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PANCRCIA

Antnio Torrado
escreveu e Cristina Malaquias ilustrou

E ra uma vez uma dama, que tinha uma criada


meia-zaranza e papa-moscas, que no fazia nada com jeito. Chamava-se a criada Pancrcia. Um dia, a dama teve de ausentar-se de casa por uns tempos e de deixar tudo aos cuidados da Pancrcia. Antes de sair, recomendou-lhe: Enquanto eu estiver fora, v bem como cuidas dos meus haveres. A qualquer um, que te aparea, diz sempre "No". Est bem? No respondeu a criada, muito obediente. A dama percebeu que o recado estava aprendido e saiu mais descansada. Dias depois, bateram porta de casa. Era ou fazia de conta que era um mendigo. 1
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Senhora, d-me resguardo, que est muito frio c fora No disse a criada. E uma sopinha quente, para comer aqui, mesmo soleira? No disse a criada. Nem uma esmolinha de uns tostes poucos? No disse a criada. Aqui o mendigo comeou a perceber que aquele "no" era de encomenda. Por isso, resolveu virar as perguntas do avesso: Ento a senhora consente que eu enregele de frio, c fora? No. Ento a senhora recusa-se a dar-me de jantar? No. Ento a senhora importa-se que eu d uma volta pela casa? No. E assim o falso mendigo foi conseguindo os seus intentos. No faz mal que eu meta para o saco algumas lembranas desta minha visita, pois no? No. O larpio levou o que quis e a Pancrcia ajudou. Quando a dama regressou de viagem e viu a casa roubada, desesperou-se: mulher, tu no te importaste que me levassem tudo o que levaram? No respondeu, muito bem ensinada, a Pancrcia. FIM 2
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