competição e desconfiança generalizadas, não promove a
qualidade de ensino, mas a disciplinarização de iniciativas e comportamentos. O
exemplo flagrante das quotas para a menção de Muito Bom e Excelente aí está para o
demonstrar. Desvirtuando qualquer perspectiva do reconhecimento dos méritos,
conhecimentos, capacidades e investimento feitos pelos docentes na sua carreira
profissional, é um factor determinante na degradação do relacionamento entre os
professores e, desta forma, profundamente perturbador do ambiente escolar e da
qualidade de ensino.

O Ministério da Educação sabe que está isolado dos profissionais do sector. Sabe
também que depende deles para a implementação de todo o processo de avaliação. Por
isso ameaça. Por isso faz tábua rasa dos princípios básicos da ética política e se
recusa a uma negociação séria e responsável com os representantes dos professores.
Por isso recorre à chantagem. Mas o Ministério também sabe que não vai conseguir
impor este modelo de avaliação e o ECD contra a vontade expressa de toda uma
classe profissional.

Por isso, em coerência com as posições assumidas ao longo deste processo, os


professores e educadores do Agrupamento de Escolas de Serpa, reunidos em
Assembleia Geral no dia 15 de Janeiro de 2009, reafirmam a sua determinação em
manter suspensos todos os procedimentos relativos à avaliação de desempenho,
nomeadamente aqueles que dizem respeito à definição dos objectivos individuais.
Apelam ainda a um efectivo processo negocial de revisão do ECD e à substituição do
actual modelo de avaliação por um outro que seja justo, transparente, motivador do
trabalho e promotor do mérito, que permita credibilizar o estatuto profissional e
dignificar a função docente, criando as condições necessárias para a melhoria da
qualidade do ensino público.
Esta moção foi aprovada por 98% dos professores presentes (representando 85% do
total dos docentes do Agrupamento).

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