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Duas formas especiais A crnica No incio da era crist, chamava-se crnica a uma relao de acontecimentos organizada cronologicamente, sem

nenhuma participao interpretativa do cronista. Nessa forma, ela atinge seu ponto alto na Idade Mdia, aps o sculo XII, quando j apresentava uma perspectiva individual da histria, como fez Ferno Lopes, no sculo XIV. As simples relaes de fatos passam, ento, a chamar-se cronices. E, no sculo XVI, o termo crnica comea a ser substitudo por histria. A partir do sculo XIX, a crnica j apresenta um trabalho literrio que aproxima do conto e do poema, impondo-se, porm, como uma forma especial, porque no se permite classificar como aqueles. Ligada ao tempo (chrnos), ou melhor, ao seu tempo, a crnica o atravessa por ser um registro potico e muitas vezes irnico, atravs do que se capta o imaginrio coletivo em suas manifestaes cotidianas. Polimrfica, ela se utiliza afetivamente do dilogo, do monlogo, da alegoria, da confisso, da entrevista, do verso, da resenha, de personalidades reais, de personagens ficcionais..., afastando-se sempre da mera reproduo de fatos. E enquanto literatura, ela capta poeticamente o instante, perenizando-o. Conscientemente fragmentria (e essa a sua fora), pois no pretende captar a totalidade dos fatos, a crnica vem-se impondo nos quadros da literatura brasileira, cultivada que foi por Machado de Assis (ainda quando era conhecida como folhetim), Olavo Bilac e Joo do Rio. Sobressaem-se, entre os cronistas mais recentes, Carlos Drummond de Andrade, Eneida, Millr Fernandes, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Srgio Porto.

O ensaio Deixemos para uma prxima vez,...

Fonte: Gneros Literrios, Anglica Soares, editora tica, Srie Princpios.

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