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Assuntos tratados:∗

1ª Horário
• Dos Crimes Contra Administração Pública: art. 318; art. 319; art.319-A; art.
320; art. 321; art.325; art.326.

2º Horário
• Continuação: art. 329; art.330; art. 331; art. 333; art.335.

1º HORÁRIO

Art. 318- Facilitação de contrabando ou descaminho


A conduta prevista não é de quem pratica, mas de quem facilita o crime de
contrabando (ingresso proibido de mercadorias) ou descaminho (mercadoria permitida
sem pagar a tributação devida).
O funcionário público que tenha o dever de evitar o contrabando ou descaminho.
Ex. “A” pratica crime do art.314 e “B” (fiscal alfandegário) pratica crime do art.318. Há
concurso de pessoas, adota a teoria Monista temperada, ou seja, os dois autores não
responderão pelo mesmo crime, trata-se de uma exceção pluralista a teoria Monista.
Obs. Quanto ao tráfico de armas o próprio tipo penal prevê como autor também
aquele que favorece a entrada de armas no território nacional (lei 10.826/2003).

Art. 319- Prevaricação


Ato de ofício → é ato que seja de atribuição do agente, ou seja, tem que estar dentro
das atribuições do agente.
O tipo tem um especial fim de agir (para satisfazer interesse pessoal).
Interesse pessoal →por inveja, preguiça, vaidade, por piedade.
Todo tipo que tiver um fim especial de agir vai influenciar na tipicidade formal. A
ausência de prova que o agente agiu com fim especial provoca a atipicidade do fato.
Todo crime que começar com deixar de ele será omissivo próprio (crime
unisubistente, por tanto não admite tentativa). O verbo praticar é comissivo, portanto
cabe tentativa.
Lei no sentido formal, não abrange MP, decreto, regulamento ou instrução normativa.
Se o agente tiver a discricionariedade de praticar o ato não haverá prevaricação.

Obs. Descumprimento de mandado judicial por funcionário público não é crime de


desobediência; pois este crime (crime de desobediência) é previsto com conduta de
particular contra Administração Pública, nesta hipótese será prevaricação se tiver
especial fim de agir, caso contrário será apenas uma infração funcional.

Princípio da Especialidade:
Lei 4737/65- art. 292; 341; 344; 345;
Lei 9605/98-67, 68;
Lei 7492/86 art. 23;

Art.319-A
Engloba carcereiro e agente penitenciário.
Objetos materiais do crime→ aparelho telefônico e rádio, ou aparelho simular
(internet).


Resumo pendente de revisão.

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O crime é deixar de retirar do preso a comunicação.
A LEP no art. 50, VII dispõe como falta grave do condenado o uso de aparelhos que
permita a comunicação a comunicação com outros presos ou com ambiente exterior, e
como conseqüência o preso perde os dias remidos pelo trabalho (art.126 e art.127 da
LEP).
A mesma lei que introduziu o art. 319-A no CP introduziu o inciso VIII do art. 50 da
LEP.
Discussão sobre a recepção do art.127 da LEP. (informativo nº 510 do STF, objeto da
súmula vinculante nº 9 do STF).

Art.320 Condescendência criminosa


Crime omissivo próprio (não admite tentativa). O tipo penal dispõe sobre infração
funcional e não penal.
O subordinado comete uma infração funcional no exercício do cargo e o superior
hierárquico por pena deixa de aplicar punição ou não comunica a autoridade
competente.
Princípio da Especialidade: art. 1º, §2º na segunda parte da lei 9455/97 (lei de tortura).

Art. 321 Advocacia administrativa


Patrocinar significa favorecer de alguma forma o interesse privado perante a
Administração Pública (ex. pedir para retardar um processo administrativo).

Obs. Diferença entre art. 321 e 319:


No art. 321 o agente não tem atribuição para pratica do ato, ele influencia terceiro para
praticá-lo. No art. 319 (prevaricação ) o agente tem competência.
Se consuma com qualquer ato que configure patrocínio.

Parágrafo único→ o interesse é ilegítimo.

Princípio da Especialidade: art. 91 da lei 8666/93; art. 3º da lei 8137/90;

Art. 322 Violência arbitrária


Está tacitamente revogado pelo art. 3º da lei 4898/65
Conforme entendimento dos autores: Bitencourt , Nucci, Mirabete, Fernando Capez,
Damásio.

Art.325 Violação de sigilo funcional


Ex. Comissão de banca examinadora que revela questões.
O crime é relevar ou facilitar a revelação. Nelson Hungria defende que servidor
aposentado pode praticar este crime, pois ainda matém vínculo com a Administração.

§2º qualificadora pelo resultado.

Princípios da especialidade:
Art. 94 da lei 8666/93;
Art.13, 14, 21 da lei 7170/83;
Art.10 da LC 105/2001;
Art.18 da 7492/86;
Art.10 da lei 9296/96;
Art. 23 da lei 6453/77;

Art. 326 Violação do sigilo de proposta de concorrência

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Tacitamente revogado pelo art. 94 da lei 8666/93.
2º HORÁRIO

Continuação: Dos Crimes contra Administração Pública


Capítulo II- Dos Crimes Praticados por Particular contra a Administração Pública

Funcionário público pode praticar crime contra administração que só é praticável por
particular? Sim, desde que não esteja no exercício da função e não esteja agindo na
qualidade de agente público.

Art. 329 Resistência


Resistência é uma oposição ilícita de uma força à ação lícita da autoridade
competente.
Ato legal→ é o ato dentro das atribuições do agente que vai praticá-lo e deve reunir os
requisitos legais.
Resistência é uma ação positiva, o agente o faz com ameaça. Não existe resistência
passiva.
Uma desobediência pode transmudar para uma resistência.
O crime de resistência se consuma quando o agente empregar a violência ou ameaça.
Cabe tentativa.

§1º- qualificadora→ o agente com violência ou ameaça impede a realização do ato.

§2º. Crítica: flagrante bis in idem. A violência além de ser elemento do tipo também dá
ensejo à incidência do parágrafo segundo.
Será apenas cumulação de penas, não é concurso de crimes. Em termos de tipicidade
a conduta estará tipificada apenas no art. 329, mas também aplicará a pena resultante
da violência (art.129, ou do art. 121 do CP).
Obs. se o ato de resistência for praticado como ato de roubo impróprio não tipifica o
crime de resistência, pois está resistência já é elemento do tipo do roubo impróprio.

Princípio da Especialidade: Art.4º da lei 1579/52 (impedir o funcionamento de uma CPI


usando ameaça).

Art.330 Desobediência
Na resistência se tem violência ou ameaça, porém na desobediência o agente só
desobedece sem violência ou ameaça.
Pode ser na forma comissiva, ou seja, quando a ordem trouxer uma abstenção de
fazer. Pode ser na forma omissiva, o agente se omite em fazer o que a ordem
estabelece.
Ordem legal→ está dentro das atribuições do funcionário púbico e deve reunir os
requisitos legais.
Este crime se consuma com o mero ato de desobediência (Crime formal).
Se tiver prazo para realizar a ordem, o crime se consumará ao término do prazo.

Princípio da não auto incriminação (Nemo tenetur de detegere)


Casos que não configura desobediência:
-Recusa de soprar o bafômetro; -
-Exame de sangue para medir dosagem de álcool;
- reprodução simulada dos fatos.

3
Princípio da Especialidade: art.12 da lei 1079/50; art.307 do
CTB (lei 9503/97); art. 347 da lei 4737/65; art.10 da lei 7347/85; art. 1º, §único da lei
8137/90

Art.331 Desacato
Desacatar significa desprezar, humilhar o funcionário público no exercício da função
ou em razão dela. Pode se manifestar por palavras injuriosas (art.140 do CP), por
palavras difamatórias (art. 139), por palavras caluniosas (art. 139), por meio de gestos,
atos, por agressão física (art.129). Se o dolo for desacatar todos estas formas que em
configuram um crime autônomo condutas estará absorvido pelo crime desacato.

Diferença entre desacato e injúria:


O bem tutelado no desacato é administração pública, uma vez que a ofensa e dirigida
ao agente público em razão da função que ele exerce; na injuria o bem jurídico
protegido é a honra objetiva. No desacato se exige o nexo funcional (ter a ofensa
relação com a função exercida pelo agente), no crime de injuria não se exige.

Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, o crime de desacato deve ser


praticado na presença da vítima.
O crime desacato se consuma no momento em que a ofensa foi feita (crime formal),
independentemente se a vítima não se sentir ofendida.
Admite tentativa na forma escrita.

Art. 333 Corrupção ativa


Objeto material do crime→ vantagem indevida.
Os verbos oferecer e prometer exigem espontaneidade do agente. A contraposta de
uma solicitação pelo funcionário configura corrupção passiva.
Ato de ofício→ ato dentro das atribuições do agente público que se pretende
corromper. Ex. oferecer dinheiro para o escrivão não instaurar inquérito policial não é
crime de corrupção passiva, pois instaurar inquérito não é atribuição do escrivão de
polícia.
Não se exige natureza patrimonial da vantagem indevida.

Obs. O oferecimento de vantagem depois da prática do ato não é corrupção passiva.

Gratificação de pequena monta não é crime de corrupção ativa, pois não tem a
intenção de obter vantagem.
Há especial fim de agir (levar o funcionário a praticar ou retardar ato de ofício).
O momento de consumação é o da oferta ou promessa, mesmo que não haja
aceitação por parte do funcionário.
Cabe tentativa.

No caso de o funcionário exigir vantagem e a pessoa pagar, ela não está oferecendo
está cedendo, portanto não está praticando corrupção passiva. Para STF concussão e
corrupção ativa são inconciliáveis.

Princípio da Especialidade: art.299 da lei 4737/65; art. 309 do CPM (Dc. Lei 1001/69);
art.343 do CP (quem comete este crime não é partícipe no crime de falso testemunho).

Art.335 Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência


Este artigo está tacitamente revogado pelo art. 93 e 95 da lei 8666/83

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